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GESTÃO DO TRANSPORTE AÉREO PROFESSOR: JOÃO RICHARD BARCELOS ARAÚJO WWW.ICTMG.COM.BR Gestão em Serviços no Transporte Aéreo A gestão em serviços no transporte aéreo deve contar com uma clara percepção do modal aéreo, que se reveste de um conjunto de atividades funcionais para conseguir cumprir suas atribuições na entrega dos bens, serviços e informações ao destinatário, sendo também uma atividade funcional de inúmeras cadeias produtivas, e até dele próprio. Como exemplo, citamos o seguinte: Motores (ou partes deles) que equiparão uma nova frota de aeronaves da Embraer podem chegar à linha de montagem dessa grande indústria por meio do transporte aéreo, o que é muito comum; mas poderá ter sido transportado antes também por meio de navio e/ou de trem e/ou caminhão, a fim de alcançar um aeroporto, caracterizando a multimodalidade. Outros produtos também alcançam seus destinos pelo transporte aéreo, como os medicamentos, as pessoas realizando turismo ou se deslocando para trabalhar em localidades distantes de seus domicílios, bem como tantas cargas com valor agregado que viabilizem esse meio de transporte de custo elevado. É interessante que o aluno busque uma correlação das atividades funcionais do transporte aéreo com os diversos segmentos da economia. As diversas estratégias e ferramentas de gerenciamento inseridas na gestão de uma empresa prestadora do serviço de transporte aéreo perpassa uma lista de necessidades, ou os chamados “problemas administrativos” que devem ser muito bem compreendidos. Dentre eles, destacam-se: A. Planejamento de Rotas, Horários e Frota; B. Definição e verificação dos fatores críticos para o sucesso da integração de malhas; C. Gerenciamento de projetos em aviação: aquisição e adequação da frota, manutenção de aeronaves, empreendimentos de expansão etc; D. Viabilidade de operações de longo percurso; E. Adequação dos serviços aéreos para determinada demanda por transporte; F. Atendimento a requisitos diferenciadores no segmento, como: aeronavegabilidade, despachabilidade, safety, security, entre tantos outros. Como é possível perceber, estes problemas administrativos, sempre desafiadores para a aviação, são afetos às competências internas da empresa ou mesmo aos intervenientes que advêm do ambiente geral (externo) no qual ela se insere. Por esta análise, e considerando o curso no qual esta disciplina é aplicada, faz-se oportuna abordagem sobre a distinção entre dois termos muito próximos em significado, mas que guardam e indicam áreas de gerenciamento bastante distintas na gestão de empresas aéreas, que são SAFETY e SECURITY. Safety refere-se a providências relativas a situações envolvendo eventos acidentais, enquanto security trata de proteção contra danos intencionalmente provocados. Como exemplos, temos: A. No caso de um furacão um lugar é seguro porque nada pode acontecer com você lá (safety); no caso de um banco o local é seguro se você estiver protegido contra acesso não autorizado (secutiry); B. Um caminho pode ser seguro porque não há risco de deslizamentos de terra (safety); entretanto, se este caminho for no Afeganistão, a segurança está associada à existência de vigilância militar protegendo você de uma emboscada (security). Na aviação, com grande ênfase após 11 de setembro de 200110, os exemplos são fartos, considerando que todos os procedimentos que encarecem sobremaneira o embarque de passageiros e cargas têm como premissa o binômio safety-security. Entre tantos outros, podemos citar o rigor da restrição ao porte de objetos cortantes a bordo na cabine de passageiros, refletindo a prevenção em security, bem como o rigor da correta distribuição da carga no porão da aeronave insere um procedimento associado à safety. Planejamento estratégico em empresas aéreas Planejamento estratégico de qualquer empresa passa pelo velho dilema de se pensar o futuro, de se projetar possíveis cenários a fim de criar alternativas de ação que permitam à empresa aproveitar as oportunidades e enfrentar as ameaças e obstáculos que surgirem. Esse dilema requer o levantamento das condições reais atuais, internas e externas ao ambiente organizacional, da análise situacional de seus stakeholders e do desempenho da sua cadeia produtiva (ou da sua rede de cooperação). Não seria possível o entendimento do que é o planejamento estratégico em empresas aéreas abandonando-se o que a própria agência reguladora enxerga para o setor. Ou seja, um diagnóstico do ambiente geral, que deverá ser verificado por todos os empreendimentos que estão ou pretendem estar inseridos nessa cadeia produtiva. Por vezes, em função da extensão territorial do País e de suas deficiências nos ramos ferroviário e rodoviário, o modal aéreo é o único meio de acesso a determinadas localidades. Além disso, a aviação civil promove a integração nacional e do Brasil com outros países. Assim, o setor possibilita o crescimento da economia, uma vez que permite o fluxo de agentes de negócios e o escoamento produtivo, bem como viabiliza o turismo nacional, entre outros benefícios. O planejamento requer o conhecimento de fatores de planejamento, algo que deve ser levantado e considerado na análise que se deseja conduzir. Um indicador de desempenho, por outro lado, é um “medidor”, um “aferidor” dos resultados obtidos em cada etapa do processo produtivo, permitindo a correção de não conformidades enquanto ainda é possível promover melhorias ao processo. Indicadores do desempenho a posteriori são utilizados para se dar um retorno de possíveis mudanças no processo, para melhorias futuras. Fatores de planejamento Para o trabalho de planejamento das empresas aéreas, que é o nosso tema em desenvolvimento, tomamos por base as informações disponíveis nos anexos da OACI. Atualmente existem 18 anexos que tratam dos mais variados assuntos, que justamente compõem um “portfólio” de preocupação gerencial, os fatores de planejamento, para qualquer gestor de empresa aérea. Digamos que estes fatores, listados a seguir, são “problemas administrativos”, como narrados no início deste capítulo, porém mais operacionalizados de forma a prestar auxílio ao planejamento da gestão da empresa aérea, por indicarem tarefas e ações de gerenciamento muito claras. São eles: A. Licenças de pessoal - Pessoal de voo, encarregados do controle de tráfego aéreo, pessoal encarregado de operações e manutenção aeronáutica; B. Regras do ar - Regras aplicadas aos voos visuais e por instrumentos, que devem ser seguidas à risca, sendo assunto fértil para a definição das operações aéreas e da qualificação dos pilotos; C. Meteorologia - Previsão dos serviços meteorológicos para a navegação aérea internacional; D. Cartas aeronáuticas - Especificações das cartas aeronáuticas para uso da aviação internacional; E. Unidades de medidas - Unidades de medidas para uso nas operações aeroterrestres; F. Operações de aeronaves (transporte aéreo comercial e aviação geral internacional) - Especificações que asseguram as operações de aeronaves a um nível de segurança acima dos mínimos prescritos; G. Marcas de nacionalidade e de matrículas - Requisitos para o registro e identificação de aeronaves; H. Aeronavegabilidade - Provisão de certificado de aeronavegabilidade para aeronaves e os procedimentos uniformes aplicados às inspeções das aeronaves; I. Facilitação - Simplificação das formalidades imigratórias e alfandegárias; J. Telecomunicações aeronáuticas - Padronização dos equipamentos e sistemas de comunicações e dos procedimentos de comunicações; K. Serviço de tráfego aéreo - Estabelecimento e operação dos serviços de controle de tráfego aéreo, informação de voos e alerta; L. Busca e salvamento - Organização e operação das facilidades e serviços necessários para a busca e salvamento; M. Investigação de acidentes de aeronaves - Uniformidade na notificação, investigação e transcrição dos acidentes de aeronaves; N. Aeródromos - Características e equipamentos para os aeródromos utilizados na navegação aérea internacional;O. Serviço de informação aeronáutica - Métodos para a coleta e divulgação das informações aeronáuticas necessárias à segurança, regularidade e eficiência da navegação aérea internacional. P. Ruídos de aeronaves - Homologação de aeronaves quanto ao nível de ruído, medição do nível de ruído de aeronaves para fins de vigilância e procedimentos para atenuar o nível de ruído de aeronaves; Q. Segurança - procedimentos e operações a serem desenvolvidas visando a proteção da aviação civil internacional contra os atos de interferência ilícita; R. Transporte de cargas perigosas - Procedimentos a serem observados na embalagem, identificação, manuseio, despacho e transporte por via aérea de substâncias explosivas, inflamáveis, voláteis, tóxicas, radioativas etc. Indicadores de desempenho Indicadores são essenciais ao planejamento e controle dos processos das organizações, uma vez que possibilitam o estabelecimento de metas quantificadas e o seu desdobramento na organização, e porque os resultados servirão para a análise crítica do desempenho da organização, para tomadas de decisões e para o replanejamento. O indicador comumente é representado como uma variável numérica, podendo ser um número absoluto ou uma relação entre dois eventos (como quocientes que comparam características determinadas de um processo) ou uma qualidade do evento. Os indicadores devem exprimir de forma conveniente e significativa as informações a respeito de uma organização ou de uma situação, dar suporte à análise crítica dos resultados do negócio, às tomadas de decisão e na aplicação de mecanismos corretivos para solução de problemas. O indicador deve servir para direcionar ou redirecionar nossas ações futuras, assim como descrever a situação atual”. E ensina o que os indicadores podem proporcionar: A. Visualizar rapidamente a situação da companhia, com relação a um estado predefinido; B. Determinar acerca da situação atual com relação aos mínimos critérios; C. Projetar resultados (...); D. Predizer os resultados contábeis do final do período; E. Comparar resultados com os outros referenciais (média do mercado, melhor concorrente, metas de curto, médio e longo prazo, média do ano, média acumulada); F. Avaliar o ambiente interno (forças e fraquezas) e o ambiente externo (ameaças e oportunidades) que estabelecem objetivos e estratégias da organização; G. Avaliar o mercado (necessidades e expectativas dos clientes) que fornecem as principais características da qualidade e do desempenho. Outro aspecto relevante a ser considerado são as variáveis que fazem parte da medida do desempenho. Variáveis são os fatores em questionamento, ou seja, aquilo que se mede, que se compara. Na aviação civil brasileira, e também comum às variações dos demais países, podemos destacar as seguintes variáveis: A. Bagagem; B. Excesso de bagagem; C. Passageiro; D. Consumo de combustível; E. Movimento de aeronave; F. Horas voadas; G. Quilômetros voados; H. Velocidade média; I. Etapa de voo; J. Assento-quilômetro oferecido; K. Assento-quilômetro utilizado; L. Pay load; M. Tonelada-quilômetro oferecida; N. Tonelada-quilômetro utilizada. Os indicadores permitem também medições do desempenho de mercado das empresas aéreas, sendo comum, apesar da forte concorrência que caracteriza o setor, a troca de informação entre companhias, sendo grande o número de indicadores disponibilizados entre estas. Alguns deles são citados a seguir, realizando medição por: A. Rota; B. Par de cidades; C. Origem/destino (GIG – MIA); D. Conjunto de rotas (país, continente); E. Uma rede – de uma empresa, grupo de empresas ou indústria. Indicadores de oferta e de procura Sendo a OFERTA a capacidade oferecida ao mercado para ser rentabilizada, e a PROCURA a disponibilidade de consumidores dispostos a pagar pelos preços dos serviços ofertados, as variáveis são: A. Passageiros: Lugares disponíveis para serem comercializados; B. Carga: Espaço disponível para carga e correio (descontado do espaço/peso ocupado pela bagagem dos passageiros) = payload. Os indicadores de oferta são: A. ASK (Available Seat Kilometres) - Passageiros (ASM) ou PKO (Passenger Kilometre Offered) - representa a capacidade de assentos dos aviões, multiplicada pelo número de quilômetros que os assentos são voados; B. ATK (Available Tonnes Kilometres) - Carga ou TKO (Tonne Kilometre Offered). Os indicadores de procura são: A. RPK (Revenue Passenger Kilometres) – Passageiros ou PKU (Passenger Kilometre Used) – representa o número de quilômetros voados por passageiros pagantes (exclui os passageiros que viajam por resgates de milhas nos programas de milhagem); B. Carga ou TKU (Tonne Kilometre Used); C. Load Factor (LF) (Taxa de Ocupação - em %); D. LF = PKU / PKO ou LF = Passageiros / nº lugares no avião. OBRIGADO! atendimento@ictmg.com.br
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