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CURSO: RELAÇÕES INTERNACIONAIS DISCIPLINA: LEITURA E PRODUÇÃO ACADÊMICA NOME: Carolina Batista Figueiredo MATRÍCULA: 20211104172 A fragmentação do sujeito pós-moderno diante das redes sociais Os inúmeros avanços tecnocientíficos que a humanidade desenvolveu ao longo da história, sobretudo após a Revolução Industrial na segunda metade do século XVIII, estão presentes em, praticamente, todas as esferas da vida humana, o que provocou diversas alterações no cotidiano da sociedade de maneira geral, inclusive nas formas em que o indivíduo efetua suas relações sociais e afetivas. Tais transformações trouxeram possibilidades que até algumas décadas atrás jamais seriam imaginadas, como a entrega de mensagens de forma instantânea para os lugares mais longínquos possíveis e o contato entre culturas e povos que anteriormente não possuíam nenhum tipo de interação. Entretanto, não se pode ignorar os impactos negativos que essas mudanças causaram e a necessidade de uma análise minuciosa desses prejuízos com o objetivo de revertê-los. Com o advento da internet, grande parte das atividades passaram a ocorrer de forma virtual, como reuniões de trabalho, processos de aprendizagem e até mesmo fatores mais particulares, como o envio de uma mensagem afetiva para alguém por quem se tem apreço. Além de ocorrerem de forma muito mais ágil e prática, muitas pessoas consideram essas modalidades mais confortáveis. Contudo, essa imersão no ambiente online fez com que crescesse o distanciamento entre as pessoas, de modo que é preferível para muitos fazer uma videochamada a encontrar-se com um amigo, assistir a uma videoaula a desfrutar as particularidades de uma aula presencial e as experiências únicas que é possível obter dela, entre outros. O filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman desenvolveu ao longo de sua trajetória como pesquisador e pensador, em especial entre a década de 80 e os anos 2000, o conceito de modernidade líquida, no qual defendia que as relações sociais, econômicas e produtivas nos tempos atuais eram frágeis, desfeitas facilmente como líquidos. Todavia, Bauman repetiu inúmeras vezes em seus discursos uma frase em que afirmava que "a mudança é a única coisa permanente e a incerteza, a única certeza'' (BAUMAN, Zygmunt. Vivemos em dois mundos paralelos e diferentes: online e offline. [Entrevista concedida a] concedida a Marina Artusa, jornal Clarín, Argentina, 2014). Partindo desse pensamento, pode-se então afirmar que não é viável tentar barrar a chegada e implementação das tecnologias em nossas rotinas, pois como compôs o artista brasileiro Antônio Carlos Belchior "o novo sempre vem"(BELCHIOR, Como Nossos Pais, 1976) e com isso elas passam a integrar a vida humana e trazer muitos benefícios, o que não significa que deve-se enxergar com normalidade o afastamento entre os indivíduos causado pelo uso descontrolado de tais recursos. Existe também um aspecto que se sucede nesse âmbito das redes sociais que é a inexistência da expressão física e entonação vocal, ou seja, a incerteza do real objetivo que um usuário tem ao escrever algo, o que abre margem para as mais diversas interpretações, que muitas vezes culmina em discussões e ofensas, alimentadas pelo insaciável desejo de sentir-se vencedor em uma troca de comentários, fora o fato de ser um ambiente em que alguns sentem- se mais à vontades para expressarem opiniões polêmicas e preconceituosas, de modo a unirem-se em grupos que partilham as mesmas ideias. Sobre essa temática, um estudo publicado na revista PNAS (“Proceedings of the National Academy of Science”) mostrou que, ao invés de os usuários de mídias como o Facebook, por exemplo, aproveitarem a diversidade que ali existe para ampliar suas concepções, preferem encontrar posicionamentos semelhantes aos seus para sentirem- se melhor (2016). Dessa forma, o terreno que é propiciado torna-se cada vez menos saudável e mais hostil. Nota- se, portanto, que a praticidade propiciada pelas redes sociais é inegável e fundamental nos dias atuais, visto que cada vez mais é necessário otimizar o tempo de nossas ações e que nos é proporcionado a capacidade de praticá-las de modo instantâneo. Todavia, é preciso compreender que o excesso de período de permanência nesses espaços e o uso inconsequente dessas ferramentas têm sido responsáveis por malefícios que atingem o convívio social e, por conseguinte, devem ser avaliados e debatidos por estudiosos das áreas da filosofia, sociologia e, posteriormente, debatido com a população para que essa entenda a importância de manter as trocas no mundo real e não automatizar seus vínculos e demonstrações de sentimentos e emoções. Desse modo, é realizável chegar-se ao entendimento do lugar que as novas tecnologias devem ocupar no cotidiano dos seres humanos. Referências Bibliográficas: 2020, 18 D. E. J. U. N. H. O. D. E.; *, N. Uma reflexão sobre como a tecnologia altera nossas relações sociais. Disponível em: <https://www.uninter.com/noticias/uma-reflexao-sobre-como-a-tecnologia-altera -nossas-relacoes-sociais> Como a Tecnologia pode Impactar as Relações Interpessoais. Disponível em: <https://holos.org.br/como-a-tecnologia-pode-impactar-as-relacoes-interpessoa is/> MENEZES, T. D. E. Zygmunt Bauman: pensamentos profundos num mundo líquido. Disponível em: <https://super.abril.com.br/cultura/zygmunt-bauman-pensamentos-profundos-n um-mundo-liquido/> VICARIO, M. D. et al. The spreading of misinformation online. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 113, n. 3, p. 554–559, 2016.
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