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Ocitocina: Hormônio Hidrossolúvel e suas Funções

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Laura Pinheiro Soldatelli
Medicina Veterinária - 3º período
Fisiologia II
A ocitocina é um peptídeo cíclico que contém 9 resíduos de ácidos aminados. Em sua molécula há diversos grupos amida que foram formados através das ligações peptídicas entre os ácidos aminados. É um hormônio de natureza hidrossolúvel, o que favorece seu transporte no plasma sanguíneo até as células alvo. Ela é produzida nos núcleos paraventriculares do hipotálamo pelos neurônios magnocelulares, e é liberada na neuro-hipófise. A neuro-hipófise armazena e libera os dois hormônios que são produzidos pelo hipotálamo: a vasopressina e a ocitocina. A ocitocina é liberada durante o contato físico, durante o ato sexual, promove sensação de tranquilidade e calma e exerce efeito moderador sobre a fisiologia do estresse, entre outras funções. Na medicina veterinária, são estudadas principalmente as suas funções na liberação do leite e na contração do útero. Os principais efeitos da ocitocina envolvem a contração das células mioepiteliais que envolvem os alvéolos na glândula mamária e miométrio do útero, importante para o parto. O estrógeno induz a formação do receptor para ocitocina no miométrio. As células mioepiteliais são responsivas à ocitocina e se contraem quando expostas ao hormônio. 
Nas vacas, por exemplo, a síntese e liberação da ocitocina são estimuladas por um reflexo neuroendócrino que envolve a estimulação tátil do úbere (pela amamentação ou ordenha). Os estímulos sensoriais do úbere são conduzidos através da medula espinhal para o hipotálamo. A neuro-hipófise é a área onde os axônios das células nervosas localizadas nos núcleos supraópticos e paraventriculares do hipotálamo terminam e secretam seus neurotransmissores no sangue. Os axônios deixam os núcleos hipotalâmicos e seguem o seu percurso pela haste da hipófise e terminam na neuro-hipófise. Como a ocitocina e a vasopressina são liberadas no sangue, são denominados hormônios, porém podem ser considerados neurotransmissores, que são liberados diretamente nas veias hipofisárias até chegarem à circulação geral. Ambos os neuro-hormônios têm um comprimento de nove aminoácidos e ambos são produzidos nos corpos de células nervosas e transportados ao longo dos axônios em vesículas de transporte para o seu armazenamento nas terminações nervosas até a sua secreção. Os neurônios que secretam a ocitocina originam-se no núcleo paraventricular. 
A liberação da ocitocina ocorre segundos após o estímulo chegar ao hipotálamo. A pressão aumentada na glândula mamária é evidente dentro de 1 minuto da estimulação, conforme o leite é forçado para fora dos alvéolos e ductos devido à contração das células mioepiteliais. A secreção de ocitocina também pode ser estimulada por respostas condicionadas geradas nos centros encefálicos superiores desencadeados por estímulos auditivos, visuais e olfatórios (por exemplo: o choro do filhote, a visão do recém-nascido ou a aproximação do equipamento de ordenha das vacas leiteiras). Os corpos das células mioepiteliais estão em contato direto com os leitos capilares responsáveis por fornecer nutrientes às células alveolares e ocitocina para a contração.
As células mioepiteliais são responsáveis por contrair em resposta à ocitocina, resultando na liberação do leite e sua transferência dos alvéolos até os ductos. A descida do leite é efetuada quando a ocitocina interage com seus receptores presentes nas células mioepiteliais que circundam os alvéolos. Essa interação hormônio-receptor provoca contração das células mioepiteliais, que espremem o leite do lúmen alveolar para dentro dos ductos que levam à cisterna da glândula. Depois da estimulação mecânica, elevações das concentrações de ocitocina podem ser detectadas na veia jugular em 30 segundos, independentemente do nível de produção de leite, do estágio da lactação, da estação do ano ou de outros fatores. Nas vacas leiteiras ordenhadas mecanicamente, os níveis sanguíneos basais de ocitocina oscilam na faixa de 1 a 5 pg/mL entre as ordenhas e chegam a 10 a 100 pg/mL depois da secreção deste hormônio, dependendo da efetividade da estimulação. A estimulação mais eficiente e a sucção do bezerro produzem níveis mais altos de ocitocina, mas alguns estudos demonstraram que níveis na faixa de 10 pg/mL são suficientes para produzir secreção adequada de leite dos alvéolos por meio da contração das células mioepiteliais. 
A ocitocina tem meia-vida de 2 a 3 minutos quando interage com seu receptor. A estimulação contínua das extremidades dos tetos por meio da movimentação do revestimento da unidade provoca secreção pulsátil de ocitocina durante todo o processo de ordenha, assegurando o esvaziamento completo do úbere, exceto por um volume residual de 5 a 20% do volume total de leite (dos alvéolos e das cisternas), que não pode ser retirado a menos que se administre ocitocina exógena.
A ocitocina também atua sobre o músculo liso do útero, aumentando a força das contrações do útero durante o processo do nascimento. A distensão do colo do útero atua como principal estímulo para a liberação de ocitocina. Neurônios aferentes sensitivos transportam a sensação de distensão do colo do útero até o hipotálamo para desencadear a secreção de ocitocina. A ocitocina provoca a contração do útero, e o feto se move ainda mais para dentro do colo do útero, causando a sua maior distensão e induzindo o hipotálamo a secretar maior quantidade de ocitocina. Essa retroalimentação positiva aumenta as concentrações de ocitocina e a força das contrações uterinas até que o feto seja finalmente expelido do útero. A presença do feto no canal pélvico também provoca secreção de ocitocina. Quando o útero está preparado pela ação do estrogênio, as contrações musculares aumentam de intensidade para ajudar a expelir o feto.
Referências:
KLEIN, Bradley G.Cunningham tratado de fisiologia veterinária. 5ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
REECE, William O. e editores associados. Dukes Fisiologia dos animais domésticos. 13ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 
CRISTINA L. M. P. NETTO. AVALIAÇÃO DA ABSORÇÃO DE OCITOCINA SINTÉTICA APLICADA EM DIFERENTES FORMULAÇÕES PELA VIA VAGINAL EM NOVILHAS GIROLANDO. Escola de Veterinária da UFMG, 2016.

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