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Capa EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ENSINO REMOTO Multifacetas e realidades das práticas docentes Rita de Cássia Borges (Organizadora) Nota 1: Alguns dos capítulos aqui apresentados são derivados ou são recortes de trabalhos apresentados e publicados nos anais do Encontro Nacional Movimentos Docentes (2020) e em outros eventos, devendo cada autor tomar a devida cautela em não gerar autoplágio. Nota 2: Esta obra foi elaborada de forma colaborativa, tornando-se uma coletânea. Os capítulos respeitam as normas técnicas e recomendações da ABNT. A responsabilidade pelo conteúdo de cada capítulo é de competência do respectivo autor, não representando, necessariamente, a opinião da editora, tampouco da organizadora. Nota 3: A organizadora, autoras, autores e editora empenharam-se para fazer as citações e referências de forma adequada, dispondo-se a possíveis acertos caso, inadvertidamente, alguma referência tenha sido omitida. Apesar dos melhores esforços de toda a equipe editorial, organizadora, autoras e autores, é inevitável que surjam erros no texto. Deste modo, as comunicações das leitoras e leitores sobre correções são bem-vindas, assim como sugestões referentes ao conteúdo que auxiliem edições futuras. © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. A V&V Editora detém direito autoral sobre o projeto gráfico e editorial desta obra. A organizadora, autoras e autores detêm os direitos autorais de publicação. O trabalho Educação a Distância e Ensino Remoto: Multifacetas e realidades das práticas docentes, da organizadora BORGES, Rita de Cássia também está licenciado com uma Licença de Atribuição Creative Commons – Atribuição 4.0 Internacional, permitindo seu compartilhamento integral ou em partes, sem alterações e de forma gratuita, desde que seja citada a fonte. Impresso no Brasil. Printed in Brazil. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ENSINO REMOTO Multifacetas e realidades das práticas docentes Rita de Cássia Borges (Organizadora) V&V Editora Diadema – SP 2021 Conselho Editorial Profa. Dra. Marilena Rosalen Profa. Dra. Angela Martins Baeder Profa. Dra. Eunice Nunes Prof. Dr. Flávio José M. Gonçalves Prof. Dr. Giovano Candiani Prof. Dr. Ivan Fortunato Prof. Dr. José Guilherme Franchi Profa. Dra. Luciana Aparecida Farias Prof. Dr. Luiz Afonso V. Figueiredo Profa. Dra. Maria Célia S. Gonçalves Profa. Dra. Rita C. Borges M. Amaral Profa. Dra. Silvana Pasetto Prof. Me. Arnaldo Silva Junior Profa. Ma. Beatriz Milz Profa. Ma. Letícia Moreira Viesba Profa. Ma. Marta Angela Marcondes Prof. Me. Pedro Luis Castrillo Yagüe Profa. Erika Brunelli Prof. Everton Viesba-Garcia Profa. Sarah Arruda Expediente Coordenação Editorial: Everton Viesba-Garcia Coordenação de Área: Marilena Rosalen Projeto Editorial: Giovanna Tonzar, Thays Soares e Everton Viesba-Garcia Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422 V&V Editora - Diadema, São Paulo – Brasil Tel./Whatsapp: (11) 94019-0635 E-mail: contato@vveditora.com vveditora.com E24 Educação a Distância e Ensino Remoto: multifacetas e realidades das práticas docentes / Organizadora Rita de Cássia Borges. – Diadema: V&V Editora, 2021. 214 p. : 14 x 21 cm – (EaD e Ensino Remoto) Vários autores Inclui bibliografia ISBN 978-65-88471-11-1 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1 1. Educação. 2. Ensino à distância. 3. Prática de ensino. I.Borges, Rita de Cássia. CDD 371.72 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1 Sumário Prefácio .................................................................................... 9 Educação a distância: o quão distante está da realidade dos estudantes? Perspectivas discentes do ensino superior durante a pandemia de Covid-19 ............................................ 12 Bruno de Lima Araújo Alexia Satie Augusto Fábio Saroa de Assis Gustavo Negrão Franzolin Rodrigo Jardim Castello Educação a Distância e Ensino Remoto: desfazendo equívocos na Faculdade do Nordeste da Bahia ........................ 26 José Batista de Souza Daniele Santana de Melo Elissandra Silva Santos Suely Cristina Silva Souza Tainah dos Santos Carvalho Desafios e Oportunidades da EaD e do ensino remoto durante a pandemia da Covid-19 sob a perspectiva do professor ......... 46 Jaqueline Damaceno Ribeiro Marlen Maria Cabral Ramalho Pandemia de COVID 19 & Educação Digital: Tecnologia, Planejamento e Método .......................................................... 65 Alexandre Medeiros Lígia Dias Ensino de Ciências em tempos de pandemia: desafios e possibilidades do ensino remoto ............................................. 76 Giovana Della Crocce Rodolfo Magliari de Paiva Isabela Nogueira Vitor Amorim Giuliana Rapp Cinezi Renan Marques Suas lágrimas não têm sexo ................................................... 94 Angelise Maciel Jacira Helena Bridi Como o isolamento nos uniu: construindo um coletivo reflexivo .................................................................. 103 Willian Vinicius Silva Ensino Remoto: Relato de experiência durante a Covid-19 na perspectiva dos discentes ..................................................... 118 Luana Lindolfo Querino Mariana Machado Leite Tavares Mikaely de Sousa Batista Raimunda Leite de Alencar Neta Ankilma do Nascimento Andrade Feitosa Reflexões sobre Currículo e Gênero durante a pandemia de Covid-19 ............................................................................... 129 Greice Kely Rech Werner Ana Claudia Delfini C. de Oliveira Verônica Gesser Desafios explicitados por famílias de estudantes com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) durante a pandemia de Covid-19 .......................................................... 147 Débora de Lourdes da Silva Sousa Juliana de Moura Borges Rodnei Pereira Elizabete Cristina Costa-Renders Desafios e possibilidades do ensino em enfermagem em aulas remotas ................................................................................ 159 Fabiano Henrique Oliveira Sabino Lucas Fernando Antunes Gomes Silmara Elaine Malaguti Toffano Aparecido Renan Vicente Diene Monique Carlos A monitoria e o uso das TICs nos processos de ensino e aprendizagem no ensino remoto emergencial nas universidades ................................................................. 175 Maria Rejane Lima Brandim Johnson Fernandes Nogueira Antonia Maria Alves Sobre a organizadora ............................................................ 192 Sobre as autoras e os autores ............................................... 193 Ficha técnica........................................................................ 208 Índice remissivo ................................................................... 209 9 Prefácio A educação formal – presencial e a distância, vem sendo desafiada a modificar e inovar suas formas tradicionais de ensinar e em março de 2020, essa questão ficou muito nítida, pois com a COVID-19, todo o percurso das escolas e universidades, sejam eles, físico, de gestão e pedagógico alterou- se e passou a incluir novos paradigmas como aula síncrona, distanciamento, plataformas virtuais, COVID-19, ensino remoto, metodologias ativas, etc. De um dia para outro, as instituições educacionais foram fechadas em sua forma física de atendimento, dando lugar a outras metodologias no ensinar e aprender. Hoje, já em pleno 2021 ainda em distanciamento social decorrido de uma pandemia que assola a humanidade no início da segunda décadado século XXI, são trazidos novos desafios à educação para que possa responder aos objetivos do ensinar e aprender. Na EaD sabemos que a educação é a distância, mas quem poderia imaginar que em tão curto período de tempo todo o sistema educacional, quer seja presencial ou a distância, teve que se adaptar a esta prática e nunca antes as mídias digitais que permitem o compartilhamento de conteúdos e as conversas simultâneas estiveram tão em evidência, assim a EaD acabou nos trazendo esse legado. As instituições educacionais precisaram inovar, criar, usar e conhecer cada vez mais as novas tecnologias e metodologias inovadoras para o ensino e assim manter as atividades acadêmicas em pleno funcionamento. Uma questão muito positiva foi a superação de preconceitos com a modalidade da EaD e foi preciso aprender como lidar com os recursos tecnológicos como ferramenta de apoio no processo de ensino e aprendizagem. Tornou-se evidente a importância de um novo fazer sobre a educação que é mais do que reflexão, é ação em movimento e nesse contexto surgiu a impossibilidade de manutenção das atividades que tradicionalmente eram 10 realizadas presencialmente, e dessa forma houve muitas adequações metodológicas e a ampliação do uso das novas tecnologias e, principalmente, a implementação do ensino remoto emergencial, mediado pelas novas tecnologias. Compreendo que as metodologias pedagógicas e sua relação com as práticas inovadoras de ensino constituem os instrumentos fundamentais para que o processo ensino aprendizagem continue-se em meio a esse cenário de pandemia e não se deve perder de vista a função social de uma instituição educacional, seja ela da educação básica ou superior, que é instrumentalizar, por meio do conhecimento, os estudantes, de modo a garantir uma aprendizagem significativa e que esta possa transformar as condições materiais de existência dos mesmos, tanto a modalidade da educação a distância, quanto o ensino remoto emergencial deve ampliar as práticas pedagógicas com o uso de tecnologia e metodologias inovadoras. O ensino remoto possibilita ao professor e estudantes de uma turma, tecerem interações nos mesmos horários em que as aulas da unidade curricular ocorreria no caso da modalidade presencial, ou seja, os estudantes acessam o ambiente virtual de aprendizagem de suas residências, trabalho, etc. nos mesmos horários em que as aulas ocorriam e ocorrem, porém o ensino remoto não é considerado uma modalidade de ensino, na verdade foi uma estratégia possível a muitas instituições educativas que lançaram mão das novas tecnologias e plataformas virtuais de aprendizagem de modo a dar continuidade ao ensino. Normalmente é utilizada em um curto período de tempo, diferentemente da EaD, que tem sua estrutura e metodologia diferenciadas e algumas características destaco aqui, tais como, a maioria das aulas são gravadas, com algumas videoconferências, mas não em sua totalidade, os materiais didáticos são padronizados e na maioria dos programas de EaD não é pensado uma personalização do ensino de acordo com as necessidades do estudante. Nesse contexto, o livro Educação a Distância e Ensino Remoto - multifacetas e realidades das práticas docentes nos 11 traz diversas abordagens diferenciadas a partir de pesquisas e relatos que foram apresentadas e publicadas nos Anais do Encontro Nacional de Movimentos Docentes que ocorreu em 2020, bem como em outros eventos científicos. Convido o leitor para conhecer a obra em sua essência e a reunião dos autores que resultou neste livro que muito contribuirá para reflexões e ações do processo de aprendizagem com a modalidade da educação a distância e o ensino remoto emergencial. Parabéns a todos os autores e a todas as autoras, de uma forma geral a todos nós educadores, por termos uma obra pautada em muitos conhecimentos, experiências e que estão a nossa disposição. Também parabenizo a V&V Editora, a coordenadora de área Profa. Dra. Marilena Rosalen, o Conselho Editorial, a coordenação editorial e todos envolvidos na produção desta obra. É meu desejo sincero que este livro possa ajudar o leitor a reflexões e ações para uma nova abordagem pedagógica a partir de metodologias inovadoras no ensino remoto e na educação à distância. Um abraço. Profa. Dra. Rita de Cássia Borges 12 Educação a distância: o quão distante está da realidade dos estudantes? Perspectivas discentes do ensino superior durante a pandemia de Covid-19 Bruno de Lima Araújo, Alexia Satie Augusto, Fábio Saroa de Assis, Gustavo Negrão Franzolin e Rodrigo Jardim Castello Educação à distância: O quão distante está da realidade dos estudantes? Perspectivas discentes do ensino superior durante a pandemia de Covid-19 doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.1 Bruno de Lima Araújo Alexia Satie Augusto Fábio Saroa de Assis Gustavo Negrão Franzolin Rodrigo Jardim Castello https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.1 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.1 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.1 13 Introdução A tecnologia está se tornando cada vez mais presente nas nossas vidas, seja no âmbito domiciliar, profissional ou educacional. Com a inserção de novas ferramentas na educação, escolas, universidades e instituições de ensino em geral estão passando por mudanças cada vez mais frequentes, fazendo com que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) sejam incorporadas à realidade dos professores e estudantes. Porém, a pandemia de COVID-19 acelerou ainda mais esse cenário. Com as universidades e escolas fechadas, o ensino tradicional, ou seja, cursos que adotam a forma presencial, teve que ser adaptado rapidamente ao ensino de forma remota, ou ensino à distância (EaD). O EaD é uma modalidade que existe no Brasil desde o final do século XIX, quando professores ofereceram cursos de datilografia por correspondência no Rio de Janeiro (ALVES, 2009, p. 9). Desde então, esta forma de ensino vem expandindo- se cada vez mais, sendo popularizada na década de 1990 com o advento dos computadores pessoais somados à internet (MUSSOI et al., 2007). Em 1996, o EaD surgiu nas diretrizes e bases da educação do país (BRASIL, 1996), sendo regulamentado por um decreto duas décadas depois (BRASIL, 2017). Mesmo o EaD já sendo uma forma de ensino estabelecida no nosso país, a maioria dos estudantes e professores estão habituados com a forma de ensino tradicional nas escolas e universidades, fazendo com que o ensino à distância não seja uma opção viável a todos. Do ponto de vista docente e discente, a mudança brusca para o EaD é problemática, visto que muitos docentes não possuem experiência e uma base de conhecimentos sobre os equipamentos de ensino de forma remota que são necessários para lecionar. Além disso, infelizmente muitos alunos do nosso país não possuem equipamentos eletrônicos e acesso à internet, o que impossibilita o acesso às aulas e ao curso de maneira geral. 14 Por outro lado, o ensino à distância pode ser uma alternativa para aqueles que possuem os equipamentos necessários e acesso à internet, visto que o tempo gasto no deslocamento até as escolas e universidades pode ser direcionado ao estudo e outras atividades atreladas a ele. Além disso, o ensino a distância pode adotar uma modalidade assíncrona ou uma mescla entre síncrono e assíncrono. Este último não possui aulas e atividades com um horário pré- estabelecido, possibilitando uma maior flexibilidade ao estudante. Desta forma, o aluno pode assistir as aulas gravadas e realizar as atividades no horário mais adequado para ele. Neste contexto, abordaremos neste capítulo uma visão de discentes dos cursos de graduação em Ciências Biológicas e Pós- graduação em Ecologia e Evolução da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).Esta visão será dada através de experiências e relatos sobre o ensino à distância neste período de isolamento social ocasionado pela pandemia de COVID-19. Apesar de algumas mudanças no ensino serem positivas, outras precisam ser melhoradas e readequadas, visto que não há previsão sobre o fim da pandemia, fazendo com que o ensino a distância seja uma nova realidade aos discentes e docentes. Panorama do EaD no Brasil O EaD ocorre principalmente através dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs). São páginas na internet com a finalidade de mediar o processo de ensino e aprendizagem, oferecendo diversas ferramentas aos alunos e professores. O AVA mais utilizado e o mais popular é o MOODLE (Modular Object Oriented Distance Learning - Sistema Modular de Ensino a Distância Orientado a Objeto), sendo utilizado em 251 países, abrigando quase 33 milhões de cursos e 250 milhões de usuários (MOODLE, 2020). No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), em 2018 o país possuía cerca de 9,3 milhões de discentes matriculados em cursos a distância, quase o triplo de 2016 (CENSO EAD.BR 2018, 2019, p. 60). São cursos de ensino formal e não formal em diversas áreas e níveis 15 do conhecimento. Além disto, em 2018 foram registrados mais de 30 mil cursos regulamentados totalmente a distância, semipresenciais ou livres (CENSO EAD.BR 2018, 2019, p. 55). Entretanto, é necessário ponderar que quantidade não reflete necessariamente em qualidade. Segundo a ABED, alguns cursos possuem mais de 50% de taxa de evasão (CENSO EAD.BR 2018, 2019, p. 65). A preocupação com a evasão no EaD é algo relatado desde a década de 1980, ocorrendo antes mesmo do advento da internet (KEMBER, 1989). Esta situação repete-se no mundo inteiro, sendo que, em determinados países e cursos, esta taxa pode chegar até 60% (SANTIAGO, 2011). Segundo Netto et al. (2012), as causas mais comuns para este abandono são questões financeiras, falta de tempo, não adaptação ao método e obrigatoriedade de atividades presenciais, como laboratórios didáticos e provas. Agravando ainda mais esta situação, cerca de 1/3 dos domicílios brasileiros não possuem acesso à internet, sendo os casos mais graves em regiões interioranas (TIC Domicílios, 2018, p. 105). Isto demonstra que milhões de brasileiros não têm o básico para acessar um curso a distância, sendo excluídos desta modalidade de ensino. A pandemia de COVID-19 trouxe profundos reflexos em todos os setores da sociedade. Além de milhões de vidas perdidas, as pessoas perderam seus empregos, tiveram salários cortados e estão dependendo de auxílios financeiros prestados pelo governo para sobreviverem. Visando mitigar estes efeitos, as instituições de educação elaboraram editais emergenciais para apoiarem seus discentes mais vulneráveis. A RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa) elaborou um edital junto ao MEC visando disponibilizar internet gratuita, sendo que mais de 37 mil estudantes de 51 universidades e institutos federais foram beneficiados por todo o país (RNP, 2020). A Unifesp, por exemplo, lançou os seguintes editais: Empréstimo de Equipamento de Informática, beneficiando mais de mil discentes com computadores e tablets (UNIFESP, 2020a; UNIFESP, 2020b); Auxílio Emergencial para Acesso à Internet, no qual o valor de R$ 70,00 foi pago durante três meses a quase 16 350 estudantes, totalizando em mais de 70 mil reais (UNIFESP, 2020c); Auxílio Emergencial COVID-19, no qual 300 estudantes receberam R$ 100 durante 2 meses, totalizando 60 mil reais (UNIFESP, 2020d); Chamada de Interesse para Recebimento de Cestas Básicas, no qual mais de 300 estudantes receberam aproximadamente 25kg de alimentos cada um, totalizando mais de 15 mil quilos de alimento (UNIFESP, 2020e). Levando em consideração estes números, fica claro que, apesar do EaD ter muito a contribuir na sociedade, ele deve ser visto como uma opção adicional e não exclusiva, já que milhões de brasileiros não possuem os meios necessários para acompanhá-lo de forma satisfatória. Além disto, há o equívoco que o EaD é mais barato que o ensino tradicional comum, sendo que os números não demonstram isto. Os gastos das instituições são grandes ao ofertarem cursos a distância com qualidade, sendo necessários altos investimentos em professores, tutores, materiais de apoio e estruturas físicas e tecnológicas (NETTO et al., 2012). Perspectivas discentes De acordo com os relatos discentes deste período somados à literatura existente, pode-se observar características congruentes em ambos. Percebe-se que o EaD é uma modalidade importante que está expandindo-se, mas que precisa ser ajustada em alguns pontos, os quais ficaram ainda mais evidentes após a pandemia. O EaD possui vantagens em relação ao ensino tradicional, sendo relacionadas a dois fatores principais: tempo e distância. Em um primeiro momento, podemos pensar em disciplinas de graduação e pós-graduação, mas os mesmos benefícios também são atrelados às bancas de TCC, qualificação e defesa, cursos livres e até mesmo eventos como congressos, workshops e simpósios. Em relação ao tempo, uma das maiores razões pela busca do EaD se deve ao fato de que muitos estudantes possuem altas cargas horárias de trabalho e curtos espaços de tempo disponíveis. Logo, esta modalidade de ensino 17 traz consigo uma maior flexibilidade ao cronograma diário. Neste sentido, cria-se a possibilidade de que possam ser assistidas aulas sem que haja a locomoção das residências ou ambientes de trabalhos até as universidades, e destas até suas moradias, as quais consomem mais tempo de percurso, além de aumentar o estresse físico e mental. Já em relação às aulas gravadas, elas podem ser assistidas nos horários com maior disponibilidade de tempo, de acordo com o ritmo de cada aluno e sem restrição de acesso ou de horário. Uma vez que as aulas gravadas foram assistidas e o conteúdo passado foi, dúvidas podem ser elucidadas e o conteúdo discutido em aulas síncronas. Outra problemática envolve a questão da distância entre o município/estado que o aluno reside e seu local de estudo. Muitas vezes os estudantes precisam se mudar devido à distância. Nestes casos, além das obrigações do curso, é necessário fazer as tarefas das casas, dividir com terceiros (no caso de repúblicas), morar afastados de parentes e conhecidos, e em muitos casos, trabalhar para se sustentar. Portanto, a alternativa de cursos a distância possibilita que fatores como a mudança de residência e o distanciamento se tornem menos preocupantes para os estudantes, tornando a rotina mais adaptável, como já citado acima. Com relação às bancas, tivemos a oportunidade de convidar profissionais de diversos estados e até mesmo fora do país, o que antes seria mais difícil, visto que os membros precisam viajar e hospedar-se, sendo possível então realizar de forma online, tendo a mesma ou melhor qualidade, além de prevenir atrasos de quaisquer participantes. Não só os profissionais puderam presenciar, mas também familiares e conhecidos puderam assistir sem que houvesse a necessidade de ir até o local, o que traz uma maior difusão do conhecimento científico produzido quando comparado aos eventos presenciais que, de certa forma, eram mais limitados à academia. Durante a época de quarentena, cursos e palestras presenciais foram interrompidos e os organizadores tiveram que adaptarem-se para oferecerem de forma online. O crescimento do 18 número de participantes a primeiro momento pode soar como desvantagem para quem assiste, contudo, também surge a possibilidade de convidar tutores para o curso, dividindo os participantes em turmas menores. Uma vez que não existe uma delimitação do espaço ou número de salas de aulas oferecidas pela instituição de ensino, o ambienteonline comporta uma maior quantidade de participantes. Além disso, puderam ser realizados cursos e assistir palestras de diversos estados, permitindo não só um alcance de um público maior, mas também o conhecimento de instituições menores e não tão conhecidas. Por fim, os congressos, workshops e simpósios também foram adaptados. Um exemplo deste caso foi o Congresso Acadêmico da Unifesp, que devido a pandemia foi oferecido completamente online, resultando em um número aproximado de 26 mil inscritos, sendo que 47% destes eram de fora da universidade (Unifesp, 2020f). O evento contou com 60 palestras e mesas redondas, reunindo 260 palestrantes nacionais e internacionais, 29 palestras que contaram com tradutores de libras, garantindo a inclusão de deficientes auditivos, e 110 sessões científicas com apresentação de 1.750 trabalhos, os quais envolveram 6.900 autores e 350 debatedores. Além da parte científica, ainda houve conteúdos culturais com 38 atividades como dança, desenho, fotografia, músicas e vídeos, as quais foram todas produzidas pela comunidade acadêmica e de forma remota. Estes foram números recordes na história do congresso, sendo que a presença de participantes externos trouxe visibilidade para a universidade e uma ampla divulgação do conhecimento científico produzido pela comunidade, uma vez que seus conteúdos foram abertos e gravados. As adaptações feitas como tradutores em libras, sessões online e a disponibilização das gravações, trouxeram um amplo benefício para o evento, o que futuramente, serão questões a serem discutidas e pensadas no momento da organização dos eventos pelo sua abrangência e inclusão social. 19 Outro exemplo foi a organização da palestra “Como fazer buscas sistemáticas na literatura científica” pelo Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução da UNIFESP. Foram mais de cem inscrições neste evento, no qual representantes de todos os estados do país estavam presentes. Isto demonstra a potencialidade dos eventos a distância, uma vez que seria impossível haver uma abrangência territorial tão grande para um evento de escala local. Além disto, também há a possibilidade de maior difusão de um conteúdo que ficaria restrito a determinada localidade e um maior potencial em formar parcerias entre as instituições. Entretanto, algumas desvantagens também puderam ser observadas em relação ao EaD. Estas estão voltadas principalmente pela falta de preparo por parte dos docentes, principalmente no quesito de readequar as aulas que eram anteriormente dadas presencialmente. É essencial que o conteúdo dado seja funcional e dinâmico para que os alunos consigam aprender de forma significativa e com a mesma qualidade no atual modelo virtual do que era dado no ambiente de sala de aula (GUIMARÃES, 2010, p. 84). É necessário entender que o ambiente virtual maximiza a relação docente- discente de forma mais imediata do que no ambiente de sala de aula, logo, a voracidade em transpassar conteúdos na mesma intensidade de uma sala de aula real acaba não sendo funcional no ambiente virtual (ADORNO, 1995, p. 91). Este problema acaba gerando consequências para os alunos que têm relatado dificuldade em acompanhar o formato de aula online devido à falta de um ambiente adequado em seus domicílios. Outra problemática que envolve o EaD é a sua adequação para a realidade socioeconômica da população brasileira. Apesar de se tratar de um modelo de ensino mais conveniente quando comparado com o formato presencial, tal modalidade requer que os alunos tenham acesso a equipamentos eletrônicos e a uma internet de qualidade. O Brasil ainda possui baixa qualidade de infraestrutura de comunicação, na qual a velocidade de conexão não é a mesma em todas as regiões, sendo que o acesso à maior 20 qualidade geralmente possui um valor mais alto de custo, inviabilizando o acesso para os alunos pertencentes às classes menos favorecidas (LAPA & PRETTO, 2010). O que os alunos têm vivenciado na prática? Dado o contexto das principais vantagens e desvantagens da modalidade de ensino a distância, é importante sabermos das experiências pessoais que os alunos têm vivenciado com este formato em plena pandemia de COVID-19. A entrada em um curso de graduação ou pós-graduação é um momento que gera expectativas na vida dos estudantes, no qual há uma grande mudança em suas rotinas. Um novo ciclo começa, com um aumento no nível de deveres e responsabilidades. Entretanto, houve muitos casos nos quais os discentes entraram nestes cursos após a quarentena já estar em vigor. O que é difícil torna- se ainda pior, já que além do estresse causado pela ansiedade do novo, soma-se o medo e a incerteza de como as coisas serão. No começo, havia expectativas da situação ser passageira e em breve as atividades serem retomadas no modo presencial. Mas a cada notícia, a cada semana passada e a cada novo estudo epidemiológico divulgado, ficava claro que o problema era maior que o esperado. Deu-se então uma fase de aceitação, na qual as atividades começaram a ser adaptadas à nova conjuntura, como modificação de projetos de pesquisa, não necessitando de coleta de dados em campo e disciplinas adaptadas ao formato remoto. Contudo, uma das consequências mais notáveis é o excesso de tempo em frente ao computador. Em alguns casos, discentes relataram que o tempo médio em frente a uma tela quase triplicou comparado aos períodos anteriores à pandemia. Isto leva a diversos outros problemas, como esforço contínuo da visão, ansiedade, dores de cabeça, entre outros. Um estudo realizado no Reino Unido demonstrou que quase 40% da população teve uma deterioração em sua saúde ocular, ocasionada por conta do excesso de tempo em frente as telas digitais (FIGHT FOR SIGHT, 2021). A concentração em atividades é outra queixa comum, já que até 21 mesmo as tarefas mais simples se tornam desgastantes com tantas formas de distração e cansaço mental. Além disso, soma- se ao fato que a produtividade é super valorizada na contemporaneidade, levando a uma inquietação por parte dos estudantes, que sentem-se pressionados a produzirem constantemente, podendo levar a diversas patologias psicológicas (HAN, 2017). Entretanto, apesar de não ser um consenso entre os estudantes, alguns relataram que se sentem mais confortáveis em participar de aulas neste formato, questionando e comentando mais o conteúdo. Este fato é apoiado nas instituições com cursos EaD ofertarem uma maior variedade de canais para entenderem a opinião dos discentes em relação ao curso e a questões pessoais, já que nesse formato necessita contatar o aluno de alguma forma por conta da não convivência ao vivo com os discentes (CENSO EAD.BR 2018, 2019, p. 84). Porém, foi notado que os estudantes que menos participaram foram os que tiveram maiores dificuldades nas avaliações propostas, confundindo conceitos e não desenvolvendo as ideias apresentadas em aula. Por fim, um dos maiores problemas observados é que diversos docentes utilizam um argumento falacioso: “estar em casa significa ter mais tempo livre, logo, uma quantidade maior de atividades precisam ser propostas”. Isto é um equívoco, já que com a quarentena, os estudantes precisaram arcar com outras responsabilidades, seja em casa, com a família, emprego, entre outros. Portanto, os discentes não ficaram com mais tempo livre e sim com menos, tornando ainda mais complicado lidar com grandes quantidades das atividades passadas pelos docentes. Considerações finais Diante desta transição abrupta do ensino tradicional ao remoto que a pandemia de COVID-19 trouxe, mostrou-se a necessidade de realizar adaptações em diversas áreas, principalmente para que o ensino à distância mostrasse suas qualidades e também os pontos que precisam ser reforçados. 22 Muitosdocentes tiveram que reinventar-se para que os discentes não sentissem tanto o impacto destas mudanças. Algumas alternativas foram a utilização de diversas ferramentas, como por exemplo atividades interativas e até conteúdos fora dos livros, como materiais de instituições de confiança dinamizando a aula. Mas por outro lado, muitos docentes tiveram limitações em trabalhar com sites, reuniões online e adaptar o conteúdo presencial para o digital. Isto torna-se ainda pior quando levamos em conta a grande quantidade de auxílios emergenciais que foram entregues durante este período, demonstrando que ainda há uma grande carência na infraestrutura e nas condições socioeconômicas dos estudantes para esta modalidade de ensino. Tendo estas distinções pontuadas, devemos reconhecer que o EaD não é apenas uma versão online de um conteúdo preexistente ofertado presencialmente. Para ofertar um conteúdo com qualidade e que leve a um desenvolvimento crítico dos discentes, é necessário que, desde a sua concepção, seja levado em conta as características particulares do EaD. Diversos cursos superiores vêm surgindo, ao longo dos últimos anos, na tentativa de formarem profissionais que possam atuar de maneira mais profissional nestes cursos, capacitando docentes e designers educacionais, profissionais que desenvolvem projetos pedagógicos tanto presenciais como a distância. É importante que o EaD seja ressignificado visando torná-lo cada vez mais eficaz, sem reduzi-lo a práticas de conhecimento-cópia ou transmissão de informações (BECKER & MARQUES, 2002). Uma ferramenta importante para isto são os próprios discentes: levar em consideração o seu feedback de quais práticas estão funcionando ou não pode levar a reflexões críticas de como melhorar as aulas. Com base em todas estas informações, é inegável que o EaD possui grande papel dentro da sociedade, sendo o meio de ascensão social de muitos estudantes e gerando emprego a muitos profissionais. Entretanto, é necessário ponderar a sua utilização, já que milhões de estudantes ainda não conseguem acompanhá-lo por conta da falta de recursos. Ressalta-se que o 23 EaD deve ser visto como uma opção e não uma exclusividade, sendo necessário cautela em sua expansão. Referências ADORNO, T. L. W. Educação e emancipação. 3 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1995. ALVES, J. R. M. A história da EAD no Brasil. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. M. M. (Orgs.) Educação a Distância: o Estado da Arte. São Paulo: Pearson Education, 2009. BECKER, F.; MARQUES, T. B. I. Ensino ou aprendizagem a distância. Educar em Revista, Curitiba, n. 19, p. 85-98, jun. 2002. https://doi.org/10.1590/0104-4060.248. BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, 20 de dezembro de 1996. BRASIL. Decreto nº 9.057 de 25 de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, 26 de maio de 2017. CENSO EAD.BR 2018. 2018. Relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil. Disponível em: <http://www.abed.org.br/site/pt/midiateca/censo_ead/>. Acesso em: 7 dez. 2020. FIGHT FOR SIGHT. 2021. More than 1 in 3 people in the UK report deteriorating eyesight due to increasing screen time during pandemic. Disponível em: https://www.fightforsight.org.uk/news-and- articles/articles/news/screen-time/>. Acesso em: 13/04/2021 GUIMARÃES, C. Como tirar seu diploma pela internet. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI166713- 15259,00- COMO+TIRAR+SEU+DIPLOMA+PELA+INTERNET.html>. 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Juntamente com a pandemia, vieram uma série de transtornos, levando diversos setores da sociedade a interromperem seus trabalhos para evitar a aglomeração e o crescimento do número de pessoas infectadas, como é o caso da educação, que fechou as escolas e implementou o ensino remoto para dar continuidade às suas atividades. Orientadas pelo Ministério da Educação - MEC através das portarias 3432 e 3453, de 17 e 19 de março de 2020, as instituições de ensino superior públicas e privadas foram autorizadas a substituírem as aulas presenciais por aulas que façam uso de tecnologias digitais, criando metodologias que deem conta de estimular o aluno a continuar os estudos nesse novo formato. É o caso da Faculdade do Nordeste da Bahia – FANEB – que decidiu seguir as aulas remotamente a partir do uso de diferentes ferramentas. Com a implementação do ensino remoto, devido ao distanciamento físico, ficou nítida a insatisfação de um número significativo de alunos, pois muitos sinalizaram não gostar de educação a distância, como se o ensino presencial estivesse sendo substituído pela modalidade de educação a distância, tal qual prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96). 1 Disponível em https://www.paho.org/pt/COVID19. Acesso em 09 de dezembro de 2020. 2 Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco- de-2020-248564376. Acesso em 09 de dezembro de 2020. 3 Portaria nº 345, de 19 de março de 2020. Disponível em: in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-345-de-19-de-marco-de-2020- 248881422. Acesso em 09 de dezembro de 2020. https://www.paho.org/pt/covid19 http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020-248564376 http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020-248564376 28 Com base nesse contexto, o objetivo do presente trabalho é discutir acerca desse equívoco, a partir de um aporte teórico renomado, a exemplo de Moore e Kearsley (2007), Oliveira et al. (2020), Feitosa et al. (2020), Garcia et al. (2020), entre outros, distinguindo ensino remoto e educação a distância, e mostrando em que ponto(s) esses dois tipos de ensino se aproximam e/ou se distanciam. Acerca da metodologia, como fonte de coleta de dados, adotamos a pesquisa online (aplicação de questionário através do google forms), por compreendermos que neste momento de distanciamento físico, este é o tipo de pesquisa mais adequado. Este capítulo está estruturado da seguinte forma: na primeira seção, que sucede esta introdução, discutimos acerca das expressões educação a distância e ensino remoto, trazendo suas conceituações terminológicas, desfazendo alguns equívocos e evidenciando alguns pontos em comum ou divergentes. Na seção seguinte, trazemos a experiência da FANEB, evidenciando como se deu a transição (mesmo que temporária) do ensino presencial para o ensino remoto. Ainda nesta seção, apresentamos a percepção dos acadêmicos de Pedagogia acerca do ensino remoto a partir da análise de um questionário aplicado através do google forms. Na última seção, trazemos as considerações finais, momento no qual retomamos nosso objetivo de pesquisa. Educação a Distância e Ensino Remoto A educação a distância é uma modalidade de ensino em voga na educação brasileira há muito tempo. Trata-se de um tipo de educação específico, que tem como uma de suas principais características o distanciamento físico entre professores e alunos, sendo a tecnologia do computador conectado à internet, nos dias atuais, o principal meio de ligação entre esses sujeitos do processo de ensino-aprendizagem. No entanto, quando voltamos nosso olhar para a história da educação a distância, nos deparamos com contextos bastante 29 diversificados, mostrando que nem sempre esse tipo de educação dependeu de tecnologias digitais de informação e comunicação para atingir seu público e seus objetivos. De acordo com Moore e Kearsley (2007), a história da EaD está dividida em 5 gerações: primeira geração: ensino por correspondência; segunda geração: rádio e televisão; terceira geração: abordagem sistêmica, incluindo as Universidades Abertas; quarta geração: teleconferência; quinta geração: computador e internet. A partir desta classificação feita pelos autores, podemos observar a evolução pela qual passou a EaD, saindo de um momento no qual a informação, os conteúdos e a comunicação entre professores e alunos durava meses (primeira geração) em virtude da demora da correspondência chegar a seu destino, para um momento no qual a informação e a interação entre os partícipes do processo educativo não demora nada (quinta geração), já que todos estando online, conectados, a comunicação é síncrona, ou seja, simultânea, quebrando as barreiras espaço- tempo, evidenciandotoda a evolução conseguida à base de muitos investimentos, tanto financeiros quanto intelectuais. Mas engana-se quem pensa que a EaD de forma síncrona data de muito tempo. Nas universidades abertas brasileiras, por exemplo, era quase inexistente o contato entre professor e alunos, mesmo virtualmente, restringindo-se, em algumas instituições, ao contato de uma vez por semana, nas consideradas semipresenciais (para o momento de dúvidas com o tutor) e uma vez por mês (para a realização presencial das avaliações), e nas totalmente a distância, aos encontros mensais para a realização das provas, algo que ainda acontece em algumas instituições. Neste formato, professor e aluno encontram-se em ambientes físicos diferentes, e o aluno precisa organizar seu horário para estudar. Sua presença é requisitada apenas para a realização das provas, tendo que gerenciar seu próprio aprendizado, comprometer-se a assistir às aulas e ser ativo e 30 autônomo da sua aprendizagem, estudando dentro do tempo disponível, seguindo um calendário acadêmico recebido previamente. No tocante ao docente, seu trabalho ocorre de forma precarizada e intensificada, ele recebe menos do que no ensino presencial e, além de gravar as aulas, tem que preparar todo o material didático da disciplina, se antenar com os recursos de gravação, edição, etc., e atender a um grande número de alunos situados em diferentes polos de ensino simultaneamente (ANDES, SINDICATO NACIONAL, 2020). Essa visão de EaD perdurou por muito tempo no Brasil, principalmente com a criação da Universidade Aberta do Brasil, em 2005, que seguia os pressupostos acima supracitados. Era comum o surgimento de críticas a essa modalidade, principalmente por conta da falta de interação professor/aluno. Entre apontamentos e críticas, a EaD, ao longo dos tempos, foi passando por modificações para atender às novas demandas, evoluindo no tocante à comunicação, “quando os modelos educacionais identificam a importância da interação entre os pares para a aprendizagem e a EaD passa a ter mais possibilidades tecnológicas para efetivar essa interação” (GUAREZI; MATOS, 2012, p. 18). Ainda na visão desses autores, algumas características presentes na EaD são: autonomia, comunicação e processo tecnológico. O aluno é livre para organizar seu horário de estudos conforme sua disponibilidade, estilo e ritmo de aprendizagem, além de ter à disposição diferentes materiais para explorar, pois, além do módulo organizado no curso, ele tem uma série de referências que pode consultar para a ampliação do conhecimento ou minimização de dúvidas, sem contar com a infinidade de possibilidades de artigos e vídeos disponíveis na internet que podem enriquecer seu aprendizado. Quanto à comunicação professor/aluno, esta pode acontecer de diferentes formas, podendo o professor mesclar entre momentos síncronos e assíncronos, a depender do propósito da aula. Com a internet em todos os espaços sociais, agora é mais fácil o professor interagir com seus alunos mesmo 31 num curso a distância. O planejamento de momentos síncronos contribui para a quebra do distanciamento educador/educando, favorece uma aprendizagem mais significativa e pode ser feito a partir de diferentes ferramentas tecnológicas, a exemplo do celular, de chats, web conferências no Google Meet ou Zoom. A respeito dos momentos assíncronos, também existem diversas possibilidades, a exemplo de mensagem via whatsapp, e-mail, telegram, fórum, etc. Conforme o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, educação a distância é, [...] a modalidade educacional na qual a mediação didático pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos. Nota-se, a partir do decreto, que, apesar do distanciamento que separa professores e alunos, a educação a distância é uma modalidade educacional organizada, uma vez que a organização vai ajudar os atores do processo educativo a se sentirem mais próximos, o que é possível a partir da utilização das TDIC. Além disso, há uma necessidade de qualificação profissional para atuar nesta modalidade, tendo em vista que suas características se distinguem do ensino presencial. A EaD é uma modalidade de ensino, ou seja, deve ser compreendida como um tipo distinto de oferta educacional, que exige inovações ao mesmo tempo pedagógicas, didáticas e organizacionais. Seus principais elementos constitutivos (que a diferenciam da modalidade presencial) são a descontiguidade espacial entre professor e aluno, a comunicação diferida (separação no tempo) e a mediação tecnológica, característica 32 fundamental dos materiais pedagógicos e de interação entre o aluno e a instituição (BELLONI, 2002, p. 156). Percebe-se, a partir do exposto, que a configuração da EaD é bastante diferente da educação presencial, o que não quer dizer que ela seja inferior àquela. Trata-se de um tipo de educação com características próprias, pensado para um público com objetivos distintos. Assim, mesmo estando separados pelo espaço, já que cada um se encontra em lugares diferentes, a educação pode acontecer com qualidade, basta que professor e aluno estejam levando a sério, esforçando-se para dar o seu melhor. Acerca da questão temporal, apesar de em algumas gerações da EaD o tempo fazer diferenças significativas na comunicação professor/aluno, atualmente, essa questão já foi e/ou está sendo superada, pois grande parte das instituições que adotam esta modalidade, já dispõem de condições de acesso para que professores e alunos estejam online no momento da aula, num mesmo tempo, algo fascinante na história da educação, algo possível graças à evolução das tecnologias digitais. Essa modalidade de ensino tem respaldo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394/96, quando assegura: “o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada” (BRASIL, 1996, p. 51). Agora mais do que nunca, com a pandemia crescendo cada vez mais e ceifando vidas, a EaD tem ganhado mais força, sendo vista por diversas instituições com outros olhares. Para além das críticas por conta do distanciamento entre docente e discente, a EaD tem sido vista como uma possibilidade inovadora, graças à inserção das tecnologias digitais da informação e comunicação, que possibilitam a cada instituição criar seu próprio desenho de ensino, conforme suas crenças particulares. 33 Apesar de estar sendo vista com olhares positivos ultimamente por conta da pandemia, a EaD tem sido bastante confundida com o ensino remoto, devido ao fato de ambos os tipos de ensino fazerem uso de tecnologias digitais e tem o distanciamento físico como uma característica marcante, além das questões relacionadas a momentos síncronos e assíncronos, peculiar a ambos os estilos educacionais. Essa confusão tem atingido todos aqueles envolvidos com o processo educativo, principalmente os alunos, o que tem levado a uma rejeição desnecessária do ensino remoto por parte daqueles que não se veem estudando na modalidade de educação a distância, o que requer dos professores e das instituições de ensino tranquilidade para desmistificar este equívoco e mostrar que o ensino remoto não é educação a distância e que pode contribuir para o processo de ensino-aprendizagem até o retorno do ensino presencial, não havendo, portanto, a necessidade de interromper o processo educativo por conta da pandemia. O ensino remoto prioriza a mediaçãopedagógica por meio de tecnologias digitais para apoiar processos de ensino e aprendizagem em resposta à suspensão das aulas e atividades presenciais em escolas e universidades no cenário da pandemia (OLIVEIRA et al., 2020, p. 11). Ou seja, trata-se de alternativas encontradas pelas instituições de ensino para não interromperem as atividades educativas e não comprometerem totalmente o ano letivo e o processo de ensino-aprendizagem, o que só pode ser feito com mais eficácia por meios das tecnologias digitais, apesar de elas não serem os únicos meios de trabalhar remotamente. No entanto, “sair de um ensino presencial movido por uma interação física entre público e infraestrutura física disponível e submeter- se ao ensino remoto é um desafio para alunos e professores” (FEITOSA et al., 2020, p.02). Ensino remoto são atividades síncronas e assíncronas que meramente permitem, sem nenhum apoio pedagógico ou qualquer 34 estrutura adequada, a transposição de aulas presenciais para virtuais. Exemplo disso é que os calendários de semestres especiais, virtuais, complementares etc. seguem a mesma lógica do calendário presencial. O resultado é a mera digitalização das aulas presenciais em vídeos de longa duração, compartilhamento de apresentação de powerpoint de aulas e textos online que seriam indicados para leitura no formato presencial, assumindo-se como a mesma coisa. Preocupações com qualidade da educação, inclusão social e igualdade de acesso são secundarizadas e convertidas em problemas meramente técnicos (ANDES, SINDICATO NACIONAL, 2020, p. 13). Nota-se que o ensino remoto não se equipara à educação a distância, uma vez que esta acontece com base em um planejamento prévio bastante organizado, com ambientes virtuais de aprendizagem, material do curso à disposição dos alunos (módulos, vídeos, textos diversos); tutores prontos para responderem às dúvidas dos alunos (de forma assíncrona); professores titulares das disciplinas preparados, com a incumbência de planejar toda a disciplina; atividades e avaliações; cronogramas específicos, dentre outras coisas. Já o ensino remoto, por se tratar de uma situação emergencial pela qual passa o ensino, é feito sem um planejamento institucional, sendo realizado pelos professores conforme suas possibilidades, afinal, nem todo professor no ensino remoto faz web conferência através do Google Meet por não ter o traquejo com a tecnologia digital ou por não se sentir à vontade com a exposição diante desta ferramenta. Como o ensino remoto foi algo inesperado, professores que não estavam familiarizados com metodologias digitais, tais como web conferências e videoaulas, podem apresentar resistências para aceitarem a nova forma de ensinar e aprender devido a dificuldades vivenciadas (FEITOSA et al., 2020, p. 02). 35 Concordamos com os autores acima e também com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior – ANDES, que o ensino remoto tem sido uma transposição do ensino presencial, sendo adotado pelas instituições como uma situação emergencial, até que a pandemia acabe e tudo volte ao normal, se é que poderemos chamar o tempo que está por vir de normal. Apesar de haver uma adesão de muitos docentes, destaca-se também o percentual de professores que resistem a esse tipo de ensino, o que acaba preocupando ainda mais as instituições de ensino. Situação emergencial exige a aplicação de medidas que levem ao encontro de respostas eficazes e rápidas e atendam demandas urgentes. O planejamento estratégico nessas situações deve ser objetivo, claro e operacional, de modo a responder prontamente, apresentando caminhos e soluções viáveis. No âmbito da educação e do ensino, o planejamento estratégico pode assumir duas vertentes: aquelas que se apoiam nas tecnologias digitais e que, portanto, dependem do acesso a recursos, mídias e suporte com possibilidade de acessibilidade; aquelas que se apoiam em práticas inovadoras, cuja definição vai depender de qual recurso, analógico ou digital, está referindo. As práticas inovadoras apresentam sempre aspectos metodológicos – formas de fazer, o “saber-fazer” do professor, e não exatamente o “através-de-que-fazer”-, suporte, recurso ou ferramenta (GARCIA et al.,2020, p. 05). Os autores supracitados tocam em um ponto de grande relevância quando discutem acerca do ensino remoto e de sua relevância para a continuação do processo educativo durante a pandemia – o planejamento. Dadas as condições nas quais escolas, professores e alunos se encontram neste cenário pandêmico, um planejamento estratégico faz-se essencial para a não interrupção do processo educativo. Porém, não se trata de um planejamento como o que se executava em períodos 36 “normais”, mas de uma alternativa emergencial, pensada a curto prazo para dar conta da demanda atual, na qual a busca por respostas precisa ser rápida. No entanto, como sinalizam os autores, este planejamento pode estar voltado para o uso de tecnologias digitais ou para práticas inovadoras que não requeiram o uso de tecnologias digitais, caindo por terra a ideia generalizada de muitas pessoas de acharem que ensino remoto necessariamente só acontece a partir do uso de tais tecnologias. De acordo com Rondini, Pedro e Duarte (2020), as TDIC sozinhas não revolucionam a educação, uma vez que a escolha dos recursos utilizados para uma aula carece de estratégias metodológicas adequadas ao conteúdo e objetivo da aula, de modo a promoverem uma aprendizagem significativa por parte dos estudantes. Desse modo, ensinar remotamente requer do docente avaliação da melhor TDIC a ser utilizada para o alcance de objetivos pontuais. Ensinar remotamente não é sinônimo de ensinar a distância, embora esteja diretamente relacionado ao uso de tecnologia e, nesse caso, digital. O ensino remoto permite o uso de plataformas já disponíveis e abertas para outros fins, que não sejam estritamente os educacionais, assim como a inserção de ferramentas auxiliares e a introdução de práticas inovadoras. A variabilidade dos recursos e das estratégias bem como das práticas é definida a partir da familiaridade e da habilidade do professor em adotar tais recursos. Ensinar remotamente permite o compartilhamento de conteúdos escolares em aulas organizadas por meio de perfis [...] criados em plataformas de ensino, [...] Entretanto, é reconhecível que o ensino remoto comporta potencialidades e desafios, que envolvem pessoas, tecnologias, expertise e infraestrutura (GARCIA et al., 2020, p. 05). A partir do que evidenciam os autores supracitados, nota- se que, apesar de a EaD e o ensino remoto terem algo em comum, a exemplo do distanciamento físico e do uso de 37 tecnologias digitais, suas conotações são bastante diferentes. Enquanto na primeira há todo um planejamento prévio a longo prazo, pensado e executado por uma equipe multidisciplinar (professor, tutor, coordenador, técnico em informática, etc.), no segundo, o planejamento é feito geralmente na véspera da aula, pois o professor se encontra em fase de teste, tentando encontrar alternativas de como chegar até os alunos e conseguir prendê-los por muito tempo na aula via plataforma digital. Além disso, enquanto na primeira, todo o material das aulas já está disponível para ser acessado e baixado pelos alunos, no segundo, as atividades remotas são elaboradas semanalmente a partir do retorno das atividades anteriores, uma vez que o professor precisa ter uma noção da aceitação dos alunos a esse tipo de ensino para poder elaborar atividades que se adequem ao momento, levando-se em conta a resistência de muitos alunos. A experiência da Faculdade do Nordeste da Bahia Neste trabalho, optamos pela abordagem qualitativa de pesquisa porque, segundo Minayo (1994, p. 22), a “abordagem qualitativa aprofunda-se no mundodos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas”. Ou seja, pensamos em analisar a percepção dos informantes da pesquisa a partir de sua subjetividade, não nos preocupando com os números. Quanto ao lócus da pesquisa, investigamos a prática do ensino remoto na Faculdade do Nordeste da Bahia, instituição privada de ensino superior, localizada na cidade de Coronel João Sá, tendo como informantes 43 alunos do curso de Pedagogia4. No tocante ao método de coleta de dados, adotamos a pesquisa online a partir da aplicação de um questionário através do Google Forms, cujo propósito era investigar como os alunos estavam enfrentando o ensino remoto, se eles compreendiam o 4 A decisão de focar esta pesquisa no curso de Pedagogia se deu pelo fato de todos os autores terem relação direta com o curso, sendo 4, professores do curso e 1, aluno do curso. 38 tipo de ensino que estava sendo ofertado e suas diferenças em relação à EaD, o tipo de dispositivos que estavam usando para acompanhar as aulas e aqueles com os quais mais se identificavam, e os desafios de estudar remotamente. O período de coleta de dados se deu de 16 a 20 de junho. No questionário aplicado, a primeira pergunta questionava sobre as tecnologias (mídias sociais, plataformas, entre outros) com as quais os alunos mais se identificaram nas aulas durante o período da pandemia. As respostas dadas pelos informantes da pesquisa geraram o gráfico abaixo. Gráfico 1 - Identificação dos alunos com diferentes tecnologias. Fonte: Dados da pesquisa. A partir dos dados apresentados no gráfico, notamos que, apesar de os professores terem utilizado diferentes dispositivos para ministrarem suas aulas, dois deles se destacaram com o mesmo percentual de identificação por parte dos alunos – o Whatsapp e o Google Meet. O primeiro, pela celeridade do contato entre educador e educando e pela facilidade de uso e de envio de material. Além disso, ele “[...] favorece a docência e a aprendizagem [...] presencial e online porque permite reunir interlocutores em [...] comunicação síncrona e assíncrona, com troca de texto, áudio, imagem e vídeo, documentos em PDF e ligações gratuitas por meio de [...] internet” (SILVA, 2017 apud PORTO; OLIVEIRA; CHAGAS, 2017, p. 16-17). O segundo, por permitir que educador e educando se vejam e conversem, tendo uma aproximação, mesmo a distância, o que quebra um pouco o 39 distanciamento. Além disso, é possível o compartilhamento de tela, através do qual o professor pode exibir os slides da aula, textos, vídeos, etc. A segunda pergunta que compôs o questionário indagava os alunos sobre os maiores desafios encontrados para estudar remotamente. A imagem abaixo traz um panorama das principais respostas dadas. Imagem 1 - Desafios de estudar remotamente Fonte: Dados da pesquisa. Como se observa no primeiro ponto, o problema de conexão com a internet é algo que atinge grande parte dos alunos. No caso da Faculdade do Nordeste da Bahia, este dado se apresenta com maior ênfase devido ao fato de uma parte significativa dos acadêmicos residir na zona rural, em locais nos quais o acesso à internet nem sempre é dos melhores. A falta de acesso à rede de internet implica no desequilíbrio dos três pontos relacionados ao ensino remoto que se conectam: “o acesso à internet; a qualidade dos artefatos tecnológicos de alunos e professores; e domínio e formação para o uso desses artefatos” (OLIVEIRA; SILVA; SILVA, 2020, p. 29). 40 Outro ponto que se destacou nesta segunda pergunta foi a interferência do barulho em casa. Muitos alunos sinalizaram que o vai e vem de pessoas pela casa atrapalha muito durante as aulas remotas, principalmente quando elas estão conversando. Muitas famílias não se dão conta da importância do silêncio para o bom aproveitamento das aulas e chamam o filho para fazer algo, perguntam coisas o tempo todo, gritam com os outros filhos ou membros, sem contar o barulho de cachorro latindo. É uma dificuldade estudar com o incômodo do barulho. Se o estudante estiver fazendo uma atividade de produção textual, que exige um pouco mais de concentração, o problema se agrava ainda mais. Assim, a família precisa ter consciência de que os filhos precisam de silêncio na hora da aula e que um esforço carece ser feito nessa situação emergencial de ensino. A dificuldade na adaptação do ensino remoto e a gestão do tempo foram outros pontos que se destacaram na segunda questão. Esse dado é fácil de ser compreendido, uma vez que estudar remotamente exige do aluno um pouco mais de autonomia e organização. No ensino presencial, é muito comum o aluno acomodar-se esperando receber tudo pronto do professor. Nesse novo formato de ensino, ele precisa ser mais ágil para não ser atropelado pelo tempo e não perder os prazos das atividades. Como tudo é orientado virtualmente, muitos alunos tendem a querer lembrar-se das informações, ao invés de registrá-las. Com a quantidade de tarefas que os alunos têm em diferentes disciplinas, o esquecimento de algo acaba sendo normal, algo que seria evitado com uma agenda de anotações. De fato, gerenciar bem o tempo não é uma tarefa fácil, principalmente quando se está acostumado a ter quem gerencie esse tempo. No ensino remoto, o aluno precisa ter um bom gerenciamento desse tempo para não ser atropelado pelos diferentes tipos de atividades que são passadas pelos professores e para fazer suas outras atividades pessoais sem comprometer o tempo destinado às aulas síncronas. 41 A terceira pergunta questionava os acadêmicos sobre sua percepção acerca das aulas remotas, cujas respostas geraram a nuvem de palavras que segue. Imagem 2 - Percepção acerca das aulas remotas. Fonte: Dados da pesquisa. Como se observa na nuvem de palavras, muitos foram os adjetivos apontados pelos informantes da pesquisa acerca de sua percepção sobre as aulas remotas, a maioria deles positivos e, mesmo com as dificuldades e desafios já salientados, eles demonstram enxergar com bons olhos o ensino remoto oferecido pela instituição. Esse dado revela que, apesar de o início do período letivo ter sido bastante tumultuado (março e abril) por conta da necessidade de adaptação ao ensino remoto, alguns meses depois (junho em diante), com um trabalho de conscientização por parte da instituição, os alunos passaram a compreender a situação emergencial na qual todos estavam imersos e passaram a aceitar as aulas remotas com uma resistência menor. A quarta pergunta, a mais importante desta pesquisa, visa saber se os alunos compreendem o tipo de ensino que está sendo ofertado pela instituição, questionando-os se a 42 Faculdade do Nordeste da Bahia está atuando com a educação a distância ou com o ensino remoto. O quadro que segue traz a visão dos alunos. Quadro 1 - Educação a distância ou ensino remoto? Educação a distância, porque a maioria dos alunos é de cidades diferentes. Ensino a distância, pois dessa forma, não ficamos sem estudar e também se não houvesse essa opção de ensino a distância, estaríamos sem estudar e, possivelmente, perderíamos um semestre inteiro de aula. Ensino a distância, porque essa é a melhor forma de ensinar nessa pandemia. Educação a distância, por conta da pandemia, não está sendo possível haver aulas presenciais. Acredito que, com o ensino a distância, porque estamos todos em casa, alunos e professores, nos comunicando pelas redes sociais. Ensino a distância, por estarmos passando por esse momento de pandemia e pelo bem de todos. Ensino a distância. Para não haver aglomeração. Ensino remoto, porque os professores estão sempre dispostos a nos ajudar. Remoto, porque retornaremosassim que a pandemia acabar Ensino remoto, uma medida para manter as aulas, mesmo diante do período da quarentena. Remoto, pois se trata de uma modalidade emergencial de ensino que as instituições tiveram que adotar para dar continuidade às atividades educacionais durante a pandemia. Remoto, devido o decreto 343 de 17 de março de 2020 devido à pandemia da COVID19. Com o ensino remoto, para que o semestre não pare e a gente não fique atrasada nos conteúdos. Como ensino remoto, pois a instituição e coordenadores procuraram formas para que os professores dessem continuidade às atividades. Os professores buscaram plataformas para que fosse possível os alunos se adaptarem ao novo espaço de aula, fazendo com que não percamos tantas informações necessárias. Devido nossa graduação ser presencial, por consequência da pandemia, adotou o procedimento de ensino remoto. Pois, o ensino remoto foi autorizado pelo governo, como um modo de minimizar os impactos causados na 43 educação pela pandemia Remoto, é uma situação de emergência. Depende muito. Muitos vestiram a camisa e fazem de tudo para não propagar o ensino remoto. E isso é muito bom para a gente, mas tem uns que falam e não se importam com nossa opinião, ficando um ensino bem remoto e autoritário Remoto, por causa da pandemia que está se espalhando no mundo rapidamente. Ensino remoto, porque está sendo aplicado o que seria em sala de aula se estivéssemos no ensino presencial e com o aproveitamento de tecnologias a favor do nosso aprendizado, com nossa participação e troca ativa de experiências e não apenas uma plataforma Ava como o ensino EaD... Remoto, pois foi de urgência, estamos a cada dia num processo de adaptação e aprendizagem. Remoto, por causa da pandemia da COVID-19. No meu modo de pensar são os dois, pois ensino remoto tem o intuito de manter as atividades e disciplinas. Estamos utilizando a plataforma virtual em um modelo de ensino a distância. E ensino a distância, pois não estamos nos locomovendo à instituição. Estamos em nossas próprias residências, tanto discentes, como docentes. Remoto, porque temos aulas parecidas com a do presencial. Remoto, porque ela é uma instituição presencial que pode voltar às aulas no espaço presencial a qualquer momento. Ensino remoto, pelo fato de estar usando a mesma didática que usava no ensino presencial. Ensino remoto, pois mantemos as atividades em plataformas virtuais. Ensino remoto, pois foi a maneira de adaptar-se rápido e não parar o ensino. Remoto, pois foi a única maneira de nós alunos não sairmos prejudicados Fonte: Dados da pesquisa. 44 A partir do quadro acima, fica evidente que, apesar dos equívocos dos alunos em confundir educação a distância com ensino remoto, algo normal no contexto em voga, a maioria dos informantes sinalizou o ensino remoto como o tipo de ensino ofertado pela instituição, apesar de se notar fragilidade nas suas justificativas. De todo modo, fica nítido que, todo o trabalho de conscientização por parte da instituição para fazer os alunos entenderem que não estavam estudando na modalidade de educação a distância obteve um resultado satisfatório, confirmado por esta pesquisa. Considerações finais O ensino remoto é, no momento presente, uma das expressões mais faladas no âmbito educacional devido à pandemia da Covid-19, que se instaurou no mundo e exigiu das instituições de ensino criatividade para seguir adiante o processo educativo. Trata-se de um ensino emergencial, que pode ser realizado com ou sem o uso de tecnologias digitais, apesar de a maioria das instituições, através de seus professores, estarem optando pelo uso de tecnologias digitais para trabalharem remotamente. No entanto, ao adotar o ensino remoto, muitas instituições passaram a ideia de estar trabalhando com a educação a distância, precisando empreender esforços para esclarecer esse equívoco e salientar as diferenças entre os dois tipos de ensino. É o caso da Faculdade do Nordeste da Bahia que, ao adotar o ensino remoto, fez com que muitos alunos pensassem em trancar o curso, por não aceitarem estudar na modalidade de EaD. Por isso, o presente trabalho se incumbiu de discutir este equívoco, utilizando para tal um aporte teórico relevante e uma pesquisa online com os alunos da instituição. A partir dos dados coletados na pesquisa, percebemos que parte do equívoco foi desfeito, no entanto, ainda há fragilidade dos discentes em compreenderem o que é de fato o ensino remoto, o que exige mais esforços por parte da instituição para amenizar o problema. 45 Referências ANDES, Sindicato Nacional. Projeto Capital para a Educação, Volume 4: o ensino remoto e o desmonte do trabalho docente. Brasília, DF: ANDES, 2020. BELLONI, M. L. Educação a distância mais aprendizagem aberta. In: BELLONI, M. L. (Org.). A formação na sociedade do espetáculo. São Paulo: Edições Loyola, 2002. BRASIL. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 3. ed. Brasília: Senado Federal: 2019. GARCIA, T. C. M. et al. Ensino Remoto Emergencial: proposta de design para organização de aulas. Natal: UFRN, 2020. GUAREZI, R. de C. 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Diante este cenário, vários países aderiram ao isolamento social, seja o horizontal ou o vertical. No primeiro, todos devem permanecer em casa; no segundo, apenas as pessoas que fazem parte do grupo de risco para a doença ficariam isoladas. No caso do Brasil, vários estados e municípios aderiram ao isolamento social horizontal, restringindo o funcionamento de estabelecimentos comerciais, instituições de ensino, entre outros, e com algumas ressalvas os serviços considerados essenciais, tais como farmácias e supermercados. Assim, neste período de isolamento, alguns setores permaneceram trabalhando em casa e, com isso, novas palavras foram inseridas
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