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Educação a distância e ensino remoto: Multifacetas e realidades das práticas docentes

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Prévia do material em texto

Capa
 
 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ENSINO REMOTO 
Multifacetas e realidades das práticas docentes 
 
 
 
 
Rita de Cássia Borges 
(Organizadora) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nota 1: Alguns dos capítulos aqui apresentados são derivados ou são recortes de 
trabalhos apresentados e publicados nos anais do Encontro Nacional 
Movimentos Docentes (2020) e em outros eventos, devendo cada autor tomar a 
devida cautela em não gerar autoplágio. 
 
Nota 2: Esta obra foi elaborada de forma colaborativa, tornando-se uma 
coletânea. Os capítulos respeitam as normas técnicas e recomendações da ABNT. 
A responsabilidade pelo conteúdo de cada capítulo é de competência do 
respectivo autor, não representando, necessariamente, a opinião da editora, 
tampouco da organizadora. 
 
Nota 3: A organizadora, autoras, autores e editora empenharam-se para fazer as 
citações e referências de forma adequada, dispondo-se a possíveis acertos caso, 
inadvertidamente, alguma referência tenha sido omitida. Apesar dos melhores 
esforços de toda a equipe editorial, organizadora, autoras e autores, é inevitável 
que surjam erros no texto. Deste modo, as comunicações das leitoras e leitores 
sobre correções são bem-vindas, assim como sugestões referentes ao conteúdo 
que auxiliem edições futuras. 
 
© TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. A V&V Editora detém direito autoral 
sobre o projeto gráfico e editorial desta obra. A organizadora, autoras e autores 
detêm os direitos autorais de publicação. O trabalho Educação a Distância e 
Ensino Remoto: Multifacetas e realidades das práticas docentes, da organizadora 
BORGES, Rita de Cássia também está licenciado com uma Licença de Atribuição 
Creative Commons – Atribuição 4.0 Internacional, permitindo seu 
compartilhamento integral ou em partes, sem alterações e de forma gratuita, 
desde que seja citada a fonte. 
 
Impresso no Brasil. 
Printed in Brazil. 
 
 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ENSINO REMOTO 
Multifacetas e realidades das práticas docentes 
 
 
 
Rita de Cássia Borges 
(Organizadora) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V&V Editora 
Diadema – SP 
2021 
 
 
 
 
 
Conselho Editorial 
 
Profa. Dra. Marilena Rosalen 
Profa. Dra. Angela Martins Baeder 
Profa. Dra. Eunice Nunes 
Prof. Dr. Flávio José M. Gonçalves 
Prof. Dr. Giovano Candiani 
Prof. Dr. Ivan Fortunato 
Prof. Dr. José Guilherme Franchi 
Profa. Dra. Luciana Aparecida Farias 
Prof. Dr. Luiz Afonso V. Figueiredo 
Profa. Dra. Maria Célia S. Gonçalves 
Profa. Dra. Rita C. Borges M. Amaral 
Profa. Dra. Silvana Pasetto 
Prof. Me. Arnaldo Silva Junior 
Profa. Ma. Beatriz Milz 
Profa. Ma. Letícia Moreira Viesba 
Profa. Ma. Marta Angela Marcondes 
Prof. Me. Pedro Luis Castrillo Yagüe 
Profa. Erika Brunelli 
Prof. Everton Viesba-Garcia 
Profa. Sarah Arruda 
 
 
 
Expediente 
 
Coordenação Editorial: Everton Viesba-Garcia 
Coordenação de Área: Marilena Rosalen 
Projeto Editorial: Giovanna Tonzar, Thays Soares e Everton Viesba-Garcia 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422 
 
 
V&V Editora - Diadema, São Paulo – Brasil 
Tel./Whatsapp: (11) 94019-0635 E-mail: contato@vveditora.com 
vveditora.com
 
E24 Educação a Distância e Ensino Remoto: multifacetas e 
realidades das práticas docentes / Organizadora Rita de 
Cássia Borges. – Diadema: V&V Editora, 2021. 
 214 p. : 14 x 21 cm – (EaD e Ensino Remoto) 
 
 Vários autores 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-65-88471-11-1 
 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1 
 
 1. Educação. 2. Ensino à distância. 3. Prática de ensino. 
I.Borges, Rita de Cássia. 
 CDD 371.72 
https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1
 
 
 
 
Sumário 
 
 
Prefácio .................................................................................... 9 
Educação a distância: o quão distante está da realidade dos 
estudantes? Perspectivas discentes do ensino superior 
durante a pandemia de Covid-19 ............................................ 12 
Bruno de Lima Araújo 
Alexia Satie Augusto 
Fábio Saroa de Assis 
Gustavo Negrão Franzolin 
Rodrigo Jardim Castello 
Educação a Distância e Ensino Remoto: desfazendo 
equívocos na Faculdade do Nordeste da Bahia ........................ 26 
José Batista de Souza 
Daniele Santana de Melo 
Elissandra Silva Santos 
Suely Cristina Silva Souza 
Tainah dos Santos Carvalho 
Desafios e Oportunidades da EaD e do ensino remoto durante 
a pandemia da Covid-19 sob a perspectiva do professor ......... 46 
Jaqueline Damaceno Ribeiro 
Marlen Maria Cabral Ramalho 
Pandemia de COVID 19 & Educação Digital: Tecnologia, 
Planejamento e Método .......................................................... 65 
Alexandre Medeiros 
Lígia Dias 
 
 
 
 
Ensino de Ciências em tempos de pandemia: desafios e 
possibilidades do ensino remoto ............................................. 76 
Giovana Della Crocce 
Rodolfo Magliari de Paiva 
Isabela Nogueira 
Vitor Amorim 
Giuliana Rapp Cinezi 
Renan Marques 
Suas lágrimas não têm sexo ................................................... 94 
Angelise Maciel 
Jacira Helena Bridi 
Como o isolamento nos uniu: construindo um 
coletivo reflexivo .................................................................. 103 
Willian Vinicius Silva 
Ensino Remoto: Relato de experiência durante a Covid-19 na 
perspectiva dos discentes ..................................................... 118 
Luana Lindolfo Querino 
Mariana Machado Leite Tavares 
Mikaely de Sousa Batista 
Raimunda Leite de Alencar Neta 
Ankilma do Nascimento Andrade Feitosa 
Reflexões sobre Currículo e Gênero durante a pandemia de 
Covid-19 ............................................................................... 129 
Greice Kely Rech Werner 
Ana Claudia Delfini C. de Oliveira 
Verônica Gesser 
 
 
 
 
 
 
Desafios explicitados por famílias de estudantes com 
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) durante a 
pandemia de Covid-19 .......................................................... 147 
Débora de Lourdes da Silva Sousa 
Juliana de Moura Borges 
Rodnei Pereira 
Elizabete Cristina Costa-Renders 
Desafios e possibilidades do ensino em enfermagem em aulas 
remotas ................................................................................ 159 
Fabiano Henrique Oliveira Sabino 
Lucas Fernando Antunes Gomes 
Silmara Elaine Malaguti Toffano 
Aparecido Renan Vicente 
Diene Monique Carlos 
A monitoria e o uso das TICs nos processos de ensino e 
aprendizagem no ensino remoto emergencial 
nas universidades ................................................................. 175 
Maria Rejane Lima Brandim 
Johnson Fernandes Nogueira 
Antonia Maria Alves 
Sobre a organizadora ............................................................ 192 
Sobre as autoras e os autores ............................................... 193 
Ficha técnica........................................................................ 208 
Índice remissivo ................................................................... 209 
 
 
 
 
 
 
9 
Prefácio 
 
A educação formal – presencial e a distância, vem sendo 
desafiada a modificar e inovar suas formas tradicionais de 
ensinar e em março de 2020, essa questão ficou muito nítida, 
pois com a COVID-19, todo o percurso das escolas e 
universidades, sejam eles, físico, de gestão e pedagógico alterou-
se e passou a incluir novos paradigmas como aula síncrona, 
distanciamento, plataformas virtuais, COVID-19, ensino remoto, 
metodologias ativas, etc. De um dia para outro, as instituições 
educacionais foram fechadas em sua forma física de 
atendimento, dando lugar a outras metodologias no ensinar e 
aprender. 
Hoje, já em pleno 2021 ainda em distanciamento social 
decorrido de uma pandemia que assola a humanidade no início 
da segunda décadado século XXI, são trazidos novos desafios à 
educação para que possa responder aos objetivos do ensinar e 
aprender. Na EaD sabemos que a educação é a distância, mas 
quem poderia imaginar que em tão curto período de tempo todo o 
sistema educacional, quer seja presencial ou a distância, teve 
que se adaptar a esta prática e nunca antes as mídias digitais 
que permitem o compartilhamento de conteúdos e as conversas 
simultâneas estiveram tão em evidência, assim a EaD acabou 
nos trazendo esse legado. 
As instituições educacionais precisaram inovar, criar, 
usar e conhecer cada vez mais as novas tecnologias e 
metodologias inovadoras para o ensino e assim manter as 
atividades acadêmicas em pleno funcionamento. Uma questão 
muito positiva foi a superação de preconceitos com a modalidade 
da EaD e foi preciso aprender como lidar com os recursos 
tecnológicos como ferramenta de apoio no processo de ensino e 
aprendizagem. Tornou-se evidente a importância de um novo 
fazer sobre a educação que é mais do que reflexão, é ação em 
movimento e nesse contexto surgiu a impossibilidade de 
manutenção das atividades que tradicionalmente eram 
 
 
 
10 
realizadas presencialmente, e dessa forma houve muitas 
adequações metodológicas e a ampliação do uso das novas 
tecnologias e, principalmente, a implementação do ensino remoto 
emergencial, mediado pelas novas tecnologias. 
Compreendo que as metodologias pedagógicas e sua 
relação com as práticas inovadoras de ensino constituem os 
instrumentos fundamentais para que o processo ensino 
aprendizagem continue-se em meio a esse cenário de pandemia e 
não se deve perder de vista a função social de uma instituição 
educacional, seja ela da educação básica ou superior, que é 
instrumentalizar, por meio do conhecimento, os estudantes, de 
modo a garantir uma aprendizagem significativa e que esta possa 
transformar as condições materiais de existência dos mesmos, 
tanto a modalidade da educação a distância, quanto o ensino 
remoto emergencial deve ampliar as práticas pedagógicas com o 
uso de tecnologia e metodologias inovadoras. 
O ensino remoto possibilita ao professor e estudantes de 
uma turma, tecerem interações nos mesmos horários em que as 
aulas da unidade curricular ocorreria no caso da modalidade 
presencial, ou seja, os estudantes acessam o ambiente virtual de 
aprendizagem de suas residências, trabalho, etc. nos mesmos 
horários em que as aulas ocorriam e ocorrem, porém o ensino 
remoto não é considerado uma modalidade de ensino, na 
verdade foi uma estratégia possível a muitas instituições 
educativas que lançaram mão das novas tecnologias e 
plataformas virtuais de aprendizagem de modo a dar 
continuidade ao ensino. Normalmente é utilizada em um curto 
período de tempo, diferentemente da EaD, que tem sua estrutura 
e metodologia diferenciadas e algumas características destaco 
aqui, tais como, a maioria das aulas são gravadas, com algumas 
videoconferências, mas não em sua totalidade, os materiais 
didáticos são padronizados e na maioria dos programas de EaD 
não é pensado uma personalização do ensino de acordo com as 
necessidades do estudante. 
Nesse contexto, o livro Educação a Distância e Ensino 
Remoto - multifacetas e realidades das práticas docentes nos 
 
 
 
11 
traz diversas abordagens diferenciadas a partir de pesquisas e 
relatos que foram apresentadas e publicadas nos Anais do 
Encontro Nacional de Movimentos Docentes que ocorreu em 
2020, bem como em outros eventos científicos. 
Convido o leitor para conhecer a obra em sua essência e a 
reunião dos autores que resultou neste livro que muito 
contribuirá para reflexões e ações do processo de aprendizagem 
com a modalidade da educação a distância e o ensino remoto 
emergencial. Parabéns a todos os autores e a todas as autoras, 
de uma forma geral a todos nós educadores, por termos uma 
obra pautada em muitos conhecimentos, experiências e que 
estão a nossa disposição. 
Também parabenizo a V&V Editora, a coordenadora de 
área Profa. Dra. Marilena Rosalen, o Conselho Editorial, a 
coordenação editorial e todos envolvidos na produção desta obra. 
É meu desejo sincero que este livro possa ajudar o leitor a 
reflexões e ações para uma nova abordagem pedagógica a partir 
de metodologias inovadoras no ensino remoto e na educação à 
distância. 
 
 
Um abraço. 
Profa. Dra. Rita de Cássia Borges 
 
 
 
12 
Educação a distância: o quão distante está da realidade dos 
estudantes? Perspectivas discentes do ensino superior 
durante a pandemia de Covid-19 
Bruno de Lima Araújo, Alexia Satie Augusto, Fábio Saroa de 
Assis, Gustavo Negrão Franzolin e Rodrigo Jardim Castello
Educação à distância: 
O quão distante está da realidade dos estudantes? 
Perspectivas discentes do ensino superior 
durante a pandemia de Covid-19 
 
 doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.1 
 
Bruno de Lima Araújo 
Alexia Satie Augusto 
Fábio Saroa de Assis 
Gustavo Negrão Franzolin 
Rodrigo Jardim Castello 
 
https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.1
https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.1
https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.1
 
 
 
13 
Introdução 
A tecnologia está se tornando cada vez mais presente nas 
nossas vidas, seja no âmbito domiciliar, profissional ou 
educacional. Com a inserção de novas ferramentas na educação, 
escolas, universidades e instituições de ensino em geral estão 
passando por mudanças cada vez mais frequentes, fazendo com 
que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) sejam 
incorporadas à realidade dos professores e estudantes. Porém, a 
pandemia de COVID-19 acelerou ainda mais esse cenário. Com 
as universidades e escolas fechadas, o ensino tradicional, ou 
seja, cursos que adotam a forma presencial, teve que ser 
adaptado rapidamente ao ensino de forma remota, ou ensino à 
distância (EaD). 
O EaD é uma modalidade que existe no Brasil desde o 
final do século XIX, quando professores ofereceram cursos de 
datilografia por correspondência no Rio de Janeiro (ALVES, 
2009, p. 9). Desde então, esta forma de ensino vem expandindo-
se cada vez mais, sendo popularizada na década de 1990 com o 
advento dos computadores pessoais somados à internet 
(MUSSOI et al., 2007). Em 1996, o EaD surgiu nas diretrizes e 
bases da educação do país (BRASIL, 1996), sendo regulamentado 
por um decreto duas décadas depois (BRASIL, 2017). 
Mesmo o EaD já sendo uma forma de ensino estabelecida 
no nosso país, a maioria dos estudantes e professores estão 
habituados com a forma de ensino tradicional nas escolas e 
universidades, fazendo com que o ensino à distância não seja 
uma opção viável a todos. Do ponto de vista docente e discente, a 
mudança brusca para o EaD é problemática, visto que muitos 
docentes não possuem experiência e uma base de conhecimentos 
sobre os equipamentos de ensino de forma remota que são 
necessários para lecionar. Além disso, infelizmente muitos 
alunos do nosso país não possuem equipamentos eletrônicos e 
acesso à internet, o que impossibilita o acesso às aulas e ao 
curso de maneira geral. 
 
 
 
14 
Por outro lado, o ensino à distância pode ser uma 
alternativa para aqueles que possuem os equipamentos 
necessários e acesso à internet, visto que o tempo gasto no 
deslocamento até as escolas e universidades pode ser 
direcionado ao estudo e outras atividades atreladas a ele. Além 
disso, o ensino a distância pode adotar uma modalidade 
assíncrona ou uma mescla entre síncrono e assíncrono. Este 
último não possui aulas e atividades com um horário pré-
estabelecido, possibilitando uma maior flexibilidade ao 
estudante. Desta forma, o aluno pode assistir as aulas gravadas 
e realizar as atividades no horário mais adequado para ele. 
Neste contexto, abordaremos neste capítulo uma visão de 
discentes dos cursos de graduação em Ciências Biológicas e Pós-
graduação em Ecologia e Evolução da Universidade Federal de 
São Paulo (Unifesp).Esta visão será dada através de experiências 
e relatos sobre o ensino à distância neste período de isolamento 
social ocasionado pela pandemia de COVID-19. Apesar de 
algumas mudanças no ensino serem positivas, outras precisam 
ser melhoradas e readequadas, visto que não há previsão sobre o 
fim da pandemia, fazendo com que o ensino a distância seja uma 
nova realidade aos discentes e docentes. 
Panorama do EaD no Brasil 
O EaD ocorre principalmente através dos Ambientes 
Virtuais de Aprendizagem (AVAs). São páginas na internet com a 
finalidade de mediar o processo de ensino e aprendizagem, 
oferecendo diversas ferramentas aos alunos e professores. O AVA 
mais utilizado e o mais popular é o MOODLE (Modular Object 
Oriented Distance Learning - Sistema Modular de Ensino a 
Distância Orientado a Objeto), sendo utilizado em 251 países, 
abrigando quase 33 milhões de cursos e 250 milhões de usuários 
(MOODLE, 2020). No Brasil, segundo a Associação Brasileira de 
Educação a Distância (ABED), em 2018 o país possuía cerca de 
9,3 milhões de discentes matriculados em cursos a distância, 
quase o triplo de 2016 (CENSO EAD.BR 2018, 2019, p. 60). São 
cursos de ensino formal e não formal em diversas áreas e níveis 
 
 
 
15 
do conhecimento. Além disto, em 2018 foram registrados mais de 
30 mil cursos regulamentados totalmente a distância, 
semipresenciais ou livres (CENSO EAD.BR 2018, 2019, p. 55). 
Entretanto, é necessário ponderar que quantidade não 
reflete necessariamente em qualidade. Segundo a ABED, alguns 
cursos possuem mais de 50% de taxa de evasão (CENSO EAD.BR 
2018, 2019, p. 65). A preocupação com a evasão no EaD é algo 
relatado desde a década de 1980, ocorrendo antes mesmo do 
advento da internet (KEMBER, 1989). Esta situação repete-se no 
mundo inteiro, sendo que, em determinados países e cursos, 
esta taxa pode chegar até 60% (SANTIAGO, 2011). Segundo 
Netto et al. (2012), as causas mais comuns para este abandono 
são questões financeiras, falta de tempo, não adaptação ao 
método e obrigatoriedade de atividades presenciais, como 
laboratórios didáticos e provas. Agravando ainda mais esta 
situação, cerca de 1/3 dos domicílios brasileiros não possuem 
acesso à internet, sendo os casos mais graves em regiões 
interioranas (TIC Domicílios, 2018, p. 105). Isto demonstra que 
milhões de brasileiros não têm o básico para acessar um curso a 
distância, sendo excluídos desta modalidade de ensino. 
A pandemia de COVID-19 trouxe profundos reflexos em 
todos os setores da sociedade. Além de milhões de vidas 
perdidas, as pessoas perderam seus empregos, tiveram salários 
cortados e estão dependendo de auxílios financeiros prestados 
pelo governo para sobreviverem. Visando mitigar estes efeitos, as 
instituições de educação elaboraram editais emergenciais para 
apoiarem seus discentes mais vulneráveis. A RNP (Rede Nacional 
de Ensino e Pesquisa) elaborou um edital junto ao MEC visando 
disponibilizar internet gratuita, sendo que mais de 37 mil 
estudantes de 51 universidades e institutos federais foram 
beneficiados por todo o país (RNP, 2020). 
A Unifesp, por exemplo, lançou os seguintes editais: 
Empréstimo de Equipamento de Informática, beneficiando mais 
de mil discentes com computadores e tablets (UNIFESP, 2020a; 
UNIFESP, 2020b); Auxílio Emergencial para Acesso à Internet, 
no qual o valor de R$ 70,00 foi pago durante três meses a quase 
 
 
 
16 
350 estudantes, totalizando em mais de 70 mil reais (UNIFESP, 
2020c); Auxílio Emergencial COVID-19, no qual 300 estudantes 
receberam R$ 100 durante 2 meses, totalizando 60 mil reais 
(UNIFESP, 2020d); Chamada de Interesse para Recebimento de 
Cestas Básicas, no qual mais de 300 estudantes receberam 
aproximadamente 25kg de alimentos cada um, totalizando mais 
de 15 mil quilos de alimento (UNIFESP, 2020e). 
Levando em consideração estes números, fica claro que, 
apesar do EaD ter muito a contribuir na sociedade, ele deve ser 
visto como uma opção adicional e não exclusiva, já que milhões 
de brasileiros não possuem os meios necessários para 
acompanhá-lo de forma satisfatória. Além disto, há o equívoco 
que o EaD é mais barato que o ensino tradicional comum, sendo 
que os números não demonstram isto. Os gastos das instituições 
são grandes ao ofertarem cursos a distância com qualidade, 
sendo necessários altos investimentos em professores, tutores, 
materiais de apoio e estruturas físicas e tecnológicas (NETTO et 
al., 2012). 
Perspectivas discentes 
De acordo com os relatos discentes deste período 
somados à literatura existente, pode-se observar características 
congruentes em ambos. Percebe-se que o EaD é uma modalidade 
importante que está expandindo-se, mas que precisa ser 
ajustada em alguns pontos, os quais ficaram ainda mais 
evidentes após a pandemia. 
O EaD possui vantagens em relação ao ensino 
tradicional, sendo relacionadas a dois fatores principais: tempo e 
distância. Em um primeiro momento, podemos pensar em 
disciplinas de graduação e pós-graduação, mas os mesmos 
benefícios também são atrelados às bancas de TCC, qualificação 
e defesa, cursos livres e até mesmo eventos como congressos, 
workshops e simpósios. Em relação ao tempo, uma das maiores 
razões pela busca do EaD se deve ao fato de que muitos 
estudantes possuem altas cargas horárias de trabalho e curtos 
espaços de tempo disponíveis. Logo, esta modalidade de ensino 
 
 
 
17 
traz consigo uma maior flexibilidade ao cronograma diário. Neste 
sentido, cria-se a possibilidade de que possam ser assistidas 
aulas sem que haja a locomoção das residências ou ambientes 
de trabalhos até as universidades, e destas até suas moradias, 
as quais consomem mais tempo de percurso, além de aumentar 
o estresse físico e mental. Já em relação às aulas gravadas, elas 
podem ser assistidas nos horários com maior disponibilidade de 
tempo, de acordo com o ritmo de cada aluno e sem restrição de 
acesso ou de horário. Uma vez que as aulas gravadas foram 
assistidas e o conteúdo passado foi, dúvidas podem ser 
elucidadas e o conteúdo discutido em aulas síncronas. 
Outra problemática envolve a questão da distância entre 
o município/estado que o aluno reside e seu local de estudo. 
Muitas vezes os estudantes precisam se mudar devido à 
distância. Nestes casos, além das obrigações do curso, é 
necessário fazer as tarefas das casas, dividir com terceiros (no 
caso de repúblicas), morar afastados de parentes e conhecidos, e 
em muitos casos, trabalhar para se sustentar. Portanto, a 
alternativa de cursos a distância possibilita que fatores como a 
mudança de residência e o distanciamento se tornem menos 
preocupantes para os estudantes, tornando a rotina mais 
adaptável, como já citado acima. 
Com relação às bancas, tivemos a oportunidade de 
convidar profissionais de diversos estados e até mesmo fora do 
país, o que antes seria mais difícil, visto que os membros 
precisam viajar e hospedar-se, sendo possível então realizar de 
forma online, tendo a mesma ou melhor qualidade, além de 
prevenir atrasos de quaisquer participantes. Não só os 
profissionais puderam presenciar, mas também familiares e 
conhecidos puderam assistir sem que houvesse a necessidade de 
ir até o local, o que traz uma maior difusão do conhecimento 
científico produzido quando comparado aos eventos presenciais 
que, de certa forma, eram mais limitados à academia. 
Durante a época de quarentena, cursos e palestras 
presenciais foram interrompidos e os organizadores tiveram que 
adaptarem-se para oferecerem de forma online. O crescimento do 
 
 
 
18 
número de participantes a primeiro momento pode soar como 
desvantagem para quem assiste, contudo, também surge a 
possibilidade de convidar tutores para o curso, dividindo os 
participantes em turmas menores. Uma vez que não existe uma 
delimitação do espaço ou número de salas de aulas oferecidas 
pela instituição de ensino, o ambienteonline comporta uma 
maior quantidade de participantes. Além disso, puderam ser 
realizados cursos e assistir palestras de diversos estados, 
permitindo não só um alcance de um público maior, mas 
também o conhecimento de instituições menores e não tão 
conhecidas. 
Por fim, os congressos, workshops e simpósios também 
foram adaptados. Um exemplo deste caso foi o Congresso 
Acadêmico da Unifesp, que devido a pandemia foi oferecido 
completamente online, resultando em um número aproximado 
de 26 mil inscritos, sendo que 47% destes eram de fora da 
universidade (Unifesp, 2020f). O evento contou com 60 palestras 
e mesas redondas, reunindo 260 palestrantes nacionais e 
internacionais, 29 palestras que contaram com tradutores de 
libras, garantindo a inclusão de deficientes auditivos, e 110 
sessões científicas com apresentação de 1.750 trabalhos, os 
quais envolveram 6.900 autores e 350 debatedores. Além da 
parte científica, ainda houve conteúdos culturais com 38 
atividades como dança, desenho, fotografia, músicas e vídeos, as 
quais foram todas produzidas pela comunidade acadêmica e de 
forma remota. Estes foram números recordes na história do 
congresso, sendo que a presença de participantes externos 
trouxe visibilidade para a universidade e uma ampla divulgação 
do conhecimento científico produzido pela comunidade, uma vez 
que seus conteúdos foram abertos e gravados. As adaptações 
feitas como tradutores em libras, sessões online e a 
disponibilização das gravações, trouxeram um amplo benefício 
para o evento, o que futuramente, serão questões a serem 
discutidas e pensadas no momento da organização dos eventos 
pelo sua abrangência e inclusão social. 
 
 
 
19 
Outro exemplo foi a organização da palestra “Como fazer 
buscas sistemáticas na literatura científica” pelo Programa de 
Pós-graduação em Ecologia e Evolução da UNIFESP. Foram mais 
de cem inscrições neste evento, no qual representantes de todos 
os estados do país estavam presentes. Isto demonstra a 
potencialidade dos eventos a distância, uma vez que seria 
impossível haver uma abrangência territorial tão grande para um 
evento de escala local. Além disto, também há a possibilidade de 
maior difusão de um conteúdo que ficaria restrito a determinada 
localidade e um maior potencial em formar parcerias entre as 
instituições. 
Entretanto, algumas desvantagens também puderam ser 
observadas em relação ao EaD. Estas estão voltadas 
principalmente pela falta de preparo por parte dos docentes, 
principalmente no quesito de readequar as aulas que eram 
anteriormente dadas presencialmente. É essencial que o 
conteúdo dado seja funcional e dinâmico para que os alunos 
consigam aprender de forma significativa e com a mesma 
qualidade no atual modelo virtual do que era dado no ambiente 
de sala de aula (GUIMARÃES, 2010, p. 84). É necessário 
entender que o ambiente virtual maximiza a relação docente-
discente de forma mais imediata do que no ambiente de sala de 
aula, logo, a voracidade em transpassar conteúdos na mesma 
intensidade de uma sala de aula real acaba não sendo funcional 
no ambiente virtual (ADORNO, 1995, p. 91). Este problema 
acaba gerando consequências para os alunos que têm relatado 
dificuldade em acompanhar o formato de aula online devido à 
falta de um ambiente adequado em seus domicílios. 
Outra problemática que envolve o EaD é a sua adequação 
para a realidade socioeconômica da população brasileira. Apesar 
de se tratar de um modelo de ensino mais conveniente quando 
comparado com o formato presencial, tal modalidade requer que 
os alunos tenham acesso a equipamentos eletrônicos e a uma 
internet de qualidade. O Brasil ainda possui baixa qualidade de 
infraestrutura de comunicação, na qual a velocidade de conexão 
não é a mesma em todas as regiões, sendo que o acesso à maior 
 
 
 
20 
qualidade geralmente possui um valor mais alto de custo, 
inviabilizando o acesso para os alunos pertencentes às classes 
menos favorecidas (LAPA & PRETTO, 2010). 
O que os alunos têm vivenciado na prática? 
Dado o contexto das principais vantagens e desvantagens 
da modalidade de ensino a distância, é importante sabermos das 
experiências pessoais que os alunos têm vivenciado com este 
formato em plena pandemia de COVID-19. A entrada em um 
curso de graduação ou pós-graduação é um momento que gera 
expectativas na vida dos estudantes, no qual há uma grande 
mudança em suas rotinas. Um novo ciclo começa, com um 
aumento no nível de deveres e responsabilidades. Entretanto, 
houve muitos casos nos quais os discentes entraram nestes 
cursos após a quarentena já estar em vigor. O que é difícil torna-
se ainda pior, já que além do estresse causado pela ansiedade do 
novo, soma-se o medo e a incerteza de como as coisas serão. 
No começo, havia expectativas da situação ser passageira 
e em breve as atividades serem retomadas no modo presencial. 
Mas a cada notícia, a cada semana passada e a cada novo 
estudo epidemiológico divulgado, ficava claro que o problema era 
maior que o esperado. Deu-se então uma fase de aceitação, na 
qual as atividades começaram a ser adaptadas à nova 
conjuntura, como modificação de projetos de pesquisa, não 
necessitando de coleta de dados em campo e disciplinas 
adaptadas ao formato remoto. Contudo, uma das consequências 
mais notáveis é o excesso de tempo em frente ao computador. 
Em alguns casos, discentes relataram que o tempo médio em 
frente a uma tela quase triplicou comparado aos períodos 
anteriores à pandemia. Isto leva a diversos outros problemas, 
como esforço contínuo da visão, ansiedade, dores de cabeça, 
entre outros. Um estudo realizado no Reino Unido demonstrou 
que quase 40% da população teve uma deterioração em sua 
saúde ocular, ocasionada por conta do excesso de tempo em 
frente as telas digitais (FIGHT FOR SIGHT, 2021). A 
concentração em atividades é outra queixa comum, já que até 
 
 
 
21 
mesmo as tarefas mais simples se tornam desgastantes com 
tantas formas de distração e cansaço mental. Além disso, soma-
se ao fato que a produtividade é super valorizada na 
contemporaneidade, levando a uma inquietação por parte dos 
estudantes, que sentem-se pressionados a produzirem 
constantemente, podendo levar a diversas patologias psicológicas 
(HAN, 2017). 
Entretanto, apesar de não ser um consenso entre os 
estudantes, alguns relataram que se sentem mais confortáveis 
em participar de aulas neste formato, questionando e 
comentando mais o conteúdo. Este fato é apoiado nas 
instituições com cursos EaD ofertarem uma maior variedade de 
canais para entenderem a opinião dos discentes em relação ao 
curso e a questões pessoais, já que nesse formato necessita 
contatar o aluno de alguma forma por conta da não convivência 
ao vivo com os discentes (CENSO EAD.BR 2018, 2019, p. 84). 
Porém, foi notado que os estudantes que menos participaram 
foram os que tiveram maiores dificuldades nas avaliações 
propostas, confundindo conceitos e não desenvolvendo as ideias 
apresentadas em aula. 
Por fim, um dos maiores problemas observados é que 
diversos docentes utilizam um argumento falacioso: “estar em 
casa significa ter mais tempo livre, logo, uma quantidade maior 
de atividades precisam ser propostas”. Isto é um equívoco, já que 
com a quarentena, os estudantes precisaram arcar com outras 
responsabilidades, seja em casa, com a família, emprego, entre 
outros. Portanto, os discentes não ficaram com mais tempo livre 
e sim com menos, tornando ainda mais complicado lidar com 
grandes quantidades das atividades passadas pelos docentes. 
Considerações finais 
Diante desta transição abrupta do ensino tradicional ao 
remoto que a pandemia de COVID-19 trouxe, mostrou-se a 
necessidade de realizar adaptações em diversas áreas, 
principalmente para que o ensino à distância mostrasse suas 
qualidades e também os pontos que precisam ser reforçados. 
 
 
 
22 
Muitosdocentes tiveram que reinventar-se para que os discentes 
não sentissem tanto o impacto destas mudanças. Algumas 
alternativas foram a utilização de diversas ferramentas, como por 
exemplo atividades interativas e até conteúdos fora dos livros, 
como materiais de instituições de confiança dinamizando a aula. 
Mas por outro lado, muitos docentes tiveram limitações em 
trabalhar com sites, reuniões online e adaptar o conteúdo 
presencial para o digital. Isto torna-se ainda pior quando 
levamos em conta a grande quantidade de auxílios emergenciais 
que foram entregues durante este período, demonstrando que 
ainda há uma grande carência na infraestrutura e nas condições 
socioeconômicas dos estudantes para esta modalidade de ensino. 
Tendo estas distinções pontuadas, devemos reconhecer 
que o EaD não é apenas uma versão online de um conteúdo 
preexistente ofertado presencialmente. Para ofertar um conteúdo 
com qualidade e que leve a um desenvolvimento crítico dos 
discentes, é necessário que, desde a sua concepção, seja levado 
em conta as características particulares do EaD. Diversos cursos 
superiores vêm surgindo, ao longo dos últimos anos, na tentativa 
de formarem profissionais que possam atuar de maneira mais 
profissional nestes cursos, capacitando docentes e designers 
educacionais, profissionais que desenvolvem projetos 
pedagógicos tanto presenciais como a distância. É importante 
que o EaD seja ressignificado visando torná-lo cada vez mais 
eficaz, sem reduzi-lo a práticas de conhecimento-cópia ou 
transmissão de informações (BECKER & MARQUES, 2002). Uma 
ferramenta importante para isto são os próprios discentes: levar 
em consideração o seu feedback de quais práticas estão 
funcionando ou não pode levar a reflexões críticas de como 
melhorar as aulas. 
Com base em todas estas informações, é inegável que o 
EaD possui grande papel dentro da sociedade, sendo o meio de 
ascensão social de muitos estudantes e gerando emprego a 
muitos profissionais. Entretanto, é necessário ponderar a sua 
utilização, já que milhões de estudantes ainda não conseguem 
acompanhá-lo por conta da falta de recursos. Ressalta-se que o 
 
 
 
23 
EaD deve ser visto como uma opção e não uma exclusividade, 
sendo necessário cautela em sua expansão. 
Referências 
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Paz e Terra, 1995. 
 
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BRASIL. Decreto nº 9.057 de 25 de maio de 2017. 
Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 
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24 
 
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https://www.unifesp.br/reitoria/prae/publicacoes/publi/editais-publicados/539-resultado-final-do-edital-de-auxilio-emergencial-para-acesso-a-internet
https://www.unifesp.br/reitoria/prae/publicacoes/publi/editais-publicados/537-resultado-final-do-edital-de-auxilio-emergencial-covid-19
https://www.unifesp.br/reitoria/prae/publicacoes/publi/editais-publicados/537-resultado-final-do-edital-de-auxilio-emergencial-covid-19
https://www.unifesp.br/reitoria/prae/publicacoes/publi/editais-publicados/537-resultado-final-do-edital-de-auxilio-emergencial-covid-19
https://www.unifesp.br/reitoria/prae/publicacoes/publi/editais-publicados/566-resultado-da-chamada-de-interesse-para-recebimento-de-cesta-basica
https://www.unifesp.br/reitoria/prae/publicacoes/publi/editais-publicados/566-resultado-da-chamada-de-interesse-para-recebimento-de-cesta-basica
https://www.unifesp.br/reitoria/prae/publicacoes/publi/editais-publicados/566-resultado-da-chamada-de-interesse-para-recebimento-de-cesta-basica
https://www.unifesp.br/noticias-anteriores/item/4620-unifesp-realiza-edicao-historica-do-congresso-academico
https://www.unifesp.br/noticias-anteriores/item/4620-unifesp-realiza-edicao-historica-do-congresso-academico
 
 
 
26 
Educação a Distância e Ensino Remoto: 
desfazendo equívocos na Faculdade do Nordeste da Bahia 
José Batista de Souza, Daniele Santana de Melo, 
Elissandra Silva Santos, Suely Cristina Silva Souza, e 
Tainah dos Santos Carvalho
Educação a Distância e Ensino Remoto: 
Desfazendo equívocos na 
Faculdade do Nordeste da Bahia 
 
 doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.2 
 
José Batista de Souza 
Daniele Santana de Melo 
Elissandra Silva Santos 
Suely Cristina Silva Souza 
Tainah dos Santos Carvalho 
 
 
Capítulo desenvolvido a partir de discussões 
realizadas no Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação 
PAIDÉIA/FANEB 
 
https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.2
https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.2
https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.2
 
 
 
27 
Introdução 
A pandemia da Covid-19, desde que se manifestou, já 
levou a óbito 1.551.214 pessoas no mundo inteiro, além de 
deixar muitas outras com sequelas, basta ver os dados 
atualizados diariamente pela Organização Mundial de Saúde – 
OMS para se ter uma ideia acerca da gravidade do problema1. 
Juntamente com a pandemia, vieram uma série de 
transtornos, levando diversos setores da sociedade a 
interromperem seus trabalhos para evitar a aglomeração e o 
crescimento do número de pessoas infectadas, como é o caso da 
educação, que fechou as escolas e implementou o ensino remoto 
para dar continuidade às suas atividades. 
Orientadas pelo Ministério da Educação - MEC através 
das portarias 3432 e 3453, de 17 e 19 de março de 2020, as 
instituições de ensino superior públicas e privadas foram 
autorizadas a substituírem as aulas presenciais por aulas que 
façam uso de tecnologias digitais, criando metodologias que 
deem conta de estimular o aluno a continuar os estudos nesse 
novo formato. É o caso da Faculdade do Nordeste da Bahia – 
FANEB – que decidiu seguir as aulas remotamente a partir do 
uso de diferentes ferramentas. 
Com a implementação do ensino remoto, devido ao 
distanciamento físico, ficou nítida a insatisfação de um número 
significativo de alunos, pois muitos sinalizaram não gostar de 
educação a distância, como se o ensino presencial estivesse 
sendo substituído pela modalidade de educação a distância, tal 
qual prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(Lei 9.394/96). 
 
1 Disponível em https://www.paho.org/pt/COVID19. Acesso em 09 de 
dezembro de 2020. 
2 Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. Disponível em: 
http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-
de-2020-248564376. Acesso em 09 de dezembro de 2020. 
3 Portaria nº 345, de 19 de março de 2020. Disponível em: 
in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-345-de-19-de-marco-de-2020-
248881422. Acesso em 09 de dezembro de 2020. 
https://www.paho.org/pt/covid19
http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020-248564376
http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020-248564376
 
 
 
28 
Com base nesse contexto, o objetivo do presente trabalho 
é discutir acerca desse equívoco, a partir de um aporte teórico 
renomado, a exemplo de Moore e Kearsley (2007), Oliveira et al. 
(2020), Feitosa et al. (2020), Garcia et al. (2020), entre outros, 
distinguindo ensino remoto e educação a distância, e mostrando 
em que ponto(s) esses dois tipos de ensino se aproximam e/ou se 
distanciam. 
Acerca da metodologia, como fonte de coleta de dados, 
adotamos a pesquisa online (aplicação de questionário através do 
google forms), por compreendermos que neste momento de 
distanciamento físico, este é o tipo de pesquisa mais adequado. 
Este capítulo está estruturado da seguinte forma: na 
primeira seção, que sucede esta introdução, discutimos acerca 
das expressões educação a distância e ensino remoto, trazendo 
suas conceituações terminológicas, desfazendo alguns equívocos 
e evidenciando alguns pontos em comum ou divergentes. Na 
seção seguinte, trazemos a experiência da FANEB, evidenciando 
como se deu a transição (mesmo que temporária) do ensino 
presencial para o ensino remoto. Ainda nesta seção, 
apresentamos a percepção dos acadêmicos de Pedagogia acerca 
do ensino remoto a partir da análise de um questionário aplicado 
através do google forms. Na última seção, trazemos as 
considerações finais, momento no qual retomamos nosso objetivo 
de pesquisa. 
Educação a Distância e Ensino Remoto 
A educação a distância é uma modalidade de ensino em 
voga na educação brasileira há muito tempo. Trata-se de um tipo 
de educação específico, que tem como uma de suas principais 
características o distanciamento físico entre professores e 
alunos, sendo a tecnologia do computador conectado à internet, 
nos dias atuais, o principal meio de ligação entre esses sujeitos 
do processo de ensino-aprendizagem. 
No entanto, quando voltamos nosso olhar para a história 
da educação a distância, nos deparamos com contextos bastante 
 
 
 
29 
diversificados, mostrando que nem sempre esse tipo de educação 
dependeu de tecnologias digitais de informação e comunicação 
para atingir seu público e seus objetivos. 
De acordo com Moore e Kearsley (2007), a história da 
EaD está dividida em 5 gerações: primeira geração: ensino por 
correspondência; segunda geração: rádio e televisão; terceira 
geração: abordagem sistêmica, incluindo as Universidades 
Abertas; quarta geração: teleconferência; quinta geração: 
computador e internet. 
A partir desta classificação feita pelos autores, podemos 
observar a evolução pela qual passou a EaD, saindo de um 
momento no qual a informação, os conteúdos e a comunicação 
entre professores e alunos durava meses (primeira geração) em 
virtude da demora da correspondência chegar a seu destino, 
para um momento no qual a informação e a interação entre os 
partícipes do processo educativo não demora nada (quinta 
geração), já que todos estando online, conectados, a comunicação 
é síncrona, ou seja, simultânea, quebrando as barreiras espaço-
tempo, evidenciandotoda a evolução conseguida à base de 
muitos investimentos, tanto financeiros quanto intelectuais. 
Mas engana-se quem pensa que a EaD de forma síncrona 
data de muito tempo. Nas universidades abertas brasileiras, por 
exemplo, era quase inexistente o contato entre professor e 
alunos, mesmo virtualmente, restringindo-se, em algumas 
instituições, ao contato de uma vez por semana, nas 
consideradas semipresenciais (para o momento de dúvidas com o 
tutor) e uma vez por mês (para a realização presencial das 
avaliações), e nas totalmente a distância, aos encontros mensais 
para a realização das provas, algo que ainda acontece em 
algumas instituições. 
Neste formato, professor e aluno encontram-se em 
ambientes físicos diferentes, e o aluno precisa organizar seu 
horário para estudar. Sua presença é requisitada apenas para a 
realização das provas, tendo que gerenciar seu próprio 
aprendizado, comprometer-se a assistir às aulas e ser ativo e 
 
 
 
30 
autônomo da sua aprendizagem, estudando dentro do tempo 
disponível, seguindo um calendário acadêmico recebido 
previamente. No tocante ao docente, seu trabalho ocorre de 
forma precarizada e intensificada, ele recebe menos do que no 
ensino presencial e, além de gravar as aulas, tem que preparar 
todo o material didático da disciplina, se antenar com os 
recursos de gravação, edição, etc., e atender a um grande 
número de alunos situados em diferentes polos de ensino 
simultaneamente (ANDES, SINDICATO NACIONAL, 2020). 
Essa visão de EaD perdurou por muito tempo no Brasil, 
principalmente com a criação da Universidade Aberta do Brasil, 
em 2005, que seguia os pressupostos acima supracitados. Era 
comum o surgimento de críticas a essa modalidade, 
principalmente por conta da falta de interação professor/aluno. 
Entre apontamentos e críticas, a EaD, ao longo dos tempos, foi 
passando por modificações para atender às novas demandas, 
evoluindo no tocante à comunicação, “quando os modelos 
educacionais identificam a importância da interação entre os 
pares para a aprendizagem e a EaD passa a ter mais 
possibilidades tecnológicas para efetivar essa interação” 
(GUAREZI; MATOS, 2012, p. 18). Ainda na visão desses autores, 
algumas características presentes na EaD são: autonomia, 
comunicação e processo tecnológico. O aluno é livre para 
organizar seu horário de estudos conforme sua disponibilidade, 
estilo e ritmo de aprendizagem, além de ter à disposição 
diferentes materiais para explorar, pois, além do módulo 
organizado no curso, ele tem uma série de referências que pode 
consultar para a ampliação do conhecimento ou minimização de 
dúvidas, sem contar com a infinidade de possibilidades de 
artigos e vídeos disponíveis na internet que podem enriquecer 
seu aprendizado. 
Quanto à comunicação professor/aluno, esta pode 
acontecer de diferentes formas, podendo o professor mesclar 
entre momentos síncronos e assíncronos, a depender do 
propósito da aula. Com a internet em todos os espaços sociais, 
agora é mais fácil o professor interagir com seus alunos mesmo 
 
 
 
31 
num curso a distância. O planejamento de momentos síncronos 
contribui para a quebra do distanciamento educador/educando, 
favorece uma aprendizagem mais significativa e pode ser feito a 
partir de diferentes ferramentas tecnológicas, a exemplo do 
celular, de chats, web conferências no Google Meet ou Zoom. A 
respeito dos momentos assíncronos, também existem diversas 
possibilidades, a exemplo de mensagem via whatsapp, e-mail, 
telegram, fórum, etc. 
Conforme o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, 
educação a distância é, 
[...] a modalidade educacional na qual a 
mediação didático pedagógica nos processos 
de ensino e aprendizagem ocorra com a 
utilização de meios e tecnologias de 
informação e comunicação, com pessoal 
qualificado, com políticas de acesso, com 
acompanhamento e avaliação compatíveis, 
entre outros, e desenvolva atividades 
educativas por estudantes e profissionais da 
educação que estejam em lugares e tempos 
diversos. 
Nota-se, a partir do decreto, que, apesar do 
distanciamento que separa professores e alunos, a educação a 
distância é uma modalidade educacional organizada, uma vez 
que a organização vai ajudar os atores do processo educativo a 
se sentirem mais próximos, o que é possível a partir da utilização 
das TDIC. Além disso, há uma necessidade de qualificação 
profissional para atuar nesta modalidade, tendo em vista que 
suas características se distinguem do ensino presencial. 
A EaD é uma modalidade de ensino, ou seja, 
deve ser compreendida como um tipo distinto 
de oferta educacional, que exige inovações ao 
mesmo tempo pedagógicas, didáticas e 
organizacionais. Seus principais elementos 
constitutivos (que a diferenciam da 
modalidade presencial) são a descontiguidade 
espacial entre professor e aluno, a 
comunicação diferida (separação no tempo) e a 
mediação tecnológica, característica 
 
 
 
32 
fundamental dos materiais pedagógicos e de 
interação entre o aluno e a instituição 
(BELLONI, 2002, p. 156). 
Percebe-se, a partir do exposto, que a configuração da 
EaD é bastante diferente da educação presencial, o que não quer 
dizer que ela seja inferior àquela. Trata-se de um tipo de 
educação com características próprias, pensado para um público 
com objetivos distintos. Assim, mesmo estando separados pelo 
espaço, já que cada um se encontra em lugares diferentes, a 
educação pode acontecer com qualidade, basta que professor e 
aluno estejam levando a sério, esforçando-se para dar o seu 
melhor. 
Acerca da questão temporal, apesar de em algumas 
gerações da EaD o tempo fazer diferenças significativas na 
comunicação professor/aluno, atualmente, essa questão já foi 
e/ou está sendo superada, pois grande parte das instituições 
que adotam esta modalidade, já dispõem de condições de acesso 
para que professores e alunos estejam online no momento da 
aula, num mesmo tempo, algo fascinante na história da 
educação, algo possível graças à evolução das tecnologias 
digitais. 
Essa modalidade de ensino tem respaldo na Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394/96, quando 
assegura: “o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a 
veiculação de programas de ensino a distância, em todos os 
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada” 
(BRASIL, 1996, p. 51). 
Agora mais do que nunca, com a pandemia crescendo 
cada vez mais e ceifando vidas, a EaD tem ganhado mais força, 
sendo vista por diversas instituições com outros olhares. Para 
além das críticas por conta do distanciamento entre docente e 
discente, a EaD tem sido vista como uma possibilidade 
inovadora, graças à inserção das tecnologias digitais da 
informação e comunicação, que possibilitam a cada instituição 
criar seu próprio desenho de ensino, conforme suas crenças 
particulares. 
 
 
 
33 
Apesar de estar sendo vista com olhares positivos 
ultimamente por conta da pandemia, a EaD tem sido bastante 
confundida com o ensino remoto, devido ao fato de ambos os 
tipos de ensino fazerem uso de tecnologias digitais e tem o 
distanciamento físico como uma característica marcante, além 
das questões relacionadas a momentos síncronos e assíncronos, 
peculiar a ambos os estilos educacionais. Essa confusão tem 
atingido todos aqueles envolvidos com o processo educativo, 
principalmente os alunos, o que tem levado a uma rejeição 
desnecessária do ensino remoto por parte daqueles que não se 
veem estudando na modalidade de educação a distância, o que 
requer dos professores e das instituições de ensino tranquilidade 
para desmistificar este equívoco e mostrar que o ensino remoto 
não é educação a distância e que pode contribuir para o processo 
de ensino-aprendizagem até o retorno do ensino presencial, não 
havendo, portanto, a necessidade de interromper o processo 
educativo por conta da pandemia. 
O ensino remoto prioriza a mediaçãopedagógica por meio de tecnologias digitais 
para apoiar processos de ensino e 
aprendizagem em resposta à suspensão das 
aulas e atividades presenciais em escolas e 
universidades no cenário da pandemia 
(OLIVEIRA et al., 2020, p. 11). 
Ou seja, trata-se de alternativas encontradas pelas 
instituições de ensino para não interromperem as atividades 
educativas e não comprometerem totalmente o ano letivo e o 
processo de ensino-aprendizagem, o que só pode ser feito com 
mais eficácia por meios das tecnologias digitais, apesar de elas 
não serem os únicos meios de trabalhar remotamente. No 
entanto, “sair de um ensino presencial movido por uma interação 
física entre público e infraestrutura física disponível e submeter-
se ao ensino remoto é um desafio para alunos e professores” 
(FEITOSA et al., 2020, p.02). 
Ensino remoto são atividades síncronas e 
assíncronas que meramente permitem, sem 
nenhum apoio pedagógico ou qualquer 
 
 
 
34 
estrutura adequada, a transposição de aulas 
presenciais para virtuais. Exemplo disso é que 
os calendários de semestres especiais, 
virtuais, complementares etc. seguem a 
mesma lógica do calendário presencial. O 
resultado é a mera digitalização das aulas 
presenciais em vídeos de longa duração, 
compartilhamento de apresentação de 
powerpoint de aulas e textos online que 
seriam indicados para leitura no formato 
presencial, assumindo-se como a mesma 
coisa. Preocupações com qualidade da 
educação, inclusão social e igualdade de 
acesso são secundarizadas e convertidas em 
problemas meramente técnicos (ANDES, 
SINDICATO NACIONAL, 2020, p. 13). 
Nota-se que o ensino remoto não se equipara à educação 
a distância, uma vez que esta acontece com base em um 
planejamento prévio bastante organizado, com ambientes 
virtuais de aprendizagem, material do curso à disposição dos 
alunos (módulos, vídeos, textos diversos); tutores prontos para 
responderem às dúvidas dos alunos (de forma assíncrona); 
professores titulares das disciplinas preparados, com a 
incumbência de planejar toda a disciplina; atividades e 
avaliações; cronogramas específicos, dentre outras coisas. Já o 
ensino remoto, por se tratar de uma situação emergencial pela 
qual passa o ensino, é feito sem um planejamento institucional, 
sendo realizado pelos professores conforme suas possibilidades, 
afinal, nem todo professor no ensino remoto faz web conferência 
através do Google Meet por não ter o traquejo com a tecnologia 
digital ou por não se sentir à vontade com a exposição diante 
desta ferramenta. 
Como o ensino remoto foi algo inesperado, 
professores que não estavam familiarizados 
com metodologias digitais, tais como web 
conferências e videoaulas, podem apresentar 
resistências para aceitarem a nova forma de 
ensinar e aprender devido a dificuldades 
vivenciadas (FEITOSA et al., 2020, p. 02). 
 
 
 
35 
Concordamos com os autores acima e também com o 
Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino 
Superior – ANDES, que o ensino remoto tem sido uma 
transposição do ensino presencial, sendo adotado pelas 
instituições como uma situação emergencial, até que a pandemia 
acabe e tudo volte ao normal, se é que poderemos chamar o 
tempo que está por vir de normal. Apesar de haver uma adesão 
de muitos docentes, destaca-se também o percentual de 
professores que resistem a esse tipo de ensino, o que acaba 
preocupando ainda mais as instituições de ensino. 
Situação emergencial exige a aplicação de 
medidas que levem ao encontro de respostas 
eficazes e rápidas e atendam demandas 
urgentes. O planejamento estratégico nessas 
situações deve ser objetivo, claro e 
operacional, de modo a responder 
prontamente, apresentando caminhos e 
soluções viáveis. No âmbito da educação e do 
ensino, o planejamento estratégico pode 
assumir duas vertentes: aquelas que se 
apoiam nas tecnologias digitais e que, 
portanto, dependem do acesso a recursos, 
mídias e suporte com possibilidade de 
acessibilidade; aquelas que se apoiam em 
práticas inovadoras, cuja definição vai 
depender de qual recurso, analógico ou digital, 
está referindo. As práticas inovadoras 
apresentam sempre aspectos metodológicos – 
formas de fazer, o “saber-fazer” do professor, e 
não exatamente o “através-de-que-fazer”-, 
suporte, recurso ou ferramenta (GARCIA et 
al.,2020, p. 05). 
Os autores supracitados tocam em um ponto de grande 
relevância quando discutem acerca do ensino remoto e de sua 
relevância para a continuação do processo educativo durante a 
pandemia – o planejamento. Dadas as condições nas quais 
escolas, professores e alunos se encontram neste cenário 
pandêmico, um planejamento estratégico faz-se essencial para a 
não interrupção do processo educativo. Porém, não se trata de 
um planejamento como o que se executava em períodos 
 
 
 
36 
“normais”, mas de uma alternativa emergencial, pensada a curto 
prazo para dar conta da demanda atual, na qual a busca por 
respostas precisa ser rápida. No entanto, como sinalizam os 
autores, este planejamento pode estar voltado para o uso de 
tecnologias digitais ou para práticas inovadoras que não 
requeiram o uso de tecnologias digitais, caindo por terra a ideia 
generalizada de muitas pessoas de acharem que ensino remoto 
necessariamente só acontece a partir do uso de tais tecnologias. 
De acordo com Rondini, Pedro e Duarte (2020), as TDIC 
sozinhas não revolucionam a educação, uma vez que a escolha 
dos recursos utilizados para uma aula carece de estratégias 
metodológicas adequadas ao conteúdo e objetivo da aula, de 
modo a promoverem uma aprendizagem significativa por parte 
dos estudantes. Desse modo, ensinar remotamente requer do 
docente avaliação da melhor TDIC a ser utilizada para o alcance 
de objetivos pontuais. 
Ensinar remotamente não é sinônimo de 
ensinar a distância, embora esteja diretamente 
relacionado ao uso de tecnologia e, nesse caso, 
digital. O ensino remoto permite o uso de 
plataformas já disponíveis e abertas para 
outros fins, que não sejam estritamente os 
educacionais, assim como a inserção de 
ferramentas auxiliares e a introdução de 
práticas inovadoras. A variabilidade dos 
recursos e das estratégias bem como das 
práticas é definida a partir da familiaridade e 
da habilidade do professor em adotar tais 
recursos. Ensinar remotamente permite o 
compartilhamento de conteúdos escolares em 
aulas organizadas por meio de perfis [...] 
criados em plataformas de ensino, [...] 
Entretanto, é reconhecível que o ensino 
remoto comporta potencialidades e desafios, 
que envolvem pessoas, tecnologias, expertise e 
infraestrutura (GARCIA et al., 2020, p. 05). 
A partir do que evidenciam os autores supracitados, nota-
se que, apesar de a EaD e o ensino remoto terem algo em 
comum, a exemplo do distanciamento físico e do uso de 
 
 
 
37 
tecnologias digitais, suas conotações são bastante diferentes. 
Enquanto na primeira há todo um planejamento prévio a longo 
prazo, pensado e executado por uma equipe multidisciplinar 
(professor, tutor, coordenador, técnico em informática, etc.), no 
segundo, o planejamento é feito geralmente na véspera da aula, 
pois o professor se encontra em fase de teste, tentando encontrar 
alternativas de como chegar até os alunos e conseguir prendê-los 
por muito tempo na aula via plataforma digital. Além disso, 
enquanto na primeira, todo o material das aulas já está 
disponível para ser acessado e baixado pelos alunos, no 
segundo, as atividades remotas são elaboradas semanalmente a 
partir do retorno das atividades anteriores, uma vez que o 
professor precisa ter uma noção da aceitação dos alunos a esse 
tipo de ensino para poder elaborar atividades que se adequem ao 
momento, levando-se em conta a resistência de muitos alunos. 
A experiência da Faculdade do Nordeste da Bahia 
Neste trabalho, optamos pela abordagem qualitativa de 
pesquisa porque, segundo Minayo (1994, p. 22), a “abordagem 
qualitativa aprofunda-se no mundodos significados das ações e 
relações humanas, um lado não perceptível e não captável em 
equações, médias e estatísticas”. Ou seja, pensamos em analisar 
a percepção dos informantes da pesquisa a partir de sua 
subjetividade, não nos preocupando com os números. 
Quanto ao lócus da pesquisa, investigamos a prática do 
ensino remoto na Faculdade do Nordeste da Bahia, instituição 
privada de ensino superior, localizada na cidade de Coronel João 
Sá, tendo como informantes 43 alunos do curso de Pedagogia4. 
No tocante ao método de coleta de dados, adotamos a 
pesquisa online a partir da aplicação de um questionário através 
do Google Forms, cujo propósito era investigar como os alunos 
estavam enfrentando o ensino remoto, se eles compreendiam o 
 
4 A decisão de focar esta pesquisa no curso de Pedagogia se deu pelo 
fato de todos os autores terem relação direta com o curso, sendo 4, 
professores do curso e 1, aluno do curso. 
 
 
 
38 
tipo de ensino que estava sendo ofertado e suas diferenças em 
relação à EaD, o tipo de dispositivos que estavam usando para 
acompanhar as aulas e aqueles com os quais mais se 
identificavam, e os desafios de estudar remotamente. O período 
de coleta de dados se deu de 16 a 20 de junho. 
No questionário aplicado, a primeira pergunta 
questionava sobre as tecnologias (mídias sociais, plataformas, 
entre outros) com as quais os alunos mais se identificaram nas 
aulas durante o período da pandemia. As respostas dadas pelos 
informantes da pesquisa geraram o gráfico abaixo. 
Gráfico 1 - Identificação dos alunos com diferentes tecnologias. 
 
Fonte: Dados da pesquisa. 
A partir dos dados apresentados no gráfico, notamos que, 
apesar de os professores terem utilizado diferentes dispositivos 
para ministrarem suas aulas, dois deles se destacaram com o 
mesmo percentual de identificação por parte dos alunos – o 
Whatsapp e o Google Meet. O primeiro, pela celeridade do contato 
entre educador e educando e pela facilidade de uso e de envio de 
material. Além disso, ele “[...] favorece a docência e a 
aprendizagem [...] presencial e online porque permite reunir 
interlocutores em [...] comunicação síncrona e assíncrona, com 
troca de texto, áudio, imagem e vídeo, documentos em PDF e 
ligações gratuitas por meio de [...] internet” (SILVA, 2017 apud 
PORTO; OLIVEIRA; CHAGAS, 2017, p. 16-17). O segundo, por 
permitir que educador e educando se vejam e conversem, tendo 
uma aproximação, mesmo a distância, o que quebra um pouco o 
 
 
 
39 
distanciamento. Além disso, é possível o compartilhamento de 
tela, através do qual o professor pode exibir os slides da aula, 
textos, vídeos, etc. 
A segunda pergunta que compôs o questionário indagava 
os alunos sobre os maiores desafios encontrados para estudar 
remotamente. A imagem abaixo traz um panorama das 
principais respostas dadas. 
Imagem 1 - Desafios de estudar remotamente 
 
Fonte: Dados da pesquisa. 
Como se observa no primeiro ponto, o problema de 
conexão com a internet é algo que atinge grande parte dos 
alunos. No caso da Faculdade do Nordeste da Bahia, este dado 
se apresenta com maior ênfase devido ao fato de uma parte 
significativa dos acadêmicos residir na zona rural, em locais nos 
quais o acesso à internet nem sempre é dos melhores. A falta de 
acesso à rede de internet implica no desequilíbrio dos três pontos 
relacionados ao ensino remoto que se conectam: “o acesso à 
internet; a qualidade dos artefatos tecnológicos de alunos e 
professores; e domínio e formação para o uso desses artefatos” 
(OLIVEIRA; SILVA; SILVA, 2020, p. 29). 
 
 
 
40 
Outro ponto que se destacou nesta segunda pergunta foi 
a interferência do barulho em casa. Muitos alunos sinalizaram 
que o vai e vem de pessoas pela casa atrapalha muito durante as 
aulas remotas, principalmente quando elas estão conversando. 
Muitas famílias não se dão conta da importância do silêncio para 
o bom aproveitamento das aulas e chamam o filho para fazer 
algo, perguntam coisas o tempo todo, gritam com os outros filhos 
ou membros, sem contar o barulho de cachorro latindo. É uma 
dificuldade estudar com o incômodo do barulho. Se o estudante 
estiver fazendo uma atividade de produção textual, que exige um 
pouco mais de concentração, o problema se agrava ainda mais. 
Assim, a família precisa ter consciência de que os filhos precisam 
de silêncio na hora da aula e que um esforço carece ser feito 
nessa situação emergencial de ensino. 
A dificuldade na adaptação do ensino remoto e a gestão 
do tempo foram outros pontos que se destacaram na segunda 
questão. Esse dado é fácil de ser compreendido, uma vez que 
estudar remotamente exige do aluno um pouco mais de 
autonomia e organização. No ensino presencial, é muito comum 
o aluno acomodar-se esperando receber tudo pronto do 
professor. Nesse novo formato de ensino, ele precisa ser mais ágil 
para não ser atropelado pelo tempo e não perder os prazos das 
atividades. Como tudo é orientado virtualmente, muitos alunos 
tendem a querer lembrar-se das informações, ao invés de 
registrá-las. Com a quantidade de tarefas que os alunos têm em 
diferentes disciplinas, o esquecimento de algo acaba sendo 
normal, algo que seria evitado com uma agenda de anotações. De 
fato, gerenciar bem o tempo não é uma tarefa fácil, 
principalmente quando se está acostumado a ter quem gerencie 
esse tempo. No ensino remoto, o aluno precisa ter um bom 
gerenciamento desse tempo para não ser atropelado pelos 
diferentes tipos de atividades que são passadas pelos professores 
e para fazer suas outras atividades pessoais sem comprometer o 
tempo destinado às aulas síncronas. 
 
 
 
41 
A terceira pergunta questionava os acadêmicos sobre sua 
percepção acerca das aulas remotas, cujas respostas geraram a 
nuvem de palavras que segue. 
Imagem 2 - Percepção acerca das aulas remotas. 
 
Fonte: Dados da pesquisa. 
Como se observa na nuvem de palavras, muitos foram os 
adjetivos apontados pelos informantes da pesquisa acerca de sua 
percepção sobre as aulas remotas, a maioria deles positivos e, 
mesmo com as dificuldades e desafios já salientados, eles 
demonstram enxergar com bons olhos o ensino remoto oferecido 
pela instituição. Esse dado revela que, apesar de o início do 
período letivo ter sido bastante tumultuado (março e abril) por 
conta da necessidade de adaptação ao ensino remoto, alguns 
meses depois (junho em diante), com um trabalho de 
conscientização por parte da instituição, os alunos passaram a 
compreender a situação emergencial na qual todos estavam 
imersos e passaram a aceitar as aulas remotas com uma 
resistência menor. A quarta pergunta, a mais importante desta 
pesquisa, visa saber se os alunos compreendem o tipo de ensino 
que está sendo ofertado pela instituição, questionando-os se a 
 
 
 
42 
Faculdade do Nordeste da Bahia está atuando com a educação a 
distância ou com o ensino remoto. 
O quadro que segue traz a visão dos alunos. 
Quadro 1 - Educação a distância ou ensino remoto? 
Educação a 
distância, 
porque a 
maioria dos 
alunos é de 
cidades 
diferentes. 
Ensino a distância, pois 
dessa forma, não ficamos 
sem estudar e também se 
não houvesse essa opção de 
ensino a distância, 
estaríamos sem estudar e, 
possivelmente, perderíamos 
um semestre inteiro de 
aula. 
Ensino a distância, 
porque essa é a melhor 
forma de ensinar nessa 
pandemia. 
Educação a 
distância, por 
conta da 
pandemia, não 
está sendo 
possível haver 
aulas 
presenciais. 
Acredito que, com o ensino 
a distância, porque estamos 
todos em casa, alunos e 
professores, nos 
comunicando pelas redes 
sociais. 
Ensino a distância, por 
estarmos passando por 
esse momento de 
pandemia e pelo bem 
de todos. 
Ensino a 
distância. Para 
não haver 
aglomeração. 
Ensino remoto, porque os 
professores estão sempre 
dispostos a nos ajudar. 
Remoto, porque 
retornaremosassim 
que a pandemia acabar 
Ensino remoto, 
uma medida 
para manter as 
aulas, mesmo 
diante do 
período da 
quarentena. 
 
Remoto, pois se trata de 
uma modalidade 
emergencial de ensino que 
as instituições tiveram que 
adotar para dar 
continuidade às atividades 
educacionais durante a 
pandemia. 
Remoto, devido o 
decreto 343 de 17 de 
março de 2020 devido 
à pandemia da 
COVID19. 
Com o ensino 
remoto, para 
que o semestre 
não pare e a 
gente não fique 
atrasada nos 
conteúdos. 
 
Como ensino remoto, pois a 
instituição e coordenadores 
procuraram formas para 
que os professores dessem 
continuidade às atividades. 
Os professores buscaram 
plataformas para que fosse 
possível os alunos se 
adaptarem ao novo espaço 
de aula, fazendo com que 
não percamos tantas 
informações necessárias. 
Devido nossa 
graduação ser 
presencial, por 
consequência da 
pandemia, adotou o 
procedimento de 
ensino remoto. Pois, o 
ensino remoto foi 
autorizado pelo 
governo, como um 
modo de minimizar os 
impactos causados na 
 
 
 
43 
educação pela 
pandemia 
Remoto, é uma 
situação de 
emergência. 
 
Depende muito. Muitos 
vestiram a camisa e fazem 
de tudo para não propagar 
o ensino remoto. E isso é 
muito bom para a gente, 
mas tem uns que falam e 
não se importam com nossa 
opinião, ficando um ensino 
bem remoto e autoritário 
Remoto, por causa da 
pandemia que está se 
espalhando no mundo 
rapidamente. 
Ensino remoto, porque 
está sendo aplicado o 
que seria em sala de 
aula se estivéssemos 
no ensino presencial e 
com o aproveitamento 
de tecnologias a favor 
do nosso aprendizado, 
com nossa participação 
e troca ativa de 
experiências e não 
apenas uma 
plataforma Ava como o 
ensino EaD... 
Remoto, pois 
foi de urgência, 
estamos a cada 
dia num 
processo de 
adaptação e 
aprendizagem. 
 
Remoto, por causa da 
pandemia da COVID-19. 
 
No meu modo de 
pensar são os dois, 
pois ensino remoto tem 
o intuito de manter as 
atividades e 
disciplinas. Estamos 
utilizando a plataforma 
virtual em um modelo 
de ensino a distância. 
E ensino a distância, 
pois não estamos nos 
locomovendo à 
instituição. Estamos 
em nossas próprias 
residências, tanto 
discentes, como 
docentes. 
Remoto, 
porque temos 
aulas parecidas 
com a do 
presencial. 
 
Remoto, porque ela é uma 
instituição presencial que 
pode voltar às aulas no 
espaço presencial a 
qualquer momento. 
Ensino remoto, pelo 
fato de estar usando a 
mesma didática que 
usava no ensino 
presencial. 
Ensino remoto, 
pois mantemos 
as atividades 
em plataformas 
virtuais. 
Ensino remoto, pois foi a 
maneira de adaptar-se 
rápido e não parar o ensino. 
Remoto, pois foi a 
única maneira de nós 
alunos não sairmos 
prejudicados 
 
Fonte: Dados da pesquisa. 
 
 
 
44 
A partir do quadro acima, fica evidente que, apesar dos 
equívocos dos alunos em confundir educação a distância com 
ensino remoto, algo normal no contexto em voga, a maioria dos 
informantes sinalizou o ensino remoto como o tipo de ensino 
ofertado pela instituição, apesar de se notar fragilidade nas suas 
justificativas. De todo modo, fica nítido que, todo o trabalho de 
conscientização por parte da instituição para fazer os alunos 
entenderem que não estavam estudando na modalidade de 
educação a distância obteve um resultado satisfatório, 
confirmado por esta pesquisa. 
Considerações finais 
O ensino remoto é, no momento presente, uma das 
expressões mais faladas no âmbito educacional devido à 
pandemia da Covid-19, que se instaurou no mundo e exigiu das 
instituições de ensino criatividade para seguir adiante o processo 
educativo. Trata-se de um ensino emergencial, que pode ser 
realizado com ou sem o uso de tecnologias digitais, apesar de a 
maioria das instituições, através de seus professores, estarem 
optando pelo uso de tecnologias digitais para trabalharem 
remotamente. 
No entanto, ao adotar o ensino remoto, muitas 
instituições passaram a ideia de estar trabalhando com a 
educação a distância, precisando empreender esforços para 
esclarecer esse equívoco e salientar as diferenças entre os dois 
tipos de ensino. É o caso da Faculdade do Nordeste da Bahia 
que, ao adotar o ensino remoto, fez com que muitos alunos 
pensassem em trancar o curso, por não aceitarem estudar na 
modalidade de EaD. Por isso, o presente trabalho se incumbiu de 
discutir este equívoco, utilizando para tal um aporte teórico 
relevante e uma pesquisa online com os alunos da instituição. A 
partir dos dados coletados na pesquisa, percebemos que parte do 
equívoco foi desfeito, no entanto, ainda há fragilidade dos 
discentes em compreenderem o que é de fato o ensino remoto, o 
que exige mais esforços por parte da instituição para amenizar o 
problema. 
 
 
 
45 
Referências 
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Volume 4: o ensino remoto e o desmonte do trabalho docente. 
Brasília, DF: ANDES, 2020. 
 
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In: BELLONI, M. L. (Org.). A formação na sociedade do 
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RONDINI, C. A.; PEDRO, K. M.; DUARTE, C. dos S. Pandemia da 
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pedagógica. Interfaces Científicas Educação, vol. 10, n. 1, 
2020, p. 41-57. 
 
 
 
46 
Desafios e Oportunidades da EaD e do ensino remoto durante 
a pandemia da Covid-19 sob a perspectiva do professor 
Jaqueline Damaceno Ribeiro e Marlen Maria Cabral Ramalho
Desafios e Oportunidades da EaD e do ensino remoto 
durante a pandemia da Covid-19 sob 
a perspectiva do professor 
 
 doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.3 
 
Jaqueline Damaceno Ribeiro 
Marlen Maria Cabral Ramalho 
https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.3
https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.11.1.3
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Introdução 
Em março de 2020, a doença provocada pelo SARS-CoV-2 
foi caracterizada como uma pandemia pela Organização Mundial 
da Saúde (OMS), visto que se espalhou rapidamente e atingiu 
todos os continentes ainda nos primeiros meses do ano. A 
doença ficou mundialmente conhecida como COVID-19 ou 
Coronavírus e rapidamente tornou-se um problema de saúde 
pública mundial (MUNDO EDUCAÇÃO, 2020). 
Diante este cenário, vários países aderiram ao isolamento 
social, seja o horizontal ou o vertical. No primeiro, todos devem 
permanecer em casa; no segundo, apenas as pessoas que fazem 
parte do grupo de risco para a doença ficariam isoladas. No caso 
do Brasil, vários estados e municípios aderiram ao isolamento 
social horizontal, restringindo o funcionamento de 
estabelecimentos comerciais, instituições de ensino, entre 
outros, e com algumas ressalvas os serviços considerados 
essenciais, tais como farmácias e supermercados. 
Assim, neste período de isolamento, alguns setores 
permaneceram trabalhando em casa e, com isso, novas palavras 
foram inseridas

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