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1 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 CONCEITO é uma doença autoimune do sistema nervoso central (SNC) caracterizada por inflamação crônica, desmielinização, gliose (placas ou cicatrizes) e perda neuronal. Atinge a substância branca do SNC. A EM, junto a outras doenças como encefalomielite disseminada aguda e encefalomielite necrotizante hemorrágica aguda, compõe o grupo das doenças denominadas desmielinizantes do SNC. as placas da EM desenvolvem-se em momentos diferentes e em locais distintos do SNC→ evolução progressiva→ autoimunidade, agressão a bainha de mielina é uma resposta inflamatória exacerbada e contínua→ prejuízo na condução de impulsos nervosos. O curso pode ser recidivante ou progressivo= com eventos recorrentes e períodos de remissões, fato que determina o padrão sintomatológico e grau de incapacitação dos pacientes acometidos. A evolução clínica é extremamente variável, desde uma condição relativamente benigna até uma doença de evolução rápida e incapacitante que exige ajustes profundos no estilo de vida. EPIDEMIO - A incidência e prevalência da doença no mundo variam de acordo com as diferentes áreas geográficas e etnias→ predomínio em áreas temperadas e frias e individuos caucasianos. na Europa, a prevalência é de 100 a cada 100.000 habitantes, enquanto que no Japão é de 2/100.000 habitantes. nos trópicos (Ásia, África Equatorial e Oriente Médio), a prevalência é 10-20 vezes menor. a maior prevalência conhecida: (250 por 100.000) nas ilhas Orkney, localizadas ao norte da Escócia. Em outras áreas da zona temperada (norte da América do Norte e da Europa, sul da Austrália e da Nova Zelândia)→ 0,1 a 0,2%. -Prevalência global= > 900 mil indivíduos os Estados Unidos e milhões no mundo inteiro. A prevalência da EM aumentou constantemente (e de forma drástica) em diversas Regiões do mundo durante a segunda metade do último século, refletindo, presumivelmente, o impacto de alguma mudança ambiental. E as mulheres são mais sensíveis a tal mudança, visto que são mais afetadas. -Idade= adultos entre 18-55 anos (20-40)→ sendo um pouco mais tarde nos homens. Em 10% dos casos, a doença começa antes dos 18 anos de idade e, em uma pequena porcentagem antes dos 10 -Brasil= 15 casos/ 100 mil hab ou 5-20 (atlas de EM); quanto maior a distância da linha do Equador, maior a probabilidade de acometimento→ Sul e Sudeste são as áreas mais prevalentes. -Sexo= M>H 3:1 - é a segunda causa de incapacitação por origem não traumática em adultos jovens, por isso, seu diagnóstico e manejo em fases iniciais é essencial para o controle sintomático eficaz, bem como para proporcionar qualidade de vida aos acometidos. FR predisposição genética, deficiência de vitamina D, exposição ao vírus Epstein-Barr (EBV) após o início da infância e tabagismo. -DEF. VIT D= aumenta o risco de EM e a deficiência continuada pode aumentar a atividade da doença após sua instalação→ efeitos imunorreguladores→ interferem indiretamente no sistema imunológico, contribuindo para o aparecimento de condições favoráveis para a ativação da linhagem linfocitária de função Th1 (responsável pelo processo inflamatório da EM). A exposição da pele à radiação ultravioleta B (UVB) do sol é essencial para a biossíntese de vitamina D e essa produção endógena constitui a fonte mais importante dessa vitamina na maioria dos indivíduos. Uma dieta rica em peixes gordurosos é outra fonte de vitamina D. Em latitudes altas, a quantidade de radiação UVB que atinge a superfície da Terra é, com frequência, insuficiente, particularmente durante os meses de inverno, e, em consequência, é comum a presença de baixos níveis séricos de vitamina D nas zonas de clima temperado. Com a prática comum de evitar a exposição direta ao sol e o uso disseminado de bloqueador solar, seria de esperar haver uma exacerbação de deficiência de vitamina D na população . -TABAGISMO= em modelos animais de EM, os pulmões foram identificados como um local crítico para a ativação de linfócitos T patogênicos responsáveis pela desmielinização autoimune. -GENÉTICA= brancos tem mais risco que negros e asiáticos, mesmo que convivam no mesmo ambiente. Maior chance de desenvolver em gêmeos idênticos. A suscetibilidade à EM é poligênica, sendo que cada gene contribui com uma parcela relativamente Esclerose Múltipla 2 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 pequena do risco global ( 200 outras variantes de suscetibilidade à EM, em que cada uma delas tem apenas um efeito muito pequeno sobre o risco de EM.)O sinal mais forte de suscetibilidade identificado no gene HLA-DRB1 na região classe II do complexo de histocompatibilidade principal (MHC), e tal associação responde a cerca de 10% do risco da doença→ doença autoimune. A maioria dessas variantes genéticas associadas à EM desempenha papéis conhecidos no sistema imune adaptativo→ os genes para o receptor de interleucina (IL) 7 (CD127), o receptor de IL-2 (CD25) e a molécula LFA-3 coestimuladora das células T (CD58); algumas variantes também influenciam a suscetibilidade a outras doenças autoimunes. -OUTROS= Populações com nível socioeconômico mais desenvolvido apresentam maior incidência da doença. Dessa forma, a industrialização, a poluição, os alimentos industrializados e condimentados, determinariam um desvio da resposta imune para a ativação da função Th1. FISIOPATOLOGIA ANATOMOPATOLOGIA As lesões macroscópicas são identificadas pela presença de placas desmielinizadas dispostas de forma difusa no SNC, acometendo regiões do encéfalo e medula espinhal. As placas têm diâmetro e localização diversificadas, podendo variar de alguns milímetros a centímetros a depender da evolução e curso da doença. As localizações preferenciais são periventricular, periaquedutal (no tronco do encéfalo) e junto ao assoalho do IV ventrículo, além de regiões como cerebelo, nervo óptico, medula espinhal e pedúnculos cerebelares. PATOGÊNESE As novas lesões da EM começam com revestimento perivenular por células mononucleares inflamatórias, predominantemente células T e macrófagos, que também infiltram a substância branca circundante. Nos locais de inflamação, a barreira hematencefálica (BHE) é rompida; entretanto, diferentemente do que ocorre na vasculite, a parede vascular é preservada. O envolvimento do sistema imune humoral também é evidente; linfócitos B, em pequeno número, também infiltram o sistema nervoso→autoanticorpos específicos contra mielina presentes nas bainhas de mielina em degeneração, e o sistema complemento é ativado. Desmielinização + pode ocorrer também destruição axônica parcial ou total, sobretudo nas lesões altamente inflamatórias→ a patologia neuronal está sendo cada vez mais reconhecida como um fator contribuinte importante para a incapacidade neurológica irreversível. Em algumas lesões, os oligodendrócitos sobreviventes, ou aqueles que se diferenciam a partir de células precursoras, remielinizam parcialmente os axônios sobreviventes, produzindo as assim chamadas placas de sombra. Entretanto, em muitas lesões, apesar da presença de células precursoras dos oligodendrócitos, elas não se diferenciam em células maduras produtoras de mielina. Com a evolução das lesões, ocorre proliferação proeminente de astrócitos (gliose), e o termo esclerose refere-se a essas placas glióticas que possuem textura elástica ou endurecida na necrópsia. Inflamação, desmielinização e formação de placas também ocorrem no córtex cerebral, e a perda significativa de axônios, indicando morte dos neurônios, é disseminada, em particular nos casos avançados→ As placas corticais podem estender-se para cima a partir da substância branca desmielinizada ou podem ficar restritas ao próprio córtex ou se localizar abaixo da pia- máter. -Folículoslinfoides= presença de agrupamentos ectópicos de linfócitos, agregados de células T, B e plasmócitos, lembrando o tecido linfoide secundário localizado nas meninges, particularmente recobrindo os sulcos corticais profundos, espaços perivasculares e menos comumente no parênquima cerebral. Essas estruturas parecem ser mais prevalentes na EM progressiva e estão localizadas em proximidade às placas corticais, sugerindo que talvez fatores provenientes desses folículos ectópicos possam contribuir para a desmielinização cortical abaixo da pia-máter e a neurodegeneração. -Inflamação= está sempre presente quando ocorrem desmielinização ativa ou lesão axônica, e a presença de infiltração de células T e células B está relacionada com a extensão da desmielinização e lesão axônica. FASES= Na EM recorrente, a inflamação está associada a uma infiltração parenquimatosa perivenular de linfócitos e monócitos associada à ruptura da BHE e desmielinização ativa. Por outro lado, a inflamação na EM progressiva é mais difusa e caracteriza-se por ativação disseminada da micróglia. Há um menor número de infiltrados perivasculares agudos, e os linfócitos e monócitos nas placas da EM crônica agregam-se na borda da lesão, sugerindo lesão inflamatória contínua nesse local. Além disso, observa- se uma inflamação difusa de baixo grau com proliferação da micróglia em grandes áreas da substância branca, associada a uma redução da coloração da mielina e lesão axônica (“substância branca suja”). FISIOLOGIA -CONDUÇÃO NERVOSA= nos axônios mielinizados, ocorre de forma saltatória, com o impulso nervoso saltando de um nodo de Ranvier para o seguinte sem despolarização da membrana axonal abaixo da bainha de mielina entre os nós. Com isso, a velocidade de condução é consideravelmente maior (cerca de 70 m/s) em comparação com a velocidade baixa (cerca 3 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 de 1 m/s) produzida com a propagação contínua nos nervos não mielinizados. Ocorre bloqueio da condução quando o impulso nervoso não é capaz de atravessar o segmento desmielinizado. Isso pode acontecer quando a membrana axonal em repouso torna-se hiperpolarizada em razão da exposição dos canais de potássio dependentes de voltagem normalmente ocultos sob a bainha de mielina. Um bloqueio de condução temporário muitas vezes sucede um evento desmielinizante, antes que os canais de sódio (originalmente concentrados nos nodos) tenham chance de se redistribuir ao longo do axônio desnudo. Essa redistribuição dos canais de Na→ possibilita a propagação contínua dos potenciais de ação nervosos por meio do segmento desmielinizado. O bloqueio da condução pode ser incompleto, afetando as séries de impulsos de alta frequência, mas não as de baixa frequência. O bloqueio variável da condução pode resultar de temperatura corporal elevada ou alterações metabólicas e explicar flutuações clínicas de uma hora para outra ou em associação à febre ou ao exercício. Uma condução mais lenta ocorre quando os segmentos desmielinizados da membrana axônica são reorganizados para sustentar a propagação contínua (lenta) dos impulsos nervosos. FISIOPATOLOGIA A proteína básica da mielina (MBP), uma proteína intracelular envolvida na compactação da mielina, é um provável antígeno importante para células T . Foram identificadas células T reativas à MBP ativadas no sangue, no líquido cerebrospinal (LCS) e em lesões de EM. o DRB1*15:01 pode influenciar a resposta autoimune, visto que se liga com alta afinidade a um fragmento da MBP (que se estende pelos aminoácidos 89 a 96), estimulando respostas das células T a essa autoproteína. -CÉLULAS T= T auxiliares tipo 1 (TH1) que produzem γ- interferona (γ-IFN) formam uma população efetora fundamental→ TNF-α quanto a γ-IFN podem causar lesão direta de oligodendrócitos ou da membrana de mielina. Foi também estabelecido um papel para as células T TH17 altamente pró-inflamatórias, pelo menos em alguns pacientes→ são induzidas pelo fator de crescimento transformador β (TGF-β) e pela IL-6 e são amplificadas por IL-21 e IL-23. -RESPOSTA HUMORAL= Populações clonalmente restritas de células B de memória e plasmócitos com experiência antigênica e ativados estão presentes nas lesões da EM. Autoanticorpos específicos contra a mielina, alguns dirigidos contra uma proteína de mielina extracelular, a glicoproteína da mielina dos oligodendrócitos (MOG), foram detectados. No LCS, níveis elevados de imunoglobulinas sintetizadas localmente e anticorpos oligoclonais, derivados da expansão de clones restritos de células B do SNC e plasmócitos, também são característicos da EM. Ocorre dano axonal em cada lesão recém-formada da EM, e a perda axonal e neuronal cumulativa é considerada o fator contribuinte mais importante na incapacidade neurológica irreversível. Até 70% dos axônios são perdidos nos tratos corticospinais laterais (motores) em pacientes com paraparesia avançada por EM. A desmielinização pode resultar em redução do suporte trófico dos axônios, redistribuição dos canais iônicos e desestabilização dos potenciais de ação da membrana. Inicialmente, os axônios podem adaptar-se a essas lesões; entretanto, com o passar do tempo, ocorre degeneração distal e retrógrada (axonopatia “dying-back”). QC O início pode ser abrupto ou insidioso. Os sintomas podem ser graves ou parecer tão triviais que o paciente talvez não procure assistência médica por meses ou anos. 0,1% dos indivíduos assintomáticos tem evidencias de EM na necrópsia e alguns na RM. -A evidência da doença geralmente ocorre em um episódio de surto. O surto é caracterizado pela perda de funções que podem ser sensitivas, motoras, visuais e/ou como síndromes medulares. Sua ocorrência e cessação podem ocorrer de forma súbita ou até mesmo durar alguns dias ou semanas. Essa perda de função ocorre de maneira transitória e há remissão das manifestações durante certo período de tempo até que um novo surto seja evidenciado. Os sintomas são extremamente variados e dependem da localização e da gravidade das lesões no SNC. Com frequência, o exame revela evidências de disfunção neurológica, muitas vezes em locais assintomáticos. Por exemplo, um paciente pode apresentar sintomas em um dos membros inferiores e sinais em ambos. RESUMINDO... ativação desregulada do sistema imune com linfócitos T na periferia, ou seja, no sangue periférico e linfonodos→ há consequente ativação de linfócitos B e monócitos que atravessam a barreira hematoencefálica e chegam ao SNC gerando reações inflamatórias indesejadas com a produção de citocinas e anticorpos. Tal reação de maneira continua ocasiona a desmielinização, com áreas espaçadas que formam os focos cicatriciais - gliose. A perda de função durante um surto da doença ocorre tanto pelo processo inflamatório agudo, quanto pelos efeitos diretos da desmielinização que geram bloqueio da condução dos impulsos nervosos. 4 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 -SINTOMAS SENSITIVOS= (variáveis)→ parestesias (formigamento, sensação de alfinetadas e agulhadas ou queimação dolorosa) e hipoestesia (sensibilidade reduzida, dormência ou sensação de que uma parte do corpo está “morta”). Sensações desagradáveis (partes do corpo “inchadas”, “molhadas”, “em carne viva” ou “apertadas”) também são comuns. A deficiência sensitiva do tronco e dos membros inferiores abaixo de uma linha horizontal no dorso (nível sensitivo) sugere que a medula espinal é a origem do distúrbio sensitivo, acompanha uma sensação de constrição semelhante a uma faixa ao redor do tronco. Dor é um sintoma comum >50%--> Pode ocorrer em qualquer área do corpo e mudar de localização ao longo do tempo. -NEURITE ÓPTICA= em geral se apresenta como diminuição da acuidade visual, falta de nitidez ou redução da percepçãodas cores (dessaturação) no campo central da visão. Tais sintomas podem ser leves ou evoluir para perda visual grave. Raramente, há perda total da percepção da luz. Os sintomas visuais costumam ser monoculares, mas podem ser bilaterais. A dor periorbital (agravada por movimentos oculares) muitas vezes precede ou acompanha a perda visual. Um defeito pupilar aferente está habitualmente presente. A fundoscopia pode ser normal ou revelar edema do disco óptico (papilite). A palidez do disco óptico (atrofia óptica) comumente sucede a NO. A uveíte é incomum, devendo levantar a possibilidade de diagnósticos alternativos, como sarcoidose ou linfoma. -FRAQUEZA DOS MEMBROS= pode se manifestar como perda da força, velocidade, ou destreza, como fadiga ou como distúrbio da marcha. A fraqueza induzida por exercício é um sintoma típico. A fraqueza é do tipo relacionado com o neurônio motor superior→ acompanhada por outros sinais piramidais, como espasticidade, hiper-reflexia e sinal de Babinski. Às vezes, observa-se abolição de reflexo tendíneo (simulando lesão do neurônio motor inferior) se uma lesão de EM acometer as fibras aferentes do reflexo na medula espinal. Os reflexos superficiais nunca estão exacerbados ou hiperativos. Podem estar hipoativos ou ausentes. Neste caso, o reflexo cutâneo plantar pode estar ausente e, no seu lugar, surgir o sinal de Babinski -FRAQUEZA FACIAL= decorrente de lesão na ponte pode assemelhar-se à paralisia de Bell idiopática. Contudo, diferente desta, não costuma estar associada à perda ipsilateral do paladar ou dor retroauricular. -ESPASTICIDADE= está associada com espasmos musculares espontâneos ou induzidos por movimento. Mais de 30% dos pacientes com EM têm espasticidade moderada a grave, sobretudo nos membros inferiores. Em muitos casos, esse quadro é acompanhado de espasmos dolorosos que interferem com a capacidade de deambular, trabalhar ou cuidar de si mesmo. Às vezes, a espasticidade confere apoio involuntário ao peso corporal durante a deambulação e, nesses casos, seu tratamento pode ser mais nocivo do que benéfico. -BORRAMENTO VISUAL= pode resultar de NO ou diplopia; se o sintoma desaparecer quando um dos olhos for coberto, a causa é diplopia. A diplopia pode resultar de oftalmoplegia internuclear (OIN) ou paralisia do VI nervo craniano (raramente do III ou IV). A OIN consiste em prejuízo na adução de um dos olhos em razão de lesão no fascículo longitudinal medial ipsilateral. Com frequência, observa-se nistagmo evidente no olho em abdução, junto com desalinhamento vertical (skew deviation) leve. A OIN bilateral é particularmente sugestiva de EM. Outras alterações comuns do olhar: (1) paralisia do olhar horizontal, (2) síndrome “um e meio” (paralisia do olhar horizontal mais OIN) e (3) nistagmo pendular adquirido. - ATAXIA= manifesta como tremores cerebelares. Ela também pode envolver a cabeça e o tronco, ou a voz, produzindo disartria cerebelar típica (fala escandida). -VERTIGEM= pode surgir subitamente por lesão no tronco encefálico e simular superficialmente a labirintite aguda. A perda auditiva não é comum. SINTOMAS AUXILIARES -SINTOMAS PAROXÍSTICOS= duração breve (10 segundos a 2 minutos), alta frequência (5 a 40 episódios por dia), ausência de alteração da consciência ou do ritmo de base no eletrencefalograma durante os episódios, e evolução autolimitada (em geral, durante semanas a meses). Podem ser precipitados por hiperventilação ou movimento. resultam de descargas espontâneas, oriundas das bordas das placas desmielinizadas e propagadas para tratos de substância branca adjacentes. São eles= sintoma de Lhermitte; contrações tônicas de membro, face ou tronco (convulsões tônicas); disartria e ataxia paroxísticas; distúrbios sensitivos paroxísticos; e várias outras síndromes menos bem-caracterizadas. Lhermitte= sensação semelhante a um choque elétrico (suscitada por flexão ou outro movimento do pescoço) que se irradia ao longo do dorso até as pernas. Raramente para os braços. Costuma ser autolimitado, mas pode persistir por anos. Também pode ocorrer com outros distúrbios da coluna cervical (espondilose cervical). -NEURALGIA DO TRIGÊMIO, ESPASMO HEMIFACIAL E NEURALGIA DO GLOSSOFARÍNGEO= podem ocorrer quando a lesão desmielinizante envolve a zona de entrada (ou de saída) da raiz, respectivamente, do V, 5 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 VII ou IX nervo craniano. A neuralgia do trigêmeo (tic douloureux) é uma dor facial muito breve e lancinante, com frequência desencadeada por impulso aferente a partir da face ou dos dentes. A maioria dos casos de neuralgia do trigêmeo não está relacionada com a EM; contudo, manifestações atípicas, como início antes dos 50 anos de idade, sintomas bilaterais, perda sensitiva objetiva ou dor não paroxística, devem levantar a suspeita de EM. -MIOQUIMIA FACIAL= consiste em contrações tremulantes rápidas e persistentes da musculatura facial (em especial da parte inferior do orbicular do olho) ou uma contração que se propaga lentamente pela face. Resulta de lesões dos tratos corticobulbares ou do trajeto do nervo facial no tronco encefálico. -SENSIBILIDADE AO CALOR= refere-se aos sintomas neurológicos produzidos pela elevação da temperatura central do corpo, resultam de bloqueio transitório da condução→ borramento unilateral transitório da visão durante banho quente ou exercício físico (sintoma de Uhthoff). comum que os sintomas da EM se agravem transitoriamente, às vezes de forma drástica, durante doenças febris. -DISFUNÇÃO VESICAL= presente em > 90% dos pacientes com EM, e em 1/3 deles a disfunção resulta em episódios semanais ou mais frequentes de incontinência. Fisiopato= Durante a micção reflexa normal, o relaxamento do esfincter da bexiga (inervação α- adrenérgica) é coordenado com a contração do músculo detrusor na parede vesical (inervação colinérgica muscarínica). A hiper-reflexia do detrusor, decorrente da deficiência da inibição suprassegmentar, causa frequência e urgência urinárias, noctúria e esvaziamento incontrolável da bexiga. A dissinergia do detrusor-esfincter, secundária à perda da sincronização entre os músculos detrusor e o esfincter, causa dificuldade de iniciar e/ou interromper o jato urinário, acarretando hesitação, retenção urinária, incontinência por transbordamento e infecção recorrente. -CONSTIPAÇÃO= > 30% dos pacientes. Urgência ou incontinência fecal são menos comuns (< 15%), mas podem ser socialmente debilitantes. -DISFUNÇÃO SEXUAL= manifestar-se como redução da libido, menor sensibilidade genital, impotência nos homens e menor lubrificação vaginal ou espasmos dos músculos adutores nas mulheres. -DISFUNÇÃO COGNITIVA= perda de memória, desatenção, dificuldade nas funções de execução, solução de problemas, processamento lento das informações e dificuldades de mudança entre tarefas cognitivas. Euforia esta presente em <20% dos pcts. Disfunção cognitiva suficiente para comprometer as atividades cotidianas também ocorre, mas é rara. -DEPRESSÃO= presente em metade dos pacientes, pode ser reativa, endógena ou parte da própria doença, e pode contribuir para a fadiga. -FADIGA= 90% dos pacientes, sendo a razão mais comum de incapacidade relacionada com o trabalho na EM. Pode ser agravada por temperatura elevada, depressão, esforços excepcionais para executar atividades cotidianas básicas ou distúrbios do sono (despertares noturnos frequentes para urinar). EVOLUÇÃO DA DOENÇA (FORMAS CLÍNICAS) Existem 3 tipos clínicos= EM remitente-recorrente (EMRR). EM progressiva secundária (EMPS). EM progressiva primária (EMPP). -EM remitente-recorrente= 90% dos casos, e caracteriza- se por crises isoladas de disfunção neurológica que geralmente evoluem ao longo de dias a semanas (raramente, ao longode horas). Nas crises iniciais, há frequentemente uma recuperação substancial ou completa durante as semanas ou meses seguintes. Entretanto, à medida que as crises continuam, a recuperação pode ser menos evidente. Entre os episódios, os pacientes estão neurologicamente estáveis. ocorre inicialmente uma lesão inflamatória no SNC, súbita e transitória que pode ser autolimitada, sem 6 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 deixar sequelas, com duração um pouco maior que 24 horas. Após essa agressão inicial existe o período de remissão, quando não há dano evidente até que ocorra um novo surto. um novo surto ocorre já de maneira mais agressiva é possível gerar lesão à bainha de mielina de forma irreversível→placas dismielinizadas (gliose) - EM progressiva secundária= sempre começa como EMRR→ o risco de evoluir com EMPS é de 2% a cada ano, ou seja, a grande maioria evolui. Em algum momento, a evolução clínica muda, de modo que o paciente sofre deterioração da função não associada a episódios agudos. A EMPS produz maior grau de deficiência neurológica fixa do que a EMRR. Parece representar um estágio tardio da mesma doença subjacente à EMRR. inicialmente existem períodos bem definidos de surtos e remissões até que com a progressão da doença as fases de surtos já não são bem identificadas clinicamente. A doença evolui progressivamente com acúmulo de lesões ao SNC e sequelas crônicas - EM PROGRESSIVA PRIMÁRIA= 10% dos casos. Esses pacientes não apresentam crises, porém sofrem declínio contínuo da função desde o início da doença. Em comparação com a EMRR, a distribuição entre os sexos é mais igual, a doença começa mais tarde (40 anos), e a incapacidade surge mais rápido (pelo menos em relação ao início do primeiro sintoma clínico). Apesar dessas diferenças, a EMPP parece representar a mesma doença subjacente à EMRR. não há períodos de surto bem definidos desde o início da doença. As alterações nessa fase são sempre progressivas! Os pacientes com EMPS ou até mesmo EMPP em certas ocasiões irão sofrer recidivas, embora com muito menos frequência do que na EMRR. Os pacientes com EM progressiva que sofrem recidivas ou que apresentam novas lesões agudas na RM são considerados portadores de EM “ativa”. Por outro lado, o termo “progressão” é reservado para descrever o agravamento neurológico que se acumula, independentemente da atividade da doença. DIAGNÓSTICO Não existe exame complementar específico para EM. Os critérios de diagnóstico para a EM clinicamente definida exigem comprovação de dois ou mais episódios sintomáticos e dois ou mais sinais que reflitam patologia em tratos da substância branca do SNC anatomicamente não contíguos. Os sintomas devem durar > 24 horas e ocorrer como episódios distintos e separados por 1 mês ou mais. Nos pacientes que apresentam apenas 1 dos 2 sinais requeridos ao exame neurológico, o segundo pode ser documentado por alterações em exames complementares, como RM ou potenciais evocados (PE). nos protocolos diagnósticos mais recentes, o segundo episódio clínico (no tempo) pode ser definido apenas por achados no exame de RM, com o surgimento de novas lesões focais na substância branca à RM ou com a presença de uma lesão contrastada e uma lesão não contrastada em localização assintomática. pacientes com evolução progressiva desde a instalação por ≥ 6 meses sem recidivas superpostas, pode-se usar a comprovação de síntese de IgG intratecal para corroborar o diagnóstico de EMPP. EXAMES DIAGNÓSTICOS • RM anormalidades características são detectadas em > 95% dos pacientes, embora > 90% das lesões são assintomáticas. O aumento da permeabilidade vascular por ruptura da BHE é detectado por extravasamento do gadolínio (Gd) intravenoso para o interior do parênquima. Esse extravasamento ocorre no início do desenvolvimento de lesão da EM e serve como marcador útil de inflamação. O realce do Gd normalmente persiste por < 1 mês, e a placa residual da EM permanece visível indefinidamente como área focal de hiperintensidade (uma lesão) nas imagens ponderadas em T2. 7 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 As lesões costumam ser orientadas perpendicularmente à superfície ventricular, correspondendo ao padrão patológico de desmielinização perivenosa (dedos de Dawson). As lesões são multifocais no interior do cérebro, do tronco encefálico e da medula espinal. Aquelas com > 6 mm, localizadas no corpo caloso, substância branca periventricular, tronco encefálico, cerebelo ou medula espinal, são particularmente úteis para o diagnóstico. na EMRR de estágio inicial revelam a ocorrência de surtos de atividade de doença inflamatória focal com muito mais frequência do que o previsto pela frequência das recidivas. Portanto, no início da EM, a maior parte da atividade da doença é clinicamente silenciosa. O volume total de sinal anormal na imagem ponderada em T2 (a “carga da doença”) mostra uma correlação significativa (embora fraca) com a incapacidade clínica. Medidas quantitativas de atrofia cerebral e da medula espinal são uma evidência de lesão tecidual difusa e correlacionam-se mais fortemente com medidas de incapacidade ou EM progressiva. a atrofia progressiva de todo o cérebro ocorre até mesmo no estágio muito inicial da EM e continua durante toda a evolução da doença. Cerca de um terço das lesões ponderadas em T2 aparecem como lesões hipointensas (buracos negros) nas imagens ponderadas em T1. Os buracos negros podem ser marcadores de desmielinização irreversível e de perda axonal, porém mesmo esta medição depende da época da realização do exame. • POTENCIAIS EVOCADOS avaliam a função das vias aferentes (visuais, auditivas e somatossensitivas) ou eferentes (motoras) do SNC. Baseiam-se no cálculo computadorizado de médias para medir os potenciais elétricos do SNC evocados por estimulação repetitiva de determinados nervos periféricos ou do encéfalo. Fornecem mais informações quando as vias testadas não estão clinicamente afetadas. Por outro lado, PE visuais anormais nesta circunstância permitem o diagnóstico de EM clinicamente definida. Anormalidades em uma ou mais modalidades de PE ocorrem em 80 a 90% dos pacientes com EM. As anormalidades dos PE não são específicas da EM, porém o retardo acentuado na latência de um componente específico dos PE (em oposição à redução da amplitude ou distorção do formato de onda) é sugestivo de desmielinização. • LCR pleocitose das células mononucleares e aumento do nível de IgG com síntese intratecal (bandas oligoclonais). A proteína total do LCS em geral está normal ou ligeiramente elevada. -PLEOCITOSE= leve do LCS (> 5 células/μL) está presente em cerca de 25% dos casos, geralmente em pacientes jovens com EMRR. Pleocitose > 75 células/μL, presença de leucócitos polimorfonucleares ou concentração de proteína > 1 g/L (> 100 mg/dL) no LCS devem pôr em dúvida o diagnóstico de EM. DIAGNÓSTIO DIFERENCIAL Sempre pensar em um diagnóstico diferencial, principalmente quando: 01 os sintomas localizarem-se exclusivamente na fossa posterior, junção craniocervical ou medula espinal; (2) o paciente tiver < 15 anos ou > 60 anos de idade; (3) a evolução clínica for progressiva desde o início; (4) o paciente jamais tiver apresentado sintomas visuais, sensitivos ou vesicais; ou (5) os achados laboratoriais (RM, LCS ou PE) forem atípicos. - sintomas incomuns ou raros na EM (afasia, parkinsonismo, coreia, demência isolada, atrofia muscular grave, neuropatia periférica, perda da consciência episódica, febre, cefaleia, convulsões ou coma) devem aumentar a suspeita de diagnóstico alternativo. - O diagnóstico também é difícil em pacientes com início rápido ou explosivo (semelhante a um [AVC]) ou com sintomas leves e exame neurológico normal. Rarasvezes, inflamação e edema intensos produzem lesão expansiva que simula tumor primário ou metastático. -Distúrbios que são confundidos com EM: neuromielite óptica (DEVIC), sarcoidose, distúrbios vasculares (síndrome antifosfolipídeo e vasculite), linfoma do SNC e ainda mais raramente infecções, como sífilis ou doença de Lyme. Os exames específicos necessários para excluir outros diagnósticos variam de acordo com a situação clínica; contudo, velocidade de hemossedimentação, nível sérico de B12, fatores 8 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 antinucleares e anticorpos treponêmicos provavelmente devem ser obtidos em todos os pacientes com suspeita de EM. DEVIC= é uma doença inflamatória grave, desmielinizante, que envolve, preferencialmente, o nervo óptico e a medula espinhal. A etiologia específica não é identificada, mas um mecanismo imunológico de dano tecidual parece provável. Tem sido discutido se a neuromielite óptica é uma variante da esclerose múltipla, porém existem diversas diferenças, uma delas é que a neuromielite raramente apresenta lesão cerebral., aparecem primeiro as alterações na acuidade visual e da função medular. Usualmente, ambas as dificuldades estão presentes alguns dias após o início, raramente sendo separadas por mais que duas semanas. A neurite óptica pode adotar a forma de papilite ou de neurite retrobulbar. O mais comum é ocorrer inicialmente apenas a mielite. A síndrome medular mais freqüente é a paraplegia crural sensitivo- motora, com nível bem determinado de sensibilidade. No começo, é do tipo flácida, e depois, se torna espástica. Os distúrbios esfincterianos são constantes e precoces. A acuidade visual é diminuída de modo intenso, bilateralmente, podendo iniciar em um lado só5. É comum haver escotoma central. Pode haver edema, e a papila pode estar aumentada ou normal. O decréscimo da acuidade visual progride em dias ou em poucas semanas. Raramente há oftalmoplegia, podendo ocorrer síndrome de Horner. Os sintomas podem regredir completamente, sendo freqüente a recuperação parcial da perda da acuidade visual e da função medular. Ocasionalmente a morte ocorre em estágios agudos. Ocorre perda de mielina e leve destruição dos axônios. Pode haver edema maciço, sendo os focos de desmielinização perivasculares, às vezes ocorre confluência das lesões medulares, constituindo a mielite transversa necrosante. É necessário, além da mielite transversa com nível de sensibilidade bem determinado, a presença da síndrome óptica, papilite (neurite intrabulbar) ou neurite retrobulbar, para o diagnóstico O liquor pode apresentar aumento de g-globulina. Lesões exercendo efeito compressivo sobre a medula devem ser descartados por exames de imagem6. Ressonância nuclear magnética demonstra a existência de lesões na substância branca à semelhança do que ocorre na esclerose múltipla. pode se apresentar de diversas formas: a mielite e a neurite podem ocorrer simultaneamente ou com um intervalo de tempo indeterminado; além disso, a doença pode ter um curso monofásico, sem novos eventos, ou recidivante, com ataques separados por meses ou anos. Uma vez que existe envolvimento da medula espinhal geralmente sob a forma de mielite transversa, o quadro clínico é de uma paraparesia, com perda sensorial bilateral e disfunção esfincteriana. O comprometimento do nervo óptico ocasiona amaurose que pode evoluir para cegueira, geralmente no caso de doença monofásica. No tratamento medicamentoso preconiza-se o uso de prednisona. PROGNÓSTICO A maioria dos pacientes com EM clinicamente evidente termina por apresentar incapacidade neurológica progressiva. O prognóstico a longo prazo para a EM melhorou nesses últimos anos, e a transição da EMRR para a EMPS ocorre agora em uma taxa anual de aproximadamente 1%, em comparação com 2 a 3% antes da disponibilidade de tratamento→ resultado, do uso disseminado das terapias modificadoras da doença para a EMRR. Prognostico melhor= embora seja difícil definir o prognóstico em determinado indivíduo, certas manifestações clínicas sugerem prognóstico mais favorável→NO ou sintomas sensitivos no início; menos de duas recidivas no primeiro ano de doença; e comprometimento mínimo após 5 anos. pacientes com evolução favorável em longo prazo têm tendência a desenvolver menos lesões na RM e apresentam menos atrofia cerebral durante os primeiros anos da doença e vice-versa. Prognóstico ruim= pacientes com ataxia do tronco, tremor de ação, sintomas piramidais ou evolução progressiva da doença→ incapacidade. alguns pacientes apresentam uma variante benigna de EM e nunca desenvolvem incapacidade neurológica. Acredita-se que a probabilidade de EM benigna seja inferior a 10%. Os pacientes com EM benigna 15 anos após o início, que apresentem exames neurológicos totalmente normais, tendem a manter sua evolução benigna. Nos pacientes com seu primeiro evento desmielinizante (síndrome clinicamente isolada), a RM do encéfalo fornece informações sobre o prognóstico. Com três ou mais lesões típicas nas imagens ponderadas em T2, o risco de EM após 20 anos é de cerca de 80%. Por outro lado, com RM do encéfalo normal, a probabilidade de EM cai para menos de 20%. A presença de duas ou mais lesões captantes de Gd no início, bem como o aparecimento de novas lesões ponderadas em T2 ou nova captação de Gd ≥ 3 meses após o episódio inicial→ são altamente preditivas de EM no futuro 9 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 GRAVIDEZ As pacientes grávidas com EM sofrem menos episódios do que o esperado durante a gestação (sobretudo no último trimestre), porém mais episódios do que o esperado nos primeiros 3 meses após o parto. Considerando o ano da gravidez como um todo (i9 meses da gestação mais 3 meses após o parto), a evolução geral da doença não é afetada. Assim, as decisões acerca de concepção devem basear-se (1) no estado físico da mãe, (2) na sua capacidade de cuidar da criança e (3) na disponibilidade de apoio social. A terapia modificadora da doença geralmente é suspensa durante a gravidez, embora o risco das interferonas e do acetato de glatirâmer seja baixo. TTO O tratamento da EM pode ser dividido em várias categorias: (1) tratamento das crises agudas, (2) uso de agentes modificadores da doença que reduzem a atividade biológica da EM e (3) terapia sintomática. Não há no momento tratamentos que promovam remielinização ou reparo neural, mas diversas abordagens promissoras estão sendo investigadas. EDSS A Escala Expandida do Estado de Incapacidade (EDSS, Expanded Disability Status Score) é uma medida da incapacidade neurológica na EM amplamente utilizada. A maioria dos pacientes com escores de EDSS < 3,5 apresenta deambulação normal e, em geral, não tem incapacidade; em contrapartida, os pacientes com escores > 4,0 têm EM progressiva (EMPS ou EMPP), comprometimento da marcha e, com frequência, incapacidade ocupacional. CRISES AGUDAS Quando os pacientes sofrem deterioração aguda, é importante considerar se tal alteração reflete nova atividade da doença ou “pseudoexacerbação” resultante de aumento da temperatura ambiente, febre ou infecção. GLICOCORTICOIDE, PLASMAFÉRESE, FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL= Fisioterapia e terapia ocupacional ajudam a preservar a mobilidade e destreza manual. -GLICOCORTICOIDES= são usados em caso de primeira crise ou de exacerbação aguda. benéficos a curto prazo ao reduzir a gravidade e encurtar a duração dos episódios. Não se sabe ao certo se o tratamento proporciona algum benefício em longo prazo na evolução da doença. Em consequência, as crises leves muitas vezes não são tratadas. metilprednisolona intravenosa, 500 a 1.000 mg/dia durante 3 a 5 dias, sem redução gradual ou seguida por um ciclo de prednisona oral com dose inicialde 60 a 80 mg/dia e redução gradual ao longo de 2 semanas. A metilprednisolona, a prednisona ou a dexametasona (em doses equivalentes) administradas por via oral podem substituir a parte intravenosa da 10 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 terapia. Quase sempre é possível realizar tratamento em regime ambulatorial. Ef colaterais a curto prazo= retenção hídrica, perda de potássio, ganho ponderal, distúrbios gástricos, acne e labilidade emocional. Aconselha-se o uso concomitante de dieta pobre em sal e rica em potássio, bem como evitar diuréticos excretores de potássio. Se labilidade emocional e insônia= carbonato de lítio (300 mg por via oral, 2×/dia); História de ulcera péptica= cimetidina (400 mg, 2×/dia) ou ranitidina (150 mg, 2×/dia). IBP, como o pantoprazol (40 mg por via oral, 2×/ dia) reduzem a probabilidade de gastrite, particularmente quando administrados em grandes doses por via oral. Se pseudoexacerbação→ tto com corticoide é inapropriado. -PLASMAFÉRESE= 5 a 7 trocas: 40 a 60 mL/kg por troca, em dias alternados, por 14 dias) pode beneficiar pacientes com crises fulminantes de desmielinização que não tenham respondido aos glicocorticoides. Entretanto, o custo é alto, e faltam evidências conclusivas de sua eficácia. TERAPIA MODIFICADORA DE DOENÇA PARA FORMAS RECIDIVANTES DE EM (EMRR, EMPS COM EXACERBAÇÕES) Agentes imunomoduladores e imunossupressores Em ensaios clínicos de fase 3, cada um desses agentes demonstrou reduzir a frequência de recidivas clínicas e a evolução de novas lesões cerebrais na RM nas formas recidivantes de EM + também pode ser usado em pacientes com EMPS que continuam apresentando crises, visto que a EMPS pode ser difícil de distinguir da EM recidivante e tendo em vista que os ensaios clínicos disponíveis, apesar de não serem definitivos, sugerem que esses pacientes algumas vezes podem obter benefício terapêutico. EMRR • B-INTERFERONA é uma interferona da classe I originalmente identificada pelas suas propriedades antivirais. Sua eficácia na EM provavelmente resulta das propriedades imunomoduladoras, incluindo (1) infrarregulação da expressão das moléculas do MHC nas células apresentadoras de antígenos, (2) redução dos níveis de citocinas pró-inflamatórias e aumento dos níveis de citocinas reguladoras, (3) inibição da proliferação das células T e (4) limitação do trânsito das células inflamatórias no SNC. diminui a frequência das crises e retarda o acúmulo da incapacidade e carga da doença documentada na RM. deve ser considerada em pacientes com formas recidivantes de EM (EMRR ou EMPS com recidivas superpostas). Ensaios clínicos sugerem que a administração mais frequente e com doses mais altas de β-IFN é mais eficaz, porém também apresenta maior probabilidade de induzir a produção de anticorpos neutralizantes . -DOSE= dose de 30 μg, IM, uma vez por semana. A β-IFN- 1a, 44 μg, SC três vezes por semana. A β-IFN-1b, 250 μg, SC em dias alternados. A β-IFN-1a peglilada, na dose de 125 μg, SC 1 vez a cada 14 dias. β-IFN-1a peglilada é uma interferona a qual está ligada covalentemente uma única molécula linear de metoxipoli(etilenoglicol)-O-2-metilpropionaldeído de 20 mil dáltons; a molécula peguilada contribui para a redução de sua depuração in vivo, permitindo a sua administração menos frequente. -EF. ADVERSOS= sintomas de tipo gripal (febre, calafrios e mialgias) e anormalidades leves nos exames laboratoriais de rotina (elevação das provas de função hepática ou linfopenia). Raramente ocorre hepatotoxicidade mais grave. subcutânea provoca reações no local de injeção (dor, eritema, enduração ou, raras vezes, necrose cutânea). Foi relatada a ocorrência de depressão, aumento da espasticidade e alterações cognitivas, porém esses sintomas também podem ser causados pela doença subjacente. TODOS OS EFEITOS DESAPARECEM AO LONGO DO TEMPO. -ANTICORPOS NEUTRALIZANTES= Cerca de 2 a 10% dos que recebem β-IFN-1a, 15 a 25% dos que recebem β- IFN-1a e 30 a 40% dos que recebem β-IFN-1b produzem anticorpos neutralizantes contra β-IFN, que podem desaparecer com o passar do tempo. Menos de 1% dos pacientes tratados com β-IFN-1a desenvolvem anticorpos neutralizantes. Para o paciente que esteja respondendo de modo satisfatório à terapia, a presença de anticorpos não deve afetar o tratamento. Já no paciente que não apresente resposta satisfatória à terapia, deve-se considerar um tratamento alternativo, mesmo se não houver anticorpos detectáveis. • ACETATO DE GLATIRÂMER (eficácia modesta) é um polipeptídeo randômico sintético, constituído de quatro aminoácidos (ácidos L-glutâmico, L-lisina, L- alanina e L-tirosina). Seu mecanismo de ação pode incluir (1) indução de células T supressoras antígeno-específicas; (2) ligação a moléculas do MHC, deslocando, assim, a MBP ligada; ou (3) alteração do equilíbrio entre citocinas pró- inflamatórias e reguladoras. O acetato de glatirâmer reduz a taxa de crises (sejam elas medidas clinicamente ou pela RM) na EMRR. produziu melhoras nos parâmetros de gravidade da doença. →deve ser considerado como uma alternativa igualmente efetiva à β-IFN em pacientes com EMRR. -Sua utilidade na doença progressiva é desconhecida; 11 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 -DOSE= administrado por injeção subcutânea de 20 mg todos os dias ou 40 mg três vezes por semana. -EF. ADVERSOS= reações no local de injeção; 15% dos pacientes apresentam um ou mais episódios de rubor, dor torácica, dispneia, palpitações e ansiedade após a injeção. Essa reação sistêmica é imprevisível, breve (com duração < 1 hora) e não tende a recidivar; alguns pacientes apresentam lipoatrofia, que, em certas ocasiões, pode ser desfigurante, exigindo a interrupção do tratamento. • FINGOLIMODE (Eficácia moderada) é um inibidor da esfingosina-1-fosfato (S1P), que impede a saída dos linfócitos dos órgãos linfoides secundários, como os linfonodos e o baço. O seu mecanismo de ação deve-se, provavelmente, ao sequestro de linfócitos na periferia, inibindo, assim, o seu tráfego para o SNC. reduz a taxa de crises e melhora significativamente todos os parâmetros de gravidade da doença na EM. -DOSE= 0,5 mg, é administrado por via oral diariamente. é bem tolerado. -EF ADVERSOS= Anormalidades discretas nos exames laboratoriais de rotina (elevação das provas de função hepática ou linfopenia)→pode necessitar de suspensão do tto; bloqueio da condução cardíaca de primeiro e segundo grau e bradicardia →período de observação de 6 horas (incluindo monitoramento com eletrocardiograma) para todos os pacientes que recebem a primeira dose; edema da mácula e, raramente, infecção disseminada pelo vírus varicela- zóster (VZV) e criptocócica→antes de iniciar o tratamento, indicam-se exame oftalmológico e vacina contra vírus da varicela-zóster (VZV); pode causar prolongamento do QT com potencial de interações medicamentosas com outros fármacos que também prolongam o intervalo QT. • FURAMATO DE DIMETILA (eficácia mod) metabólito do ciclo de Krebs com efeitos anti- inflamatórios na psoríase. parece modular a expressão de citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias. Além disso, inibe a ubiquilação e degradação do fator 2 relacionado ao fator nuclear E2 (Nrf2) – um fator de transcrição que se liga a elementos de resposta a antioxidantes (AREs) localizados no DNA e, assim, induz a transcrição de diversas proteínas antioxidantes. reduz a taxa de crises e melhora significativamente todos os parâmetros de gravidade da doença. -DOSE= 240 mg, via oral, duas vezes ao dia o torna de certa forma menos conveniente para os pacientes em comparação com as terapias orais diárias. -EF. ADVERSOS= gastrintestinais (desconforto abdominal, náuseas, vômitos e diarreia) são comuns no início do tratamento, mas em geral cedemcom a continuação; rubor, redução discreta das contagens de neutrófilos e linfócitos e elevações das enzimas hepáticas; Recomenda-se o monitoramento para linfopenia a cada 6 meses. Para pacientes com linfopenia persistente (contagem de linfócitos < 500 células/mL), recomenda-se considerar tratamentos alternativos, devido ao risco de LEMP; lesão hepática clinicamente significativa durante o tratamento com DMP. As provas de função hepática devem ser avaliadas antes do tratamento e quando clinicamente indicado. • NATALIZUMABE (alta eficácia) é um anticorpo monoclonal humanizado dirigido contra a subunidade α4 da integrina α4β1, uma molécula de adesão celular expressa na superfície dos linfócitos. Impede a ligação dos linfócitos às células endoteliais, prevenindo, assim, a penetração dos linfócitos na BHE e a sua entrada no SNC. altamente efetivo na redução da taxa de crises e melhora de forma significativa todos os parâmetros de gravidade da doença. -DOSE= 300 mg, é administrado por infusão IV a cada mês. é bem tolerado. -EF. ADVERSOS= reações de hipersensibilidade (incluindo anafilaxia), e cerca de 6% desenvolvem anticorpos neutralizantes contra a molécula; tratamento de longo prazo é o risco de LEMP, uma condição potencialmente fatal que resulta da infecção pelo vírus John Cunningham (JC)→incidencia baixa no 1º ano de tto, em seguida, aumenta nos anos subsequentes de tratamento, alcançando um nível de cerca de 2 casos por 1.000 pacientes por ano. metade da população adulta é positiva para anticorpos anti- JC, indicando que tiveram uma infecção assintomática pelo vírus no passado. Portanto, em pacientes que não apresentam esses anticorpos, o risco de LEMP é mínimo (< 1:10.000 contanto que permaneçam sem anticorpos anti-JC). Por outro lado, nos pacientes portadores desses anticorpos (em especial aqueles com títulos elevados), o risco pode chegar a 1,1% ou mais. 2% dos pacientes com EM soronegativos que recebem tratamento com natalizumabe sofrem soroconversão anualmente→ recomenda-se a pesquisa de anticorpo anti-JC a intervalos de 6 meses em todos os pacientes→ se positivo mudar droga. recomendado apenas para pacientes com exame negativo para anticorpos anti-JC, a não ser que as terapias alternativas tenham fracassado ou que a evolução de sua doença seja particularmente agressiva. • OCRELIZUMABE (alta eficácia) é um anticorpo monoclonal humanizado dirigido contra a molécula CD20 presente na superfície das células B maduras. o tratamento com ocrelizumabe causa depleção seletiva das células B maduras, enquanto preserva a imunidade humoral preexistente e a capacidade de reconstituição das células B por células- tronco linfoides→interrupção do tráfego das células B da periferia para o SNC e redução da apresentação de antígenos e/ou modulação da secreção de citocinas pelas células B. 12 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 -DOSE= 600 mg, por infusão intravenosa a cada 24 semanas (em duas infusões de 300 mg com intervalo de 2 semanas para a primeira dose e como infusão única de 600 mg a cada 24 semanas posteriormente); administra-se metilprednisolona intravenosa, 100 mg, antes de cada infusão, e recomenda-se uma profilaxia opcional com analgésicos/antipiréticos, bem como a administração de anti-histamínicos, juntamente com ajuste da velocidade de infusão para controlar as reações relacionadas à infusão. -EF ADVERSOS= relacionados a infusão; risco muito pequeno de LEMP (estimado em < 1:25.000/ano); apresenta algum risco de aumento de neoplasias malignas, incluindo câncer de mama. MENOS COMUMENTE USADOS: • TERIFLUNOMIDA (ef modesta) inibe a enzima mitocondrial di-hidro-orotato- desidrogenase, componente-chave da via da biossíntese de pirimidina a partir de carbamoil-fosfato e aspartato. Trata-se do metabólito ativo da leflunomida→produz seus efeitos anti-inflamatórios limitando a proliferação de células T e B em divisão acelerada. reduz a taxa de crises e melhora significativamente todos os parâmetros de gravidade da doença. -DOSE= 7 ou 14 mg, é administrada diariamente por via oral -EF ADVERSOS= rarefação leve de cabelo e sintomas gastrintestinais (náuseas e diarreia); raramente causa necrólise epidérmica tóxica ou síndrome de Stevens- Johnson; possível teratogenicidade (categoria X para uso na gestação) do fármaco. -pode permanecer na corrente sanguínea por 2 anos, devido à reabsorção hepatobiliar→mulheres e homens expostos que desejem conceber recebam colestiramina ou carvão ativado para eliminar qualquer fármaco residual. • ALENTUZUMABE (alta eficácia) anticorpo monoclonal humanizado direcionado contra o antígeno CD52, expresso em monócitos e linfócitos. Ele causa depleção de linfócitos (células B e T) e uma mudança na composição dos subtipos de linfócitos. Em virtude de seu perfil de toxicidade, a FDA indica o alentuzumabe apenas para pacientes que tentaram pelo menos duas outras terapias modificadoras da doença, que não tiveram sucesso. • CLORIDRATO DE MITOXANTRONA (ef alta) ação antineoplásica por (1) intercalação no DNA e produção de quebras de fita e ligações cruzadas entre fitas, (2) interferência na síntese do RNA e (3) inibição da topoisomerase II (envolvida no reparo do DNA). indicada para uso em pacientes com rápido agravamento da EM. -DOSE= 12 mg/m2 a cada 3 meses, com duração máxima de 2-3 anos. -EF ADVERSOS= cardiotoxicidade→ miocardiopatia, redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo e insuficiência cardíaca congestiva irreversível; leucemia; amenorreia. a maioria dos pacientes com formas recidivantes de EM recebia agentes injetáveis (β-IFN ou acetato de glatirâmer) como primeira linha de tratamento. Todavia, com a introdução de agentes orais efetivos, que incluem fumarato de dimetila, fingolimode e teriflunomida, essa situação começou a mudar. O ocrelizumabe também pode ser usado como fármaco de primeira linha; EVOLUÇÃO INICIAL LEVE início recente, com exame normal ou incapacidade mínima (EDSS ≤ 2,5 ) ou baixa atividade da doença, justifica-se o uso de agente injetável (β-IFN ou acetato de glatirâmer) ou de agente por via oral (DMF, fingolimode ou teriflunomida). EVOLUÇÃO INICIAL MODERADA/ GRAVE doença altamente ativa ou com incapacidade moderada (EDSS > 2,5), recomenda-se um agente oral altamente efetivo (DMF ou fingolimode) ou, se o paciente for soronegativo para vírus JC, terapia com infusão de natalizumabe. o tratamento deve ser alterado se o paciente continuar a ter recidivas, incapacidade neurológica progressiva ou, sujeito a debate, evidência de atividade subclínica no exame de RM. Como os sintomas progressivos provavelmente resultam de perda acumulada de axônios e neurônios, muitos especialistas acreditam hoje que o tratamento muito precoce com um fármaco modificador da doença seja apropriado para a maioria dos pacientes com EM. Também se justifica adiar a instituição do tratamento em pacientes com (1) exames neurológicos normais, (2) uma única crise da doença ou frequência baixa de crises e (3) baixa carga de doença, com base na avaliação pela RM do cérebro. os pacientes não tratados devem ser acompanhados rigorosamente com RM do cérebro efetuada periodicamente; a 13 LARYSSA BARROS – P7 – MED – TUT M3 necessidade de tratamento é reavaliada se os exames revelarem sinais de doença subclínica em curso. -VIT D= eventuais deficiências de vitamina D devem ser corrigidas em todos os pacientes com EM, e em geral isso exige suplementação oral com 4.000 a 5.000 UI de vitamina D3 diariamente. EM PROGRESSIVA EMPS→β-IFN em alta dose provavelmente tem efeito benéfico em pacientes com EMPS com doença ativa. EMPP→ Ocrelizumabe TTO SEM INDICAÇÃO FORMAL P EMRR E EMPS -Azatioprina, metotrexato, ciclofosfamida, imunoglobulina IV, pulsos mensais de metilpredinisolona,transplante de células tronco hematopoiéticas. TTO SINTOMÁTICO Para todos os pacientes, é conveniente estimular a atenção para um estilo de vida saudável, incluindo manutenção de uma perspectiva otimista, dieta saudável e atividade física regular, quando tolerada (a natação é bem tolerada, em razão do efeito de resfriamento da água fria). É também razoável corrigir a deficiência de vitamina D com vitamina D oral. -ATAXIA/ TREMOR= incurável→ clonazepam, 1,5 a 20 mg/dia, a primidona, 50 a 250 mg/dia, o propranolol, 40 a 200 mg/dia, ou a ondansetrona, 8 a 16 mg/dia, podem ser úteis. Pesos nos pulsos às vezes reduzem o tremor no braço ou na mão. A talamotomia e a estimulação cerebral profunda foram tentadas com sucesso variável. -ESPASTICIDADE/ ESPASMOS= fisioterapia, exercícios regulares e alongamento. baclofeno (20-120 mg/dia), diazepam (2-40 mg/dia), tizanidina (8-32 mg/dia), dantroleno (25-400 mg/dia) e cloridrato de ciclobenzaprina (10 a 60 mg/dia). Para a espasticidade grave, uma bomba de baclofeno (que administra o fármaco diretamente no LCS) pode proporcionar alívio substancial. exclusão dos fatores desencadeantes (infecções, fecalomas, úlceras de decúbito) é importantíssima. -FRAQUEZA= bloqueadores dos canais de potássio, como a 4-aminopiridina (20 mg/dia) e a 3,4- diaminopiridina (40-80 mg/dia). 4-aminopiridina (10 mg duas vezes ao dia) de liberação prolongada. podem causar convulsões. -DOR= anticonvulsivantes (carbamazepina, 100-1.000 mg/dia; fenitoína, 300-600 mg/dia; gabapentina, 300- 3.600 mg/dia; ou pregabalina, 50-300 mg/dia), antidepressivos (amitriptilina, 25-150 mg/dia; nortriptilina, 25-150 mg/dia; desipramina, 100-300 mg/dia; ou venlafaxina, 75-225 mg/dia) ou antiarrítmicos (mexiletina, 300-900 mg/dia). -DISFUNÇÃO VESICAL= A restrição hídrica vespertina ou micção voluntária frequente podem melhorar a hiper- reflexia do detrusor. Se esses métodos falharem, o brometo de propantelina (10-15 mg/dia), a oxibutinina (5-15 mg/dia), o sulfato de hiosciamina (0,5-0,75 mg/dia), o tartarato de tolteridina (2-4 mg/dia) ou a solifenacina (5-10 mg/dia) poderão ajudar. -DISSINERGIA DETRUSOR/ESFINCTER= pode responder à fenoxibenzamina (10-20 mg/dia) ou ao cloridrato de terazosina (1-20 mg/dia). A perda da contração reflexa da parede vesical pode responder ao betanecol (30- 150 mg/dia). -ITU= sempre tratar. prevenção por acidificação da urina (com suco de oxicoco [cranberry] ou vitamina C) inibe algumas bactérias. A administração profilática de antibióticos às vezes é necessária, mas pode induzir à colonização por microrganismos resistentes. -CONSTIPAÇÃO= dietas ricas em fibras e líquidos. Os laxativos naturais podem ser úteis. A incontinência fecal pode responder à redução das fibras alimentares. -DEPRESSÃO= Tratar →ISRS (fluoxetina, 20-80 mg/dia, ou sertralina, 50-200 mg/dia), os tricíclicos (amitriptilina, 25- 150 mg/dia; nortriptilina, 25-150 mg/dia; ou desipramina, 100-300 mg/dia); não tricíclicos (venlafaxina, 75-225 mg/dia). -FADIGA= dispositivos de auxílio, ajuda domiciliar ou tratamento bem-sucedido da espasticidade. Os pacientes com noctúria frequente podem beneficiar-se de medicação anticolinérgica à hora de deitar. sonolência diurna excessiva causada pela EM pode responder à amantadina (200 mg/dia), metilfenidato (5- 25 mg/dia), modafinila (100-400 mg/dia) ou armodafinila. -PROBLEMAS COGNITIVOS= Lisdexanfetamina (40 mg/dia). -SINTOMAS PAROXÍSTICOS= doses baixas de anticonvulsivantes (acetazolamida, 200-600 mg/dia; carbamazepina, 50- 400 mg/dia; fenitoína, 50-300 mg/dia; ou gabapentina, 600-1.800 mg/dia). -SENSIBILIDADE DO CALOR= evitando altas temperaturas→uso de condicionadores de ar ou roupas refrescantes. -DISFUNÇÃO SEXUAL= Lubrificantes, que ajudam a estimulação genital e a excitação sexual. A sildenafila (50-100 mg), a tadalafila (5-20 mg) ou a vardenafila (5- 20 mg), tomadas 1 a 2 horas antes da relação sexual, são tratamentos-padrão para a disfunção erétil. EM AGU DA (VARI ANT E CLÍ N I CA) é um processo desmielinizante fulminante que em alguns casos evolui para morte em 1 a 2 anos. Em geral, não há remissão. Quando manifesta-se como lesão solitária, habitualmente cavitária, suspeita-se frequentemente de tumor cerebral→ a biópsia cerebral costuma ser necessária para estabelecer o diagnóstico. ESCLEROSE CONCENT RI CA DE BALO é outra síndrome desmielinizante fulminante, caracterizada por lesões concêntricas no cérebro ou na medula espinal, com esferas alternadas de desmielinização e remielinização.