Prévia do material em texto
Júlia Salarini – Turma 106 Anamnese e Prontuário Médico ANAMNESE ESTRUTURAS DE ANAMNESE Parte mais importante da medicina, pois a comunicação é imprescindível dentro da prática médica. Anamnese bem feita X mal feita: o Se ela não for tecnicamente correta (se partir de premissas erradas) é impossível chegar ao diagnóstico correto e será necessário voltar e refazer toda a história. Progresso tecnológico: Não substitui a anamnese "só é possível achar se você estiver procurando" o Através da anamnese é possível ter um direcionamento para, a partir daí saber o que procurar. A anamnese é uma entrevista, logo, a linguagem aplicada é de suma importância o Situações especiais: Libras, escrita e tradutor -> responsáveis por auxiliar em uma anamnese correta, facilitando a compreensão do que o paciente tem a dizer. A anamnese é diferente de um bate papo, pois nela é necessário um método, sem o qual não existe uma hipótese. POSSIBILIDADES E OBJETIVOS DA ANAMNESE Estabelecer condições para uma adequada relação médico-paciente. Conhecer, por meio da identificação, os determinantes epidemiológicos que influenciam no processo saúde-doença de cada paciente. (sexo, cor, idade, gênero) o Ex. a hipertensão arterial é mais presente nos negros. o Ex. não existe mulher hemofílica. Fazer a história clínica, registrando, detalhada e cronologicamente, os problemas de saúde do paciente. A anamnese começa no momento de surgimento do problema, e caso haja algo antes, deve ser colocado antes. Registrar e desenvolver práticas de promoção de saúde. Avaliar o estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares e ambientais que influenciam no seu processo de saúde-doença. Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas condições socioeconômicas e culturais (nesse momento é vital que o paciente possua confiança em você e que o sigilo médico seja guardado.) o A história clínica só pode ser contada dentro de contextos científicos Avaliar, de maneira clara, os sintomas de cada sistema corporal MANEIRAS DE FAZER UMA ANAMNESE Deixar o paciente relatar livre e espontaneamente o Muito utilizado na psiquiatria, mas para o resto das clínicas isso não funciona muito bem. Anamnese dirigida: composta por perguntas para guiar o paciente o Queixa principal e diante dela, saber as histórias Anamnese híbrida: composta por perguntas, mas quando a pessoa está muito ansiosa ou querendo dizer algo diferente da queixa principal é bom deixar a pessoa falar. Anamnese dialogada - era do google: o paciente já chega dando o diagnóstico o Se você chegar para o paciente na grosseria você perde o paciente, então é melhor tentar dialogar, explicando porque não é aquele diagnóstico do google e considerar, juntos, outras hipóteses. "a história clínica é o resultado de uma entrevista com objetivo explícito, conduzida pelo examinador e cujo conteúdo foi elaborado criticamente por ele” Na anamnese não é possível obter sucesso sem interesse no paciente e desejo de ser útil o De acordo com código de ética médica o foco de toda a atenção deve ser o paciente. EVITAR!! Espírito preconcebido. Perder a condução da anamnese. Irritação e perda de paciência ou controle. Júlia Salarini – Turma 106 Rigidez -> seja flexível, anamnese é construção de pontes, e não construção de muros. REGRAS FUNDAMENTAIS: Valorize o primeiro contato. Cumprimente o paciente perguntando seu nome e dizendo o seu. Demonstre atenção ao que o paciente diz. Compreender e conhecer condições socioeconômicas. Não sugestionar os pacientes com perguntas de origem preconcebidas. Respeite o tempo direcionado para a anamnese. “Só se acha o que se procura e só procura o que se conhece”. Foco -> organização do raciocínio. Os dados fornecidos pelos exames complementares nunca corrigem as falhas e as omissões cometidas na anamnese. TÉCNICAS SUGERIDAS POR BICKLEY E SZILAGYI (2010) Apoio. Facilitação. Reflexão. Esclarecimento com palavras adequadas, de forma técnica e correta. Confrontação, com educação. Interpretação (adaptar ao seu linguajar). Respostas empáticas. Silêncio. ELEMENTOS COMPONENTES DA ANAMNESE Identificação -> perfil sociodemográfico, hábitos individuais e coletivos. Queixa principal -> motivo da consulta. História da doença atual -> registro cronológico e detalhado do problema atual. Antecedentes pessoais e familiares -> avaliação do estado de saúde e fatores pessoais e familiares que influenciam. Hábitos e estilo de vida -> alimentação, exercícios, história ocupacional, consumo de substâncias lícitas ou ilícitas. Condições socioeconômicas e culturais -> habitação, família, renda, lazer, crença, escolaridade. PRONTUÁRIO MÉDICO Todo atendimento, por mais simples que seja, deve ser registrado em ficha clínica ou prontuário, uma vez que é impossível guardar na memória as queixas, diagnóstico e as prescrições terapêuticas de todos os pacientes. o Com isso, o médico se resguarda legal e eticamente. Você não tem responsabilidade até o momento no qual você toma ciência do fato, após isso, você é responsável, mesmo que a informação não seja dada em um contexto médico. “o prontuário do paciente é o documento único constituído de um conjunto de informações registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência prestada a ele, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo.” O prontuário pertence ao paciente e fica sob a guarda do médico e/ou instituição. É o principal instrumento de defesa do médico, nas demandas éticas, civil, administrativas ou criminal. É um valioso dossiê. Mantém um padrão de campos para serem preenchidos. TIPOS DE PRONTUÁRIO: PRONTUÁRIO DE PAPEL Possui muitas limitações. Mais riscos do que benefícios. PRONTUÁRIO ELETRÔNICO Muitas vantagens. BÁSICO 1. Desenvolvidos para consultórios médicos, hospitais e centros de saúde. 2. Elementos de identificação do paciente. 3. Medicamentos e geração de receitas. 4. Registros de resultados de exames laboratoriais. 5. Informações de saúde registradas pelo médico em cada visita do paciente. UPGRADE 1. Emissão de alertas. 2. Prescrição e solicitação de medicamentos. 3. Informações sobre admissão e alta. 4. Dados financeiros. 5. Registros da equipe multiprofissional. Júlia Salarini – Turma 106 VANTAGENS 1. Acesso rápido. 2. Disponibilidade remota. 3. Uso simultâneo. 4. Legibilidade das informações. 5. Fim da redigitação. 6. Integração com outros sistemas de informação. 7. Processamento contínuo de dados. 8. Informações organizadas de maneira sistemática. 9. Inexistência da possibilidade de extravio das fichas. 10. Controle do fluxo de pacientes nos sistemas de saúde. 11. Solicitação e verificação de exames complementares e medicamentos. 12. Mais agilidade. 13. Melhora da qualidade. 14. Evita deterioração, perda e alteração das informações. DESVANTAGENS 1. Necessidade de grandes investimentos em hardware e software com atualizações frequentes. 2. Treinamentos dos usuários. 3. Resistência dos profissionais de saúde ao uso de sistemas informatizados. 4. Receio dos profissionais em expor suas condutas clínicas. 5. O sistema pode ficar inoperante por horas ou dias. 6. Demora para a coleta de todos os dados obrigatórios. 7. Questões relacionadas à confiabilidade e segurança das informações (LGPD). 8. Impacto na relação médico paciente. CAPÍTULO X DO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA – DOCUMENTOS MÉDICOS É vedado ao médico: Art. 84. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, exceto quando houverindícios de morte violenta. Art. 85. Permitir o manuseio e o conhecimento dos prontuários por pessoas não obrigadas ao sigilo profissional quando sob sua responsabilidade. Art. 86. Deixar de fornecer laudo médico ao paciente ou a seu representante legal quando aquele for encaminhado ou transferido para continuação do tratamento ou em caso de solicitação de alta. Art. 87. Deixar de elaborar prontuário legível para cada paciente. § 1º O prontuário deve conter os dados clínicos necessários para a boa condução do caso, sendo preenchido, em cada avaliação, em ordem cronológica com data, hora, assinatura e número de registro do médico no Conselho Regional de Medicina. § 2º O prontuário estará sob a guarda do médico ou da instituição que assiste o paciente. Art. 88. Negar, ao paciente, acesso a seu prontuário, deixar de lhe fornecer cópia quando solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros. Art. 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por escrito, pelo paciente, para atender ordem judicial ou para a sua própria defesa. § 1º Quando requisitado judicialmente o prontuário será disponibilizado ao perito médico nomeado pelo juiz. § 2º Quando o prontuário for apresentado em sua própria defesa, o médico deverá solicitar que seja observado o sigilo profissional. Art. 90. Deixar de fornecer cópia do prontuário médico de seu paciente quando de sua requisição pelos Conselhos Regionais de Medicina. Art. 91. Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando solicitado pelo paciente ou por seu representante legal.