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Hemotransfusão Antígeno e anticorpo Toda pessoa tem antígenos no sangue que circulam livre ou sobre a superfície das hemácias, leucócitos e plaquetas · Esses antígenos são divididos em grupos sanguíneos em função de similaridades estruturais. · Dentro de cada grupo, existem os tipos sanguíneos – antígeno do grupo presente. · Sangue das pessoas compatíveis de acordo com esses grupos – eficácia e risco de reações adversas à hemotransfusão. Aloimunização · Quando um indivíduo é exposto a um antígeno que não faz parte do seu organismo · Cria anticorpos contra (aloanticorpos) → aglutinação. · Na maioria dos grupos, a aloimunização ocorre após a primeira transfusão ou gestação (feto com antígenos diferentes do da mãe). · Em outros grupos, é natural, pois microorganismos do meio secretam substâncias que mimetizam esses antígenos · Desenvolvemos tais aloanticorpos desde o início da vida contra aqueles antígenos. · Reações adversas já ocorrem na primeira transfusão. · ABO é um exemplo – carga antigênica grande e aloimunização natural intensa e frequente. · Compatibilidade ABO é o primeiro pré-requisito para transfusão bem sucedida. Grupo ABO · Tipo A, B, AB, O e O bombay. · Antígeno A e B se ligam na substância H presente nas células. · Indivíduos com sangue tipo A possuem anticorpos anti-B. · sangue tipo B possuem anticorpos anti-A. · Tipo AB não possuem nenhum desses anticorpos. · Portadores de sangue tipo O apresentam os dois anticorpos (anti-A e anti-B). · Sangue O Bombay possui três anticorpos (anti-H, anti-A e anti-B) – não possuem a substância H. · Mecanismo de defesa: bloqueia interação entre alguns microorganismos e seus receptores – Candida, meningococo e pneumococo. Grupo Rh · Antígeno D · Presença – Rh positivo. · Ausência – Rh negativo. · Rh negativo desenvolve poderosa aloimunização se receber sangue Rh positivo/gestação com feto positivo · Primeira exposição não tem reação adversa – ainda não tem os anticorpos. · Nas outras exposições: · Reação hemolítica transfusional · Doença hemolítica perinatal (IgG cruza a placenta). #Existem mais de 100 grupos sanguíneos além de ABO e Rh, com mais de 500 antígenos conhecidos · menos importante por serem menos imunogênicos e raramente se associam à hemólise grave e outras complicações. #Doença hemolítica do feto ou recém-nascido · Mulher Rh- quando tem algum filho com homem Rh+ e a criança é Rh+. · A mãe é sensibilizada pelos antígenos Rh da criança = começa a ter anticorpos anti-Rh. · Na segunda gestação, se o feto também for Rh positivo, os anticorpos já formados atravessam a placenta (IgG) e atacam as hemácias do feto. · Eritroblastose fetal/doença hemolítica do recém-nascido. · Tratamento no feto: Tx-intrauterina e antecipar parto · Tratamento do RN: transfusão exsanguínea · Prevenção: imunoglobulina D para a mãe Testagem pré-transfusão Tipagem · Foward type: amostram do sangue do paciente misturadas com anti-soros (com anti-A, anti-B e anti-D). · Identifica o ABO e Rh. · Aglutinação mostra o antígeno que a pessoa tem. · Reverse type: soro do paciente é misturada com hemácias de diferentes tipos ABO. · Identifica a isoaglutininas presentes no sangue da pessoa. · Ex: misturou o soro do paciente com hemácia tipo A e aglutinou = pessoa é B, pois tem anticorpos contra A. · Não pesquisa anti-D, pois não tem aloimunização natural. #O negativo não aglutina em nenhum momento da primeira etapa, mas aglutina em todos da segunda. Coombs indireto – Pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) · Identifica presença de aloanticorpos contra outros grupos. · Usam múltiplas amostras de hemácias O + (contém antígenos de outros grupos específicos). · Determina qual receptor possui aloanticorpos contra eles. Reação cruzada · Após aprovada nas duas etapas anteriores, uma parte da bolsa de sangue é misturada com o sangue do paciente. · Se não ocorrer aglutinação, confirma a compatibilidade ABO e Rh. · Afasta presença de aloanticorpos significativos contra outros grupos. · Transfusão realmente segura. #Testagens obrigatórias: sífilis, Chagas, hepatites B e C, HIV, HTLV I e II. Hemocomponentes Após coleta de doação (cerca de 450-500ml), o sangue costuma ser fracionado em hemocomponentes. Etapas · Centrifugação lenta = separa o concentrado de hemácias rico em plaquetas. · Plasma: passa por centrifugação rápida – 1U de plasma fresco é congelado em até 8 horas · evitar degradação dos fatores de coagulação. · Plasma fresco congelado (PFC). · PFC pode ser reaquecido lentamente – principais proteínas precipitam. · Passa por nova centrifugação – proteínas separadas. · Obtém o criopreciptado: rico em fibrinogênio, fator VIII e fvW. · Pode ser novamente congelado. A transfusão de plaquetas com concentrado convencional precisa de várias unidades – vários doadores = plaquetas randômicas. · Concentrado de plaquetas de doador único: em certas ocasiões, apenas as plaquetas são coletadas · Separadas dos demais componentes do sangue. · Máquina de aférese separa e devolve os componentes restantes para a circulação do doador. · 1 CPDU = 6 concentrados de plaquetas randômicas. · Serventia para os pacientes politransfundidos – aloimunizaçao contra o HLA. · Usa somente uma transfusão de plaquetas HLA-compatível. · Mais fácil selecionar uma única bolsa de CPDU. · Sangue total é todo dividido em múltiplos hemocomponentes. Processamento dos hemocomponentes Os hemocomponentes podem ser alterados com intuito de aumentar segurança da hemotransfusão. - Concentrado de hemácias (CHA) · Leucodepleção: passagem do CHA por um filtro de leucócitos. · Reduz o número de células brancas sem eliminá-las totalmente. · Ideal ser feita no momento da coleta – acumula menos citocinas pró-inflamatórias (leucócitos que liberam). · Diminui chance de transmissão de CMV (latente nos leucócitos) e de aloimunização contra HLA. · Lavagem: remoção do plasma (20% do volume da bolsa). · Em pacientes com história de reação transfusional alérgica. · Plasma é o grande responsável por essas reações. · Irradiação: inativar os leucócitos remanescentes após a leucodepleção. · Radiação ionizante promove quebras na cadeia de DNA – induz morte de células nucleadas. · Como em imunodeprimidos para evitar a doença enxerto x hospedeiro transfusional. · Os leucócitos do doador não são eliminados pelo sistema imune do receptor, passando a atacar os órgãos e tecidos dele. Reações adversas - Imunes: mediadas por anticorpos pré-formados no soro do receptor ou doador. · Reação Febril não hemolítica: é a mais comum · Presença de anticorpor anti-HLA no soro do receptor que atacam leucócitos do doador. · Liberação de citocinas pirogênicas · Prevenida por leucodepleção. · Diagnóstico de exclusão. · Interrupção e uso de antitérmicos. · Injúria pulmonar aguda: principal causa de morte por hemotransfusão. · Presença de anticorpor anti-HLA no soro do doador que atacam leucócitos do receptor. · Agregação na vasculatura pulmonar. · Edema agudo de pulmão. · Reação Hemolítica Transfusional aguda · Presença de aloanticorpos pré-formados – hemólise intravascular. · Principal: por incompatibilidade de ABO. · Interromper transfusão e hiper-hidratar o paciente. · Lavar a hemoglobina dos túbulos renais – evitar necrose tubular aguda. · Confirmação diagnóstica pelo teste do Coombs direto. · Reação Hemolítica Transfusional TARDIA – · Também é causada por aloanticorpos no soro de um receptor aloimunizado, · Ao contrário da RHT aguda, aqui os aloanticorpos inicialmente estão presentes em baixos títulos - não detectados nas testagens pré-transfusionais de rotina. · Nem sempre pode ser prevenido. · Cerca de 1-2 semanas após. · Reação Alérgica/Anafilática · Púrpura pós transfusão · Doença Enxerto versus Hospedeiro Trans-fusional - Não imunes: fatores químicos ou físicos relacionados ao hemocomponente ou aditivos. · Sobrecarga circulatória associada à transfusão. · Hipotermia · Distúrbios eletrolíticos e acidobásicos. · Hemocromatose secundária. · Hipotensão. · Sepse bacteriana. Indicações Concentrado de hemácias de adulto · Indicada em 3situações básicas · Hemorragia aguda · Pré e peroperatório. · Anemias. · Cada bolsa eleva a hemoglobina em 1 g/dL e o hematócrito em 3%. · Considerar sempre idade, sinais e sintomas, velocidade de instalação, dados laboratoriais, comorbidades. - Recomendações são variáveis · Anemia aguda: após perda de 25-30% da volemia. · Anemia lenta · Hb < 7 g/dL ou sinais e sintomas anêmicos – transfundir. · Hb > 10 g/dL: não transfundir. · Hb 7-10: avaliar a situação clínica. Concentrado de plaquetas · Dose de 1U/10Kg de randômica ou 1U da aférese. · Profilática (sem sangramento) · Plaquetas < 10.000 · Exceções: congênita, imune (PTI, dengue, HIV, HVC), PTT, CID e plaquetopenia por heparina. · Terapêutica · Plaquetas < 50.000 · Sangramento (exceção PTT com risco de vida). · Em condições especiais como procedimentos invasivos/tratamentos-QT, uso de ACO (anticoagulante oral). · Plaquetas entre 50.000-100.000 · com sangramento · sem sangramento, mas em situações especiais (SNC, pulmão, AAS, cirurgias oftalmológicas, ortopédicas, cardíacas, neuro). Plasma: tem fatores que ajudam e impedem o sangramento. Não fazer se o organismo está equilibrado, desregula a balança (ou sangramento ou trombose) · INR ⩾ 1,5 ou TTPA ⩾ 42 segundos. · Deficiência de fatores de coagulação na vigência de sangramento. · CID e hemorragias. · Hepatopatas com sangramento. · Transplante hepático. · INR e TTPA normais · Deficiência de proteínas C ou S associadas à trombose. · Trombose por déficit de antitrombina III. · PTT ou SHU. Crioprecipitado · Profilática (sem sangramento): fibrinogênio < 50 mg/dL. · Terapêutica · Fibrinogênio entre 120-150 mg/dL., com LMA-M3, com ou sem sangramentos. · Fibrinogênio entre 50-120 · LMA-M3, com/sem sangramento. · CID com/sem sangrar. · Hemorragias. · Pré-procedimento invasivo. · Fibrinogênio < 50 mg/dL: sempre transfundir. Casos estudados Caso 1 19 anos, sexo feminino, sem comorbidades, com HD de apendicite, apresentando Hb de 8,2, VCM: 64 e HCM: 23. Necessita de cirurgia de urgência e o médico solicitou 02 CH. · Anemia com microcitose e hipocromia em mulher jovem: provavelmente anemia por deficiência de ferro e crônica. · Sem sintomas ou comorbidades. · Cirurgia de pequeno porte. · Organismo jovem, forte. · Não transfundir! Caso 2 68 anos, sexo masculino, com antecedente de DM, ICO e dislipidemia, com HD de fratura de fêmur, apresentando Hb de 8,2, VCM: 64 e HCM: 23. Necessita de cirurgia de urgência e o médico solicitou 02 CH. · Homem idoso e com comorbidades, tem anemia sugestiva de sangramento TGI. · Cirurgias ortopédicas exigem Hb mais alta – sangra muito (grande porte). · Transfundir! Caso 3 33 anos, sexo feminino, com câncer de mama, em QT, apresentando Hb de 7,4. Queixando-se de tonturas e dispnéia aos médios esforços. Foi solicitado 01 CH. · Anemia sintomática. · Está num procedimento de QT que provavelmente vai cair mais ainda a hemoglobina. · Transfundir! Caso 4 49 anos, sexo masculino, 80 Kg, com antecedente de cirrose hepática e LH, em QT, apresentando Hb de 7,9, plaq: 9000 e INR: 2,8. Foram solicitados 01 CH, 01 aférese de plaquetas e 1600 ml de PFC. · Hepatopatia · Ausência de sangramento. · Errado: transfundir plaqueta e CH, mas não PFC (não está instável, podemos piorar a situação). Caso 5 Menina de 12 anos, com diagnóstico de PTI, com quadro de metrorragia e instabilidade hemodinâmica, apresentando Hb de 5,0 g/dl e plaq: 13.000. Solicitaram 03 CH e 01 aférese de plaquetas. · PTI, mas com sangramento (metrorragia) - risco de visa (Hb muito baixo e instabilidade hemodinâmica). · Plaqueta < 50.000 e já sangrando. · Tranfundir! Caso 6 6 anos, 25 kg, sexo masculino, vítima de acidente automobilístico, com sangramento pulmonar e TCE. Deu entrada no PS com Hb de 6,1, plaq: 65.000, INR: 1,9 e fibrinogênio: 109. Foram solicitados 250 ml CH, plaquetas, 500 ml PFC e 3U de Crio. · Fibrinogênio < 120 com sangramento (crio) · Plaqueta entre 50.000-100.000 com sangramento pulmonar (plaqueta). · INR > 1,5 com sangramento (PFC) · Hg baixa com sangramento e instabilidade TCE (CH) · Transfundir! Caso 7 24 anos, sexo masculino, deu entrada na emergência com suspeita de Dengue, apresentando febre alta, exantema cutâneo, gengivorragia leve pós escovação dentária e plaq de 2.000. Médico solicitou a transfusão de 01 aférese de plaquetas. · A plaqueta está < 10.000, mas sem sangramento importante – não pensamento em aférese profilática por conta da dengue · Transfundiria apenas em sangramento grave com risco de vida. · Não transfundir! Caso 8 26 anos, sexo feminino, puérpera, G2P1A1, Rh negativa, pai positivo, com RN de 18 horas apresentando anemia, icterícia e TAD positivo. Pediatras solicitaram exsanguíneo transfusão. · Trata-se de uma doença hemolítica do recém-nascido. · Mãe já sensibilidade de outras gestações. · Transfundir! (criança).
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