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RESUMO DAS PARTES I E II DO LIVRO FILOSOFIA DO DIREITO - UMA ANÁLISE HUMANISTA SOBRE O FENÔMENO JURÍDICO ATUAL, DE MÁRIO S. F. MAIA

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RESUMO DAS PARTES I E II DO LIVRO “FILOSOFIA DO DIREITO - UMA ANÁLISE HUMANISTA SOBRE O FENÔMENO JURÍDICO ATUAL”, DE MÁRIO S. F. MAIA
Na primeira parte da obra o autor inicia sua exposição a partir da questão da filosofia como uma atitude crítica. Nesse sentido, sua visão vai além de uma abordagem etimológica para revelar ao leitor a definição do que é filosofia, propondo uma atividade reflexiva para que se chegue à conclusão de que o que se faz durante a vida é filosofar, visto que a filosofia, segundo ele, não é uma atividade passiva, mas uma ação. Nessa vertente, o autor cita a filosofia socrática como sendo o comportamento humano questionador, crítico e cheio de dúvidas muitas vezes consideradas banais pela sociedade. Vale ressaltar que o autor traz uma abordagem materialista nas suas falas, isto é, ele procura observar e debater sobre como as coisas são e não como deveriam ser, busca enxergar o mundo concreto. 
Posteriormente, a obra faz uma relação entre a filosofia e a vida autêntica, mostrando que os verdadeiros filósofos vivem uma vida genuína, ou seja, vivem sem medo e conseguem vencer a angústia existencial, pois o ser autêntico possui um caráter terapêutico da presença, isto é, vivem no presente radical, presentificam o dia a dia. Nesse diapasão, a autenticidade, segundo o texto, diferencia o filósofo de um professor de filosofia, pois um professor que vai à faculdade e é conhecedor de muitos textos filosóficos não pode ser considerado filósofo se não viver uma vida autêntica. 
No que se refere ao curso de direito, a cadeira de filosofia é vista como uma perca de tempo, pois grande parte dos estudantes se interessam apenas pelas disciplinas dogmáticas como direito civil, penal, tributário etc. Nesse sentido, a atitude filosófica costuma ser mal vista pelos estudantes que, ao darem importância às disciplinas tidas como “mais importantes” do curso, não notam que a filosofia está a serviço de uma melhor compreensão do direito e do fenômeno jurídico. Assim sendo, a filosofia jurídica pensa fora da caixinha e enxerga o direito com um olhar diferenciado, atentando para o que a população entende por direito e como ela efetivamente se comporta, como se dá o trabalho de profissionais do direito e em que consiste sua técnica, quais os valores jurídicos da sociedade etc. 
Mais adiante o texto busca revelar sobre o que os filósofos profissionais falam e então começa a focar na teoria do conhecimento e busca trazer alguns pontos importantes desta para o leitor. Desse modo, pode-se entender que a filosofia buscou se desprender de explicação religiosas e mitológicas de mundo com o decorrer do tempo, tendo ela se tornado filha do secularismo, como expressa o autor. Tal teoria focaliza nas condições de possibilidade do conhecimento humano em um nível profundo, dando ênfase ao sistema sensorial e à profundidade da cognição humana. Além disso, a complexidade na divisão do trabalho científico fez surgir a necessidade dos pesquisadores em conhecer seu próprio ofício de maneira aprofundada, produzindo um campo de debate epistemológico. 
Outrossim, a obra se dedica a falar um pouco sobre o estudo do ser (ontologia) através de ideias heddegerianas, antropológicas e de Freud, mas focaliza principalmente na análise da ética. Partindo de uma visão idealista platônica inserida no texto, as reflexões éticas tratam da reflexão sobre a maneira como devemos nos comportar em sociedade para que tenhamos uma “vida boa”. Diante de uma base materialista, o estudo ético se volta para o estímulo de comportamentos humanos tolerantes, ou seja, gera a percepção da existência de diversos sujeitos de ser no mundo, evidenciando que não deve existir um padrão universal rigorosamente imposto aos seres humanos. Ademais, a ética no direito baseia-se na análise dos valores que ajudam a fundamentar idealmente os ordenamentos jurídicos modernos.
A segunda parte do texto mostra que as lições ofertadas pelos docentes nos cursos de graduação em direito se fundamentam em ideias abstratas, dando ao discente a impressão de que o direito é algo estático, contido única e exclusivamente nos textos de leis e livros doutrinários. Nesse sentido, a abordagem fenomenológica serve como ferramenta para auxiliar na formação de “juristas esclarecidos” que atuam na técnica e refletem sobre ela. Nisso, os cursos de graduação em direito, segundo a resolução 09/2014 do Conselho Nacional de Educação, “devem garantir uma formação humanística, “aliada a uma postura reflexiva e de visão crítica” (art. 3º), por outro, que devem formar juristas capazes de ter uma “adequada atuação técnico-jurídica” (art. 4º).” (p. 19).
Para a realização do exercício fenomenológico o autor apresenta algumas ferramentas para que essa tarefa seja alcançada. Entre essas ferramentas está o impulso fenomenológico que impulsiona o indivíduo a falar sobre as coisas como elas aparecem, tendo como fundamento uma filosofia materialista. Na área jurídica esse impulso se apresenta como contraponto ao idealismo marcante na teoria do direito. Nesse contexto, para a compreensão da ideia de campo profissional usada como guia interpretativo da atividade fenomenológica, deve-se considerar como objeto de estudo o comportamento dos seres humanos quando saem de casa para trabalhar. Outra ferramenta importante para o exercício fenomenológico é o habitus, que pode ser entendido como uma espécie de absorção de um comportamento a partir de um contexto delimitado de expectativas (campo simbólico). No âmbito do direito o habitus se refere ao processo de incorporação por parte dos juristas que desempenham as funções institucionais de determinado jeito de ser e agir dentro do universo do campo jurídico profissional.
No decorrer da leitura, o autor se dedica a falar da judicialização das relações sociais, buscando demonstrar que o direito está cada vez mais incorporado no cotidiano atual. Nesse sentido, percebe-se que o trabalho do jurista é cada vez mais utilizado como instrumento de controle social de praticamente todas as esferas da vida em sociedade. Nota-se o deslocamento do tratamento de certas questões da área política para a judiciária, mediante a utilização cada vez mais frequente do direito, como recurso, pelos atores sociais. O texto revela que em sociedades complexas da modernidade a concordância em não “fazer justiça com as próprias mãos” é um fator importante que faz o indivíduo buscar um terceiro institucional para resolver até mesmo conflitos considerados banais. Outro ponto importante para a judicialização da vida é o fato de que as pessoas procuram cada vez mais resolver seus litígios com base em um entendimento racional, isto é, baseada na análise dos agentes acerca do custo-benefício da utilização do serviço dos juristas profissionais.
Em seguida o debate gira em torno da relação entre a arquitetura dos ambientes jurídicos e o exercício do poder estatal, buscando revelar que a arquitetura dos ambientes exerce uma espécie de poder e autoridade. Logo adiante o autor comenta sobre os tipos de profissionais do campo jurídico, como por exemplo o professor e o prático forense, evidenciando suas características e diferenças fundamentais, bem como o olhar da sociedade para com essas profissões. Outro importante tópico tratado no texto é a do jurista profissional como expert no tratamento de conflitos, sendo o serviço jurisdicional estatal o principal meio de resolução desses conflitos. Entretanto, fica explícito que grande parte da vida do jurista também é dedicada às atividades desenvolvidas no ambiente forense. Dessa forma, “(...) toda a atividade forense consiste numa prestação de serviço público. O serviço público ofertado pelo Estado nesses ambientes jurídicos é o serviço de tratamento de conflitos sociais. A atividade forense materializa o serviço burocrático estatal de tratamento de conflitos.” (p. 59). 
Perante o que foi exposto, a parte final aborda a cotidianidade massificada e a atuação profissional nos casos com alto grau de repercussão. No primeiro caso, pode-se compreender que as demandasrepetitivas permitem ao profissional do direito maior previsibilidade nos resultados, uma maior “tranquilidade” na resolução dos casos. É tanto que essas tarefas são, em geral, divididas no campo entre profissionais de início de carreira e escritórios que recorrem a esquemas de captação de clientes e elaboração de estratégias de marketing, como expressa o texto. No entanto, nos casos em que há um alto grau de repercussão a pressão social é muitas vezes maior e o nível de constrangimento gerado também. Nesse contexto, o agente profissional tem que decidir uma questão concreta fundamentado no manuseio das fontes do direito (lei, jurisprudência, doutrina) e quando ocorrer de os agentes sociais externos ao campo jurídico perceberem a existência de diversas interpretações sobre consequências jurídicas de um mesmo caso, a consequência disso é o que se entende por crise da retórica da neutralidade (o falar do jurista “em nome do direito”).
REFERÊNCIA
MAIA, Mário S. F.. O Filósofo, a Filosofia e o Ato de Filosofar sobre o Direito; O Direito como Ofício Especializado: Trabalho e Trabalhadores no Campo Jurídico. In: MAIA, Mário S. F.. Filosofia do Direito: Uma análise humanista sobre o fenômeno jurídico atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2019. 124 p. cap. 1 e 2, p. 1-15; 17-76.

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