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MARIA GABRIELA MEDEIROS CUNHA DE ARAUJO 20170040338 PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA (PFP) ASPECTOS INICIAIS ANATOMOFISIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA & ETIOLOGIA 1 “Afecção clínica decorrente da lesão no nervo facial no trajeto a partir do tronco encefálico até a musculatura da mímica facial.” INTRODUÇÃO Pode gerar deformidade facial e comprometimento da capacidade de expressão das emoções ANATOMOFISIOLOGIA DO NERVO FACIAL VII nervo craniano Inervação de Músculos da mímica facial Glândulas lacrimais Glândulas salivares (sublingual e submandibular) - via nervo corda do tímpano Gustação dos ⅔ anteriores da língua (via nervo corda do tímpano) Sensibilidade mucosa nasal posterior e palato mole Sensibilidade concha auricular, pavilhão auricular e MAE Movimentos faciais voluntários Movimentos faciais involuntários Manutenção do tônus facial Diferencial anatômico: longo trajeto pelo osso temporal. O que em casos traumáticos e inflamatórios possibilita surgimento de síndrome compartimental Trajeto do nervo facial ANATOMOFISIOLOGIA DO NERVO FACIAL Segmento pontino 01 Segmento meatal 02 Segmento labiríntico 03 Segmento timpânico 04 Segmento mastoideo 05 Segmento extratemporal 06 CURRENT, AKL. Otorrinolaringologia: cirurgia de cabeça e pescoço : diagnóstico e tratamento. 3 ed. Porto Alegre : AMGH, 2013. CORRELAÇÕES ANATOMO-CLÍNICAS Há fibras neurais oriundas de cada córtex cerebral que não cruzam a linha média do tronco encefálico e vão estimular parte do núcleo facial responsável pela inervação da porção superior da hemiface homolateral. Paralisia facial periférica: lesão ocorre na saída da convergência pós colículo, com lesão das fibras que cruzaram e não cruzaram levando a uma paralisia dos andares superior e inferior da face ipsilateral à lesão Mm. quadrante superior = inervação dupla cortical Mm quadrante inferior = inervação apenas cortical contraleteral SILVA, C. V.; MARQUES, V.; NEVES, S. APLICAÇÃO DO MÉTODO KINÉSIO TAPING NA REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DAS PARALISIAS FACIAIS. FISIOPATOLOGIA DA PFP Diversidade de fatores etiológicos Trajeto longo do nervo facial Relação anatômica do nervo facial com nervos, mandíbula, orelha, parótida Trajeto interósseo temporal do nervo facial Maioria das PFP ocorre lesão no trajeto intratemporal do nervo facial Axônios e bainha de mielina sofrem edema → bloqueio elétrico neuronal + paralisia muscular Se aumentar agressão ao nervo → reduz fluxo sanguíneo → isquemia → SINDROME COMPARTIMENTAL = degeneração neuronal Ativação de mecanismos de reparação tecidual ETIOLOGIA DA PFP Tratado de otorrinolaringologia / organização Shirley Shizue Nagata Pignatari , Wilma Terezinha Anselmo- Lima. - 3. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2018. Mais frequentes: Paralisia de Bell (idiopática) Traumática Tumores Infecciosas CAUSAS CONGÊNITAS ISOLADAS SINDRÔMICAS Agenesia do nervo facial Sequência de Moebius (rara) - paralisia facial bilateral + paralisia do abducente uni ou bilateral + anomalia de extremidades Família Herpes Vírus VHS (tipo I causa Paralisia de Bell) VZV Após quadro de varicela / gengivoestomatite o vírus segue retrogradamente até os gânglios sensitivos e fica latente Reativação viral → inflamação do N. facial → PFP CAUSAS INFECCIOSAS: VIRAIS PFP + lesões cutâneas na concha auricular Zumbido Vertigem Mais grave nos idosos Pode deixar sequelas em 50% Paralisia de Bell (VHS) S. Hamsay Hunt (VZV) Paralisia da hemiface Aguda Não contagiosa Dor retroauricular em hemiface Cefaleia Altera sensibilidade em faringe Altera lacrimejamento Hiperacusia Boa parte não têm sequela Por Pseudomonas → necrose do osso temporal em imunossuprimidos e diabéticos OTITE EXTERNA NECROTIZANTE OTITE MÉDIA AGUDA Nas crianças principalmente pode causar PFP DOENÇA DE LYME CAUSAS INFECCIOSAS: BACTERIANAS Borrelia sp (picada de carrapto) Eritema migratório cutâneo → PFP LUES Treponema pallidum Manifestação aguda ou tardia Meningite + PFP HANSENÍASE Neurite do nervo facial OTITE MÉDIA TUBERCULOSA Mycobacterium tuberculosis Osteíte e envolvimento do N. facial Fraturas do osso temporal Fraturas da mandíbula Lesão por PAF - afeta o nervo facial intra e extratemporalmente Lesão por arma branca - afeta o nervo facial extratemporalmente Lesões iatrogênicas Mastoidectomias Parotidectomias Ritidoplastias Ressecção de tumores de fossa posterior Cirurgia buco-maxilo-facial Queimaduras Radiação nuclear CAUSAS TRAUMÁTICAS Granulomatose de Wegener Poliarterite Nodosa Crise hipertensiva arterial CAUSAS VASCULARES INFLAMAÇÃO DOS VASOS QUE NUTREM O NERVO FACIAL DM - microangiopatia leva à desmielinização + degeneração células de Schwann Hipotireoideismo - mixedema Gestação - edema CAUSAS METABÓLICAS CAUSAS NEUROLÓGICAS Síndrome de Guillian Barré Polirradiculoneuropatia inflamatória Uma das principais causas de PFP bilateral Miastenia Gravis Esclerose Múltipla TUMORES BENIGNOS Originário do nervo facial: Schwannoma do nervo facial Crescimento lento e paralisia facial progressiva Afetam o nervo tardiamente (comprometimento da vascularização) Tumor glômico jugular Schwannoma vestibular Meningeoma TUMORES MALIGNOS Carcinoma de orelha externa e média Tu de parótida Meta de pulmão, mama, próstata CAUSAS NEOPLÁSICAS CURRENT, AKL. Otorrinolaringologia: cirurgia de cabeça e pescoço : diagnóstico e tratamento. 3 ed. Porto Alegre : AMGH, 2013. AVALIAÇÃO CLÍNICA ANAMNESE & EXAME FÍSICO 2 ANAMNESE Súbita (neurológica) Insidiosa (tumoral benigna, degenrativa) INSTALAÇÃO DA PARALISIA ANTECEDENTE DE PFP QUESTIONAR OUTRAS QUEIXAS ASSOCIADAS AO VII NERVO HISTÓRIA DE TRAUMATISMO SINTOMAS ASSOCIADOS Importante na investigação etiológica Sensação de olho seco (incapacidade de fechar os olhos + menor produção lacrimal) Redução da gustação Dor retroauricular A PFP surgiu imediatamente após o trauma ou após dias? (prognóstico) EXAME FÍSICO Apenas andar inferior da hemiface contralateral à lesão fica paralisado Andar superior e inferior homolateral à lesão ficam paralisados CENTRAL PERIFÉRICA DETERMINAR SE PFP É PERIFÉRICA OU CENTRAL Avaliação da movimentação da musculatura facial no repouso Avaliação da movimentação da musculatura facial no movimento abolição das rugas frontais da testa; rebaixamento da ponta da sobrancelha; olho mais aberto ou pálpebra inferior caída do lado afetado; nariz desviado em vírgula para o lado são; abolição do sulco nasolabial; desvio e depressão da comissura labial; lábio superior e inferior desabados bochecha flácida pendendo em saco Solicitar para o paciente: fechar os olhos, sorrir, fazer um bico com os lábios Sinal de Bell - ao tentar fechar o olho, devido à oclusão palpebral deficitária pelo nervo facial, nota-se rotação do globo ocular para cima comandada por outros nervos EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO NO REPOUSO E EM MOVIMENTAÇÃO SINAL DE BELL Tratado de otorrinolaringologia / organização Shirley Shizue Nagata Pignatari , Wilma Terezinha Anselmo- Lima. - 3. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2018. Há pacientes com déficit motor maior ou menor, a depender do comprometimento maior ou menor das fibras axonais gerando, então, a dificuldade individual para fechar os olhos, o desvio mais acentuado da rima bucal. House & Brackman (grau I função normal → grau IV paralisia acentuada) Adaptação da classificiação para escala visual por LAZARINI et al EXAME FÍSICO CLASSIFICAÇÃO DO GRAU DE PARALISIA FACIAL Tratado de otorrinolaringologia / organização Shirley Shizue Nagata Pignatari , Wilma Terezinha Anselmo- Lima. - 3. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2018. Grande parte dos casos a lesão é intratemporal : nervo facial emite três ramos nesse trajeto com funções que podem ser avaliadas: EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO TOPOGRÁFICA DA LESÃO DO NERVO FACIAL Testede Schimmer → diminuição produção lacrimal indica lesão do nervo acima da emergência do nervo petroso maior Teste do Reflexo do Músculo Estapédio → indica lesão acima ou abaixo do nervo estapédio Avaliação da gustação dos ⅔ anteriores da língua → lesão acima da emergência do nervo corda do tímpano, quando diminuída Impregnação de contraste pela RNM em áreas de inflamação do nervo tornou o diagnóstico topográfico mais preciso e o objetivo EXAMES COMPLEMENTARES 3 EXAMES COMPLEMENTARES EXAMES OTORRINOLARINGOLÓGICOS EXAMES LABORATORIAIS EXAMES DE IMAGEM : indicações precisas TESTES ELETROFISIOLÓGICOS Audiometria tonal e vocal - função auditiva se altera quando orelha interna ou VIII nervo são acometidos Exame vestibular - acometimento do VIII nervo na PFP Imitanciometria - reflexo estapediano Hemograma Sorologias PCR VHS e VZV TC ossos temporais : trauma e OM crônica RNM: investigação tumoral USG parótida para lesões no trajeto intraparotídeol Eletroneurografia - até 3ª semana de doença. Compara nº de fibras funcionais do lado normal com o alterado. Valores < 10% na paralisia de Bell = mau prognóstico Eletromiografia - fases tardias. Avalia indiretamente o nervo por meio da contração muscular facial 4 TRATAMENTO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Corticoide na fase aguda - Prednisona 1mg/kg/dia ANTIBIÓTICOS Nas otites agudas ou crônicas ANTINFLAMATÓRIOS TOXINA BOTULÍNICA Aciclovir 200 a 400mg VO 4/4h 7 a 10 dias (dobrar na S. Hamsey Hunt) ANTIVIRAIS MEDICAMENTOS OCULARES Colírios metilcelulose e pomadas oftálmicas para evitar lesão de córnea Fase tardia , em sequelas. Aplicar no lado normal para obter simetria ANASTOMOSE DO NERVO FACIAL DESCOMPRESSÃO DO NERVO FACIAL DERIVAÇÃO NEURAL TRANSPOSIÇÃO MUSCULAR TRANSPLANTE DE ENXERTO LIVRE NEUROMIOVASCULAR Nas PFP tardias com músculos incapazes de responder à reinervação RITIDOPLASTIA TRATAMENTO CIRÚRGICO Alivia a compressão neural dentro do canal ósseo intratemporal. Mais efetiva até 30 dias do início da doença Quando há perda de susbtância do nervo facial na fase aguda da PFP Utiliza fibras de outro nervo para anastomose Musculatura facial sofreu atrofia. Usa-se tiras do masséter ou temporal Fases tardias. Quando há flacidez muscular unilateral para correção da assimetria TERAPIA MOTORA Objetiva manutenção do tônus muscular enquanto ocorre o retorno da atividade neural. Importante tanto na fase aguda quanto na sequelar. TERAPIA PSICOLÓGICA Amenizar as repercussões psicológicas da PFP. É uma doença com impacto social muito forte na vida do paciente, impedindo-o muitas vezes do convívio social OUTRAS FORMAS DE TRATAMENTO CONCLUSÃO O diagnóstico de PFP idiopática deve ser menos buscado: deve ser uma exceção no atendimento ao paciente com esta afecção. É necessário buscar a etiologia com os meios diagnósticos adequados para instituir o tratamento direcionado, com recuperação da função motora facial. Tratado de otorrinolaringologia / organização Shirley Shizue Nagata Pignatari , Wilma Terezinha Anselmo- Lima. - 3. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2018. CURRENT, AKL. Otorrinolaringologia: cirurgia de cabeça e pescoço : diagnóstico e tratamento. 3 ed. Porto Alegre : AMGH, 2013 SILVA, C. V.; MARQUES, V.; NEVES, S. APLICAÇÃO DO MÉTODO KINÉSIO TAPING NA REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DAS PARALISIAS FACIAIS. Referências