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Hábitos Bucais na infância O hábito pode ser definido como a repetição de um ato com determinado fim, e com o tempo, torna-se resistente às mudanças. A instalação do hábito pode ser agradável e inicialmente é realizado de forma consciente, passando a ser inconsciente com a frequência da repetição ao longo do tempo. Os danos causados dependeram da frequência, duração, intensidade e predisposição do indivíduo (tríade de Graber). Ao nascer, o bebê tem um desequilíbrio da relação da maxila e mandíbula, dando a impressão de lábio menor. Esta caraterística é corrigida durante o crescimento com os hábitos bucais desenvolvidos Hábitos x Psicologia · Fatores psicoafetivos estão relacionados com a instalação dos hábitos · Problemas vividos pela criança (separação dos pais, maus tratos, carência, negligência dos pais, problemas no meio escolar e etc) podem ser considerados causas para a ocorrência do processo habitual. Hábitos normais: participam do processo de crescimento e desenvolvimento normais do complexo craniofacial 1. Nutritivos – aleitamento natural e aleitamento artificial. 2. Funcionais – respiração, deglutição, mastigação e sucção digital do recém nascido. Hábitos anormais: podem estar relacionados a fatores etiológicos de maloclusão (maior parte das vezes). 1. Deletérios a. Não nutritivos – chupetas, sucção digital, morder lábios, morder objetos, onicofagia. São fatores etiológicos de alterações no sistema estomatognático e relacionados à má olclusão b. Bruxismo Amamentação · Exclusiva durante os 6 primeiros meses de vida · Importante para o desenvolvimento físico e emocional · Previne a instalação de hábitos viciosos · Promove o crescimento e desenvolvimento normal das estruturas crânio-faciais; · Tempo ideal: 20 a 30 min · Quando o prazer da sucção não é satisfeito, a criança se torna irritada e passa a fazer sucção de dedo e/ou chupeta. · Com o aleitamento natural, há benefícios emocionais (aconchego, segurança e aceitação), além disso, o bebê mama para satisfazer seu instinto, mesmo sem fome. A amamentação não é possível, o que fazer? · O bebê alimentado por mamadeira deve fazê-lo de forma mais similar ao seio materno; · Bico de mamadeira deve ser ortodôntico (anatômico) Sucção com mamadeira · Tempo médio: 5 a 10 minutos · O bebê não faz esforços necessários para mamar, especialmente quando as mães alargam o furo do bico; · Pouca estimulação motora oral – flacidez dos músculos perioral e língua, gerando instabilidade na deglutição e disfunções respiratórias (por ficar mais tempo com a boca aberta) · Posição deitada e conteúdo açucarado – risco de cárie, otite e aumento de refluxo · Diminui a sensação de plenitude alimentar e propicia a instalação de hábitos nocivos Cárie de mamadeira · Afeta crianças muito jovens · Evolução rápida · Envolve vários dentes (primeiramente os incisivos superiores) · Associado a alimentação noturna + ausência de limpeza · Nos casos mais graves, afeta também os incisivos inferiores. Chupeta · Espécie de mamilo de borracha com que se entretêm as crianças; está relacionada a fatores sociais e culturais. Pode ser considerada aceitável nos primeiros meses de vida, como complemento da necessidade de sucção. · Procurar oferecer apenas chupetas ortodônticas desde o nascimento · Utilizar a chupeta mais adequada para o tamanho da boca do bebê na fase em que se encontra; · Não pendurar panos no aro da chupeta. · Pode causar mordida aberta, interposição lingual, eversão do lábio inferior (associada principalmente a toalha pendurada no aro), estímulo a respiração oral e ressecamento labial. · A chupeta não deve ser utilizada somente para acalmar a criança e seu uso deve ser totalmente interrompido aos 3 anos de idade. · O uso da chupeta pode ser adotado quando a criança tem dificuldade de abocanhar o seio, mama por tempo insuficiente ou ainda, quando os hábitos nutritivos de sucção não são suficientes, sendo utilizados pela criança os dedos. · A chupeta é um importante sítio de colonização e proliferação fúngica (principalmente Candida albicans) na cavidade oral. Sucção digital · Ao sugar a mamadeira com o bico convencional, o bebê não o precisa fazer esforço, tendo sua fome satisfeita rapidamente. Neste caso, sugar o dedo pode se tornar um hábito; · O dedo é utilizado pela criança por ser intracorpóreo, tem temperatura, odor e consistência aproximados a do mamilo materno; · Remoção mais difícil do que a chupeta · É indicada a tentativa de substituição do dedo pela chupeta ortodôntica · Pode acarretar no mau posicionamento lingual, que se posiciona entre as gengivas ou dentes e deforma a arcada dentária, altera a fala e se torna refúgio em situações emocionais. Além disso, pode ocasionar alterações no sistema estomatognático, como retrognatismo mandibular, prognatismo maxilar, musculatura labial superior hipotônica e atresia do palato. · A melhor forma de prevenção é o incentivo a amamentação · Não criticar, ridicularizar nem punir a criança por sugar o dedo. · Não chamar a atenção para o hábito de sucção, apenas voltar a atenção da mesma para outra coisa · Não usar receitas para interromper o hábito, como colocar pimenta ou substâncias amargas e azedas no dedo. Deglutição atípica · A deglutição normal é um ato fundamental e complexo de todos os órgãos fono-articulatórios, fundamental para o bom desenvolvimento e relação entre as arcadas. Apresenta 3 fases: bucal, faríngea e esofágica. · Os indivíduos com deglutição atípica apresentam lábios, língua, bochechas e músculos elevadores da mandíbula hipotônicos, caracterizando lábios evertidos, bochechas flácidas, boca entreaberta e língua mais volumosa do que o normal · Etiologia: macroglossia, anquiloglossia, perda precoce de dentes decíduos anteriores, diastemas anteriores, sucção digital, amigdalites, abaixamento da língua e projeção anterior; Síndrome do respirador bucal · Padrão de respiração bucal que pode mudar a postura da cabeça, mandíbula e língua; causar obstrução das vias aéreas superiores, desvios de septo nasal, inflamação dos cornetos; relaciona-se com a asma brônquica, alergias, amígdalas e adenoides hipertrofiadas; · Tem como consequências bucais: estreitamento do arco dentário superior e instalação de mordida cruzada posterior · Etiologia: desvio de septo nasal, hipertrofia de adenoide, hipertrofia das tonsilas, atresia congênita das coanas, estenose das narinas: · Face adenoidiana: · Rosto alongado e estreito · Olheiras profundas · Lábios entreabertos/hipotônicos – não há o selamento labial e a mucosa é visível em sua posição normal · Hiperemia gengival · Projeção dos dentes anteriores · Arco superior atrésico e profundo Fonação anormal · Não são sempre relacionados à má oclusão, mas é um sinal evidente de que existe uma alteração no binômio forma-função. · A dicção defeituosa mostra que a língua não se encontra na posição correta no ato da fala e da deglutição Hábitos mastigatórios · Hábito de interposição de objetos ou subtâncias duras não alimentícias entre os dentes, como palitos e lápis. Estes hábitos podem romper o equilíbrio da oclusão contribuindo para agravar a má oclusão Hábitos de postura · São adquiridos espontaneamente ou por imitação e resultam em mordida cruzada posterior unilateral verdadeira (sem desvio de linha média) · Exemplos: apoiar a mão no rosto ao sentar, dormir com uma mão em baixo do travesseiro. Onicofagia (roer unhas) · Hábito de mastigação indesejável · Etiologia: componente emocional, stress, imitação de parentes, falta de cuidado no trato das unhas, transferência do hábito de sucção digital e hereditariedade. · Rara em crianças com menos de 3 anos e tem aumento significativo a partir dos 10 anos · Pode se tratar de indivíduos com ansiedade ou personalidade mal-ajustada. · O indivíduo fica frequentemente com os lábios entreabertos e com a mandíbula protruída · Nenhuma má oclusão específica para ela · Tratamento: remoção das causas que levam ao stress; pode ser necessária terapia multidisciplinar. Sucção labial (quilofagia) · Altera o alinhamento dos dentes, intrusãodos incisivos superiores, pode ocorrer mordida aberta anterior e línguo-versão dos incisivos inferiores. Bruxismo · Hábito parafuncional caracterizado pelo ato de ranger ou apertar os dentes e pode ocorrer durante o dia ou durante o sono. · É encontrado principalmente em crianças com alergias respiratórias, em casos de asma, distúrbio digestivo e tensão nervosa. · O uso de placa de mordida na dentição decídua é indicado apenas em casos severos · Etiologia multifatorial: locais (contatos prematuros/interferências oclusais); sistêmicos (portador de asma, rinite, distúrbios do SNC); psicológicos (estresse, ansiedade); ocupacionais (esportes de competição); hereditários; distúrbios do sono ou as parassomias. · Deve ser realizado tratamento multidisciplinar, guiado a partir dos relatos colhidos na anamnese. · Remoção do hábito – aceitação da criança é fundamental para o sucesso do tratamento e para prevenir ou amenizar os possíveis efeitos psicológicos envolvidos · Tratamento: · Crianças até 2 anos possuem o centro de satisfação na boca (fase oral); se o hábito é removido até os 3 anos de idade, a mordida aberta se autocorrige · O objetivo do tratamento é reduzir ou eliminar o hábito e seus efeitos deletérios ao complexo craniofacial e dentais · Métodos de motivação: Uso da pasta de motivação (contendo fotos de consequências do hábito por meio de fotos ou modelos de má oclusões e também de arcos saudáveis e bonitos); explorar a vaidade da criança; tática da suspensão e reforço positivo (explicação do hábito e suas consequências e pedir para lembrar das explicações sempre que tiver vontade de praticar o hábito) · Os pais são parte integrante do tratamento, a recompensa ou o incentivo com uma explicação adequada podem ser favoráveis na restrição do hábito. Quando não tratar? · Crianças com menos de 5 anos ou que estejam doentes, perturbadas, aflitas, feridas ou ainda as crianças que se opões ao tratamento (neste caso, optar por prática de esportes ou envolvê-la em atividades que promovam relaxamento) @odontocomkarol
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