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Semiologia neurológica Cada item do exame neurológico é importante na elaboração do diagnóstico do paciente. Equipamento: 1. Oftalmoscópio 2. Otoscópio 3. Lanterna 4. Estetoscópio 5. Martelo 6. Diapasão 7. Outros (palitos, estesiômetros, substâncias aromáticas, etc). Exame neurológico A. A Inspeção B. Crânio e coluna C. Estática D. Amplitude dos movimentos E. Força muscular F. Tônus muscular G. Reflexos superficiais e profundos H. Coordenação I. Marcha J. Sensibilidade superficial e profunda K. Nervos cranianos L. Palavra e linguagem M. Sistema Nervoso autônomo (esfíncteres) N. Estado mental 1. Impressões iniciais: Atitudes na sala de espera// entrando pela porta e chegando ao local de exame// tamanho e forma do corpo// modo de vestir// cabelo // marcha e postura// ao sentar // a voz // a face // pacientes especiais (cadeira de rodas, hospitalizado, comatoso, restrito ao leito). Atitude (de pé, sentado ou no leito). Posições que favoreçam a diminuição da dor. Doença de Parkinson: hemiplegias piramidais; paraplegias Lesão de nervo periférico: mão caída ou em garra – nervo radial, mão simiesca – nervo mediano, pé eqüino – nervo fibular. Síndromes hipercinéticas. Posição de gatilho – meningite. Trisma e opostótono – tétano. Histeria e simulação. Expressão facial Inexpressiva, congelada, seborréica – Parkinson. Parada, porém com riso e choro imotivado – P. pseudobulbar. Hipertelorismo, micro e macrognatias. Assimetria facial (paralisia facial, AVC) Pele e músculos Manchas – neurofibromatose, esclerose tuberosa. Tumores – neurofibromatose Hemangiomas – Sturge Weber Lesões bolhosas – herpes, sífilis. Cicatrizes traumáticas e cirúrgicas Amiotrofias, hipertrofias, miofasciculações. Alterações tróficas, perda de pêlo, mudanças de cor e temperatura. 2. Estado mental: . Cooperação . Orientação . Memória . Estado emocional . Alucinações e delírios 3. O exame de crânio e coluna: Crânio Inspeção: Hidrocefalias, microcefalias, dolicocefalia, acromegalias, invaginação basilar. Palpação: irregularidades traumáticas ou pós-cirúrgicas, lesões erosivas, protuberâncias, saliências ou depressões das fontanelas. Percursão: hidrocefalia sinal de Mcewen (à percussão do crânio, tem-se sensação deste ser semelhante a um “pote rachado”) Ausculta: ossos frontais e regiões occipitais, ambos com olhos fechados. Escuta-se sopros freqüentemente em crianças pequenas, em fístulas carótido-cavernosas, tumores, angiomas, dça de paget, irradiados das carótidas. Coluna Cifose, lordose, escoliose. Memingocele e mielomeningocele. Spina bífida — presença de hipertricose ou depressão localizada, geralmente em região lombar. Contraturas localizadas. Dor à apalpação ou percussão. Avaliar limitação dos movimentos: Solicita-se para o paciente executar movimentos de flexão, extensão, rotação e lateralização da coluna e observa-se se há alguma limitavao na amplitude de movimentos. Pode decorrer de doenças osteoarticulares, musculares, meningites, radiculopatias, HSA. Provas de estiramento da raiz nervosa: Prova de Lasegue: decúbito dorsal, MMII em completa extensão, faz-se elevação de um dos MMII estendido. A prova é positiva quando o paciente reclama de dor na face posterior da coxa no trajeto do ciático, logo no início da prova (cerca de 30 grau de elevação). A presença do sinal indica processos radiculares lombossacros, hérnia discal L5 e S1, neuralgia ciática, bem como pode aparecer nas leptomeningites, significando comprometimento meníngeo; Prova de Kerning – paciente em decúbito dorsal, flexão da coxa sobre a bacia, em ângulo reto, e extensão da perna sobre a coxa. Observar resistência, limitação e dor à manobra; prova utilizada para diagnostico de meningite, HSA, radiculopatia ciática. Manobra de Patrick: indicado para diagnóstico diferencial com processos articulares de bacia. Faz a flexão da coxa do lado afetado e coloca-se o calcanhar sobre o joelho oposto, pressionando-se para baixo e para fora. No caso de artrite coxo-femural, há limitação e dor à manobra. Manobra de Patrick 4. Movimentos involuntários: Epilepsia tônico-clônico: início súbito, com perda de consciência, espasticidade, rotação da cabeça e dos olhos, seguido de movimentos clônicos generalizados, mordedura de língua, cianose, as vezes incontinência esfincteriana, os músculos então se relaxam e as contrações cessam entrando o paciente em estado pós- ictal que demora minutos. Epilepsia parcial complexa e de pequeno mal: ocorrem alguns movimentos automáticos de boca e mãos. Tremor: movimento involuntário, oscilatório em torno de um eixo fixo (mono, hemi ou generalizado). Tremor do parkinsonismo: de repouso, lento e regular, que desaparece com o movimento e volta após um período de latência. Tremor intencional: cerebelar, de movimento e/ou atitude, inicia ao desencadear um movimento ou pensar em fazê-lo. Geralmente acomete todo um membro e não somente os dedos ou a mão. Tremor essencial: senil, familiar. Asteríxis: lesão hepática Pesquisa: manter determinada posição, colocar um papel sobre uma das mãos, acender cigarro, enfiar agulha, etc. Coréia: Movimento abrupto, irregulares, não estereotipados, bizarros, sem finalidade e ritmo, de média e grande amplitude de qualquer parte do corpo. Lesão dos núcleos estriado e caudado. Balismo: Lesão do núcleo subtalâmico de Luys, sendo o hemibalismo a forma mais comum. Hemibalismo: movimento súbito e dramático de um segmento corpóreo com grande amplitude provocando o desequilíbrio do paciente e, às vezes, até queda. em casos mais graves não desaparecem no sono, podendo levar o doente à exaustão. Atetose: movimento de extremidades distais, mais visíveis em mãos lento e ondulado. Lesão dos gânglios da base. Mioclonia: contração rápida, brusca e involuntária, as vezes sucessivas de grupamentos musculares flexores de MMSS e extensores de MMII, geralmente sem deslocamento do segmento. A mioclonia é atribuída à lesão do núcleo denteado do cerebelo, núcleo rubro e oliva bulbar. Opstótono: em crises ou continuo; hiperextensão generalizada com arqueamento do corpo; ocorre em meningites, tumores da fossa posterior e tétano. Discinesias: termo genérico para descrever movimentos involuntários Hemiespasmo facial: contração involuntária de um lado da face com desvio da boca para o lado afetado. Miofasciculações: pequenas contrações musculares isoladas, que geralmente ocorrem na ELA (associado a fraqueza muscular), podem ocorrer por estresse (pálpebras). *** ATENÇÃO: Tremor, coréia, balismo e atetose acentuam-se com movimento e atenção, E diminuem com o repouso, geralmente desaparecem com o sono. 6. Exame de força muscular: Observar atrofias, hipertrofias e miofasciculações. Modo de pesquisar: estudo comparativo. Realizar movimentos com oposição aplicada pelo examinador. Membros superiores: preensão, flexão e extensão das mãos, flexão e extensão dos antebraços, abdução dos membros superiores. Membros inferiores: flexão das coxas sobre a bacia, extensão e flexão das pernas, flexão e extensão dos pés. Fraquezas: lesão piramidal, extrapiramidal, do neurônio motor interior, miopatias, miastenias. Respostas: Força muscular conservada, diminuída, paresia ou plegia (paralisia). Pode ser conceituada em 100%; 75% se resiste moderadamente ao examinador; 50% se vence a gravidade mas não resiste ao examinador; 25% se não vence a gravidade, e paralisia completa 0% se não há a mínima contração muscular. Manobras deficitárias: Mingazzini membros superiores:braços estendidos e separados, dedos abertos, olhos fechados — observar a queda das mãos e dos braços, bem como oscilações. Mingazzini membros inferiores: paciente em decúbito dorsal, flexão das coxas. Respostas: 1 – oscilação e queda progressiva da perna; insuficiência da quadríceps (extensor da perna); 2 – queda isolada da coxa; insuficiência do psoas (flexor da coxa); 3 – queda simultânea da perna e da coxa. Barré: decúbito ventral, pernas fletidas sobre as coxas. Oscilação e queda indicam insuficiência dos flexores da perna. Pedalar de Pitres: abaixar e levantar o pé, repetida e rapidamente. Avaliar flexão do pé (ciático popliteo externo) Exame de forca muscular dos MMSS: 1. Da mão globalmente/ 2. Flexão do antebraço / 3. Braquial/ 4. Elevação do braço isolado ou 5. Simultâneo / 6. Extensão do antebraço Legenda Exame de forca muscular dos MMSS: 1-da mão globalmente/ 2- flexão do antebraço / 3-braquial/ 4- elevação do braço isolado ou 6- simultâneo / 5- extensão do antebraço Exame da força muscular dos MMII: 1- flexão da coxa/ 2 e 3 extensão da perna / 4 – extensão do pé/ 5 – flexão do pé / 6- flexão da perna 1. O exame de tônus muscular: Tônus é o estado de tensão constante a que são submetidos os músculos tanto em repouso quanto em movimento. A regulação periférica é feita através dos fusos musculares e órgãos neurotendinosos; a central através do cerebelo (paleocerebelo) e sistema extrapiramidal (corpo estriado). Avaliamos a consistência, extensibilidade e passividade, através da apalpação, rolamento, balanço e movimentação passiva. Usamos a palpação para avaliar a consistência muscular, que pode estar aumentada (contratura, rigidez e fibrose) ou diminuída (neuropatias periféricas, tabes, etc) Extensibilidade é o grau de alongamento mecânico em um músculo ao se afastar ao máximo de seus pontos de inserção. Passividade é o grau de resistência ao seu alongamento. - o exame é realizado com o paciente deitado e com completo relaxamento muscular. Realiza-se inspeção (procura-se achatamento das massas musculares), palpação (grau de consistência muscular – aumentada em lesões centrais e diminuída nas periféricas), movimentos passivos (extensão e flexão) observando-se a passividade (se há resistência) e extensibilidade. Balanço passivo (rolamento). *** Principais alterações do tônus muscular: Hipotonia: observa-se achatamento das massas musculares no plano do leito, consistência muscular diminuída, passividade aumentada, extensibilidade aumentada. Ë encontrada nas lesões de cerebelo, no coma profundo, no estado de choque do sistema nervoso central, lesões das pontas anteriores da medula, dos nervos, pode ser congênita ou constitucional, ou desenvolver-se por meio de exercícios (bailarinos eacrobatas). Lembrar que na lesão de cordão posterior a hipotonia é global: flacidez, hiperpassividade e hiperextensibilidade. Na cerebelar, predomina a hiperpassividade e na piramial (fase inicial) a hiperextensibilidade. Hipertonia: encontra-se consistência muscular aumentada, passividade diminuída, e extensibilidade aumentada. Está presente nas lesões de vias motoras piramidal e extrapiramidal. Pode manifestar-se em várias afecções — rigidez de descerebração, arteriosclerose e estados lacunares, tétano, hidrofobia, intoxicações, meningites, etc A piramidal (espasticidade) tem como características principais: A. Eletiva: é maior em certos grupamentos musculares (flexores em membros superiores extensores e adutores em membros inferiores Wernicke-Mann); B. Elástica: o membro volta à posição inicial; ele cede à força do examinador (sinal do canivete); C. Acompanha-se de hiper-reflexia profunda; A extrapiramidal (rigidez), indica lesão do sistema nigro-palidal (Parkinson) e tem as seguintes características: (1) Global generalizada ou universal; (2) Plástica: o membro se mantém na posição deixada: cede aos poucos à força do examinador (sinal da roda denteada de Negro); (3) Exagero do tônus postural (atitude de estátua). 9. O exame dos reflexos: Arco Reflexo é constituído pelos seguintes elementos: Via aferente: receptor e vias sensitivas do nervo Centro reflexógeno: substancia cinzenta do sistema nervoso Via eferente: fibras motoras do nervo Órgão efetor: musculo Constitui uma parte importante do exame neurológico, visto ser de técnica fácil e praticamente não depender da colaboração do paciente. Podemos dividi-los em três grupos: a. exteroceptivos – mucosos e cutâneos; b. próprioceptivos –miotáticos (fásicos e tônicos) e labiríntico; c. visceroceptivos – serão estudados no decorrer do estudo das síndromes vegetativas. Reflexos exteroceptivos (superficiais) Mucosos: corneano; velopalatino e faríngeo. (Serão estudados junto com os nervos cranianos). Cutâneos: pesquisa através de estilete rombo, atritando a pele em certa extensão. São reflexos de integração segmentar, polissinápticos. 1. Cutâneo-abdominal: paciente em decúbito dorsal tendo a parede abdominal relaxada, estimula-se o abdome no sentido da linha mediana. A resposta esperada é a contração dos músculos abdominais que determinam um leve deslocamento da cicatriz umbilical para o lado estimulado. São avaliados três níveis: Superiores – T6 - T9 Médios - T9 - T11 Inferiores - T11 - T12 Estão abolidos na síndrome piramidal, porém podem estar abolidos sem significado patológico em pacientes obesos, com ascite, na velhice, gravidez, em presença de cicatriz cirúrgica, etc. 2. Cremastérico: nível medular - L1 – L2 Paciente em decúbito dorsal, membros em extensão e abdução; estimular terço superior e medial da coxa. Resposta: contração do cremaster levando à elevação do testículo (ou do grande lábio, no caso das mulheres). Quando exaltado, pode haver elevação dos dois testículos. Ausentes em lesões do cone medular. 3.Cutâneo-plantar: Nível medular - L5 - S2 Pesquisa: Paciente em decúbito dorsal, com membros inferiores extendidos, o examinador estimula a região plantar do pé no sentido póstero-anterior, fazendo um leve semicírculo na parte mais anterior. Resposta normal: flexão dos artelhos. **** A resposta em extensão — extensão lenta do hálux, podendo estar acompanhada da abdução e abertura dos outros dedos em leque — constitui o clássico Sinal de Babinski, que aparece como indicador de lesão piramidal ou corticoespinhal. Relacionamos abaixo os sucedâneos do sinal de Babinski, cuja resposta e significado são os mesmos do próprio sinal de Babinski: Chaddock - atrito na região inframaleolar externa; Schaefer - compressão do tendão de Aquiles; Gordon – compressão da panturrilha; Austregésilo- Esposel – compressão da face anterior da coxa; Oppenheim: atrito sobre a crista da tíbia. Obs.: a resposta em extensão pode ocorrer sem significado patológico em crianças de até 12 meses de idade. Pode ocorrer, ainda, em comas, intoxicações agudas, durante crises convulsivas, etc. Reflexos proprioceptivos miotáticos (profundos) São reflexos monossinápticos. Sua pesquisa é feita com o martelo percutindo o tendão muscular; deve ser feita de forma metódica e comparativa, com o periciado relaxado; necessita conhecimento das posições adequadas à pesquisa, de modo a obter a tensão muscular ideal para o estiramento das fibras, bem como das áreas de pesquisa. Algumas manobras de facilitação podem ser utilizadas com o fim de relaxar o paciente: conversar durante o exame, mandar o paciente olhar para o teto, realizar cálculos, etc. Membros superiores Bicipital: M. bíceps C5 e C6. Posicionar o membro em ângulo de 90 graus e percutir em cima do seu dedo sobre o tendão biciptal Flexãodo antebraço. ( nervo músculo- cutâneo) Tricipital: M. Tríceps C6 a C8. Segure o braço formando um ângulo de 90 graus com antebraço, percuta o tendão triciptal Extensão do antebraço (nervo radial) Estilo-radial (branquiorradial): M. Supinadores C5 C6. Apoie o antebraço na mão do examinador e percuta a proeminência distal do rádio. Resposta: flexão do antebraço e ligeira supinação e flexão dos dedos (nervo radial). Flexores de dedos: M. flexor dos dedos da mão C7 C8 T1. Relaxe a mão do paciente e percuta o seu dedo em cima dos dedos do paciente. Resposta flexão dos dedos da mão (nervo mediano e ulnar), C7 – C8 – T1. Técnica ou sinal de Hoffman – pinçamento da falange distal do dedo médio, exercendo pressão sobre a unha. Normalmente a resposta é fraca ou ausente; sua exaltação pode indicar lesão piramidal. Membros inferiores Patelar: M. quadríceps L2 – L4. Percutir o tendão patelar com flexão do joelho em 90º, podendo estar sentado ou deitado. Resposta extensão da perna (nervo femural). Manobras de sensibilização: Jendrassik – entrelaçar os dedos da mão e tracioná-los; Sinal de Weatphall: ausência do reflexo patelar no tabes dorsalis Aquileu: M. tríceps sural L5 a S1. Percutir tendão aquileu com calcanhar a 90º. Resposta Flexão do pé (nervo tibial) Manobra de sensibilização: exercer sobre o pé do paciente uma ligeira flexão; colocá-lo ajoelhado sobre uma cadeira ou na mesa de exame; deitado, colocar o pé sobre a outra perna e exercer uma flexão do pé, etc. Outros reflexos: Preênsão (graspping ou grasp); demências. Groping; procura do estímulo tátil na mão ; demências. Sucção; bebês. Nasopalpebral (glabelar); não esgotável no parkinsonismo Significado das alterações dos reflexos profundos: 1. Hiper-reflexia É encontrado nas lesões da via piramidal (AVE, Neoplasias, doença desmielinizante). Pode aparecer também no tétano e hidrofobia, nas intoxicações por estrionina e atropina, em distúrbios metabólicos, como hepático e uremia e até em distúrbios psicogênicos clônus: provocar passivamente a distensão brusca de um tendão, desencadeando uma série de contrações clônicas e rítmicas, involuntárias, de duração subordinada ao tempo que se mantém a distensão (clônus inesgotável). Pesquisa: pé, rótula, mão e mandíbula; Pacientes com lesão do cerebelo é comum resposta em pêndulo do reflexo patelar, devido hipotonia. 2.Hiporreflexia ou arreflexia Encontrados em lesões que interrompem o arco reflexo (poliomielite, polineutopatia periférica, miopatia), observada em neurites, afecções do cordão posterior e degeneração muscular progressiva, também nas crises de paralisia periódica e miastenia, traumatismo raquimedular (fase de choque espinhal), hipertensão intracraniana grave, coma, etc. 10.Equilíbrio estático: O mecanismo responsável por nos mantermos de pé funciona através do sistema proprioceptivo (cordão posterior) – visão – sistema vestibular e cerebelar, além da integridade do sistema osteoarticular e muscular. Modo de pesquisar: ficar de pé, os pés juntos e as mãos coladas à coxa, olhos abertos olhando para frente deve-se permanecer nessa postura por alguns segundos. Em seguida, solicita-se que os olhos sejam fechados Manobra de Romberg. Resposta normal: não é observado nenhuma alteração, sendo a manobra de Romberg NEGATIVA. Em vigência de determinadas alterações neurológicas podemos encontrar MANOBRA DE ROMBERG POSITIVA (desequilíbrio com tendência a quedas) em labirintopatias, tabes dorsalis, na degeneração combinada subaguda, polineuropatia periférica: Lesão de cordão posterior (sensibilidade proprioceptiva): Imediatamente ao fechar os olhos o paciente oscila e cai sem direção; Lesão vestibular: após período de latência queda sempre para o mesmo lado, indicando o lado da lesão (mudar a posição da cabeça do paciente). Atenção: em lesões cerebelares, o paciente não consegue permanecer de pé (atasia) ou o faz com dificuldade (distasia) alargando a base de sustentação afastanto os pés. Não se modifica quando os olhos são fechados Romberg negativo! 11.Equilíbrio Dinâmico (Marcha): Observando-se a maneira como o paciente se locomove pode- se suspeitar ou fazer diagnostico de algumas afecções neurológicas: a) Marcha ceifante, helicópode: o paciente mantem o membro superior fletido a 90 graus no cotovelo, em aducao e a mao fechada em leve pronação. O MI do mesmo lado é espástico e o joelho não flexiona, por isso a perna tem que se arrastar no chão descrevendo um semi-circulo, lembrando o movimento de uma foice. (hemiplegia AVC) b) Marcha anserina ou de pato: o paciente ao andar acentua a lordose lombar e inclina o tronco ora para a direita, ora para esquerda, lembrando o andar de um pato. (doenças musculares diminuição da força dos músculos pélvicos e das coxas – miosites, polimiosites e distrofia muscular de Duchene) c) Marcha Parkinsoniana: o doente anda em bloco, enrijecido com braços imóveis, cabeça inclinada para frente passos curtos e rápidos. Dificuldade para iniciar a marcha (doença de Parkinson) d) Marcha cerebelar ou Marcha do ébreo: ao andar o paciente o faz como um bêbado em zigue-zague, aumento da base de sustentação e e oscilação para os lados, dificuldade para andar em linha reta, desviando para o lado lesionado, traduz incoordenação dos movimentos em decorrência de lesão do cerebelo e) Marcha tabética: paciente mantem o olhar fixo no chão MMII são levandos de forma abrupta ao pisar no chão os calcanhares tocam o chão de forma pesada. Com os olhos fechados a marcha piora ou torna-se impossível (indica perda da sensibilidade proprioceptiva por lesão no cordão posterior da medula – tabes dorsalis, mielopatia por deficiência de B12 acido fólico ou B6) f) Marcha Vestibular ou marcha em estrela: paciente com lesão vestibular apresenta lateropulsão quando anda; é como se fosse empurrado para o lado quando tenta se mover em linha reta (desvio para o lado acometido). Se pedir para o paciente fechar os olhos e andar para frente e para trás (cerca de 08 passos) descreverá uma figura de estrela. g) Marcha Escarvante: paciente com paralisia no movimento de flexão dorsal do pé – pé caído (lesão do nervo fibular), ao tentar caminhar toca a ponta do pé no solo e tropeça, para evitar isso levanta a perna de modo exagerado. h) Marcha em tesoura: os MMII são enrijecidos e espásticos permanecem semifletidos, os pés se arrastam e as pernas se cruzam uma na frente da outro lembrando de uma tesoura (paralisia cerebral ou enfermidade de Little) i) Marcha de pequenos passos ou “petit pas”: paciente anda com passos curtos e ao caminhar arrasta os pés como se estivesse dançando (microandiopatia cerebral, atrofia cortical da senilidade. Modo de pesquisar: marcha comum. Manobras de sensibilização: pé ante pé, primeiramente em marcha normal, depois nas pontas dos pés, e enfim nos calcanhares, andar rapidamente, voltar rapidamente, ir para frente e para trás. 12. Coordenação: Coordenação adequada traduz o bom funcionamento de pelo menos 2 setores do sistema nervoso: o cerebelo (centro coordenador) e a sensibilidade proprioceptiva (dependente da visão). A perda de coordenação recebe o nome de ATAXIA. a) Prova dedo-nariz: com o MS estendido lateralmente, o paciente é solicitado a tocar a ponta do nariz com o indicador. Repete-se a prova algumas vezes com os olhos abertos e depois, fechados. sensibiliza-se a prova mediante a realização de dedo-dedo, dedo-nariz-dedo do examinador b) Prova calcanhar-joelho: em decúbito dorsal, o paciente é solicitado a tocar o joelho com o calcanhar do membro a ser examinado. Repete-se a prova diversas vezes com os olhos abertos e depois, fechados. sensibilização da provamediante o deslizamento do calcanhar pela crista tibial, após tocar o joelho, deslizando até o pé. Diz-se que há DISMETRIA quando o paciente não consegue alcançar com precisão o alvo. c) Prova dos movimentos alternados: Determina-se ao paciente realizar movimentos rápidos e alternados (supinação e pronação das mãos// extensão e flexão dos pés) Denomina-se DIADOCOCINSIA esses movimentos. A capacidade de realiza-los seria a EUDIADOCOCINESIA. Sua dificuldade é chamada de DISDIADOCOCINESIA e a incapacidade de realiza-los é ADIADOCOCINESIA. Respostas e seu significado: Incoordenação sensitiva: movimentos mal dirigidos desde o início, bruscos e desordenados, que aparecem ou pioram com o fechar dos olhos; Cerebelo: predomínio do erro na medida do movimento (dismetria), decomposição do movimento e tremor intencional, sem acentuação significativa com o fechar dos olhos. 13. Sinais meníngeos (meningorradiculares). As meninges e as raízes nervosas por elas envolvidas podem ser acometidas por um processo irritativo, causado geralmente por infecção (meningite), ou hemorragia (HSA) que se exterioriza por meio de uma síndrome radicular: hiperestesia sensitiva e sensorial, fotofobia, cefaleia, raquialgia, postura antálgica – decúbito lateral com MMII semifletidos, rigidez de nuca, positividade das provas Kering, Brudzinski e Laségue. Rigidez de nuca: paciente em decúbito dorsal, examinador coloca uma das mãos na região occiptal e suavemente tenta fletir a cabeça do paciente. Positivo quando há resistência, defesa e rigidez. Kernig e Laségue: já explicadas anteriormente. Brudzinski: paciente em decúbito dorsal membros estendidos, o examinador repousa uma das mãos sobre o tórax, e a outra na região occiptal e executa uma flexão forçada da cabeça. Positiva quando o paciente flete os MMII, podendo observar também expressão dolorosa. Lhermite: É sensação de choque descendente na coluna e/ou membros durante a flexão do pescoço. 14. Nervos periféricos Pelo menos quatro nervos devem ser examinados em seus trajetos pelo método palpatório, procurando por espessamento desses (hanseníase, neurite intersticial hipertrófica): Nervo Cubital (Ulnar): ao nível do cotovelo, na epitrócle Nervo Radial: na goteira de torção no terço inferior da face externa do braço Nervo Fibular: na parte posterior e inferior da cabeça da fíbula Nervo auricular: na face lateral da região cervica Nervo mediano (sinal de tinel, phalen, phalen invertido) 14. Sensibilidade: "Não há nada mais frustrante e cansativo que o exame detalhado da sensibilidade" (John Spillane) Fibras nervosas mais calibrosas transmitem as sensações relacionadas com a vibração, modificações posturais e com o tato discriminativo. Fibras nervosas mais finas estão carregadas da transmissão das sensações de frio, de calor, de dor e de tato grosseiro. Vias; comum é levada à medula por nervo periférico; dor e temperatura ascendem pelos feixes espinotalâmicos contralateral (anterior e lateral); tato, posição, movimentação passiva e vibração percorrem o funículo posterior (tratos grácil e cuneiforme) cruzando a linha média no tronco encefálico (lemnisco medial). Princípios do exame: ambiente adequado, paciente despido, orientar o paciente manter os olhos fechados durante o exame, evitar induzir o paciente, o examinador deve perguntar: “está sentindo alguma coisa? O que? Onde?”; sempre comparar áreas simétricas e vários locais do mesmo segmento, examinar sempre comparando segmentos distais com proximais (neuropatias periféricas), um lado com outro (lesões no SNC) e dermátomos; utilizar: pincel ou algodão, estilete rombo, dois tubos de ensaio (agua gelada e agua quente) e diapasão (128 vibrações por segundo). Sensibilidade superficial: a diminuição recebe o nome de hipoestesia, abolição de anestesia e o aumento de hiperestesia. - sensibilidade tátil: usa-se o pedaço de algodão, os quais devem ser passados de leve em diversas partes do corpo. (trato espino-talamico anterior) -sensibilidade térmica: dois tubos de ensaio, um com água gelada e outro com água quente, tocam-se varias partes do corpo, alternando o tubo. (trato espino-talamico lateral) -sensibilidade dolorosa: é pesquisada com estilete rombo, capaz de provocar dor sem ferir o paciente. (trato espino- talamico lateral) Sensibilidade Profunda: - Sensibilidade vibratória: é pesquisada com diapasão colocado em saliências ósseas. - Sensibilidade a pressão é pesquisada mediante a compressão digital em diferentes partes do corpo. (trato espino- talamico anterior) -cinética postural: desloca-se suavemente qualquer segmento do corpo em várias direções (flexão e extensão), e fixa-se o segmento em determinada posição que deverá ser reconhecida pelo paciente. -Sensibilidade tátil epicrítica: paciente deve indicar o local exato do ponto estimulado ou através da grafestesia. Estereognosia: capacidade de reconhecer um objeto com a mão sem auxilio da visão, apenas pela palpação. Quando se perde essa função ocorre a agnosia tátil (lesão do lobo parietal contralateral) Objetivos: demonstrar consistentemente áreas de sensibilidade anormal; determinar modalidades envolvidas; comparar com padrões conhecidos de anormalidades sensitivas. **** Lembrar algumas síndromes importantes em relação à sensibilidade: Síndrome tábida: perda da sensibilidade profunda — noção de posição segmentar, tato epicrítico, sensibilidade vibratória e estereognosia; Siringomielia: formação de uma cavidade no canal central da medula, interrompendo as fibras que formam os tractos espino-talâmicos laterais quando cruzam o canal central da medula. Ocorre, assim, perda da sensibilidade térmica e dolorosa de ambos os lados na área correspondente aos dermatomos da lesão, com preservação da sensibilidade profunda e, principalmente, da sensibilidade tátil (“dissociação”); Síndrome talâmica: crises de dor espontânea e, geralmente, pouco localizada, podendo se irradiar por toda a metade do corpo. Este tipo de dor — hiperpatia — ocorre devido ao aumento do limiar da excitabilidade aos estímulos táteis e térmicos, levando o paciente a “proteger” o membro com as roupas ou panos. Há casos em que até estímulos auditivos se tornam desagradáveis. Síndrome de Brown-Séquard: com a hemissecção da medula, temos uma série de manifestações referentes à interrupção dos tractos que se cruzam a nível medular e, conseqüentemente, as seguintes manifestações: a. Do mesmo lado da lesão (tractos não cruzados), paralisia espástica com sinal de Babinski — tracto córtico-espinal lateral; perda da propriocepção consciente e do tato epicrítico – fascículos grácil e cuneiforme; b. Do lado oposto à lesão (tractos cruzados), paralisia da sensibilidade térmica e dolorosa um a dois dermátomos abaixo do nível da lesão tracto espino- talâmico lateral; diminuição do tato protopático e pressão — tracto espino-talâmico anterior.