Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇA BILIAR CALCULOSA Caxias - MA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS – CESC DISCIPLINA DE CLÍNICA CIRÚRGICA DISCENTES: ANA BEATRIZ, GIOVANA KELLY, HARRISON REIS E HELEN MENDES Vesícula Biliar A vesícula biliar é um órgão em forma de saco, mede entre 7 e 10 cm de comprimento, com formato similar ao de uma pera e situa-se na face visceral do fígado, na junção do lobo direito e do lobo quadrado . Sua função é armazenar a bile, líquido produzido pelo fígado que atua na digestão de gorduras no intestino. A bile é formada pela mistura de várias substâncias, entre elas o colesterol, responsável pela imensa maioria da formação de cálculos (pedras), que podem impedir o fluxo da bile para o intestino e causar uma inflamação chamada colecistite. Cálculos Biliares O estado patológico mais comum envolvendo a vesícula biliar e a árvore biliar é a colelitíase. A vesícula biliar concentra a bile, a concentração dos solutos na vesícula biliar difere do resto da árvore biliar. Formação de cálculos na vesícula biliar: aumento na concentração de soluto + estase na vesícula biliar entre as refeições. Classificados em dois tipos, a depender do soluto precipitante. 70% por precipitação de colesterol e cálcio (colesterol puro <10%) Cálculos pigmentares: prestos e castanhos (precipitação de pigmentos biliares concentrados, substâncias derivadas da hemoglobina. Cálculos Biliares Quatro principais fatores para a formação de cálculos: Supersaturação da bile secretada Concentração da bile na vesícula Nucleação de Cristais Desmotilidade da vesícula Alta concentração de colesterol e lipídio na secreção biliar do fígado é uma condição que predispõe à formação de cálculos de colesterol. Aumento no processamento da hemoglobina é visto na maioria dos pacientes com cálculos pigmentares. Cálculos Biliares Uma vez na vesícula, a bile é aumentada em concentração de sais biliares e cálcio. Os sais biliares atuam na solubilização do colesterol. O colesterol se precipita na forma de cristais quando sua concentração na vesícula biliar excede a sua solubilidade. A formação de cristais é acelerada por agentes pronucleares: como glicoproteínas e imunoglobulinas. A motilidade anormal da vesícula pode elevar a estase, conferindo mais tempo para que os solutos se precipitem na vesícula. Formação de cálculos associada à condições do esvaziamento prejudicado da vesícula: longos períodos de jejum, nutrição parenteral total, pós-vagotomia e uso de análogos da somatostatina. Cálculos Biliares Os cálculos pigmentares podem ser divididos em cálculos pretos, como verificado no caso de condições hemolíticas e cirrose, ou marrons, que normalmente são encontrados nos ductos biliares e acredita-se que sejam secundários à infecção. História Natural A maioria dos cálculos biliares é assintomática, sendo frequentemente identificados por ocasião de uma laparoscopia ou laparotomia realizada por outras razões. Para se tornar sintomático, o cálculo deve obstruir uma estrutura visceral, tal como o ducto cístico. As cólicas císticas, causadas pelo bloqueio temporário do ducto cístico, normalmente ocorrem após uma refeição na qual a secreção de CCK causa a contração da vesícula. Os cálculos que se deslocam por toda a árvore biliar até o intestino sem impactação não causam sintomas. História Natural Apenas 20% a 30% dos pacientes com cálculos assintomáticos desenvolverão sintomas dentro de 20 anos. Em decorrência do fato de aproximadamente 1% dos pacientes com cálculos assintomáticos desenvolverem complicações antes do aparecimento de sintomas, a colecistectomia profilática não se justifica em pacientes assintomáticos. A colecistectomia profilática pode ser indicada em grupos de alto risco: anemias hemofílicas (como a anemia falciforme, risco elevado de formação de cálculos pigmentares + precipitação de crise); vesícula de porcelana; cálculos volumosos (>2,5 cm); longo canal comum de ducto biliar e pancreático (risco maior de carcinoma). História Natural Pacientes com cálculos assintomáticos que se submetem à bariátrica podem beneficiar-se da colecistectomia. A rápida perda de peso não só favorece a formação de cálculo, mas, também, após o desvio gástrico, a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) é extremamente desafiadora e normalmente malsucedida para remover os cálculos do ducto comum biliar com colangite ascendente. Alguns cirurgiões especializados em transplantes recomendam a colecistectomia profilática antes da realização de um transplante de órgão (evitar infecção grave no paciente imunocomprometido). COLECISTITE CRÔNICA Crises recorrentes de cólicas biliares; Inflamação; Estenoses; Fibrose; Fatores de risco: Sexo feminino; Multípara; 40 anos; Obesidade; Pele caucasiana, história familiar QUADRO CLÍNICO Dor aguda contínua; Intensidade é maior de 30 min a 5 horas de seu início; Náuseas e vômitos; Dor após a ingestão de refeição gordurasa: CCK Contração biliar obstrução; DIAGNÓSTICO Quadro clínico + USG abdominal; USG: imagem ovalada, arredondada, hiperecogênica; Sombra acústica posterior. Outras informações da USG: dilatação do colédoco; Pólipos na parede da vesícula; Vesícula em porcelana; Lama biliar; TRATAMENTO Sintomáticos: Colecistectomia; Assintomáticos: Duas técnicas: convencional e a videolaparoscópica. COLECISTITE AGUDA LITIÁSICA FISIOPATOLOGIA: Bloqueio prolongado do canal cístico; Obstrução do ducto cístico por mais de 6 horas: Estase da bile aumento da pressão intralumial da vesícula, obstrução venosa e linfática, edema, isquemia, ulceração da sua parede e infecção bacteriana secundária. E.coli é a bactéria mais isolada, seguida por Klebsiella, Enterococcus faecalis, Proteus e Clostridium. QUADRO CLÍNICO Febre; Dor em QSD; Hipersensibilidade à palpação; Náuseas e vômitos; Sinal de Murphy + SÍNDROME DE MIRIZZI Obstrução extrínseca do ducto hepático comum causado por compressão de um cálculo grande no infundíbulo ou ducto cístico; Ocorrência rara; Diagnóstico: intraoperatório ou CPRE. Tratamento: Colecistectomia simples; Colecistectomia com drenagem do colédoco através de dreno de Kehr Anastomoses biliodigestivas altas. Colecistite aguda Diagnóstico e tratamento ANA BEATRIZ MACEDO 18 DiagnóStico: A. Sinais inflamação local: (1) Sinal de Murphy (2) Massa, dor, sensibilidade do quadrante superior direito B. Sinais sistêmicos de inflamação: (1) Febre (2) PCR elevado (3) Leucocitose C. Achados da imagem: Sinal de Murphy ecográfico Espessamento da parede vesicular Distensão vesicular Cálculo impactado Coleção pericolecística Edema da parede vesicular Suspeita diagnóstica: Um item A + um item B Diagnóstico definitivo: Um item A + um item B + C TOKYO GUIDELINES 2018: 19 Clínica Laboratório Imagem DiagnóStico: LABORATÓRIO INESPECÍFICO: 12.000 -15.000 leucócitos/mm3. Se leucometria muito alta, suspeitar de perfuração. Aumento discreto de bilirrubinas. Se >4mg/dl, suspeitar de coledocolitíase associada. Aumento discreto de FA e AST. Aumento de amilase sérica. Não necessariamente indica pancreatite aguda. 20 Clínica Laboratório Imagem DiagnóStico: Primeiro exame a ser solicitado: fácil realização, sensibilidade e especificidade em torno de 95%. Presença de cálculos no colo da vesícula. Espessamento da parede da vesícula. Líquido perivesicular Aumento da interface entre o fígado e a vesícula Sinal de Murphy ultrassonográfico: dor quando o transdutor está sobre a vesícula. Aumento significativo do diâmetro transverso do fundo da vesícula. 21 USG DiagnóStico: Exame mais acurado para confirmar suspeita clínica de colecistite aguda calculosa, sensibilidade e especificidade de 97% e 90%, respectivamente. Pouco usual, reservado para casos duvidosos. Tecnésio99 EV: 85% absorvido pelo fígado e excretado na bile. (15min - 1H - 4H). O não enchimento da vesícula com o radioisótopo fecha o diagnóstico.22 Cintilografia DiagnóStico: Muito comumente solicitado em casos de dor abdominal aguda. Cálculos Espessamento da parede vesicular Líquido pericolecístico Precisão inferior a da USG. Se há mais de um sinal de gravidade a TC é recomenda para identificar a colecistite complicada e para melhor direcionar o tratamento. 23 Tomografia DiagnóStico: Entra no quadro das patologias inflamatórias intra-abdominais. Os mais importantes são: Apendicite aguda Pancreatite Úlcera péptica perfurada Outros: pielonefrite, litíase renal, gastrite, abscesso hepático, diverticulite do ângulo hepático e hérnia de hiato. Pancretite aguda (biliar) e colecistite aguda podem coexistir. Ambas possuem a mesma causa base. Síndrome de Fit-Hugh-Curtis: peri-hepatite resultante de disseminação intra-abdominal de infecção genital em mulheres. Esfregaço genital revela o gonococo em pacientes mais jovens e sexualmente ativas. 24 Diferencial TRATAMENTO: Primeiros passos se fundamentam em medidas de suporte. ANTIBIOTICOTERAPIA: Patógenos mais frequentes são Gram-negativos (E.Coli, Klebsiella, Enterobacter sp) e anaeróbios (Bacterioides fragilis). Cefalosporina de 3°Geração Aminoglicosídeo (+ metronidazol) 25 INTERNAÇÃO HOSPITALAR DIETA ZERO ANTIBIÓTICO PARENTERAL HIDRATAÇÃO VENOSA ANALGESIA TRATAMENTo: Grau III (Grave) Pelo menos um dos seguintes: 1. Disfunção cardiovascular: hipotensão no tratamento com dopamina ≥ 5ug/kg/min ou qualquer dose de norepinefrina 2. Disfunção neurológica: rebaixamento do nível de consciência 3. Disfunção respiratória: PaO2/FiO2 <300 4. Disfunção renal: oligúria, creatinina sérica> 2,0 mg/dL 5. Disfunção hepática: INR> 1,5 6. Disfunção hematológica: plaquetas <100.000/mm3 Grau II (Moderado) Pelo menos um dos seguintes 1. glóbulos brancos > 18.000 / mm3 2. Massa dolorosa palpável no quadrante superior direito 3. Duração dos sintomas > 72 horas 4. Marcador inflamação local (gangrena, colecistite enfisematosa, abscesso pericolecístico, abscesso hepático, coleperitônio). Grau I (Leve) Não atende aos critérios do Grau II ou Grau III. Pode ser definido como colecistite aguda em paciente hígido, sem disfunção orgânica ou com alterações inflamatórias leves da vesícula, tornando a colecistectomia um procedimento seguro e com baixo risco cirúrgico. 26 Severidade TRATAMENTo: Vantagens para tratamento precoce (24h): menor tempo de internação e retorno precoce às atividades laborais. Via preferencial é LAPAROSCÓPICA. Contraindicações: coagulopatia não controlada, cirrose hepática não terminal. DPOC grave e ICC fe<20%. Em pacientes com mais de 3-4 dias de evolução, “esfriar” processo com ATBterapia associada ou não à colecistostomia percutânea. COLECISTOSTOMIA: vesícula é drenada por um cateter pig-tail após punção guiada por imagem, passando pelo fígado. Pode ser realizada à beira do leito em pacientes com risco cirúrgico proibitivo. 27 Cirurgia COMPLICAÇÕES: EMPIEMA: Pus na vesícula. Tratamento: Cirurgia de emergência ou colecistostomia se risco cirúrgico proibitivo. PERFURAÇÃO: Livre – precoce/sepse/peritonite - Cirurgia de emergência +lavado peritoneal Localizada – tardio/contida por aderências/encistamento - Atb+drenagem+colecistectomia pós esfriamento Fístula – duodeno/aerobilia Geralmente autorresolutiva. ÍLEO-BILIAR: Obstrução intestinal + aerobilia/ RX - Enterolitotomia proximal +colecistectomia (jovens). 28 EMPIEMA PERFURAÇÃO ÍLEO-BILIAR referências bibliográficas SABISTON. Tratado de cirurgia: A base biológica da prática cirúrgica moderna. 19.ed. Saunders. Elsevier. GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil Medicina Interna. 24. ed. SaundersElsevier, 2012.
Compartilhar