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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA LEONARDO AUGUSTO DA SILVA RELATÓRIO DE QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL - PRÁTICA 2 IDENTIFICAÇÃO E CONFIRMAÇÃO DE GRUPOS FUNCIONAIS: ÁCIDOS CARBOXÍLICOS, FENÓIS, ALCENOS E AMINAS PRESIDENTE PRUDENTE MAIO/2021 1. OBJETIVOS Esta prática teve como objetivo a identificação e confirmação de grupos funcionais de ácidos carboxílicos, fenóis, alcenos e aminas através de reações químicas. 2. INTRODUÇÃO Os ácidos carboxílicos constituem uma das classes de compostos de origem orgânica mais conhecidas, uma vez que inúmeros ácidos são encontrados em produtos naturais ou, ainda, derivados de ácidos carboxílicos também podem ser encontrados. Um exemplo de composto com esse grupo funcional, é o ácido acético [1]. A representação genérica dos ácidos carboxílicos pode ser vista na Figura 1 e a fórmula estrutural do ácido acético pode ser visualizada na Figura 2. Figura 1 - Grupo funcional ácido carboxílico. Figura 2 - Fórmula estrutural do ácido acético. Compostos com esse importante grupo funcional, apresentam pontos de fusão e de ebulição superiores àqueles dos hidrocarbonetos e dos compostos orgânicos oxigenados de formas e tamanhos comparáveis. Também, apresentam fortes forças de atração intermolecular devido ao arranjo espacial das ligações de hidrogênio, que por sua vez, são tão eficientes que permitem a existência de alguns ácidos carboxílicos na forma de dímeros. Quanto à sua solubilidade, são miscíveis em água os ácidos carboxílicos com quatro átomos de carbono ou menos em todas as proporções [1]. Dentre as reações de ácidos carboxílicos, pode-se citar as principais, tais como: conversão de ácidos carboxílicos em cloretos de acila; redução de ácidos carboxílicos à álcoois primários por hidreto de lítio e alumínio; esterificação catalisada por ácido [1]. Caracterizados pela ligação direta de um grupo hidroxila a um anel benzênico, os fenóis possuem diversas características semelhantes às dos álcoois. A interação entre o grupo hidroxila e o anel benzênico é tão forte ao ponto de afetar a reatividade um do outro, o que leva a algumas propriedades novas e úteis dos fenóis [1]. Um exemplo de composto com esse grupo funcional é o orto-cresol. A representação genérica dos fenóis pode ser vista na Figura 3 e a fórmula estrutural do orto-cresol pode ser visualizada na Figura 4. Figura 3 - Grupo funcional fenol. Figura 4 - Fórmula estrutural do orto-cresol. Um dos fatores importantes e relevantes das propriedades físicas dos fenóis, é que a hidroxila influencia diretamente, permitindo a formação de ligações de hidrogênio com outras moléculas de fenol e também com água. Dessa forma, os fenóis apresentam pontos de fusão e de ebulição mais altos e são mais solúveis em água do que os haletos de arila e os arenos de peso molecular comparável [1]. Devido ao comportamento dos fenóis como nucleófilos, as reações mais comuns desses compostos são as reações de substituição eletrofílica aromática. Dentre essas reações pode-se citar: halogenação; nitração; nitrosação; sulfonação; alquilação de Friedel-Crafts; acilação de Friedel-Crafts e reação com sais de arenodiazônio [1]. Outro importante grupo funcional recebe o nome de alcenos. Esses, são hidrocarbonetos que contêm uma ligação dupla carbono-carbono, que por sua vez, é o local onde ocorre a maior parte das reações químicas das quais esses compostos participam [2]. Como exemplo, pode-se citar o eteno, no qual sua fórmula estrutural está representada na Figura 5. Figura 5 - Fórmula estrutural do eteno. Quanto às suas propriedades físicas, os alcenos são semelhantes aos alcanos. Dentre algumas propriedades físicas dos alcenos, pode-se citar que seus momentos dipolos são bastante reduzidos e que quando possuem peso molecular inferior ou até C4H8, são gases à temperatura ambiente e à pressão atmosférica [2]. A reação característica de alcenos é a adição à ligação dupla e devido a variedade de compostos que podem reagir com os alcenos, tem-se uma abundância em convertê-los em muitos outros tipos estruturais. Dentre as reações comuns nas quais os alcenos participam pode-se citar: hidrogenação de alcenos; adição eletrofílica de um haleto de hidrogênio a um alceno; adição de ácido sulfúrico a alcenos e hidratação de alcenos catalisada por ácido [2]. Essenciais para a vida, os compostos de nitrogênio podem ser exemplificados através das aminas. Participantes da química orgânica como sendo um grupo funcional, as aminas são bases fracas que geralmente agem como nucleófilos em reações de substituições nucleofílicas biológicas [1]. A representação genérica das aminas pode ser vista na Figura 6 e a fórmula estrutural da dimetilanima, exemplo de composto com esse grupo funcional, pode ser visualizada na Figura 7. Figura 6 - Grupo funcional amina. Figura 7 - Fórmula estrutural da dimetilamina. Compostos com esse grupo funcional, apresentam propriedades físicas como: as aminas são mais polares que os alcanos, todavia, são menos polares do que os álcoois; apresentam pontos de ebulição mais altos do que os alcanos, porém, mais baixos do que os álcoois; a ligação de hidrogênio está presente nas aminas, entretanto, com uma menor intensidade quando comparada aos álcoois; as aminas com menos de seis átomos de carbono são solúveis em água [1]. Dentre algumas reações, pode-se citar as que participam as aminas: adição nucleofílica de aminas em aldeídos e cetonas; substituição nucleofílica acílica e substituição nucleofílica pela amônia em α-haloácidos [1]. 3. RESULTADOS 3.1 ÁCIDOS CARBOXÍLICOS 3.1.1 Teste com bicarbonato de sódio Neste teste, reagiu-se ácido acético com bicarbonato de sódio. A reação está representada seguir: CH3COOH(aq) + NaHCO3(aq) → CH3COONa(aq) + <H2CO3>(aq) H2O(l) + CO2(g) Como é possível observar através da reação acima, ao reagir ácido acético com bicarbonato de sódio, formou-se acetato de sódio e dióxido de carbono. Todavia, pelo fato de o ácido carbônico ser muito instável, ele se decompõe em água e gás carbônico. Dessa forma, neste experimento foi possível notar a liberação do gás CO2 através da formação de bolhas em solução e, também, que a solução ficou incolor. 3.2 FENÓIS 3.2.1 Teste com hidróxido de sódio Neste teste, no tubo 1 reagiu-se fenol (sólido esbranquiçado) com uma solução de hidróxido de sódio e no tubo 2, colocou-se acetona com a mesma solução de hidróxido de sódio. No tubo 2 não ocorreu reação, e sim, a mistura entre os compostos polares acetona e hidróxido de sódio. Todavia, no tubo 1 ocorreu a reação apresentada a seguir: TUBO 1 Em ambos os tubos, as soluções permaneceram incolores e não houve liberação/desprendimento de gases. 3.2.2 Teste com brometo férrico Assim como no teste do tópico 3.2.1, neste teste, buscou-se comparar as reações utilizando fenol e acetona, todavia, utilizando como reagente o brometo férrico e não mais o hidróxido de sódio. Em resumo, reagiu-se fenol com brometo férrico utilizando o etanol como solvente e colocou-se brometo férrico em acetona, ambos em tubos distintos. No tubo 1, foi possível notar que a solução após a reação, ficou marrom intenso e que houve a formação de um precipitado. A reação está representada a seguir: No tubo 2 não ocorreu reação, uma vez que a solução final permaneceu com a cor marrom, em menor intensidade, que é característica do brometo de ferro(III). Assim, entende-se que como a acetona é utilizada como solvente em muitas reações, ela diluiu o brometo de ferro(III), o que acarretou a diminuição da intensidade da cor marrom. 3.3 ALCENOS 3.3.1 Teste de Bayer Neste teste, reagiu-se estireno com uma solução de permanganato de potássio. Após a adição dos reagentes, a solução apresentou-se rapidamente com a cor roxa e em seguida com cor marrom/castanho. Passados alguns segundos, a solução ficou incolor e houve a formação de um precipitado marrom/alaranjado. As reações podem ser vistas a seguir: 3.4AMINAS 3.4.1 Teste de solubilidade Para o estudo da solubilidade das aminas, realizou-se dois procedimentos, ambos em tubos de ensaio diferentes. No tubo 1, adicionou-se anilila e água destilada. Dessa forma, notou-se a formação de um precipitado de cor alaranjada semelhante à cristais. No tubo 2, adiciounou-se ciclo-hexilamina e água destilada de modo que a solução permaneceu incolor. 3.4.2 Teste de basicidade Para a realização desse teste, utilizou-se as soluções preparadas no teste anterior, ou seja, anilina+água destilada e ciclo-hexilmina+água destilada. Tomou-se o indicador fenolftaleína e adicionou-se algumas gotas às duas soluções. A solução de anilina ficou incolor e a solução de ciclo-hexilamina ficou rosa/roxo intenso. 3.4.3 Reação com ácido nitroso, Formação de sais de diazônio (diazotação) Para a realização desse teste, adicionou-se água destilada, ácido clorídrico e anilina. Após a reação entre esses compostos, a solução apresentou cor de caramelo, indicando a formação do cloridrato de anilina. A reação descrita está representada a seguir: Na sequência, preparou-se uma solução de nitrito de sódio e nessa solução, adicionou-se algumas gotas de cloridrato de anilina. A solução permaneceu com cor de caramelo, mas houve o início do desprendimento de gás, que possivelmente era o ácido nitroso. A reação está representada a seguir: Como a anilina foi restituída na presença de ácido nitroso e de ácido clorídrico, formou o sal de diazônio como na reação a seguir (a reação permaneceu com a cor caramelo): 3.4.4 Preparação de um corante azo Nesta etapa, adicionou-se à solução de 3-etoxisalicilaldeido uma solução de hidróxido de sódio. Após a reação ocorrer, a solução apresentou coloração amarelo intenso. Pegou-se um pouco dessa solução e adicionou-se à solução que continha o sal de diazônio, formando o corante azo (coloração vermelho-alaranjado). A reação está a seguir: 4. DISCUSSÃO 4.1 ÁCIDOS CARBOXÍLICOS 4.1.1 Teste com bicarbonato de sódio Os resultados obtidos neste teste foram condizentes com os resultados presentes na literatura, uma vez que houve a formação do dióxido de carbono pela decomposição do ácido carbônico, provando assim, a presença da função ácido carboxílico. 4.2 FENÓIS 4.2.1 Teste com hidróxido de sódio Os resultados obtidos nos testes foram condizentes com a literatura, pois ao reagir fenol com hidróxido de sódio formou-se um sal (fenóxido de sódio) e água, de maneira que a formação deste sal que possui um anel comprova a presença do grupo funcional fenol, todavia, não houve a mudança de coloração que era prevista. Já no caso da acetona, que por sua vez é um solvente polar, não reagiu com o hidróxido de sódio (em solução), pelo fato de que esse composto também apresenta-se como polar. Logo, houve uma mistura. 4.2.2 Teste com brometo férrico O teste realizado através da reação de fenol com o brometo férrico comportou-se conforme o que era esperado devido a coloração semelhante ao marrom/castanho e também, indicando a presença do fenol. Já o teste realizado com acetona e brometo férrico também apresentou comportamento esperado, uma vez que a acetona é comumente utilizada como solvente em reações, logo, diluiu o brometo férrico. A diluição foi possível ser notada pela diminuição da intensidade da coloração da solução, passando de marrom/castanho escuro para marrom/castanho claro. 4.3 ALCENOS 4.3.1 Teste de Bayer O teste de Bayer é comumente utilizado para a detecção de ligação múltipla C-C, como é o caso dos alcenos que possuem ligação dupla entre os átomos de carbono. Quando essas ligações múltiplas são detectadas, a solução antes roxa passa a ser incolor e há a presença de um precipitado marrom. Dessa maneira, o que ocorreu neste experimento, especialmente na reação presente no tópico 3.3.1, notou-se que o comportamento comum deste teste veio a ocorrer, expondo-nos que os resultados obtidos estão de acordo com os da literatura. 4.4 AMINAS 4.4.1 Teste de solubilidade Os dois testes, ora realizado com anilina e ora realizado com a ciclo-hexilamina apresentaram comportamentos condizentes com a literatura. Tal afirmação se deve ao fato de que a anilina é ligeiramente solúvel em água (3g/100 mL), logo, não solubiliza tanto e, que aminas com menos de seis ou sete átomos de carbono são solúveis em água, como é o caso da ciclo-hexilamina que solubilizou-se (esse composto tem seis átomos de carbono). A estrutura da anilina e da ciclo-hexilamina pode ser vista a seguir: Outra justificativa para a baixa solubilização da anilina é que aminas aromáticas são insolúveis. 4.4.2 Teste de basicidade Levando em consideração as cores das soluções após a adição de gotas de fenolftaleína e as cores apresentadas por esse indicador em meios ácidos, básicos e neutros, dá-se a entender que a anilina possui caráter ácido e que a ciclo-hexilamina possui caráter básico. Entretanto, segundo a literatura, as aminas são bases fracas e o comportamento apresentado pela solução de anilina pode-se dever à faixa de transição do indicador, que é de pH 8,2 - 10,0, aproximadamente. 4.4.3 Reação com ácido nitroso, Formação de sais de diazônio (diazotação) O sal de diazônio formado (sal de arenodiazônio) foi obtido de acordo com a literatura, uma vez que para a formação de sais de diazônio é necessário o tratamento de aminas aromáticas primárias como a anilina, com ácido nitroso na presença de um ácido mineral como o ácido clorídrico. 4.4.4 Preparação de um corante azo A preparação do corante azo ocorreu corretamente, uma vez que a coloração apresentada foi àquela presente na literatura (vermelho-alaranjado). 5. CONCLUSÃO Através de todos os testes realizados nesta prática, pode-se concluir que em geral, os testes foram positivos quanto à identificação dos grupos funcionais com exceção do teste realizado com fenol e hidróxido de sódio, que só foi possível notar a presença do fenol a partir da reação química descrita e não pela coloração marrom que era esperada. Em suma, testes como estes que visam a identificação de compostos orgânicos e suas funções, são de extrema importância, todavia, a elaboração correta de reações químicas envolvidas também possui extrema importância. 6. BIBLIOGRAFIA [1] CAREY, F. A. Química Orgânica – V2. Porto Alegre: Grupo A, 2011. [2] CAREY, F. A. Química Orgânica - V1. Porto Alegre: Grupo A, 2011.