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Sarcopenia: Perda de Massa e Força Muscular

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- Fabiana Bilmayer
Sarcopenia
A. DEFINIÇÃO
O conceito mais aceito é o de um distúrbio
muscular esquelético generalizado e
progressivo, com perda acentuada da massa e
da função muscular. Estudos mais recentes
mostram que o conceito real não envolve
somente a perda de massa muscular, mas deve
incluir a funcionalidade.
A sarcopenia tem relação íntima com eventos
como quedas, declínio funcional, fragilidade e
mortalidade – eventos adversos tão temidos na
população idosa.
Define-se sarcopenia como perda de massa e
força muscular, e caso haja perda de
performance nos testes físicos, ela é
considerada grave.
É importante lembrar que essa condição pode
ocorrer subitamente – e isso geralmente
envolve a apresentação de uma doença aguda
ou imobilidade súbita, como numa internação
hospitalar – ou se apresentar com um curso
crônico.
Todo paciente com sarcopenia é magro? Um
grande equívoco! A perda muscular também
ocorre em pacientes obesos e pode aumentar
os riscos de morte, por não ser identificada. A
chamada “obesidade sarcopênica” ainda não
possui um consenso na sua definição, mas
estudos recentes já mostram vias
fisiopatológicas compartilhadas entre a
obesidade e a sarcopenia.
O QUE CAUSA SARCOPENIA?
A sarcopenia pode ocorrer em associação a
várias condições e, em pacientes idosos,
geralmente ocorre mais de uma condição ao
mesmo tempo. Se não for encontrada uma
causa evidente, ela é dita como primária ou
associada à idade. Os principais fatores que
levam à sarcopenia são: baixa ingesta proteica
ou calórica total, deficiência de
micronutrientes, anorexia, doenças mal
absortivas, imobilidade, baixo
condicionamento físico, sedentarismo,
doenças osteoarticulares, doenças renais e
hepáticas, neoplasias, distúrbios metabólicos
(diabetes ganha destaque), doenças
neurológicas, entre outras.
DIAGNÓSTICO - Como identificar?
As instituições de saúde recomendam que seja
feita a abordagem em pacientes que relatam
sintomas: quedas, fraqueza, lentidão,
dificuldade de realização de atividades
cotidianas ou autorrelato de perda muscular.
A ferramenta SARC-F é bastante recomendada
como um instrumento de identificação de
pacientes em risco; tem baixa sensibilidade,
mas alta especificidade. É um questionário que
aborda 5 questões sobre força, necessidade de
ajuda para caminhar, levantar de uma cadeira,
subir escadas e número de quedas, com
respostas variando entre fácil, moderada
dificuldade ou difícil.
As questões são: “o quanto de dificuldade você
tem para levantar e carregar um objeto de
5kg?”, “o quanto de dificuldade você tem para
atravessar um cômodo?”, “o quanto de
dificuldade você tem para levantar de uma
cama ou cadeira?”, “o quanto de dificuldade
você tem para subir um lance de 10 degraus de
escada?” e “quantas vezes você caiu no último
ano?”; se o paciente responde nenhuma
dificuldade, ou nenhuma queda, não soma
pontos; se responde moderada/alguma
dificuldade ou de 1 a 3 quedas no último ano,
soma 1 ponto (a cada resposta); e se responde
muita dificuldade/incapaz ou teve 4 ou mais
quedas, soma 2 pontos por resposta.
Além disso, deve ser medida a circunferência
da panturrilha do paciente: mulheres com mais
de 33cm e homens com mais de 34cm não
somam pontos (se a circunferência de
panturrilha for menor ou igual a 33cm para
mulheres e menor ou igual a 34cm para
homens, então somamos 10 pontos).
https://blog.jaleko.com.br/qual-a-diferenca-entre-o-musculo-estriado-e-o-musculo-liso-na-microscopia-optica/
- Fabiana Bilmayer
O escore é sugestivo de sarcopenia se somar de
11 a 20 pontos, devendo prosseguir a
investigação.
Para o diagnóstico de sarcopenia, devemos
encontrar a combinação de massa muscular
reduzida e força muscular diminuída.
No algoritmo criado pelo EWGSOP, o paciente
identificado com risco pelo SARC-F deve
realizar medida de força muscular, com a
aferição da força de preensão palmar – o
handgrip: se a força de preensão estiver
reduzida, o passo seguinte é a medida da massa
muscular. Várias técnicas têm sido utilizadas
para estimar a massa muscular e, em todas,
são encontradas limitações em pontos de corte,
variabilidade ou fraca associação com
desfechos clínicos; o procedimento mais eficaz
até o momento é a densitometria por raios-X
(DXA), que estima a massa magra muscular
utilizando um índice semelhante ao IMC
(índice de massa corporal): o índice de
Baumgartner. Esse índice é calculado dividindo
a massa magra apendicular (braços + pernas)
pela altura ao quadrado e o corte é definido por
gênero. Caso o paciente apresente tanto
redução de força quanto de massa muscular, é
feito o diagnóstico de sarcopenia; depois do
diagnóstico, o paciente realiza testes físicos
padronizados, como o teste de velocidade de
marcha e o Timed Up and Go (TUGT), e é
avaliado do ponto de vista funcional – se
houver declínio na performance física, a
sarcopenia é considerada grave. Os pontos de
corte escolhidos pelo EWGSOP para o
diagnóstico de sarcopenia, em 2019, foram:
força de preensão palmar menor que 27 kg para
homens e menor que 16kg para mulheres,
índice de Baumgartner menor que 7 kg/m²
para homens e menor que 5,5 kg/m² para
mulheres; nos testes físicos, os pontos de corte
independem de gênero e são definidos como
velocidade de marcha menor ou igual a 0,8m/s
e TUGT maior ou igual a 20 segundos.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE SARCOPENIA
É essencial fazer diagnóstico diferencial com:
- Desnutrição
- Caquexia
- Fragilidade
Um achado isolado de massa muscular
reduzida com força muscular normal pode
estar relacionado com desnutrição ou caquexia
– esta condição tem grande relação com
doenças como AIDS e câncer, e tem uma
fisiopatologia bastante complexa, com papel
inflamatório importante e excesso de
catabolismo. A fragilidade, definida como um
estado de vulnerabilidade, é geralmente
consequência de um declínio cumulativo de
vários sistemas fisiológicos; a fragilidade física
e a sarcopenia estão intimamente ligadas, com
sobreposição de conceitos – como se a
fragilidade fosse uma grande síndrome e
dentro dela coexistisse a sarcopenia.

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