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Módulo Pediatria - Ansiedade natural SP1

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1 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
–
 
1- IDENTIFICAR OS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO 
GESTACIONAIS. 
Inicialmente, é importante entender que 
Gestação de Alto Risco é aquela na qual a 
vida ou a saúde da mãe e/ou do RN 
apresentam uma maior probabilidade de 
evolução desfavorável. 
Além disso, é importante alertar que uma 
gestação que esta transcorrendo bem pode 
se tornar de risco a qualquer momento, 
durante a evolução da gestação ou durante 
o trabalho de parto. Portanto, há 
necessidade de reclassificar o risco a cada 
consulta pré-natal e durante o trabalho de 
parto. Isso porque a intervenção precoce 
evita os retardos assistenciais 
capazes de gerar morbidade 
grave, morte materna e 
perinatal. 
Os fatores de risco gestacional não 
necessitam de uma tecnologia mais 
avançada do que as comumente oferecidas 
na assistência de baixo risco, embora 
signifique uma maior atenção, o que muda é 
uma maior frequência das consultas e visitas 
domiciliares, sendo o intervalo definido de 
acordo com o fator de risco identificado e a 
condição da gestante no momento. 
Os fatores de risco se dividem em:
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
 
 
 
 
 
 
Outros fatores de risco referem-se as condições ou complicações que podem surgir no decorrer 
da gestação, transmando-a em uma gestação de alto risco. 
 
 
Uma vez encaminhando para o 
acompanhamento em um serviço 
especializado em pré-natal de alto risco é 
importante que a gestante seja orientada a 
não perder o vinculo com a equipe de 
atenção básica ou Saúde da Família que 
iniciou o acompanhamento. 
Além de a equipe estar sempre preparada 
para enfrentar quaisquer fatores que possa 
afetar a gravidez, sejam eles clínicos, 
obstétricos ou de cunho socioeconômico ou 
emocional. 
Para tanto, a gestante deverá ser sempre 
informada do andamento da sua gestação e 
instruída quanto aos comportamentos e 
atitudes que deve tomar para melhorar sua 
saúde, assim como sua família deve estar 
preparada para promover um suporte 
adequado a esta gestante. 
SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GRAVIDEZ 
1. Hipertensão crônica 
Observada antes da gravidez, ou antes, de 
20 semanas de gestação, ou diagnosticada 
pela primeira vez durante a gravidez e não 
se resolve ate 12 semanas após o parto. 
2. Pré-eclâmpsia/ eclampsia 
A eclâmpsia caracteriza-se pela presença 
de convulsões tônico-clônicas generalizadas 
ou coma em mulher com qualquer quadro 
hipertensivo, não causadas por epilepsia ou 
qualquer outra doença convulsiva. Pode 
ocorrer na gravidez, no parto e no puerpério 
imediato. 
É uma hipertensão que ocorre após 20 
semanas de gestação, acompanhada de 
proteinuria, com desaparecimento ate 12 
semanas pós-parto. Na ausência de 
 
3 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
proteinuria, a suspeita se fortalece quando o 
aumento da pressão aparece 
acompanhado por cefaleia, distúrbios 
visuais, dor abdominal, plaquetopenia e 
aumento das enzimas hepáticas. 
A pré-eclâmpsia pode ser classificada como 
leve. Nesses casos, a paciente deve ser 
hospitalizada para avaliação diagnostica 
inicial e mantida com dieta normossódica e 
repouso relativo, pois não há necessidade 
de tratamento medicamentoso. 
 
Já na pré-eclâmpsia grave ocorre quando 
houver PA diastólica =/>110mmHg, oligúria 
(menor que 500ml/dia), sinais de 
encefalopatia hipertensiva (cefaleia e 
distúrbios visuais), aumento de enzimas 
hepáticas e bilirrubinas. Nesses casos, a 
paciente deverá ser internada para 
avaliação das condições maternas e fetais. 
Se a idade gestacional for maior ou igual 34 
semanas, deve ser preparada para 
interrupção da gravidez. Já em pacientes 
com pré-eclâmpsia grave com idade 
gestacional entre 24 e 33 semanas, a 
conduta é feita com monitorização materno-
fetal rigorosa, uso de sulfato de magnésio e 
agentes anti-hipertensivos. 
 
2- CONHECER OS PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA À 
SAÚDE DA CRIANÇA E DA MULHER NO SUS 
(ENFATIZANDO O PRÉ-NATAL E A PUERICULTURA). 
A politica Nacional de atenção Integral à 
saúde da Criança – PNAISC possui 7 eixos 
estratégicos coma finalidade de orientar e 
qualificar as ações e os serviços de saúde da 
criança em território nacional. 
O eixo estratégico I visa: atenção 
humanizada e qualificada à gestação, ao 
Parto, ao Nascimento e ao Recém-nascido. 
 
4 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
É importante dizer, que essa atenção integral 
à gestação, ao parto e ao nascimento 
inicia-se com a visão abrangente da saúde 
integral da mulher e promoção da saúde 
sexual e reprodutiva, desde a adolescência. 
Deve-se incluir uma atenção especial às 
mulheres em situação de violência, a 
prevenção e abordagem da gravidez não 
planejada e a de risco, a assistência à 
infertilidade e atenção diferenciada em 
situações de risco. 
A Rede de Atenção à Saúde Materna, 
Neonatal e Infantil (Rede Cegonha) tem por 
objetivo fomentar a implementação de um 
novo modelo de atenção à saúde da mulher 
e à saúde da criança, com foco na atenção 
ao parto, ao nascimento, ao crescimento e 
ao desenvolvimento da criança (zero aos 24 
meses), com a finalidade de reduzir a 
mortalidade materna e infantil. 
Após os avanços na assistência e no acesso 
à tecnologia de atenção às complicações e 
urgências na gravidez de risco habitual e de 
alto risco, como as intervenções cirúrgicas, a 
reanimação neonatal e o cuidado intensivo, 
há necessidade de se aprimorar o cuidado 
cotidiano nos serviços de saúde. 
Propõe-se mudanças no modelo de atenção 
obstétrica e neonatal no Pais, buscando 
equilíbrio e prevenção de intervenções 
desnecessárias, contribuindo para a 
morbidade e efeitos adversos físicos e 
psíquicos na vida da mulher e da criança. 
Entre as ações estratégicas do eixo de 
atenção humanizada e qualificada à 
gestação, ao parto e ao RN destacam-se: 
 Prevenção da transmissão vertical do 
HIV e da sífilis. 
 Atenção humanizada e qualificada 
no momento do nascimento, com 
capacitação dos profissionais; 
 Atenção humanizada ao RN de baixo 
peso, com a utilização do Método 
Canguru. 
 Alta qualificada do RN da 
maternidade, com vinculação da 
mãe do bebe a Atenção Básica. Ou 
seja, a mãe deve deixar a 
maternidade já com a data 
agendada para o comparecimento 
entre o 3º e 5º dia de vida na UBS, 
visando ao projeto “5º dia de saúde 
integral” que consiste numa consulta 
de enfermagem (ou medica) 
conjunta da criança e da mulher. 
 Triagens neonatais universais. 
PRÉ-NATAL 
Para ampliar a captação precoce das 
gestantes, o MS por intermédio da Rede 
Cegonha, incluiu o Teste rápido de Gravidez 
nos exames de rotina do pré-natal, podendo 
ser realizado na própria UBS. 
Toda mulher da área de abrangência da 
unidade de saúde e com historia de atraso 
menstrual de mais de 15 dias deverá ser 
orientada pela equipe de saúde a realizar o 
Teste Imunológico de Gravidez, que será 
solicitado pelo medico ou enfermeiro. 
Após a confirmação da gravidez, em 
consulta medica ou de enfermagem, dá-se 
inicio ao acompanhamento da gestante, 
com seu cadastramento no SisPreNatal. 
A partir desse momento, a gestante deverá 
receber as orientações necessárias 
referentes ao acompanhamento de pré-
natal: sequência de consultas, visitas 
domiciliares e grupos educativos. 
Devem ser fornecidos à gestante: o Cartão 
da Gestante; o Calendário de vacinas 
(orientações sobre sua atualização caso 
necessárias); a solicitação dos exames de 
rotina; realização de testes rápidos e as 
orientações sobre a participação nas 
atividades educativas. 
Com o objetivo de reduzir a 
morbimortalidade materno infantil e ampliar 
o acesso com qualidade, é necessário que 
se identifiquem os fatores de risco 
 
5 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
gestacional o mais precocemente possível. 
Dessa forma, o acolhimento com 
classificação de risco pressupõe agilidadeno atendimento e definição da necessidade 
de cuidado que devem ser ofertadas as 
usuárias. 
As consultas de pré-natal poderão ser 
realizadas na UBS ou durante visitas 
domiciliares. O calendário deve ser iniciado 
precocemente (no primeiro trimestre) e deve 
ser regular, garantindo-se que todas as 
avaliações propostas sejam realizadas. 
O total de consultas deverá ser de no 
mínimo, seis com acompanhamento 
intercalado entre medico e enfermeiro. 
Seguindo o cronograma sempre que 
possível: 
Até 28ª semana – mensalmente; 
Da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente; 
Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente. 
A maior frequência de visitas no final da 
gestação visa à avaliação do risco perinatal 
e das intercorrências clínico-obstétricas mais 
comuns nesse trimestre, como trabalho de 
parto prematuro, pré-eclâmpsia e 
eclampsia, amniorrexe prematura e óbito 
fetal. 
O acompanhamento da mulher no ciclo 
gravídico-puerperal deve ser iniciado o mais 
precocemente possível e só se encerra após 
o 42º dia de puerpério, período em que a 
consulta de puerpério deverá ter sido 
realizada. 
Os exames solicitados na primeira consulta 
incluem: hemograma, tipagem sanguínea e 
fator Rh, Coombs indireto (se for Rh 
negativo); Glicemia de jejum; Testes rápido 
para triagem de sífilis, HIV; sorologia para 
hepatite B; exame de urina e urocultura; USG 
obstétrico (não é obrigatório) para avaliar a 
idade gestacional; e parasitológico de fezes 
(se houver indicação clinica). 
Nas consultas subsequentes, deve ser 
realizado: 
 Um exame físico direcionado para 
avaliar o bem-estar materno e fetal. 
 Verificação do calendário de vacinas; 
 Analisar os resultados de exames; 
 Determinar o IMC e monitoramento 
do ganho de peso gestacional; 
 Medidas de pressão arterial; 
 Palpação obstétrica e medida da 
altura uterina para avaliação do 
crescimento fetal; 
 Pesquisa de edema; 
 Exame ginecológico incluindo das 
mamas para avaliação do mamilo; 
 Ausculta de batimentos cardiofetais; 
 Prescrição de suplementação de 
sulfato ferroso (40mg de ferro 
elementar/dia) e acido fólico 
(5mg/dia) para profilaxia da anemia. 
 Incentivar o aleitamento materno 
exclusivo ate os seis meses; 
 Orientar as gestantes sobre os sinais 
de risco e a necessidade de 
assistência em cada caso. 
VACINAÇÃO NA GESTAÇÃO 
A vacinação durante a gestação objetiva, 
não somente a proteção da gestante, mas 
também a proteção do feto. 
1. Vacina dT (difteria e tétano) 
A vacina dT é indicada para a proteção da 
gestante contra o tétano acidental e a 
prevenção do tétano neonatal. 
Gestante sem nenhuma dose registrada: 
inicie o esquema vacinal o mais 
precocemente possível com 3 doses, com 
intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias. 
Gestante com esquema vacinal incompleto 
(1 ou 2 doses): em qualquer período 
gestacional, deve-se completar o esquema 
de três doses o mais precocemente possível, 
com intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 
dias entre elas. 
 
6 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
Gestante com esquema vacinal completo (3 
doses ou mais) e última dose há menos de 
cinco anos: não é necessário vaciná-la. 
Gestante com esquema completo (3 doses 
ou mais) e última dose administrada há mais 
de cinco anos e menos de 10 anos: deve-se 
administrar uma dose de reforço tão logo 
seja possível, independentemente do 
período gestacional. 
Gestante com esquema vacinal completo (3 
doses ou mais), sendo a última dose há mais 
de 10 anos: aplique uma dose de reforço. 
2. Vacina contra Influenza 
A vacina contra a Influenza é recomendada 
a todas as gestantes em qualquer período 
gestacional. 
3. Vacinação contra hepatite B 
Por considerar os riscos da gestante não 
vacinada de contrair a doença e de haver 
transmissão vertical, o PNI reforça a 
importância de que a gestante receba a 
vacina contra a hepatite B após o primeiro 
trimestre de gestação, independentemente 
da faixa etária. 
Gestantes com esquema incompleto (1 ou 2 
doses): deve-se completar o esquema. 
Gestantes com esquema completo: não se 
deve vaciná-las. 
PUERPÉRIO 
No puerpério podem surgir problemas de 
saúde ainda relacionados com a gravidez, 
responsáveis por muitas sequelas e ate 
mesmo mortes de mulheres, provocadas por 
hemorragias e infecções. 
Deve ser amplamente divulgada, nos 
serviços de saúde, a necessidade da 
realização de um consulta de controle pós-
parto, que deve ser feita ate 42 dias após o 
final da gestação. Nesta ocasião, a puérpera 
devera receber informações especificas 
sobre os cuidados que deve tomar consigo 
mesma e com o bebe e as orientações 
referentes à amamentação, à vida 
reprodutiva e a sexualidade. 
PUERICULTURA 
É recomendado pelo MS uma visita 
domiciliar à gestante e a criança na primeira 
semana pós-parto. Nesta visita é 
fundamental que o profissional de saúde 
saiba identificar sinais de perigo à saúde da 
criança. Isso porque, as crianças menores de 
2 meses podem adoecer e morrer em um 
curto espaço de tempo por infecções 
bacterianas graves. 
A primeira consulta do RN deverá ocorrer na 
sua primeira semana de vida, que constitui 
um momento propicio para estimular e 
auxiliar a família nas dificuldades do 
aleitamento materno exclusivo, para orientar 
sobre as imunizações, para verificar a 
realização da triagem neonatal (teste do 
pezinho) e para estabelecer ou reforçar a 
rede de apoio. 
A partir da anamnese procura-se identificar 
as condições de nascimento da criança 
(tipo de parto, local de parto, peso ao 
nascer, índice de Apgar, intercorrências 
clinicas na gestação e parto). Já o exame 
físico deve ser completo, avaliando peso – 
lembrando, que se considera normal uma 
perda de peso de ate 10% ao nascer, 
devendo ser recuperado ate o 15º dia de 
vida - comprimento, perímetro cefálico, 
estado geral, face, pele, fontanelas, reflexos. 
Além disso, é importante verificar se o RN 
recebeu a 1ª dose da vacina contra hepatite 
B e da BCG na maternidade e se será 
necessário indicar a aplicação dessas 
vacinas na unidade de saúde. 
O MS recomenda sete consultas de rotina no 
primeiro ano e vida (1ª semana, 1º mês, 2º 
mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês) além 
das duas consultas no 2º ano de vida (18º e 
no 24º mês), e a partir do 2º ano de vida, 
consultas anuais. Essas faixas são 
 
7 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
selecionadas porque representam 
momentos de oferta de imunizações. 
3- DISCUTIR A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE 
MULTIDISCIPLINAR NA ASSISTÊNCIA PERINATAL. 
A Estratégia Saúde da Família (ESF) funciona 
como eixo estruturante da Atenção Primária 
à Saúde (APS) e atua ativamente no pré-
natal, tendo papel importante no cuidado 
integral à gestante, à dupla mãe-bebê e na 
inserção do pai/companheiro e da família 
nesse processo. 
Neste cenário, a equipe multiprofissional 
possui embasamento teórico-científico e 
respaldo legal para prestar assistência ao 
pré-natal de risco habitual ou alto risco. 
Ações multiprofissionais têm importância, 
pois favorecem que sejam implementados 
dispositivos, como grupos de gestantes na 
ESF, com encontros mensais, ou ainda 
interconsultas com os profissionais de 
referência da ESF para a garantia de uma 
assistência pré-natal por diferentes olhares 
sobre as práticas do cuidado, levando a 
uma atenção integral, resolutiva e 
qualificada. 
A integração entre diversos profissionais da 
saúde nas ESFs possibilita diferentes olhares 
sobre as práticas do cuidado à saúde 
materno-infantil, garantindo uma atenção 
integral e aumentando o potencial de 
resolutividade. 
Além disso, o acolhimento é visto como um 
modo de reorganização dos processos de 
trabalho das equipes, uma vez que para 
acolher as usuárias com qualidade e 
equidade, os profissionais precisam se reunir 
com regularidade para debater e definir a 
forma como cada um irá participar 
nasdiversas etapas do cuidado, sendo 
necessário que a equipe amplie sua 
capacidade clínica, para realizar a 
escuta qualificada, para que classifique os 
riscos e situações de vulnerabilidade, 
fazendo as devidas intervenções e/ou 
encaminhando para o serviço especializado, 
quando necessário. 
4- ENTENDER COMO OCORRE O ATENDIMENTO 
INICIAL AO RN (NA SALA DE PARTO).] 
Na sala de parto, os cuidados iniciais 
constituem elementos fundamentais para o 
bem estar do RN. Para isso, é importante 
definir se você está diante de um neonato 
de baixo risco ou alto risco, para que os 
cuidados assistências de reanimação 
estejam prontos. 
Algumas condições vão estar mais 
associadas à necessidade de reanimação 
ao nascer, tais como idade materna (<16 
anos ou >35 anos), diabetes, hipertensão, 
infecção, gestação múltipla, cesárea, 
prematuridade, rotura prolongada de 
membrana (<18h). 
Para identificar se um RN é de baixo risco, 
devemos responder SIM para três perguntas: 
1. A gestação é a termo? (ou seja, 
nascido entre 37 e 41 semanas + 6 
dias). 
2. O RN está chorando ou respirando? 
3. O RN tem tônus muscular em flexão? 
Quando respondemos SIM a essas três 
perguntas, consideramos que o RN 
apresenta boa vitalidade e não necessita de 
qualquer manobra de reanimação, 
independente do aspecto do liquido 
amniótico. 
Mas é valido ressaltar, que mesmo que a 
situação de gestação e parto não aponte 
qualquer fator de risco para necessidade de 
reanimação e o neonato seja de baixo risco, 
é importante que a sala de parto seja 
preparada. Para isso, o ambiente precisa 
estar a uma temperatura de 23-26ºC, 
campos estéreis pré-aquecidos, UCI 
(unidade de cuidados intensivos) 
preaquecida (fonte de calor radiante), 
material de aspiração de orofaringe/narinas 
(pera de sucção, mangueira de látex 
conectada a fonte de vácuo, sonda de 
 
8 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
aspiração), material para clampeamento de 
cordão, material para identificação do 
neonato e material para reanimação 
neonatal (mascara orofacial, balão auto 
inflável ligado a fonte de oxigênio, 
laringoscópio, tubos orotraqueais) e 
medicações já preparadas na seringa 
(adrenalina, soro fisiológico). 
Ao observar que o RN a termo teve boa 
vitalidade ao nascer, por meio do boletim de 
APGAR, deve-se prosseguir com o 
clampeamento tardio do cordão, mantendo 
o RN junto de sua mãe em contato pele a 
pele, coberto com tecido de algodão seco e 
aquecido depois de secar o corpo e o 
segmento cefálico com compressas 
aquecidas. Deve-se cuidar para manter as 
vias éreas pérvias sem flexão ou 
hiperextensão do pescoço, verificando se 
não há excesso de secreção na boca e 
nariz. Avaliar incialmente, a FC com o 
estetoscópio no precórdio, o tônus muscular 
e a respiração/choro. 
A amamentação na primeira hora pós-parto 
assegura que o RN receba o colostro, rico 
em fatores protetores. O contato pele a pele 
entre a mãe e o bebe ao nascimento 
favorece o inicio precoce da amamentação 
e aumenta a chance do aleitamento 
materno exclusivo ser bem sucedido nos 
primeiros meses de vida. 
O clampeamento tardio do cordão após 1-3 
minutos é indicado para RN >34 semanas 
com boa vitalidade. Essa medida traz 
benefícios como aumento das reservas de 
ferro do bebê em até 50% aos 6 meses de 
idade, embora possa elevar a necessidade 
de fototerapia por hiperbilirrubinemia indireta 
(devido a um maior aporte de hemoglobina 
e consequentemente de bilirrubina indireta) 
na primeira semana de vida. Além disso, 
reduz os riscos de hemorragia intracraniana 
e menor necessidade de transfusões. Já nos 
RN de qualquer idade gestacional sem boa 
vitalidade será feito o clampeamento 
imediato. 
MANUTENÇÃO DO CALOR CORPORAL 
A superfície corporal de uma criança recém-
nascida é aproximadamente três vezes 
maior do que de um adulto. A taxa estimada 
de perda de calor nos RN é 
aproximadamente 4 vezes maior que a dos 
adultos. Sob as condições normais da sala 
de parto, a temperatura na pele dos RN cai 
aproximadamente 0,3ºC/min. Pode ocorrer 
 
9 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
acidose metabólica, hipoxemia e 
hipoglicemia no RN a termo que fica exposto 
ao frio depois do nascimento. Portanto, para 
reduzir a perda de calor é desejável que os 
RNs sejam secos e envoltos em cobertores 
aquecidos, além do contato pele a pele 
com a mãe ser um ótimo método para 
manter a temperatura. 
CUIDADOS APÓS A ESTABILIZAÇÃO CLÍNICA 
DO RN NA SALA DE PARTO 
1. PREVENÇÃO DA OFTALMIA 
GONOCÓCICA PELO MÉTODO DE 
CREDÉ 
Consiste na instilação ocular de uma gota 
de Nitrato de Prata a 1% para prevenção da 
oftalmia gonocócica. Este procedimento é 
realizado na primeira hora de vida, tanto em 
parto normal quanto cesáreo. Em caso de 
presença de vérnix na região ocular, o 
mesmo deverá ser removido, mediante uso 
de uma gaze seca ou umidificada em água 
(não utilizar soro fisiológico ou qualquer 
solução salina). Afastam-se as pálpebras e 
instila-se uma gota de nitrato de prata a 1% 
no saco lacrimal inferior de cada olho. 
2. PREVENÇÃO DO SANGRAMENTO POR 
DEFICIÊNCIA DE VITAMINA K 
Deve-se administrar 1mg de vitamina K por 
via intramuscular ou subcutânea ao 
nascimento. Ela é recomendada, pois os 
estoques de vitamina K são obtidos por meio 
da dieta e por ação das bactérias presentes 
no intestino. Como o RN tem baixa 
concentração de vitamina K após o 
nascimento ele tem um maior risco de 
desenvolver a doença hemorrágica do RN. 
5- COMPREENDER A ESCALA DE APGAR 
(IMPORTÂNCIA E APLICABILIDADE). 
O escore de APGAR é um dos métodos mais 
utilizados para a avaliação imediata do RN, 
durante o 1º e o 5º minuto de vida. 
Esse escore foi criada pela Dr. Virginia Apgar, 
médica norte-americana, para avaliar 5 
sinais objetivos do RN atribuindo a cada sinal 
uma pontuação de 0 a 2. 
Os parâmetros que são analisados são: 
Coloração da pele, Frequência Cardíaca, 
Resposta flexora, Tônus Muscular e 
Frequência respiratória. 
Depois de aplicar uma nota de 0 a 2 para 
cada parâmetro, ocorre a somação e 
sempre que a pontuação for: 
De 0 a 3: asfixia grave 
De 4 a 6: asfixia moderada 
De 7 a 10: boa vitalidade, boa adaptação. 
Sempre que o escore for menor ou igual a 6, 
o escore continua a ser calculado com 
intervalos de cinco minutos ate que se 
obtenha uma nota maior ou igual a 7. 
O Apgar de 1 minuto reflete a necessidade 
de reanimação imediata. O Apgar de 5 min 
é, particularmente, a alteração ocorrida no 
escore entre o primeiro e o quinto minutos, é 
um indicador útil da efetividade das 
manobras de reanimação. O Apgar de 5 min 
também tem significado prognóstico para a 
sobrevida do neonato, uma vez que tal 
sobrevida está intimamente relacionada 
com seu estado na sala de parto 
É importante ressaltar que a escala de 
APGAR não deve ser o fator que determinará 
o inicio das manobras de reanimação, ate 
porque sua primeira aferição acontece no 
primeiro minuto de vida. Por isso a decisão 
de reanimação é tomada mediante 
avaliação da respiração e da frequência 
cardíaca ANTES desse primeiro minuto de 
vida. 
O APGAR é uma medida de vitalidade que 
deve ser calculada depois que as medidas 
de cuidado inicial forem tomadas. 
É importante ressaltar, que o boletim de 
APGAR não deve ser utilizado para 
determinar o inicio da reanimação, nem as 
manobras a serem instituídas no decorrer do 
 
10 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
procedimento. No entanto, sua aferição 
longitudinal permite avaliar a resposta das 
manobras realizadas e a eficácia dessas 
manobras.
6- DESCREVER A FISIOPATOLOGIA DA ICTERÍCIA NO 
RN. 
A icterícia é um evento bastante comum na 
primeira semana de vida e é identificado em 
60% dos nascidos a termo e em ate 80% dos 
prematuros. 
A icterícia é definida como uma coloração 
amarelada na pele e mucosas, provocada 
por um aumento da fração indireta dabilirrubina, gerando quando >7mg/dl ou da 
sua fração direta, menos frequente. 
A icterícia decorrente do aumento da fração 
indireta de bilirrubina confere a pele uma 
tonalidade amarela brilhante ou alaranjada. 
Já nas condições associadas à 
hiperbilirrubinemia direta, esta confere uma 
cor amarelo-esverdeada. 
A grande complicação desta impregnação 
não acontece a nível cutâneo, mas sim 
encefálico. Pois, em níveis muitos elevados, a 
bilirrubina indireta pode cruzar a barreira 
hematoencefálica produzindo efeitos tóxicos 
obre os neurônios, levando a um quadro de 
encefalopatia bilirrubínica. 
A hiperbilirrubinemia à custa da fração 
direta, quando presente nas primeiras horas 
ou semanas de vida, indica uma desordem 
subjacente de extrema gravidade, como 
sepse neonatal, infecções congênitas, 
atresia biliar, fibrose cística, galactosemia. 
ETIOLOGIA 
Durante o período neonatal, o metabolismo 
da bilirrubina está em transição entre o 
estágio fetal, durante o qual a placenta é a 
principal via de eliminação da bilirrubina 
indireta lipossolúvel, e o estagio adulto, 
durante o qual a bilirrubina conjugada 
hidrossolúvel é excretada pelas células 
hepáticas para o sistema biliar e assim para 
o trato gastrointestinal. 
A bilirrubina é um produto da degradação 
do grupamento heme, que deriva 
principalmente da hemoglobina. O grupo 
heme é convertido em duas reações 
químicas: a primeira mediada pela 
hemeoxigenase que transforma a 
hemoglobina em biliverdina. E a segunda é 
catalisada pela biliverdina redutase 
produzindo a bilirrubina. O ferro liberado 
dessa reação é reaproveitado pelo 
organismo e armazenado em baço e fígado. 
A bilirrubina indireta (lipossolúvel) liga-se a 
albumina plasmática para poder ser 
carreada ate o fígado. Já dentro dos 
hepatócitos, no REL, a bilirrubina é 
convertida à bilirrubina indireta com auxilio 
da enzima uridilglucoroniltransferase (UDG). 
 
11 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
Esses novos pigmentos são hidrossolúvel e 
podem ser excretados pela bile ou filtrados 
pelos rins (bilirrubina direta). 
Com a bile, a bilirrubina direta chega ao 
intestino delgado onde, no adulto e na 
criança maior, será reduzida a estercobilina 
pela presença de bactérias da flora local e 
uma pequena quantidade será 
desconjugada a bilirrubina indireta (enzima 
betaglicorunidase) e reabsorvida pela 
circulação enterro-hepática. 
No RN, a flora intestinal esta ausente ate mais 
ou menos o final da primeira semana de 
vida, com estercobilina praticamente 
indetectável. Além disso, nessa fase a 
enzima que promove a conversão da 
bilirrubina direta para indireta esta presente 
na forma ativa, aumentando a quantidade 
de bilirrubina indireta que será reabsorvida 
na circulação enterro-hepática. 
No período neonatal existem fatores 
bioquímicos que promovem uma maior 
elevação da bilirrubina indireta, o que 
explica a alta incidência desta afecção 
nesse período: 
1. Aumento da carga de bilirrubina a ser 
metabolizada pelo fígado, isso porque 
as hemácias fetais apresentam menor 
sobrevida associado a um maior risco 
de hemólise e infecção. 
2. Diminuição da captação e 
conjugação hepática, por 
imaturidade dos sistemas enzimáticos 
devido a fatores como hipóxia, 
infecção, hipotermia. 
3. Competição ou bloqueio da enzima 
glicuroniltransferase por substancias 
que necessitem de conjugação com 
o acido glicurônico para excreção e 
drogas. 
4. Presença de defeitos genéticos que 
acarretem ausência da glicuronil 
transferase. 
5. Exacerbação da circulação enterro-
hepática por jejum e demora na 
eliminação de mecônio. 
Além disso, o período neonatal é 
particularmente vulnerável à lesão 
neurotoxica, em decorrência de fatores 
como: 
 Hipoproteinemia, levando a uma 
menor concentração de albumina e, 
portanto, maior teor de bilirrubina 
livre, sendo esta a forma que 
atravessa a barreira 
hematoencefálica. 
 Deslocamento da bilirrubina do seu 
sitio de ligação na albumina por uso 
de determinadas drogas, como as 
sulfas e a ceftriaxona, ou na presença 
de acidose. 
 Aumento da permeabilidade da BHE 
por imaturidade (prematuros), asfixia e 
infecção. 
QUADRO CLÍNICO 
A época do surgimento da icterícia vai 
depender do distúrbio patológico que a 
originou. Mas também devemos lembrar que 
o aumento do nível de bilirrubina pode ser 
um evento fisiológico ou decorrente da 
amamentação. 
Existe uma regra que relaciona os níveis de 
bilirrubina com a topografia da icterícia no 
RN (Zonas de Kramer). Sabe-se que a 
progressão da icterícia se faz de maneira 
craniocaudal com nível de 5mg/dl quando a 
icterícia fica apenas na face. Valor de 
15mg/dl quando alcança a parte média do 
abdome, enquanto um teor de 20mg/dl esta 
associado com coloração amarelada das 
 
12 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
mãos e pés e obviamente de todo o corpo. 
No entanto, só essa regra não é suficiente. É 
necessária colher sangue para 
determinação sérica dos níveis de 
bilirrubina. 
Podemos compreender a icterícia neonatal 
sob dois pontos de vista distintos: icterícia de 
significado fisiológico e icterícia patológica, 
A hiperbilirrubinemia direta terá sempre 
conotação patológica. 
Além disso, o período de aparecimento 
também tem importância, pois vai se 
relacionar com os fatores etiológicos. 
ICTERICIA FISIIOLOGICA 
Normalmente, o nível de bilirrubina indireta 
no cordão umbilical encontra-se entre 1 e 
3mg/dl e eleva-se a partir de então, 
chegando ao segundo dia ao valor de 
5mg/dl o que determina a icterícia. 
Acredita-se que a icterícia fisiológica é 
reflexa da maior produção de bilirrubina 
pela degradação de hemácias fetais, que 
possuem uma sobrevida mais curta, 
combinada com uma limitação transitória 
da capacidade de captação e conjugação 
hepática, além da exacerbação da 
circulação enterro-hepática. 
O valor de bilirrubina na icterícia fisiológica 
atinge um pico de 5-6 mg/dl por volta do 
segundo ao quarto dia, podendo alcançar 
12 mg/dl, caindo a seguir para nível inferior a 
2 mg/dl entre o quinto e sétimo dia de vida. 
Como nos prematuros a captação e a 
conjugação são mais lentas, eles tornam-se 
mais ictéricos. 
Os fatores de risco associados a uma 
icterícia fisiológica mais intensa incluem: 
prematuridade, mãe diabética, drogas, 
eliminação tardia do mecônio. 
ICTERICIA ASSOCIADA AO LEITE MATERNO 
 
 Forma precoce (Icterícia do 
Aleitamento Materno) 
Os bebes amamentados exclusivamente no 
seio são mais ictéricos devido a um aumento 
na circulação enterro-hepática, por uma 
ingesta de leite insuficiente relacionada às 
dificuldades do início da amamentação, e 
consequentemente pela menor quantidade 
de eliminação de mecônio. Essa forma de 
icterícia não patológica surge por volta do 2º 
e 3º dia. 
 Forma Tardia (Icterícia do Leite 
Materno) 
Tem um inicio mais tardio, e por volta do 4º 
dia ao invés de haver queda nos níveis de 
bilirrubina, sua concentração continua a 
subir até o 14º, podendo alcançar valores de 
20-30mg/dl. Se o aleitamento é continuado, 
estes níveis estabilizam dentro de 4-12 
semanas. Já se for suspenso, os níveis caem 
rapidamente em 48 horas. Não se sabe ao 
certo o mecanismo patogênico, mas 
parecem existir fatores no leite materno que 
interferem com o metabolismo da bilirrubina, 
como a ingestão da betaglicuronidase 
presente no leite (enzima que converte BD 
em BI). 
TRATAMENTO 
Existem duas intervenções capazes de 
promover a diminuição da concentração 
sérica da bilirrubina: a fototerapia e o 
exsanguineoterapia. 
1. FOTOTERAPIA 
A fototerapia atua promovendo uma reação 
fotoquímica na bilirrubina indireta e 
transformando-a em compostos que podem 
ser excretados na bile ou na urina sem a 
necessidade de conjugação. 
Essa reação química pode ser uma 
fotoisomerização configuracional ou 
estrutural. Na forma estrutural,a bilirrubina é 
convertida em lumirrubina que é excretada 
na bile e na urina. 
 
13 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
A eficácia da fototerapia depende de 3 
fatores: o comprimento de onda da luz (o 
comprimento ideal para a absorção da 
bilirrubina compreende a faixa azul), 
Intensidade da Luz e Superfície corporal 
exposta (quanto maior a superfície exposta 
maior a eficácia da fototerapia. 
Quando indicar a fototerapia é um dos 
temas mais controversos, devido a diferentes 
protocolos. 
De acordo com a Academia Americana de 
Pediatria, a indicação vai ser baseada em 
um gráfico no qual relaciona o nível sérico 
de bilirrubina total encontrado com o 
numero de horas de vida do RN. 
É importante ter alguns cuidados durante a 
fototerapia como: aumento da oferta hídrica 
de manutenção da temperatura corporal 
constante. Além disso, é preciso proteção 
ocular com cobertura radiopaca, para evitar 
lesão da córnea. 
2. EXSANGUINEOTRANSFUSÃO 
Esse procedimento consiste na troca de mais 
de uma volemia do RN, ou seja, são retiradas 
alíquotas de sangue que vão sendo 
substituídas pouco a pouco. 
A principal indicação para esse método é a 
presença da doença hemolítica grave por 
incompatibilidade por Rh. 
 
7- ENTENDER COMO CLASSIFICAR O RN COMO PIG, E 
RELACIONAR SUAS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS. 
Podemos classificar um RN de algumas 
formas: 
 Pela idade gestacional 
Pré-termo: <37 semanas 
A termo: 37-41 semanas 
Pós-termo: >42 semanas 
 Pelo peso ao nascer: 
Baixo peso: <2500g 
Muito baixo peso: <1500g 
Extremo baixo peso: <1000g 
 Relação entre idade gestacional e 
peso ao nascimento: 
PIG (pequeno para idade gestacional): peso 
< percentil 10 
AIG (adequado para idade gestacional): 
peso entre os percentis 10 e 90 
GIG (grande para idade gestacional): peso > 
percentil 90 
Considera-se como Crescimento Intrauterino 
Adequado (CIU) quando o peso para 
determinada idade gestacional situa-se 
entre o percentil 10 e 90 da curva. A curva 
de crescimento não é uniforme durante toda 
a gestação. 
A USG é um exame muito útil para estimativa 
da idade gestacional e avaliação do peso 
fetal, bem como para quantificação do 
liquido amniótico, analise morfológica da 
placenta e detecção de malformações 
fetais. No primeiro trimestre, o parâmetro que 
melhor se correlaciona com a idade 
gestacional é o comprimento cabeça-
nadega. A partir do segundo trimestre, o 
diâmetro biparietal passa a ser o índice mais 
fidedigno. 
 
14 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
A adequação do peso para a idade 
gestacional é um importante indicador 
clinico de morbidade neonatal, além de ser 
um fator de risco para mortalidade e atrasos 
do desenvolvimento. Definimos crescimento 
intrauterino restrito quando a curva de peso 
fetal afasta-se do percentil 10. 
É necessário diferenciar os termos: 
Crescimento intrauterino Restrito (CIUR) e 
Pequeno para Idade Gestacional (PIG). O 
termo PIG indica que o recém-nascido esta 
com peso abaixo do percentil 10. É uma 
medida estática que leva em consideração 
apenas o peso para uma determinada 
idade gestacional após o nascimento. 
Existem muitas etiologias que determinam o 
nascimento de um RN PIG, dentre elas, 
causas patológicas e não patológicas, como 
é o caso dos bebes sem qualquer 
anormalidade orgânica cujo peso de 
nascimento é determinado pela influencia 
genética. São neonatos pequenos à termo, 
porem sem nenhum aumento da 
morbimortalidade. O PIG constitucional é 
mais comum na prole de pais de baixa 
estatura, mães primíparas ou com historia 
previa de PIG em outras gestações. 
Quando nos referimos a um RN com CIUR, 
estamos afirmando que ele apresenta uma 
curva de peso abaixo do percentil 10 
decorrente de um processo patológico 
intrautero. É, portanto, uma medida evolutiva 
e secundaria a um processo de doença que 
prejudica o ganho ponderal fetal, seja ela 
de origem materna (hipertensão na 
gravidez), placentária (placenta previa) ou 
do próprio feto (anomalias cromossômicas). 
De modo geral, podemos afirmar que a 
maioria dos RN com CIUR é PIG, mas nem 
todo PIG é um CIUR, ou seja, nem todo RN 
que nasce pequeno sofreu algum processo 
de doença durante a gestação, sendo seu 
tamanho unicamente como resultado da 
expressão genética. 
Quanto às causas da PIG, podemos dividir 
em: 
 Fatores maternos: causas genéticas, 
condições demográficas (ex: extremo 
de idade reprodutiva), raça, 
desnutrição materna, doenças 
crônicas (cardiopatia, 
pneumopatia,nefropatia, hipertensão, 
tabagismo, uso de cocaína, doenças 
do colágeno, diabetes), além de 
multiparidade, exposição ao álcool e 
radiação. 
 Fatores placentários: malformações, 
corioangioma, infartos, placenta 
prévia, descolamento prematuro de 
placenta. 
 Fatores fetais: constitucional 
(“geneticamente pequenos”), 
cromossomopatias, mal-formações de 
SNC, infecções congênitas (ex: 
rubéola). 
De qualquer forma, os RN PIG que sofreram 
processo patológico intrauterino estão 
sujeitos a algumas alterações típicas como: 
Asfixia, Aspiração de mecônio, Hemorragia 
pulmonar, Hipertensão pulmonar persistente, 
Hipotermia, Hiperglicemia (devido há 
 
15 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
diminuição da gliconeogênese e menor 
reserva de glicogênio hepático), Policitemia, 
Hipocalcemia. 
No exame físico, algumas características 
físicas são encontradas no RN PIG como: 
cabeça relativamente grande em relação 
ao corpo, fontanela anterior grande, face 
com aspecto envelhecido, mãos e pés 
parecendo grandes, abdome escavado, 
descamação da pele, pobreza de tecido 
subcutâneo, diminuição da espessura da 
prega cutânea, cordão umbilical mais 
delgado. 
O RN PIG a termo é um RN de alto risco. Os 
cuidados são semelhantes aos do 
prematuro. 
8- CONHECER OS TESTES DE TRIAGEM NEONATAL E A 
IMPORTÂNCIA DESTES. 
A triagem neonatal já estabelecida no Brasil 
inclui testes e exames realizados nos recém-
nascidos que previnem e detectam doenças 
precocemente, com o objetivo de evitar 
morbimortalidade nessa população infantil. 
As doenças detectadas sejam elas 
congênitas ou genéticas, quando 
diagnosticadas na fase pré-sintomatica, 
permite intervenções clinicas precoce e 
tratamento adequado. 
A partir da criação da Politica Nacional de 
Triagem Neonatal pelo MS em 2001, 
aconteceu a oficialização desse processo 
coma triagem biológica (teste do pezinho), 
triagem auditiva e triagem ocular. 
 TESTE DO PEZINHO 
O teste do pezinho tem como objetivo fazer 
o rastreamento de RN portadores de 
doenças que devem ser diagnosticadas e 
tratadas o mais rápido possível a fim de 
evitar sequelas. 
As doenças triadas no teste do pezinho 
atualmente são: Fenilcetonúria, 
Hipotireoidismo congênito, Anemia 
falciforme e outras hemoglobinopatias, 
Fibrose cística, Hiperplasia adrenal 
congênita e deficiência de Biotinidase. 
O momento ideal para a coleta do Teste é 
entre o 3ºe o 7º dia de vida, nunca antes de 
48 horas de amamentação e nunca superior 
a 30 dias. 
Além da disponibilidade do teste do pezinho 
ampliado no SUS, existe a biodisponibilidade 
na rede privada do teste do pezinho Plus que 
cobre 8 doenças. Já o teste do pezinho 
máster cobre 13 doenças. 
 
 TESTE DA ORELHINHA 
O déficit auditivo apresenta-se como um 
problema de grande impacto na saúde 
infantil, principalmente no que concerne à 
elevada incidência (5/1000 nascidos). Cerca 
de 50% das perdas auditivas são decorrentes 
de causas genéticas e 70% destas são do 
tipo não sindrômico, ou seja, não 
identificáveis ao exame morfológico. 
Existem fatores perinatais que aumentam o 
risco da perda auditiva, são eles: 
 Asfixia (APGAR <6 no quinto minuto) 
 Historia familiar de surdez congênita 
 Hiperbilirrubinemia 
 Sepse/meningite 
 Convulsões 
 
 
16 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
A intensidade da fala humana situa-se entre40-80 decibéis, e já se considera déficit 
auditivo quando há perdas >35dB. 
O déficit auditivo, quando não corrigido, 
acarreta grande prejuízo na aquisição da 
linguagem, comunicação e 
desenvolvimento cognitivo das crianças. 
É orientado que seja realizado esse teste ate 
os 3 meses de vida para detecção e 
intervenção precoce quando necessário. 
O método de triagem utilizado são as 
Emissões Otoacusticas Evocadas (EOA), feito 
com o bebe dormindo, coloca-se um fone 
externo ao seu ouvido, que consiste na 
emissão de um estimulo sonoro e na 
captação do seu retorno (eco), sendo 
registrado no computador e confeccionado 
um gráfico. Esse método avalia apenas o 
sistema auditivo pré-neural, ou seja, sistema 
de condução e cóclea. 
 TESTE DO OLHINHO 
O teste do olhinho ou teste do reflexo 
vermelho é feito com o uso de um 
oftalmoscópio ou retinoscópio que deve ser 
segurado pelo examinador a um braço de 
distancia dos olhos dos bebe. A resposta 
normal ao teste é o achado de um reflexo 
vermelho brilhante quando a luz incide sobre 
a pupila. 
É uma avaliação simples que pode e deve 
ser feita pelo pediatra. O encontro de 
qualquer anormalidade, como pontos 
pretos, reflexo branco ou leucoria indica a 
necessidade de dilatação pupilar e 
investigação por um oftalmo. 
A leucoria pode ser encontrada em 
situações como catarata, retinoblastoma, 
retinopatia da prematuridade e coriorretinite. 
Esse teste deve ser realizado antes da alta da 
maternidade, na primeira consulta de 
puericultura, 2, 6, 9 e 12 meses e após 1 ano 
duas vezes ao ano. 
 OXIMETRIA DE PULSO (TESTE DO 
CORAÇÃO) 
As cardiopatias congênitas afetam de 1-2 
em cada 1000 nascidos vivos, sendo que 30% 
não recebem diagnóstico hospitalar, 
evoluindo com hipóxia, choque e óbito. A 
identificação precoce de cardiopatias 
congênitas pode reduzir a taxa de 
mortalidade infantil. 
O teste objetiva detecção precoce como já 
foi dito, é importante saber sobre o canal 
arterial. O canal arterial é uma comunicação 
entre a aorta durante o período fetal (visto 
que a circulação pulmonar é realizada pela 
mãe). Sendo assim, o canal normalmente se 
fecha entre o 3º dia e o 10º dia de vida. 
Cabe salientar que as cardiopatias 
congênitas não se manifestam clinicamente 
(lembrando que a avaliação é feita através 
da pesquisa de cianose, presença de soro e 
redução do débito cardíaco). 
Desse modo a oximetria deve ser feito nas 
extremidades superiores e inferiores, sendo 
que a saturação deve permanecer maior ou 
igual a 95%, sendo que a diferença seja 
menor que 3%. Caso contrário, deve se 
repetir em uma hora, em caso de 
persistência deverá realizar um 
ecocardiograma dentro das próximas 24h. 
Esse teste apresenta sensibilidade de 75% e 
especificidade de 99%. Esse teste já foi 
incorporado às rotinas no Ministério da 
Saúde. 
 TESTE DA LINGUINHA 
Esse teste é realizado para a pesquisa da 
anquiloglossia ou língua presa em que há 
apresentação de frênulo lingual curto, 
limitando assim a movimentação da língua 
(sucção, deglutição, mastigação e fala). 
Pode ser avaliada pelo fonoaudiólogo ou 
pediatra. A SBP e o MS não recomendam 
esse teste na triagem neonatal obrigatória, 
sendo apenas presente em ambientes 
privados. 
 
17 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
9- ENTENDER AS ORIENTAÇÕES NO ALOJAMENTO 
CONJUNTO E APÓS A ALTA DA MATERNIDADE 
(ALEITAMENTO MATERNO; VACINAÇÃO; HIGIENE DO 
COTO UMBILICAL; COMPLEMENTO VITAMÍNICO; 
TESTES DE TRIAGEM ETC.). 
Após a finalização dos procedimentos de 
sala de parto, a mãe, com o RN, deve ir para 
um local dentro da maternidade que 
permita a eles ficarem juntos 24 horas por 
dia até a alta hospitalar. Para isso, foi 
implantado o sistema de alojamento 
conjunto nas maternidades. 
O alojamento conjunto é um sistema 
hospitalar em que o RN sadio, logo após o 
nascimento, permanece ao lado da mãe, 24 
horas por dia, num mesmo ambiente ate a 
alta hospitalar. Tal sistema possibilita a 
prestação de todos os cuidados assistenciais, 
bem como a orientação à mãe sobre a 
saúde tanto dela quanto do bebe, além de 
permitir um maior envolvimento dos pais 
com convivência continua com esse bebe. 
Uma das vantagens dessa pratica é 
estimular e motivar o aleitamento materno, 
de acordo com a necessidade da criança, 
tornando a amamentação mais fisiológica e 
natural. Isso porque, além desses benefícios, 
a amamentação precoce provoca a 
contração do útero e de seus vasos, 
atuando como profilaxia das hemorragias 
pós-parto. 
É importante dizer, que a adoção do 
alojamento conjunto não representa a 
extinção do berçário, pois este será 
necessário para prestar assistência aos RN 
que apresentarem riscos. 
Lembrando que as altas não deverão ser 
dadas antes das 48 horas, considerando o 
teor educativo inerente ao sistema 
“Alojamento Conjunto” e ser este período 
importante na detecção de patologias 
neonatais. 
Desde 2005, existe uma lei que garante às 
parturientes o direito à presença de 
acompanhante, indicado por ela, durante o 
trabalho de parto, parto e pósparto imediato 
(até dez dias após o parto). 
AMAMENTAÇÃO 
Os primeiros dias após o parto são 
fundamentais para o sucesso da 
amamentação. Para isso, devem ser 
abordados com as mães sobre a 
importância do aleitamento materno, em 
seus aspectos nutricionais e na criação de 
vínculos. Ainda nesse sentindo, deve-se 
incentivar o aleitamento sobre livre 
demanda, ou seja, frequência e duração 
ilimitada. E incentivar também a 
amamentação por até 2 anos, sendo 
exclusiva nos 6 primeiros meses. 
Devem-se orientar as mulheres sobre as 
dificuldades que ela pode vir a enfrentar 
com a amamentação, como por exemplo: 
1. Pega incorreta do mamilo: a pega 
incorreta do mamilo faz com que a 
criança não consiga retirar leite 
suficiente, acarretando a agitação e o 
choro. A pega errada provoca dor e 
fissuras, o que faz a mãe ficar tensa e 
começar a acreditar que seu leite seja 
insuficiente ou fraco. 
2. Fissuras (rachaduras): As fissuras 
ocorrem quando a amamentação é 
praticada com o bebe posicionado 
errado ou quando a pega esta 
incorreta. Recomenda-se tratar as 
fissuras com o leite materno no final 
das mamadas, com o banho de sol e 
a correção da posição da pega. 
3. Mamas ingurgitadas: acontece 
habitualmente na maioria das 
mulheres do terceiro ao quinto dia 
após o parto. As mamas ingurgitadas 
são dolorosas, edemaciadas (com 
pele brilhante), e às vezes 
avermelhadas. Nestas situações, a 
mulher também pode apresentar 
febre. Para evitar essa situação, é 
preciso garantir uma pega correta e 
quando houver produção de leite 
 
18 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
superior à demanda, as mamas 
devem ser ordenhadas. 
4. Mastite: É um processo inflamatório ou 
infeccioso que pode ocorrer na 
mama lactante habitualmente a partir 
da segunda semana pós-parto. 
Geralmente é unilateral e pode ser 
consequente a um ingurgitamento 
indevidamente tratado. Essa situação 
deve ser avaliada por um médico 
para estabelecer o medicamento 
apropriado, e a amamentação nessa 
mama deve ser mantida sempre que 
possível. 
São raras as situações que contraindicam a 
amamentação, somente em mulheres com 
câncer de mama que forem tratadas ou 
estão em tratamento, ou mulheres HIV+ ou 
HTLV+, ou mulheres com distúrbios graves da 
consciência. 
UTILIZAÇÃO DE FÓRMULA SINTÉTICA 
A utilização do leito materno de forma 
precoce é de suma importância para o 
binômio mãe-filho, possibilitando um 
desenvolvimento seguro e nutrição 
adequada. O colostro, primeiro leite 
produzido pela mãe, embora seja de 
pequena quantidade possui volume ideal 
para o recém-nascido auxiliando deglutição 
e respiração do mesmo. É sabido que a 
utilização de suplementação pode interferir 
nesse complexo processo entre mãe-filho, 
pois culmina na redução da produção de 
leite (associadoà diminuição da frequência 
de mamadas), não atende as necessidades 
nutricionais no bebê e interfere diretamente 
no desenvolvimento do mesmo. Hoje o seu 
uso indiscriminado é bastante comum, sendo 
um dos principais desafios para pediatria. 
A suplementação com fórmula sintética só 
deve ser recomenda quando as condições 
para que realize a amamentação via seio 
não tenha possibilidade de ser revertida. 
Sendo assim é importante que os 
profissionais de saúde orientem de forma 
adequada e individualizada cada caso, 
lembrando que para essa orientação seja 
efetiva é importante levar em consideração 
a condição econômica e cultural da família, 
bem como a condição de saúde dessa 
criança. 
É de responsabilidade do SUS ofertar uma 
orientação adequada sobre alimentação 
infantil. Essa orientação deve conter os 
procedimentos de preparo de leite de vaca 
integral com a diluição adequada, a 
correção de deficiência de ácido graxo 
linoleico com óleo nos primeiros quatro 
meses e suplementação de vitamina C e 
ferro. 
A forma infantil consiste em leite modificado 
para atender às necessidades nutricionais 
para não agredir o sistema digestório do 
bebê não amamentado. Por outro lado, o 
leite de vaca “in natura”, integral, em pó ou 
fluido não é considerado o alimento 
apropriado, devido ao risco de anemia 
associado às várias inadequações na sua 
composição. A exposição precoce desses 
derivados “in natura!” podem causar uma 
reação de hipersensibilidade na mucosa 
intestinal o que contribui mais ainda para o 
aumento da deficiência de ferro. Além disso, 
é importante destacar que os sistemas 
digestório e renal ainda são imaturos o que 
os tornam incapazes de lidar com alguns 
metabólitos diferentes do leite humano. 
VACINAÇÃO 
Logo ao nascer, o bebe deve tomar a 
vacina BCG o mais precocemente possível. 
Para os prematuros com menos de 36 
semanas, administra a vacina depois que 
eles completarem 1 mês de vida e atingirem 
2kg. Essa vacina protege contra as formas 
graves de tuberculose, principalmente nas 
formas miliar meníngea. 
Outra vacina que deve ser administrada 
preferencialmente nas primeiras 12 horas de 
nascimento é a Vacina contra Hepatite B. A 
segunda dose deve ser aplicada com um 
mês de idade e a terceira com 6 meses. 
 
19 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
Para os prematuros com menos de 36 
semanas de gestação ou para recém-
nascidos a termo de baixo peso, segue-se 
esquema de quatro doses: 0,1,2 e 6 meses. 
HIGIENE DO COTO UMBILICAL 
É importante informar a mãe sobre a 
necessidade do cuidado e da limpeza do 
coto umbilical, para evitar infecções até que 
ele caia sozinho. 
É recomendado que a região umbilical seja 
limpa com o álcool 70%. Além disso, é 
aconselhado que não usem faixas, moedas 
ou qualquer outro objeto ou substancia sobre 
o umbigo. Não se pode abafar o local, pois 
o coto precisa secar para cair. 
É preciso explicar para os pais que não é 
preciso ter medo de limpar e que o bebe 
não sente dor alguma. 
COMPLEMENTO VITAMINICO 
Em geral, a criança amamentada 
exclusivamente ate os 6 meses de vida, por 
uma mãe bem nutrida, não necessita de 
suplementação com vitaminas. 
A única suplementação que é oferecida ao 
RN logo ao nascer é a vitamina K como 
profilaxia contra a doença hemorrágica 
neonatal por deficiência de vitamina K. 
TESTES DE TRIAGEM 
Todo bebê que nasce no Brasil tem direito a 
realizar gratuitamente quatro exames muito 
importantes para a sua saúde. 
São os chamados exames da triagem 
neonatal: 
 Teste do Pezinho: Esse procedimento 
é uma das principais formas de 
diagnosticar várias doenças. No SUS 
são diagnosticadas seis doenças: 
fenilcetonúria, hipotireoidismo 
congênito, doença falciforme e 
outras hemoglobinopatias, fibrose 
cística, deficiência de biotinidase e 
hiperplasia adrenal congênita. É 
preciso levar o recém-nascido a uma 
unidade básica de saúde, 
preferencialmente, entre o 3° e o 5° 
dia de vida. Para as seis doenças 
detectadas no SUS, há tratamento 
adequado, gratuito e 
acompanhamento por toda a vida. 
 Teste do Olhinho: É um teste simples, 
rápido e indolor, que consiste na 
identificação de um reflexo vermelho 
que aparece quando um feixe de luz 
ilumina o olho do bebê. Esse teste 
pode detectar qualquer alteração 
que cause obstrução no eixo visual, 
como catarata, glaucoma congênito 
e outros problemas. A 
recomendação é que o Teste do 
Olhinho seja feito pelo médico logo 
que o bebê nasce. Se isso não 
acontecer, o teste deve ser feito logo 
na primeira semana de vida do bebê, 
na consulta de acompanhamento 
médico. Depois disso, continua sendo 
importante nas consultas regulares de 
avaliação da criança, pelo menos 
duas a três vezes ao ano, nos três 
primeiros anos de vida. 
 Teste da Orelhinha: O teste é feito, 
preferencialmente, entre 24h e 48h 
de vida do bebê e identifica possíveis 
problemas auditivos no recém-
nascido. O teste deve ser feito nas 
maternidades. Se não for realizado na 
maternidade, a criança deverá ser 
encaminhada para a UBS e, 
posteriormente, encaminhada à 
atenção especializada em saúde 
auditiva para a realização do 
diagnóstico, exames, concessão do 
aparelho auditivo, reabilitação e 
acompanhamento. O teste é 
realizado com o bebê dormindo, em 
sono natural, é indolor e dura em 
torno de 10 minutos. 
 Teste do Coraçãozinho: consiste em 
medir a oxigenação do sangue do 
recém-nascido com o auxílio de um 
 
20 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
oxímetro - espécie de pulseirinha, na 
mão e no pé do bebê. Caso algum 
problema seja detectado, o bebê é 
encaminhado para fazer um 
ecocardiograma. Todo bebê tem 
direito de realizar o Teste de 
Coraçãozinho ainda na maternidade, 
entre 24h e 48h após o nascimento. 
10- DISCUTIR OS FATORES BIOPSICOSSOCIAIS 
RELACIONADOS À SAÚDE MATERNO-INFANTIL 
(ATENDIMENTO HUMANIZADO DA GESTANTE; 
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA). 
Embora na última década o Brasil tenha 
conseguido reduzir em 30% o número de 
partos em adolescentes na faixa etária de 15 
a 19 anos, a faixa etária de 10 a 15 anos 
permanece inalterada, apresentando o 
número de 27 mil partos a cada ano, o que 
representa 1% do total de partos no Brasil. 
Neste sentido, os serviços de saúde devem 
encorajar e promover um comportamento 
sexual e reprodutivo responsável e saudável 
para adolescentes, objetivando o seu bem-
estar, a sua qualidade de vida e a 
elaboração e execução de seus projetos 
pessoais e profissionais. 
Adolescentes de ambos os sexos em 
situação de gravidez não devem ser tratados 
do mesmo modo que adultos por várias 
razões: Pela complexidade da situação, 
marcada pela dependência da família, pela 
falta de autonomia financeira e de espaço 
próprio, pelas dificuldades nas relações 
pessoais e sociais e por contextos de 
violência doméstica e urbana; Pelas 
especificidades da própria faixa etária, em 
especial a compreendida entre os 10 e os 14 
anos, que exige uma assistência à saúde 
diferenciada tanto para o pré-natal quanto 
para o parto, o puerpério e a contracepção; 
Durante a assistência pré-natal, a equipe de 
saúde precisa ter a preocupação de orientar 
a adolescente sobre os aspectos específicos 
da gravidez, os hábitos saudáveis de 
nutrição, bem como sobre os cuidados que 
devem ser dispensados ao seu filho. 
Deve ser dada importância ao vínculo 
mãe/pai/filho, ao aleitamento materno, ao 
hábito de acompanhar o crescimento e o 
desenvolvimento do filho, à vacinação e à 
prevenção de acidentes na infância etc. 
Para que a gravidez na adolescência 
transcorra sem maiores riscos, é importante 
que a captação para o início do pré-natal 
seja realizada o mais precocemente 
possível.

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