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Módulo Pediatria - A teoria na prática é outra SP2

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1 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
–
 
1) DEFINIR SISVAN E IDENTIFICAR SUA IMPORTÂNCIA 
É um sistema de informação que visa 
descrever e predizer de maneira contínua, 
tendências das condições de nutrição e 
alimentação de uma população, e seus 
fatores determinantes, com fins ao 
planejamento e avaliação dos efeitos de 
políticas, programas e intervenções. 
O SISVAN tem como objetivos: descrever o 
estado nutricional da população com 
particular referência a subgrupos que são 
identificados como estando sob-risco, 
permitindo o conhecimento do problema 
nutricional; prover informação que irá 
contribuir para a analise das causas e fatores 
associados possibilitando uma seleção de 
medidas preventivas e/ou educativas que 
poderão ser ou não nutricionais; permitir 
predições a serem feitas com base na 
consolidação e análise dos dados a fim de 
indicar a evolução provável dos problemas 
nutricionais; acompanhar e monitorar o 
estado nutricional da população atendida 
em Unidades Básica de Saúde e/ou 
Programa Saúde da Família; monitorar 
programas e políticas públicas no contexto 
da alimentação e nutrição, e avaliar sua 
efetividade. 
 
No contexto do setor saúde, o SISVAN 
contempla quatro eixos interligados: 
 SISTEMA: Padronização de atividades, 
isto é, tarefas organizadas de receber, 
tratar, analisarem dados e 
informações para devolvê-los à rede 
do Sistema Único de Saúde (SUS) e à 
sociedade, retro alimentando os 
setores responsáveis pelo 
planejamento, gestão e controle 
social dos programas e políticas 
públicas. 
 
 VIGILÂNCIA: Engloba quaisquer 
atividades rotineiras e contínua de 
coleta, processando, análise e 
interpretação dos dados: 
recomendação de medidas de 
controle apropriadas: promoções das 
ações de controle indicadas; 
avaliação da eficácia e efetividade 
das medidas adotadas; e divulgação 
de informações pertinentes. 
 
 ALIMENTAR: Envolve os aspectos 
relativos à promoção de práticas 
alimentares saudáveis e à prevenção 
e ao controle dos distúrbios 
alimentares e de doenças associadas 
à alimentação. 
 
 NUTRICIONAL: Considera o estado 
nutricional de coletividades como 
resultante do equilíbrio entre o 
consumo alimentar e a utilização 
biológico e sua estreita relação com o 
estado de saúde 
2) DESCREVER A FISIOLOGIA DA AMAMENTAÇÃO E 
FASES DO LEITE MATERNO 
A produção de leite materno decorre de 
uma complexa interação 
neuropsicoendócrina. 
Durante toda a gravidez, a grande 
quantidade de projestogênio estimula o 
crescimento de alvéolos e lóbulos, ao passo 
que os estrogênios secretados pela placenta 
estimulem a proliferação de ductos lactíferos 
 
2 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
e suas ramificações. Simultaneamente, o 
estroma das mamas aumenta em 
quantidade, e ocorre grande deposição de 
gordura nesse estroma. 
Além disso, outros hormônios como 
lactogênio placentário, gonadotrofina 
coriônica e prolactina também participam 
do crescimento glandular ao longo da 
gestação. 
Embora o estrogênio e a progesterona sejam 
essenciais ao desenvolvimento físico das 
mamas durante a gravidez, uma ação de 
ambos é a inibição da secreção de leite. Já 
com o nascimento e a saída da placenta, 
esses efeitos inibitórios sobre a prolactina 
cessam e a secreção de leite aumenta. 
A prolactina é secretada pela hipófise 
anterior e sua concentração no sangue da 
mãe aumenta uniformemente a partir da 
quinta semana de gravidez até o nascimento 
do bebê. Além disso, a placenta secreta 
grande quantidade de somatomamotropina 
coriônica humana, que provavelmente tem 
propriedades lactogênicas, apoiando assim, 
a prolactina da hipófise materna durante a 
gravidez. 
Imediatamente depois que o bebe nasce, a 
perda súbita tanto de secreção de 
estrogênio quanto de progesterona da 
placenta permite que o efeito lactogênico 
da prolactina assuma seu papel natural de 
promotor da lactação. 
Entre o 3º e o 4º dia pós-parto, ocorre a 
“descida do leite” ou apojadura, etapa que 
não depende da sucção do mamilo pelo 
bebe, estando sob controle hormonal (ou 
seja, mesmo que não haja a sucção ela 
acontecerá). 
Em seguida ocorre a galactopoiese ou 
lactogênese fase III, que é a manutenção da 
produção e ejeção do leite sob total 
dependência da sucção do mamilo pelo 
bebe e esvaziamento das mamas. Isto é, 
quanto mais o lactante suga, mais leite será 
produzido. A secreção de leite aumenta de 
100ml/dia no inicio da lactação para 
600ml/dia em media por volta do 4º dia. 
Depois do nascimento do bebê, o nível 
basal da secreção de prolactina retorna aos 
níveis não gravídicos durante algumas 
semanas. Entretanto, cada vez que a mãe 
amamenta o bebe, sinais neurais dos 
mamilos para o hipotálamo causam um pico 
de 10 a 20 vezes da secreção de prolactina, 
 
3 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
que dura aproximadamente 1 hora. Essa 
prolactina age nas mamas maternas para 
manter as glândulas mamárias secretando 
leite nos alvéolos. 
A amamentação não é um ato simples, e 
sim um fenômeno psicossomático. Uma 
prova disso, é que o leite é secretado de 
maneira continua nos alvéolos das mamas, 
mas não flui facilmente dos alvéolos para o 
sistema de ductos e, portanto não vaza 
continuamente pelos mamilos. Em vez disso, 
o leite precisa ser ejetado dos alvéolos para 
os ductos. Essa ejeção é causada por um 
reflexo neurogênico e hormonal combinado, 
que envolve o hormônio ocitocina. 
Primeiramente, é preciso que impulsos 
sensoriais sejam transmitidos através de 
nervos somáticos dos mamilos para a 
medula espinal da mãe, e então para seu 
hipotálamo, onde desencadeiam sinais 
neurais que promovem a secreção da 
ocitocina, ao mesmo tempo em que 
causam a secreção da prolactina. A 
ocitocina é transportada no sangue para as 
mamas, onde faz com que as células 
mioepiteliais (que circundam as paredes 
externas nos alvéolos) se contraiam, 
transportando assim o leite dos alvéolos para 
os ductos. Assim, dentro de 30 segundos a 1 
minuto depois que o bebe começa a sugar, 
o leite começa a fluir. Esse processo de 
ejeção do leite pode ser bloqueado pelo 
estresse, pela baixa autoestima, pelo medo, 
dor e falta de apoio. A ocitocina também 
produz contração da musculatura lisa uterina 
(Reflexo de Fergusson) e por isso, o estimulo 
ao aleitamento materno na sala de parto 
diminui a incidência de hemorragias no pós-
parto. 
O ato de sugar uma mama faz com que o 
leite flua não só naquela mama, mas 
também na oposta. Um fato interessante, é 
que quando a mãe pensa no bebe, ou só 
escuta chorar, muitas vezes isso proporciona 
um sinal emocional suficiente para o 
hipotálamo provocar a ejeção do leite. 
 Se o pico de prolactina estiver ausente ou 
for bloqueado em decorrência de dano 
hipotalâmico ou hipofisário, ou se a 
amamentação não prosseguir, as mamas 
perdem a capacidade de produzir leite 
dentro de mais ou menos uma semana. 
Entretanto, a produção de leite pode se 
manter por vários anos se a criança 
continuar a sugar, embora a formação do 
leite, normalmente diminua depois de 7 a 9 
meses. 
FASES DA PRODUÇÃO DO LEITE 
1. COLOSTRO 
É secretado nos primeiros três a cinco dias 
após o parto. Sua composição 
comparando-se com o leite maduro, possui 
o teor de eletrólitos, proteínas, vitaminas 
lipossolúveis (Vit. A – dá a coloração 
 
4 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
amarelada), minerais e concentração de 
imunoglobulinas é maior, destacando-se a 
alta concentração de IgA e lactoferrina. Por 
outro lado, possui menos gordura, lactose e 
vitaminas hidrossolúveis. É um leite imaturo, 
basicamente um exsudato plasmático. Além 
disso, ele facilita a eliminação de mecônio 
nos primeiros dias (diminuindo a icterícia) e 
permite a proliferação de Lactobacillus na 
luz intestinal. 
2. LEITE DE TRANSIÇÃO 
Seu período deprodução está entre 6-10 
dias até a segunda semana pós-parto. Em 
relação a sua composição, a concentração 
de imunoglobulinas torna-se 
progressivamente menor, assim como o teor 
de vitaminas lipossolúveis. Ocorre o aumento 
das vitaminas hidrossolúveis, lipídios e 
lactose. 
3. LEITE MADURO 
Produzido a partir da 2ª quinzena pós-parto. 
Em relação a sua composição, possui um 
maior teor lipídico e de lactose, menor 
quantidade de proteínas. O leite anterior 
(solução) é ralo e doce, ocorrendo 
predomínio de proteína do soro e lactose. No 
meio da mamada (suspensão) é maior a 
quantidade de caseína. E o leite posterior 
(emulsão) tem grande concentração de 
gordura, necessária para saciar o lactente. 
4. LEITE DE MÃES DE PREMATURO 
Sua composição é mais rica em proteínas 
(aminoácidos essenciais para o RN), 
gorduras, sódio, cloro, vitaminas A e E, menor 
teor de lactose e vitamina C. 
No fim do primeiro mês, o conteúdo é similar 
ao de nascidos a termo, exceto pela 
concentração de imunoglobulinas. Este leite 
materno especial produzido pela mulher que 
pariu precocemente seu filho é um dos 
pilares do cuidado mãe-canguru. 
O leite humano possui numerosos fatores 
imunológicos que protegem a criança 
contra infecções. A IgA secretória é o 
principal anticorpo, atuando contra 
microrganismos presentes nas superfícies 
mucosas. Os anticorpos IgG no leite humano 
são um reflexo dos antígenos entéricos e 
respiratórios da mãe, ou seja, ela produz 
anticorpos contra agentes infecciosos com 
os quais já teve contato. Além do IgA, o leite 
materno contem outros fatores de proteção, 
tais como anticorpos IgM e IgG, macrófagos, 
neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, 
lisozima e fator bífido. 
3) COMPREENDER AS ORIENTAÇÕES DIETÉTICAS DOS 
PRIMEIROS MIL DIAS DE VIDA, ASSIM COMO AS 
SUPLEMENTAÇÕES NECESSÁRIAS. 
Após os seis meses de idade, o aleitamento 
materno de modo isolado não atende mais 
ás necessidades nutricionais do lactente, 
sendo necessária a introdução de outros 
alimentos. De acordo com a OMS, o 
aleitamento materno é recomendado até 2 
anos, sendo exclusivo até o 6º mês. 
A época da introdução alimentar também 
respeita o desenvolvimento neurológico do 
lactente e o amadurecimento das funções 
motoras relacionadas à alimentação. 
A aquisição de marcos como sustentação 
da cabeça, pescoço e tronco, perda de 
reflexo de protrusão da língua e capacidade 
de mastigação aos cinco meses são 
exemplos de habilidades necessárias para o 
inicio da alimentação complementar. Além 
do aparecimento dos dentinhos. 
A introdução da alimentação é feita de 
forma gradual, com cada alimento novo 
sendo introduzido separadamente. A não 
aceitação inicial de um determinado 
alimento, não deve ser interpretada como 
uma recusa definitiva. Pelo contrario, este 
mesmo alimento deve ser oferecido em 
 
5 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
media de 8 a 10 vezes para que ocorra sua 
aceitação plena. 
A consistência do alimento também deve ser 
modificada, oferecendo inicialmente 
alimentos na forma pastosa e posteriormente 
na forma de pedaços, mas nunca deve ser 
processada em liquidificador ou na 
consistência de sopa. 
Após os 6 meses, a criança amamentada 
deve receber três refeições ao dia (duas 
papas de fruta e uma papa salgada). Após 
completar 7 meses, deve ser introduzida a 
segunda papa salgada. Já com 12 meses a 
criança deve receber no mínimo cinco 
refeições por dia. Lembrando que a papa 
salgada deve conter alimentos de todos os 
grupos: cereais ou tubérculos, leguminosas, 
carnes e hortaliças (verduras e legumes). 
Embora a amamentação deva continuar em 
livre demanda após os seis meses de vida, é 
possível estabelecer um esquema para a 
administração da alimentação 
complementar, de forma a aproximar 
gradativamente os horários da criança aos 
da família. 
 
Alimentos industrializados (refrigerantes, 
chás, alimentos embutidos e congelados), 
aqueles que oferecem risco de 
broncoaspiração (pipoca, amendoim, milho 
cozido) e os mais implicados no 
desenvolvimento de alergias (frutos do mar) 
e mel (pela presença de esporos de 
Clostridium botulinum) devem ser evitados 
no primeiro ano. O ovo cozido pode ser 
introduzido após o sexto mês. 
ALIMENTAÇÃO PARA CRIANÇAS NÃO 
AMAMENTADAS 
Na impossibilidade de se proporcionar 
aleitamento materno exclusivo nos primeiros 
meses de vida, por motivos inerentes à 
saúde da mãe, da criança ou por motivos 
sociais, a complementação da nutrição do 
lactente será realizada preferencialmente 
pela administração de formula láctea ou 
formula infantil. 
As formulas lácteas infantis são produzidas a 
partir do leite de vaca, mas modificadas em 
vários aspectos: redução da concentração 
de proteínas e eletrólitos, enriquecimento 
com ácidos graxos essenciais. Adição de 
carboidratos e adição de vitaminas e 
minerais. 
Já as formulas Infantis são compostos 
modificados a partir do leite de vaca ou do 
leite de soja. São chamados de formula de 
partida aquelas para criança ate 6 meses, e 
de formulas de seguimento aquelas para 
crianças de 6 meses a 12 meses. 
Entretanto, na impossibilidade de adquirir 
uma formula láctea, o leite de vaca 
modificado poderá ser utilizado, até mesmo 
porque esta é a realidade para a maioria 
das famílias de baixa renda. 
A criança alimentada com formula infantil a 
base de leite poderá receber novos 
alimentos a partir do 6 meses. Seguindo as 
mesmas recomendações que uma criança 
amamentada. 
Já as crianças que receberam leite de vaca 
modificado em casa poderá receber novos 
alimentos a partir dos 4 meses. A partir dessa 
data, o leite de vaca integral não precisa 
mais ser diluído. Recomenda-se dar fruta (de 
manha e de tarde) e duas papas salgadas. 
 
 
6 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
SUPLEMENTAÇÃO 
Em geral, a criança amamentadas 
exclusivamente ate os 6 meses de vida por 
uma mãe bem nutrida, não necessita de 
suplementação com vitaminas, com 
exceção da vitamina K (que é ofertada de 
forma rotineira nas maternidades) e da 
vitamina D em situações selecionas. 
 FERRO 
A suplementação em todas as crianças de 6 
a 18 meses (ou se não estiverem em período 
de aleitamento materno, a partir dos 4 
meses). 
 VITAMINA A 
O Ministério da Saúde, por meio do 
Programa Nacional de Suplementação de 
Vitamina A, busca reduzir e controlar a 
deficiência nutricional de vitamina A em 
crianças de 6 a 59 meses de idade e 
mulheres no período pós-parto imediato 
 VITAMINA D 
Recomenda-se administrar de 200 a 
400UI/dia de vitamina D a crianças que 
apresentam os seguintes fatores de risco: 
prematuridade, pele escura, exposição 
inadequada à luz solar 
 ZINCO 
Entretanto, não há uma recomendação 
universal quanto à suplementação de zinco 
para a população brasileira. Deve-se 
enfatizar o consumo de alimentos ricos em 
zinco, como carnes, vísceras (em especial, o 
fígado) e gema de ovo 
 
7 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
Ao fazer 5 meses, a criança pode começar 
a receber mais de uma refeição. 
Recomenda-se a partir dessa idade dar fruta, 
almoço, jantar. Nos outros horários do dia, o 
leite de vaca deve ser oferecido. 
 
ALIMENTAÇÃO SEGUNDO ANO 
É comum a falta de interesse da criança por 
certos alimentos e redução da ingesta nesse 
período. Além disso, a criança passa a 
demonstrar preferencias de paladar, e esta 
seleção deve ser respeitada. 
Uma alimentação balanceada e isenta de 
consumos prejudicais como refrigerantes, 
doces, salgados, biscoito é fundamental 
entre um e dois anos, pois é nessa fase que 
os hábitos e padrões alimentares são 
definidos ate a idade adulta. 
Recomenda-se que a criança receba três 
refeições principais e dois lanches. 
ALIMENTAÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR 
Nesta fase é comum a neofobia alimentar, 
que é a negação de um alimento fora do 
habitoda criança. 
É comum também que as crianças prefiram 
alimentos doces e muito calóricos, isso 
porque o paladar para o doce é inato. 
Entretanto os pais precisam determinar 
regras para evitar o hiperconsumo desses 
alimentos. 
4) RECONHECER A IMPORTÂNCIA DA PUERICULTURA, 
SABER COMO ORIENTAR A FREQUÊNCIA DAS 
CONSULTAS E IDENTIFICAR OS MARCOS DE 
DESENVOLVIMENTO ADEQUADOS POR IDADE NA 
PRIMEIRA INFÂNCIA (MARCOS DE 
DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR / 
REFLEXOS). 
PUERICULTURA 
É recomendado pelo MS uma visita 
domiciliar à gestante e a criança na primeira 
semana pós-parto. Nesta visita é 
fundamental que o profissional de saúde 
saiba identificar sinais de perigo à saúde da 
criança. Isso porque, as crianças menores de 
2 meses podem adoecer e morrer em um 
curto espaço de tempo por infecções 
bacterianas graves. 
A primeira consulta do RN deverá ocorrer na 
sua primeira semana de vida, que constitui 
um momento propicio para estimular e 
auxiliar a família nas dificuldades do 
aleitamento materno exclusivo, para orientar 
sobre as imunizações, para verificar a 
realização da triagem neonatal (teste do 
pezinho) e para estabelecer ou reforçar a 
rede de apoio. 
A partir da anamnese procura-se identificar 
as condições de nascimento da criança 
(tipo de parto, local de parto, peso ao 
nascer, índice de Apgar, intercorrências 
clinicas na gestação e parto). Já o exame 
físico deve ser completo, avaliando peso – 
lembrando, que se considera normal uma 
perda de peso de ate 10% ao nascer, 
devendo ser recuperado ate o 15º dia de 
 
8 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
vida - comprimento, perímetro cefálico, 
estado geral, face, pele, fontanelas, reflexos. 
O MS recomenda sete consultas de rotina no 
primeiro ano e vida (1ª semana, 1º mês, 2º 
mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês) além 
das duas consultas no 2º ano de vida (18º e 
no 24º mês), e a partir do 2º ano de vida, 
consultas anuais. Essas faixas são 
selecionadas porque representam 
momentos de oferta de imunizações. 
É importante que em todas as consultas, o 
pediatra observe: 
 Crescimento: peso, altura, perímetro 
cefálico (este até 2 anos); 
 Desenvolvimento neuropsicomotor: 
conduta motora grosseira, fina, 
conduta adaptativa, conduta de 
linguagem e conduta pessoal-social; 
 Alimentação, vacinas, prevenção de 
acidentes e identificação de riscos 
para a saúde. 
MARCOS DO DESENVOLVIMENTO 
O acompanhamento do desenvolvimento 
da criança na atenção básica objetiva sua 
promoção, proteção e a detecção precoce 
de alterações passivem de modificação que 
possam repercutir em sua vida futura. 
A criança deve atravessar cada estagio 
segundo uma sequencia regular, ou seja, os 
estádios do desenvolvimento cognitivo são 
sequenciais. Se a criança não for estimulada 
ou motivada no devido momento, ela não 
conseguirá superar o atraso do seu 
desenvolvimento. 
A identificação de problemas, tais como: 
atraso no desenvolvimento da fala, 
alterações relacionais, tendência ao 
isolamento social, dificuldade de 
aprendizado, agressividade, é fundamental 
para o desenvolvimento e a intervenção 
precoce para o prognostico dessas crianças. 
Por isso, as avaliações do desenvolvimento 
infantil devem sempre levar em conta as 
informações e opiniões dos pais e da escola 
sobre a criança. 
CONDUTA E DESENVOLVIMENTO 
O desenvolvimento neuropsicomotor é o 
conjunto de todas as reações da criança, 
todo o seu comportamento que evolui 
progressivamente ao longo do tempo sob 
forma de funções e habilidades cada vez 
mais especificas. 
Esses comportamentos são nas fases iniciais, 
reações reflexas e estereotipadas, e 
progressivamente vão se tornando 
voluntarias e apreendidas. As bases 
fisiológicas que explicam esta evolução 
neuropsicomotora assentam-se no próprio 
crescimento somático e desenvolvimento 
(mielinização, formação e remodelamento 
sináptico) das vias motoras, sensitivas, 
sensoriais, de linguagem, raciocino e 
memoria dos SNC e SNP. 
Esse desenvolvimento deve ser analisado em 
5 grandes áreas: 
1. Conduta adaptativa 
Compreende as reações da criança frente 
aos estímulos apresentados (bola, chocalho, 
cubos) e que dependem da interação de 
sua capacidade motora, sensorial, de 
coordenação e cognitiva para adequado 
exploração e aprendizagem. 
2. Conduta Motora Fina 
Compreendem as habilidades cada vez 
mais precisas e especificas com o uso da 
mão e dedos, garantindo-lhe a exploração 
cada vez mais deliciada do objeto. 
3. Conduta Motora Grosseira 
Compreendem as habilidades motoras 
gerais como sustentar a cabeça, tronco, 
sentar-se, rolar, engatinhar, andar e pular. 
Também é uma conduta dependente da 
interação das vias motoras centrais e 
periférica. 
 
9 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
4. Conduta de Linguagem 
Refere-se à capacidade de compreender e 
exprimir sensações e pensamentos. Inclui as 
reações de comunicação não verbal 
(sorriso, choro, expressões faciais) e verbal 
(balbucio, primeiras palavras, frases). 
5. Conduta pessoal-social: 
Refere-se às reações da criança frente às 
outras pessoas. 
A sequência de desenvolvimento 
neuropsicomotor ocorre no sentindo céfalo-
caudal, proximal-distal e da borda ulnar-
radial. Por exemplo, o lactente adquire 
primeiro o controle da cabeça, para depois 
adquirir o controle do tronco, o sentar, o 
engatinhar e o andar. 
 
 
10 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
Esses marcos neuropsicomotores devem 
estar obrigatoriamente presentes em uma 
determinada idade. Contudo, estes podem 
aparecer um pouco antes no 
desenvolvimento. Por exemplo, sentar sem 
apoio é um marco adquirido aos seis meses 
de vida, podendo adiantar-se ou atrasar-se 
um pouco. 
 
 
 
 
 
 
 
11 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
REFLEXOS 
Os reflexos primitivos neonatais são respostas 
motoras estereotipadas, deflagradas por 
estimulo externo do examinador e 
representam as primeiras reações do 
neonato ao meio. São chamadas de 
primitivas porque não são voluntarias ou 
apreendidas, e estão sob controle de centros 
subcorticais, tronco encefálico e medula. 
Possuem um caráter transitório, ou seja, estão 
presentes ao nascimento, mas possuem uma 
época determinada para desaparecer. O 
desaparecimento do reflexo primitivo 
permite o surgimento de uma conduta 
motora voluntaria, apreendida e sob controle 
cortical, o que é possível devido ao 
amadurecimento do SNC - que envolve 
mielinização e formação de sinapses. 
1. REFLEXO DE MORO (OU DO ABRAÇO) 
É realizado segurando a criança pelas mãos 
e liberando bruscamente os braços, 
ocorrendo uma abdução seguida de 
adução e flexão das extremidades 
superiores. Aos 3 meses ele desaparece de 
forma incompleta e aos 6 meses ocorre o 
desaparecimento definitivo. 
 
2. REFLEXO TÔNICO CERVICAL 
ASSIMÉTRICO 
É realizado com uma rotação da cabeça 
para um lado, com consequente extensão 
dos membro superior e inferior do lado do 
queixo e flexão dos membros contralaterais. 
Desaparece aos 3/4 meses. 
 
 
 
3. REFLEXO DA PREENSÃO 
PALMOPLANTAR 
O examinador coloca o dedo na face 
palmar do bebe e a resposta esperada é a 
flexão dos dedos e fechamento da mão. E 
no pé, o examinador comprime seu polegar 
sobre a face plantar abaixo dos dedos, a 
resposta é a flexão dos dedos do pé. 
O palmar desaparece aos 4 meses. 
O plantar desaparece aos 15 meses. 
 
4. REFLEXO DO APOIO PLANTAR E 
MARCHA 
Segura o RN de pé pelas axilas e ao colocar 
seus pés apoiados sobre uma superfície, 
imediatamente ele retificará o corpo e 
iniciará a marcha reflexa. Desaparece aos 2 
meses. 
 
12 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
5. REFLEXO DE GALANT 
Coloca-se o bebê em pronação, com o 
tronco apoiado no braço do examinador, e 
com o dedo da mão estimula a pele do 
dorso em um movimento linear do ombro 
até asnadegas. A resposta esperada é a 
flexão do tronco para o lado estimulado. 
Desaparece aos 4 meses. 
 
6. REFLEXO DE LANDAU 
Com uma das mãos suspendemos o lactante 
pela superfície ventral. Com a outra mão 
flexionamos a cabeça rapidamente e todo o 
corpo entra em flexão. Surge aos 3 meses e 
desaparece ao final do 2º ano. 
 
7. REFLEXO DE PROCURA 
Ao tocarmos suavemente a bochecha do 
lactente, ele roda o pescoço em direção ao 
lado estimulado e abre a boca. 
 
8. REFLEXO CUTÂNEOPLANTAR 
Ao estimular a sola do pé com um objeto de 
ponta romba, faz-se um risco do calcanhar à 
base do quinto dedo. Até o 4 mês de vida, 
todos os lactentes tem uma resposta de 
extensão do hálux com ou sem abertura em 
leque dos dedos. No 12º mês, a resposta 
passa a ser flexão dos dedos e assim 
permanece por toda a vida. O termo sinal de 
Babinsk refere-se ao reflexo plantar 
patológico. 
 
9. REFLEXO DO PARAQUEDISTA 
Segura o lactente pela região ventral e o 
aproxima da mesa bruscamente, para lhe 
dar a impressão de que está caindo. A 
resposta esperado é a de que a criança 
estenda os braços e abra as mãos na 
tentativa de proteger-se. Surge aos 8/9 
meses e permanece por toda a vida. 
 
5) AVALIAR OS GRÁFICOS DE CRESCIMENTO POR 
PERCENTIL E ESCORE Z, SABER PLOTAR E IDENTIFICAR 
ALTERAÇÕES ANTROPOMÉTRICAS. 
 
13 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
O acompanhamento do crescimento 
pediátrico é habitualmente realizado através 
da obtenção de medidas antropométricas e 
da interpretação dessas medidas. 
 PESO 
As crianças de 0 a 2 anos ou de até 16kg 
devem ser pesadas nas balanças 
pediátricas, sempre despidas, sentadas ou 
deitadas. 
Após os 2 anos é realizada a pesagem em 
balança do tipo plataforma, com a criança 
de costas para o medidor, descalça e com o 
mínimo de roupas possível. 
A forma de acompanharmos o crescimento 
ponderal de uma criança é através da 
construção de sua curva de crescimento e 
da comparação dos dados obtidos com os 
referenciais populacionais. 
 
 ESTATURA 
Entre 0 e 2 anos devemos avaliar o 
comprimento da criança com o auxilio de 
uma régua antropométrica. 
Após os 2 anos, devemos medir a estatura 
com o estadiômetro de parede. 
 PERÍMETRO CEFÁLICO 
A avaliação do perímetro cefálico é capaz 
de refletir de forma indireta o crescimento 
cerebral nos primeiros dois anos de vida da 
criança. Essa avaliação é muito útil nos 
primeiros meses de vida para identificação 
dos desvios do desenvolvimento 
neurológico. 
O PC é medido passando uma fita métrica 
do ponto mais elevado do occipital até a 
glabela. 
 
A partir desses dados podemos construir 
índices antropométricos, como estatura para 
a idade, peso para a idade, peso para a 
estatura, índice de massa corporal por idade 
ou perímetro cefálico por idade. A partir da 
comparação com as populações de 
referencia é que podemos avaliar o 
crescimento da criança; 
CURVAS DE CRESCIMENTO 
Para avaliar o estado nutricional de uma 
criança a partir das curvas de crescimento, 
são utilizadas duas medidas para expressar a 
situação nutricional e de desenvolvimento 
do indivíduo. São elas o percentil e o score-z. 
PERCENTIL 
As medidas de percentil tendem a ser 
mais sensíveis, ou seja, mais abrangentes. Em 
outras palavras, crianças classificadas como 
risco nutricional a partir do percentil podem 
estar apenas próximas de uma situação de 
risco, mas não necessariamente em risco 
nutricional. 
http://www.cookie.com.br/crianca-com-baixo-peso-saiba-fazer/#.VZEstvlViko
http://www.cookie.com.br/crianca-com-baixo-peso-saiba-fazer/#.VZEstvlViko
http://www.cookie.com.br/paciente-filho-alergico-leite-vaca/#.VZEt8PlViko
 
14 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
Nesta distribuição, os valores obtidos para 
qualquer um dos parâmetros avaliados 
(peso, estatura, PC) são ordenados de forma 
crescente como se fossem 100 valores. 
Cada percentil representa a posição que 
aquele valor ocupa na distribuição dos 
valores. 
O percentil 50 é o ponto central da serie de 
valores crescentes, estado. 
Os gráficos de crescimento das curvas da 
OMS trazem as curvas correspondentes aos 
percentis 3, 15, 50, 85 e 97. 
ESCORE-Z 
As medidas de score-z são 
mais específicas, ou seja, elas detectam 
com mais precisão aqueles casos que estão 
mais gravemente relacionados com 
situações de risco nutricional. Recentemente, 
o uso do score-z vem sendo estimulado pela 
OMS, o que permitiria uma padronização e 
uma maior comparabilidade entre as 
estatísticas de desenvolvimento infanto 
juvenil dos diferentes países! 
Um escore-z positivo indica que o valor da 
medida do individuo é maior que a media 
da população de referencia, enquanto que 
escore-z negativo corresponde a um valor 
menor que a media. E o escore-z zero 
corresponde a média. 
CLASSIFICAÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE 
Essa classificação é feita com base nos 
gráficos de crescimento da OMS e pode ser 
encontrado nas Cadernetas de Saúde da 
Criança. Na caderneta, usadas de 0 a 10 
anos, encontramos as medidas que trazem 
as representações do escore-Z. 
Os gráficos disponibilizados na Caderneta 
são: perímetro cefálico (0-2 anos), peso para 
idade (0-2anos, 2-5anos e 5-10 anos), 
comprimento/estatura para idade (0-2anos, 
2-5anos e 5-10 anos), e Índice de Massa 
Corporal (0-2anos, 2-5anos e 5-10 anos). 
 
CRESCIMENTO DE CRIANÇAS PREMATURAS 
As crianças prematuras (<37 semanas de 
idade gestacional) deverão ter o 
crescimento (peso, comprimento e PC) 
acompanhando realizando-se a correção 
da idade cronológica. 
Considera-se a termo, a idade de 40 
semanas gestacionais, e assim, deve-se 
descontar da idade cronológica o numero 
de semanas que faltaram para completar as 
40 semanas. 
Ex: Imagine um RN com 32 semanas de 
idade gestacional e com 3 meses de idade 
cronológica. A diferença entre a idade 
gestacional e 40 semanas é de 8 semanas. 
Logo, 3 meses – (8semanas = 2 meses) = 1 
mês de idade gestacional corrigida. Dessa 
forma, os índices de peso, comprimento e PC 
deverão ser colocados no marco de um 
mês. E esta correção de idade deve ser feita 
ate 2 anos. 
O ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO 
As varias medidas de crescimento de uma 
criança vão sendo colocados como pontos 
no gráfico a cada consulta. Esses pontos são 
unidos e formam uma linha, que representa 
a curva do crescimento dessa criança. 
O MS orienta que os seguintes aspectos 
sejam considerados na interpretação da 
curva: 
 A curva de crescimento de uma 
criança que esta crescendo 
adequadamente tende a seguir um 
traçado paralelo a linha verde, acima 
ou abaixo dela. 
 Qualquer mudança rápida nessa 
tendência (desvio da curva para cima 
ou para baixo do seu traçado normal) 
deve ser investigado para determinar 
a causa e orientar a conduta. 
 Um traçado horizontal indica que a 
criança não esta crescendo, o que 
necessita ser investigado. 
 
15 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
Na primeira medição é importante observar 
a posição do peso em relação aos pontos 
de corte superior e inferior. E nas medidas 
seguintes, observar a posição e também o 
sentindo do traçado da curva de 
crescimento da criança. 
 
6) AVALIAR COMO IDENTIFICAR UM QUADRO DE 
DESNUTRIÇÃO, SEUS TIPOS, MEDIDAS PREVENTIVAS 
E CONDUTAS APÓS IDENTIFICAÇÃO. 
A desnutrição é um distúrbio da nutrição 
decorrente da falta concomitantemente de 
calorias e de proteínas, em diferentes 
proporções. 
Sua forma primária resulta da combinação 
de 3 fatores: carência alimentar (macro e 
micronutrientes), falta de acesso a 
condições sanitárias (agua/esgoto) e 
serviços de saúde (acarretando em quadros 
prolongados de diarreia) e falta de praticas 
de cuidado infantil (vacinação, higiene 
pessoal). 
As formas secundárias são provocadas por 
doenças que aumentam as necessidades 
metabólicas, ou diminuem a absorção 
intestinalou levam a perda de nutrientes, 
como as síndromes disabsortivas. 
O período mais susceptível à desnutrição são 
os primeiros 1000 dias de vida, e qualquer 
agravo nutricional neste momento, afeta o 
crescimento e desenvolvimento, trazendo 
consequências cognitivas futuras. 
O estado nutricional é avaliado de acordo 
com parâmetros antropométricos, tais como 
peso (reflete os agravos agudos à nutrição), 
estatura (reflete os agravos crônicos à 
nutrição)e circunferência braquial (útil na 
avaliação nutricional de crianças 
edemaciadas) 
O diagnostico de desnutrição é feita com 
base nos escores/percentis das curvas da 
OMS. 
 
Os principais índices antropométricos para 
avaliar a desnutrição são o peso e a 
estatura. 
A curva peso/estatura reflete o efeito agudo 
da desnutrição na vida da criança. 
Já a curva estatura/idade reflete o efeito 
crônico da desnutrição na vida da criança. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
Os desnutridos no Brasil tem duas origens: os 
miseráveis, que não dispõe de recursos 
algum para alimentação da família e 
 
16 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
aqueles que embora tenham recursos para 
atender a demanda nutricional, não o fazem 
por não terem o envolvimento com os filhos. 
Há uma maior prevalência de desnutrição 
no segundo ano de vida, porque apesar do 
aleitamento proteger as crianças, o 
desmame é feito precocemente e de forma 
errada. Além disso, as condições sanitárias 
insatisfatórias acompanham a desnutrição, o 
que favorece a ocorrência de parasitoses, 
infecções e diarreia. 
 
FISIOPATOLOGIA 
Como consequência da baixa ingestão 
alimentar, a criança torna-se hipoativa. Essa 
é a primeira resposta adaptativa do 
organismo à privação energética. 
Posteriormente, ocorre uma parada de 
crescimento: inicialmente diminui o ganho 
de peso e em seguida a estatura. 
A fisiologia hormonal se altera com o 
objetivo de captar energia por outras vias 
metabólicas. 
 Alterações metabólicas e hormonais 
Ocorre uma redução do metabolismo com 
diminuição do gasto energético, da síntese 
de proteínas e da atividade da bomba 
sódio-potássio. 
Inicialmente há um aumento da glicólise 
(quebra de glicogênio), lipólise (liberação e 
ácidos graxos) e neoglicogênese (síntese de 
glicose a partir do glicerol de ácidos graxos) 
para a geração de energia. O metabolismo 
cerebral passa a ser mantido as custas de 
ácidos graxos e corpos cetonicos. 
O consumo progressivo desses estoques leva 
a queda plasmática nos níveis de glicose e 
aminoácidos, e com isso ocorre uma 
diminuição da insulina sérica e um aumento 
do glucagon e da adrenalina. Os níveis de 
GH se elevam e com ele há um maior 
estimulo à lipólise. Por outro lado, os níveis 
de IGF-1 estão reduzidos. O estresse 
provocado pela DEP (desnutrição energético 
proteica) estimulam a secreção de cortisol, 
que atua sobre a glicogenólise e 
 
17 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
gliconeogênese. 
A atividade da bomba sódio encontra-se 
muito reduzida pela menor oferta de ATP, e 
com isso a célula passa a excretar menos 
sódio e importar mais potássio. Como o 
sódio corporal esta aumentado, mas seus 
níveis séricos estão reduzidos, vamos ter um 
quadro de HIPONATREMIA. Além disso, as 
células vão ter uma tendência de 
edemaciar, devido a retenção de sódio. E o 
potássio intra e extracelular encontram-se 
reduzidos, levando ao quadro de 
HIPOCALEMIA. 
 Alterações neurológicas 
Tanto a desnutrição calórico-proteica 
quanto a carência de ferro e iodo e a 
privação psicoafetiva contribuem para o 
déficit no desenvolvimento neuropsicomotor 
e para o déficit cognitivo. Há redução na 
formação de sinapses e proliferação 
dendritica e retardo na mielinização, bem 
como prejuízo na síntese de 
neurotransmissores. 
ANAMNESE 
Deve ser feita uma avaliação da condição 
nutricional dessa criança. Essa avaliação 
deve englobar a pesquisa de fatores de risco 
para a DEP, como: 
 História gestacional e periparto (pré-
natal, uso de drogas, peso e 
comprimento ao nascer); 
 Historia patológica pregressa 
(presença de doenças respiratórias, 
gastrointestinais, internações; 
 História vacinal; 
 Anamnese alimentar (duração da 
mamada, processo de desmame e 
alimentação atual); 
 Pesquisa de sinais e sintomas de DEP 
(diminuição da atividade, 
irritabilidade, alterações de cabelo e 
pele, escassez de subcutâneo, 
musculatura hipertrófica, fácies senil, 
edema e hepatomegalia); 
 História social (núcleo familiar, 
relacionamento afetivo, condições 
socioeconômicas, saneamento 
básico); 
EXAME FÍSICO 
Os indicadores antropométricos (peso, 
comprimento/ estatura, PC, circunferência 
do braço, prega cutânea) são instrumentos 
diagnósticos na avaliação da desnutrição 
infantil. 
O sinal clinico mais precocemente 
observado é a insuficiência do crescimento. 
Quando a desnutrição é aguda, observa-se 
incialmente um maior comprometimento do 
peso e a estatura sofre interferência quando 
o processo se prolonga. 
O acompanhamento das curvas de peso e 
estatura nos gráficos mostram curvas 
estacionarias ou decrescentes em crianças 
com desnutrição. 
Ao exame, a criança mostra-se apática, 
letárgica, com nível de atividade inferior ao 
esperado para sua faixa etária. 
FORMAS CLÍNICAS GRAVES 
A desnutrição energético proteica aguda 
grave em que se verifica algumas das 
condições abaixo: 
 - Índices de peso ou estatura para idade 
estão abaixo de 3 da média. 
- Circunferência braquial abaixo de 115 mm 
nas crianças entre 6 e 59 meses. 
- Edema com cacifo bilateral. 
1. MARASMO 
É um estado de má nutrição que resulta de 
uma deficiência calórica total (energia e 
proteínas). Marasmo significa “desgaste” e 
em termos grosseiros denota inanição. 
Essa apresentação clínica é mais comum em 
crianças com menos de um ano de idade, 
embora não seja restrita a este grupo etário. 
 
18 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
Ocorre praticamente em todos os países em 
desenvolvimento, sendo a causa mais 
comum a retirada precoce do aleitamento 
materno, substituindo por formulas 
caloricamente deficientes. Isso combinado 
com a ignorância sobre higiene e atrasos 
costumeiros na administração de vacinas, 
leva frequentemente ao desenvolvimento 
de infecções gastrointestinais preveniveis. 
A criança geralmente é internada pela 
intercorrência infecciosa, e não pela 
desnutrição. Observa-se déficit de peso e 
estatura, atrofia muscular extrema, 
emagrecimento acentuado com pobreza de 
tecido celular subcutâneo e pele enrugada, 
principalmente nas nadegas e coxas. Em 
geral, o apetite esta preservado, ao contrário 
do Kwashiokor. A anemia e a diarreia são 
comuns e com frequência as crianças 
apresentam abdome volumoso. Não há 
edema, nem lesões cutâneas. Os cabelos 
podem eventualmente estar alterados. 
 
2. KWASHIORKOR 
Embora a ingestão calórica possa ser 
adequada, observa-se deficiência dietética 
de proteína. Apesar da energia adequada, 
a deficiência de proteínas de alto valor 
biológico impede a adaptação do 
organismo à desnutrição. A instalação 
costuma ser mais rápida; 
Kwashiokor é um vocabulário africano, que 
significa “doença do primeiro filho quando o 
segundo nasce”. 
Essa síndrome foi 
inicialmente descrita 
em lactentes 
desmamados 
subitamente, devido 
ao fato de a mãe ter 
engravidado de 
novo. Sendo mais 
comum no segundo e 
terceiro anos de vida. 
A criança geralmente 
se apresenta com 
estatura e peso menores do que o esperado 
para a idade. O edema é muito frequente e 
considerado a manifestação clinica mais 
importante dessa síndrome. Vale ressaltar 
que o edema pode afetar qualquer parte do 
corpo, sendo que em crianças que 
deambulam, o edema se inicia nos pés se 
estendendo para a perna. Posteriormente o 
edema acomete mãos e face. 
Alterações mentais/comportamentais estão 
invariavelmentepresentes. A criança se 
apresenta apática, hipoativa, anoréxica e 
desinteressada. Ela geralmente não sorri, 
mesmo quando estimulada e esta 
permanentemente irritada e sem apetite. 
Diferentemente do marasmo, a criança tem 
tecido celular subcutâneo. A pele da face 
esta frequentemente despigmentada, 
desenvolvendo dermatoses. Os cabelos 
apresentam alteração de textura e de cor e 
são quebradiços. As fezes podem estar 
liquefeitas, com sangue e alimentos não 
digeridos. A anemia esta presente na 
maioria dos casos. 
Hipoalbuminemia e redução da proteína 
sérica total, relacionados com a intensidade 
 
19 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
do edema são observados em todos os 
paciente. E geralmente as crianças tem 
hepatomegalia. 
3. KWASHIORLOR-MARASMÁTICO 
A maioria dos casos encontra-se na faixa 
intermediaria dos dois extremo. São formas 
ditas mistas: a criança evolui com carências 
na ingestão proteica e/ou energética, 
apresentando características dos dois tipos. 
TRATAMENTO 
Não é absolutamente necessário que todas 
as crianças com esse quadro sejam 
internadas, sendo possível o 
acompanhamento ambulatorial de muitas 
delas. Isso se deve, em partes, da 
disponibilização de preparados alimentares 
especiais que podem ser usados no 
tratamento ambulatorial do desnutrido. 
As crianças com desnutrição grave devem 
ser avaliadas e deve ser definido se há 
evidencias de complicação e preservação 
do apetite. As crianças com idade entre 6 e 
59 meses com apetite preservado e que 
estão clinicamente bem e alertas, podem ser 
tratadas em regime ambulatorial. 
As crianças nessa idade com complicações 
clinicas, edema grave, diminuição do 
apetite ou presença de sinais de alerta 
devem ser internados. Os sinais de alerta são: 
incapacidade de beber ou mamar, vomitar 
tudo que ingere, presença de convulsões, 
letargia e inconsciência. 
Crianças com edema são sempre 
internadas! 
O tratamento hospitalar é dividido em 3 
fases: 
1ª fase: estabilização (1-7 dias) 
2ª fase: reabilitação (2-6 semanas) 
3ª fase: acompanhamento (7 semanas a 6 meses); 
 
1ª fase: ESTABILIZAÇÃO 
O objetivo dessa fase é prevenir e tratar as 
condições que levam ao risco iminente de 
morte (hipoglicemia, hipotermia, sepse, 
desidratação), tratar as anormalidades 
metabólicas, corrigir algumas deficiências 
nutricionais especificas e iniciar a 
alimentação; 
 Hipoglicemia 
É diagnostica como glicemia menor que 
54mg/dl. A criança com desnutrição grave 
pode ter hipoglicemia sem as manifestações 
clinicas clássicas, como sudorese fria e 
palidez. Desse modo, se a criança estiver 
consciente, o tratamento é feito com 
solução de glicose por via oral com 
alimentação por sonda nasogástrica a cada 
duas horas. Caso a criança esteja 
inconsciente ou com convulsões, o 
 
20 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
tratamento é feito com solução de glicose 
por via intravenosa. 
 Hipotermia 
É diagnosticada com temperatura axilar <35 
ou retal <35,5. O tratamento é feito com 
estratégias para manter a criança aquecida, 
como a técnica canguru, agasalhar a 
criança e manter aquecedores. 
 Desidratação e choque 
A avaliação do estado de desnutrição da 
criança desnutrida é difícil, pois muitos sinais 
encontrados no desnutrido podem ser 
confundidos com sinais de desidratação. 
Como a avaliação do real estado de 
hidratação é difícil, sempre damos 
preferencia pela via oral com solução com 
menor teor de sódio e maior teor de potássio. 
A hidratação venosa é restrita à crianças 
com desnutrição grave em casos de choque 
séptico. Deve-se ter bastante cuidado com 
os sinais de hiper-hidratação, que incluem 
elevação da frequência cardíaca e 
respiratória 
 Infecção 
Considera-se que todas as crianças com 
desnutrição grave tem infecção e devem 
receber antibióticos desde o inicio do 
tratamento. Alguns sinais indica infecção 
grave como hipoglicemia, hipotermia, 
letargia ou inconsciência. Diversos estudos 
mostraram que o uso de antibióticos nas 
primeiras 48 horas contribui para a redução 
da mortalidade. 
 Reiniciar a alimentação 
A alimentação durante a fase de 
estabilização tem por objetivo somente 
fornecer a quantidade de calorias e 
proteínas necessárias para manter os 
processos fisiológicos basais. Se essa 
alimentação não for feita de forma 
cautelosa, uma das possíveis complicações 
é o estabelecimento da síndrome de 
retroalimentação. 
2ª fase: REABILITAÇÃO 
O sinal clinico que indica que a criança está 
apta a entrar nessa fase é o retorno do 
apetite. 
O objetivo nessa fase é promover o rápido 
crescimento da criança, e para isso, é 
necessário uma ingestão calórica e proteica. 
Além disso, também iremos iniciar a 
suplementação de ferro, que não havia sido 
feita na fase de estabilização. Essa fase tem 
duração de duas a seis semanas. 
3ª fase: ACOMPANHAMENTO 
Essa fase é realizada em nível ambulatorial, 
no qual a criança e a família são 
periodicamente avaliadas. 
A criança poderá receber alta desse 
acompanhamento quando apresentar o 
indicador peso/estatura > escore-Z -2, ou 
circunferência braquial > 125 e não 
apresentar edema há pelo menos duas 
semanas. 
Após a alta do programa, as crianças 
seguem avaliações periódicas, para se 
evitar a recidiva do quadro. 
 
PREVENÇÃO 
A OMS destaca as principais intervenções 
globais em prol do combate À desnutrição 
infantil: 
 Intervenções maternas: 
suplementação de ferro e acido fólico 
na gestação, utilização do sal iodado, 
suplementação de cálcio materno, 
redução do tabagismo e da poluição 
ambiental. 
 
21 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
 Intervenções neonatais: promoção do 
aleitamento materno; 
 Intervenções infantis: promoção do 
aleitamento materno, melhoria da 
qualidade da alimentação 
complementar, suplementação de 
ferro, zinco, vitamina A e iodo e 
estimulação a praticas de higiene. 
8) DEFINIR MAUS TRATOS, CONHECER OS DIREITOS 
DA CRIANÇA E OS DEVERES DOS PROFISSIONAIS DE 
SAÚDE EM SITUAÇÕES DE AGRAVOS AO MENOR DE 
ACORDO COM O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE 
Os maus-tratos contra a criança e o 
adolescente podem ser praticados pela 
omissão, pela supressão ou pela 
transgressão dos seus direitos, definidos por 
convenções legais ou normas culturais. 
Classicamente os maus-tratos são divididos 
nos seguintes tipos: 
 Maus-tratos físicos: uso da força física 
de forma intencional, não-acidental, 
praticada por pais, responsáveis, 
familiares ou pessoas próximas da 
criança ou adolescente, com o 
objetivo de ferir, danificar ou destruir 
esta criança ou adolescente, 
deixando ou não marcas evidentes. 
 
 Síndrome de Munchausen por 
procuração: é definida como a 
situação na qual a criança é trazida 
para cuidados médicos devido a 
sintomas e/ ou sinais inventados ou 
provocados pelos seus responsáveis. 
 
 
 Abuso sexual: é todo ato ou jogo 
sexual, relação heterossexual ou 
homossexual cujo agressor está em 
estágio de desenvolvimento 
psicossexual mais adiantado que a 
criança ou o adolescente. 
 
 Maus-tratos psicológicos: são toda 
forma de rejeição, depreciação, 
discriminação, desrespeito, cobrança 
ou punição exageradas e utilização 
da criança ou do adolescente para 
atender às necessidades psíquicas 
dos adultos. 
 Negligência: é ato de omissão do 
responsável pela criança ou 
adolescente em prover as 
necessidades básicas para o seu 
desenvolvimento. O abandono é 
considerado uma forma extrema de 
negligência. A negligência pode 
significar omissão em termos de 
cuidados básicos como a privação de 
medicamentos; cuidados necessários 
à saúde; higiene; ausência de 
proteção contra as inclemências do 
meio (frio, calor); não prover estímulo 
e condições para a frequência à 
escola. 
A suspeita de maus-tratos contra crianças e 
adolescentes surge, geralmente,no 
momento em que se procede a anamnese 
ou no decorrer do exame físico do paciente. 
Cabe ressaltar que, na maioria das vezes, as 
vítimas não possuem evidências físicas de 
maus-tratos. Sendo assim, a anamnese 
ocupa lugar relevante no esclarecimento 
dos casos, não apenas pelo relato da 
ocorrência da violência em si, como 
também de sintomas sugestivos de que a 
criança possa estar sendo vitimizada. 
Sempre que possível, é importante que a 
avaliação seja feita por equipe 
multiprofissional, na qual estejam incluídos, 
além do médico, psicólogo e assistente 
social. 
A ATITUDE DO PROFISSIONAL 
A entrevista inicial tem como objetivo 
estabelecer uma relação entre o médico e 
os pais ou responsáveis, além de se ouvirem 
as queixas apresentadas. É em nome deste 
relacionamento que o profissional da saúde 
deve manter uma atitude de isenção, 
 
22 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 
mesmo que haja suspeita de que um dos 
pais ou o responsável seja o abusador. 
As perguntas devem ser isentas de qualquer 
conotação de acusação ou de censura, 
embora as intenções de esclarecer a 
suspeita ou confirmação dos maus-tratos e 
de proteger a criança de novas agressões 
devam estar sempre presentes. 
Diante de qualquer tipo de maus-tratos, 
todos os dados obtidos a respeito da criança 
(relatos sobre o episódio de maus-tratos, 
exame físico e exames complementares) 
devem ser cuidadosamente registrados no 
prontuário, uma vez que a Justiça pode 
solicitar cópias da documentação da 
unidade de saúde. 
Segundo o ECA, os profissionais da saúde 
são obrigados a notificar os maus-tratos 
cometidos contra crianças e adolescentes. 
Para que este preceito legal seja cumprido, 
é preciso sensibilizar e conscientizar os 
profissionais da área para o problema; 
fornecer maior conhecimento sobre o tipo de 
atendimento a ser dado às vítimas desses 
agravos; disponibilizar informação e 
capacitação para o diagnóstico e a 
intervenção; promover medidas preventivas; 
e aperfeiçoar o sistema de informação sobre 
o perfil de morbimortalidade por violência. 
O cumprimento dos direitos garantidos pelo 
ECA é amparado pelo Conselho Tutelar, que 
é um órgão permanente e autônomo, 
mantido com recursos públicos. 
 Por este motivo, o profissional de saúde 
deve notificar ao Conselho Tutelar, 
estabelecendo uma parceria fundamental 
para a proteção da criança e o apoio à 
família. O campo de atuação do Conselho 
Tutelar é diferente e mais amplo que o de 
uma unidade de saúde e o profissional passa 
a ter um parceiro para compartilhar o 
atendimento e dividir responsabilidades.

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