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1 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 – 1) CONHECER O SEGUIMENTO PRÉ-NATAL, DESTACANDO NÚMERO DE CONSULTAS, VACINAS NA GESTAÇÃO, SUPLEMENTAÇÕES, EXAMES INDICADOS - LABORATORIAIS E DE IMAGEM. O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um RN saudável, sem impacto para a saúde da mãe. Para ampliar a captação precoce das gestantes, o MS por intermédio da Rede Cegonha, incluiu o Teste rápido de Gravidez nos exames de rotina do pré-natal, podendo ser realizado na própria UBS. Toda mulher da área de abrangência da unidade de saúde e com historia de atraso menstrual de mais de 15 dias deverá ser orientada pela equipe de saúde a realizar o Teste Imunológico de Gravidez, que será solicitado pelo medico ou enfermeiro. Se o atraso menstrual for superior a 12 semanas, o diagnostico de gravidez poderá ser feito pelo exame clinico, através da ausculta dos batimentos cardiofetais. Após a confirmação da gravidez, em consulta medica ou de enfermagem, dá-se inicio ao acompanhamento da gestante, com seu cadastramento no SisPreNatal. A partir desse momento, a gestante deverá receber as orientações necessárias referentes ao acompanhamento de pré- natal: sequência de consultas, visitas domiciliares e grupos educativos. Devem ser fornecidos à gestante: o Cartão da Gestante; o Calendário de vacinas (orientações sobre sua atualização caso necessárias); a solicitação dos exames de rotina; realização de testes rápidos e as orientações sobre a participação nas atividades educativas. Com o objetivo de reduzir a morbimortalidade materno infantil e ampliar o acesso com qualidade, é necessário que se identifiquem os fatores de risco gestacional o mais precocemente possível. Dessa forma, o acolhimento com classificação de risco pressupõe agilidade no atendimento e definição da necessidade de cuidado que devem ser ofertadas as usuárias. CALENDÁRIO DE CONSULTAS As consultas de pré-natal poderão ser realizadas na UBS ou durante visitas domiciliares. O calendário deve ser iniciado precocemente (no primeiro trimestre) e deve ser regular, garantindo-se que todas as avaliações propostas sejam realizadas. O total de consultas deverá ser de no mínimo, seis com acompanhamento intercalado entre medico e enfermeiro. Seguindo o cronograma sempre que possível: Até 28ª semana – mensalmente; Da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente; Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente. A maior frequência de visitas no final da gestação visa à avaliação do risco perinatal e das intercorrências clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre, como trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclampsia, amniorrexe prematura e óbito fetal. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 2 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 Quando o parto não ocorre até a 41ª semana, é necessário encaminhar a gestante para avaliação do bem estar fetal, incluindo avaliação do índice de liquido amniótico e monitoramento cardio fetal. O acompanhamento da mulher no ciclo gravídico-puerperal deve ser iniciado o mais precocemente possível e só se encerra após o 42º dia de puerpério, período em que a consulta de puerpério deverá ter sido realizada. Nas consultas subsequentes, deve ser realizado: Um exame físico direcionado para avaliar o bem-estar materno e fetal. Verificação do calendário de vacinas; Analisar os resultados de exames; Determinar o IMC e monitoramento do ganho de peso gestacional; Medidas de pressão arterial; Palpação obstétrica e medida da altura uterina para avaliação do crescimento fetal; Pesquisa de edema; Exame ginecológico incluindo das mamas para avaliação do mamilo; Ausculta de batimentos cardiofetais; Prescrição de suplementação de sulfato ferroso (40mg de ferro elementar/dia) e acido fólico (5mg/dia) para profilaxia da anemia. Incentivar o aleitamento materno exclusivo ate os seis meses; Orientar as gestantes sobre os sinais de risco e a necessidade de assistência em cada caso. EXAMES SOLICITADOS NO PRÉ-NATAL Segundo o Ministério da Saúde, devem ser solicitados rotineiramente: Hemograma, sendo um exame na primeira consulta e outro no 3º trimestre. Tipagem sanguínea e fator Rh. Coombs indireto, repetido com 28, 32, 36 e 40 semanas se a paciente for Rh negativo. Glicemia de jejum, sendo um exame na primeira consulta e outro no 3º trimestre. Urinocultura e urina tipo I, ambos na primeira consulta e repetidos no 3º trimestre. Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR na primeira consulta e VDRL no 3º trimestre. Teste rápido diagnóstico anti-HIV na primeira consulta. Anti-HIV, sendo um exame na primeira consulta e outro no 3º trimestre. Sorologia para toxoplasmose IgM e IgG, repetido a cada 2-3 meses caso a paciente seja suscetível. Sorologia para hepatite B (HbsAg), sendo um exame na primeira consulta e outro no 3º trimestre. Teste de tolerância para glicose com 75 g entre 24 e 28 semanas, se a glicemia estiver acima de 85 mg/dl ou se houver fator de risco. ULTRASSONOGRAFIA Devem ser realizados uma USG transvaginal após confirmação laboratorial da gestação para determinação da idade gestacional e definição do local de implante do saco gestacional. 1. USG no 1º TRIMESTRE É realizado entre 11 e 14 semanas, preferencialmente na 12ª semana, com o objetivo de detectar idade gestacional através do comprimento cabeça-nadega e diâmetro do saco gestacional. Além disso, cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 3 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 faz-se o rastreio de alterações cromossomiais através da translucência nucal e avaliar a vitalidade fetal através da ausculta dos batimentos cardíacos. 2. USG no 2º TRIMESTRE (MORFOLÓGICA) É realizado entre 20 e 24 semanas, preferencialmente na 22ª semana. Essa USG é denominada morfológica, pois pretende avaliar a morfologia dos órgãos fetais e identificar possíveis malformações. 3. USG no 3º TRIMESTRE É realizado entre 32 e 36 semanas, preferencialmente na 34ª semana, e tem como objetivo avaliar o liquido amniótico e fazer uma estimativa do peso e crescimento. Além disso, avaliar a placenta. Caso não se disponha recursos para realização de ultrassonografia em todos os trimestres da gestação, deve-seoptar por pelo menos um único exame a ser realizado com cerca de 18 a 22 semanas. 4. ECOCARDIOGRAFIA FETAL É um exame anatômico e funcional do coração fetal. Pode ser realizado a partir de 18 semanas, mas o período ideal é de 28º semanas. As indicações absolutas para a realização do exame são pacientes com alto risco para cardiopatia congênita. SUPLEMENTAÇÃO 1. FERRO A suplementação de ferro deve ser prescrita para a gestante e mantida durante o período de amamentação. O ferro é o único nutriente cujas necessidades na gravidez não podem ser supridas de forma satisfatória apenas pela dieta. Se o ferro não for reposto, praticamente todas as gestantes terão diminuição de suas reservas e grande parte desenvolverá anemia ferropriva. Recomenda-se uma reposição de 30 a 60mg de ferro elementar por dia, de 20 semanas gestacionais até o termino da lactação ou até 2-3 meses pós-parto para as não lactantes. 2. ÁCIDO FÓLICO A reposição de acido fólico é recomendada, pois a sua deficiência esta associada a defeitos do tubo neural, como espinha bífida, encefalocele e anencefalia. O ministério da saúde recomenda iniciar a dose de 5mg/dia três meses antes da gestação, mantendo a reposição ate o fim do primeiro trimestre. 3. VITAMINA A Toda puérpera no pós-parto imediato, ainda na maternidade, deve receber uma megadose de vitamina A (1 cápsula), garantindo-se, assim, reposição dos níveis de retinol da mãe e níveis adequados de vitamina A no leite materno até que o bebê atinja os 6 meses de idade, diminuindo-se o risco de deficiência dessa vitamina entre as crianças amamentadas. CÁLCULO DA DATA PROVÁVEL DE PARTO Calcula-se a data provável do parto, levando-se em consideração a duração média da gestação normal (280 dias ou 40 semanas), a partir da DUM. O calculo é feito somando 7 dias ao primeiro dia da ultima menstruação, e subtrair 3 meses ao mês em que ocorreu a ultima menstruação (ou adicionar nove meses se corresponder aos meses de Janeiro a março). cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 4 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 VACINAÇÃO NA GESTAÇÃO A vacinação durante a gestação objetiva, não somente a proteção da gestante, mas também a proteção do feto. 1. Vacina dT (difteria e tétano) A vacina dT é indicada para a proteção da gestante contra o tétano acidental e a prevenção do tétano neonatal. Gestante sem nenhuma dose registrada: inicie o esquema vacinal o mais precocemente possível com 3 doses, com intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias. Gestante com esquema vacinal incompleto (1 ou 2 doses): em qualquer período gestacional, deve-se completar o esquema de três doses o mais precocemente possível, com intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias entre elas. Gestante com esquema vacinal completo (3 doses ou mais) e última dose há menos de cinco anos: não é necessário vaciná-la. Gestante com esquema completo (3 doses ou mais) e última dose administrada há mais de cinco anos e menos de 10 anos: deve-se administrar uma dose de reforço tão logo seja possível, independentemente do período gestacional. Gestante com esquema vacinal completo (3 doses ou mais), sendo a última dose há mais de 10 anos: aplique uma dose de reforço. O esquema para vacinação contra tétano e difteria passa a ser modificado para dTpa (difteria, tétano e coqueluche). 2. Vacina contra Influenza A vacina contra a Influenza é recomendada a todas as gestantes em qualquer período gestacional. 3. Vacinação contra hepatite B Por considerar os riscos da gestante não vacinada de contrair a doença e de haver transmissão vertical, o PNI reforça a importância de que a gestante receba a vacina contra a hepatite B após o primeiro trimestre de gestação, independentemente da faixa etária. Gestantes com esquema incompleto (1 ou 2 doses): deve-se completar o esquema. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 5 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 Gestantes com esquema completo: não se deve vaciná-las. As vacinas virais vivas que contêm os componentes do sarampo, da rubéola, da caxumba e da febre amarela não são recomendadas em situações normais. Contudo, quando for alto o risco de ocorrer à infecção natural pelos agentes dessas doenças (viagens a áreas endêmicas ou vigência de surtos ou epidemias), deve-se avaliar cada situação, sendo válido optar-se pela vacinação quando o benefício for considerado maior do que o possível risco. 2) IDENTIFICAR UMA GESTAÇÃO DE ALTO RISCO, ONDE DEVE SER FEITO ESSE ACOMPANHAMENTO E RECONHECER SUAS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS. Inicialmente, é importante entender que Gestação de Alto Risco é aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do RN apresentam uma maior probabilidade de evolução desfavorável. Além disso, é importante alertar que uma gestação que esta transcorrendo bem pode se tornar de risco a qualquer momento, durante a evolução da gestação ou durante o trabalho de parto. Portanto, há necessidade de reclassificar o risco a cada consulta pré-natal e durante o trabalho de parto. Isso porque a intervenção precoce evita os retardos assistenciais capazes de gerar morbidade grave, morte materna e perinatal. Os fatores de risco gestacional não necessitam de uma tecnologia mais avançada do que as comumente oferecidas na assistência de baixo risco, embora signifique uma maior atenção, o que muda é uma maior frequência das consultas e visitas domiciliares, sendo o intervalo definido de acordo com o fator de risco identificado e a condição da gestante no momento. Uma vez encaminhando para o acompanhamento em um serviço especializado em pré-natal de alto risco é importante que a gestante seja orientada a não perder o vinculo com a equipe de atenção básica ou Saúde da Família que iniciou o acompanhamento. O cuidado das gestantes pressupõe o acompanhamento por parte da atenção básica tradicional, mesmo quando são de alto risco, em conjunto com o atendimento dos serviços de referencia/especializados. Para isso, um sistema de referência e contra referência eficiente é fundamental. A gestação de risco que demandar referência poderá ser encaminhada primeiramente aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) ou ambulatórios de referência que, havendo cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 6 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 necessidade de atendimento mais especializado, poderão encaminhar aos ambulatórios de nível terciário, com especialistas. 3) DEFINIRPREMATURIDADE E AVALIAR SUAS PARTICULARIDADES (CAUSAS MAIS COMUNS, CUIDADOS COM O PREMATURO E MEDIDAS DE SUPORTE) Recém-nascido pré-termo, antes denominado prematuro é todo RN com <37 semanas de idade gestacional ao nascer e não se leva em consideração o peso de nascimento. Os RN pré-termos (<37 semanas) são ainda classificados em: Pré-termo tardio: aqueles com idade gestacional entre 34 semanas e 36 semanas e 6 dias. Pré-termo extremo: com idade gestacional menor do que 28 semanas. Vários fatores têm sido associados ao nascimento de RN pré-termo. Entre eles, destacam-se: baixa condição socioeconômica, ausência de pré-natal, gestante menor de 16 anos, uso de drogas lícitas e ilícitas, infecções perinatais, doenças maternas não infecciosas (agudas e crônicas), intervalo intergestacional curto, multiparidade e gestação múltipla. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 7 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 ASPECTOS OBSERVADOS NO RN PRÉ-TERMO Esse grupo é considerado de alto risco, pelo fato de “não estarem prontos ainda”, em razão do menor tempo para crescimento e maturação gestacional. 1. REGULAÇÃO TÉRMICA No RN pré-termo e naqueles com crescimento fetal restrito, vão apresentar maiores dificuldades no controle da temperatura. Isso se explica, pela menor relação entre a massa e a superfície corporal, o que aumenta a sua perda de calor. Além disso, possuem uma menor quantidade de gordura marrom, que é a grande responsável por geração de calor no RN. Também, o manuseio excessivo a que muitas vezes estão submetidos, favorecendo maior perda de agua corporal e temperatura. A medida de temperatura corporal por via axiliar deve ficar entre 36,5 e 37,5º. Os pré- termo cuidados em incubadoras podem ter a sua temperatura medida de forma contínua por sensores cutâneos colocados no abdome superior, sobre a topografia do fígado. 2. GLICOSE A glicose é o principal substrato para o cérebro fetal, do RN e do adulto em condições fisiológicas normais. As concentrações de glicose plasmática do feto encontram-se em relação linear com a concentração plasmática materna. Com o clampeamento do cordão umbilical, cessa esse fornecimento. Com isso, muitos RN a termos e prematuros conseguem manter um nível glicêmico inicial a partir da quebras das reservas de glicogênio. No entanto, os RN prematuros, por causa de varias condições adversas (menor reserva de glicogênio, maior propensão à asfixia, distúrbios respiratórios, infecções) há acentuada chance de desenvolverem hipoglicemia. Medidas para a prevenção de hipoglicemia são feitas com a introdução precoce do leite materno ou leite humano pasteurizado. 3. CÁLCIO O cálcio é um íon importante na homeostase metabólica, atuando em vários processos do metabolismo e da estabilidade da membrana celular, na contração muscular e na condução do potencial de ação. O cálcio é transferido da mãe para o feto por transporte ativo, principalmente durante o 3º trimestre da gestação. Entre os fatores responsáveis pela hipocalcemia neonatal nos RN pré-termo, destacam-se a interrupção precoce do fornecimento de cálcio pelo cordão umbilical, a asfixia neonatal e a hipercalcitoninemia. A hipocalcemia pode muitas vezes ser assintomática. Mas as manifestações clinicas mais frequentes são tremores, irritabilidade muscular, convulsões generalizadas ou focais. 4. MAGNÉSIO O magnésio atravessa livremente a barreira placentária e acumula-se no feto principalmente no primeiro trimestre da gestação, e 60% do magnésio corporal encontram-se depositado no tecido ósseo. 5. DOENÇA METABOLICA ÓSSEA RN prematuros tem risco aumentado para desenvolverem doença óssea secundária ao reduzido conteúdo mineral, também denominado de raquitismo da prematuridade. A incidência é inversamente proporcional à idade gestacional e ao peso ao nascer. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 8 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 6. AGUA CORPORAL E SÓDIO Nos RN pré-termo, há uma perda considerável de agua por via transepidérmica, sendo maior quanto menor for o peso e a idade gestacional. Isso se deve a imaturidade da pele (pobreza do estrato córneo com queratinização insuficiente). Um ambiente térmico neutro e com alta umidificação pode reduzir muito essa perda. Outra medida interessante é o envolvimento desses bebês com plástico, que favorece a manutenção da temperatura e diminui a perda hídrica. Quanto mais se conseguir reduzir a perda de água transepidérmica, também se estará reduzindo a desidratação, a hipernatremia e a hiperglicemia. 7. SISTEMA RESPIRATÓRIO A importância do bom funcionamento respiratório no período neonatal é tão grande que muitas vezes considerar maturidade fetal é o mesmo que dizer que o pulmão funciona sem ajuda externas. Dessa forma, 5 sinais tornam-se importantes na avaliação de um padrão respiratório adequado para o RN: frequência respiratória, retrações da caixa torácica, batimentos da asa do nariz, gemidos respiratórios e cianose. O padrão na respiração neonatal é dito periódico, ou seja, entre incursões respiratórias regulares ocorrem pequenas pausas de 5 a 10 segundos sem que haja bradicardia. A FR oscila entre 40 e 60 incursões por minuto. Por ser a caixa torácica muito maleável, retrações subesternais, intercostais e subcostais aparecem ao mínimo sinal de desconforto respiratório. Quanto pior o desconforto, maior a intensidade das retrações, que são provocadas pela forte contração do diafragma, na tentativa de aumentar a pressão negativa intrapleural para facilitar a entrada de ar. Como o RN é um respirador nasal e a resistência nasal contribui para a maior resistência à entrada de ar, o alargamento das asas nasais é um movimento realizado por ele para minimizar essa resistência. O gemido é um som observado à expiração. Ele traduz maior fechamento da glote, aumentando a resistência à saída do ar e consequente aumento da capacidade residual funcional, o que melhora o volume pulmonar e a relação ventilação-perfusão. A cianose central é mais bem observada ao exame da língua e da mucosa oral e é um importante indicador de falha na oxigenação. 8. SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO A SDR do RN pré-termo, antes referida como doença da membrana hialina, é a forma clássica de dificuldade respiratória entre os RN pré-termo, sendo importante causa de morbimortalidade. A sua fisiopatologia está relacionada à deficiência de surfactante intra-alveolar, o que leva ao colabamento dessas estruturas, alterando a relação ventilação- perfusão e provocando hipoxemia. A administração à gestante com risco de parto prematuro de corticoideé a principal medida preventiva para diminuir a prevalência desses casos. Após o nascimento, a utilização de surfactante exógeno por via endotraqueal e o estabelecimento de suporte são medidas fundamentais no tratamento. 9. APNÉIA DE PREMATURIDADE A apneia do prematuro pode ser definida como uma interrupção da entrada do fluxo de ar nas vias aéreas superiores, por um período de 15 a 20 segundos. Ela pode ser classificada como: cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 9 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 Central: quando essa ausência de fluxo decorre inicialmente por uma interrupção dos movimentos respiratórios sem associação a um processo obstrutivo. Obstrutiva: quando a interrupção do fluxo acontece mesmo observando-se movimentação da caixa torácica. Mista: consistem primeiro na interrupção do fluxo aéreo seguido por um colabamento das vias aéreas superiores, seguindo-se concomitantemente de pausa na movimentação da caixa torácica. ASPECTOS NUTRICIONAIS Após o nascimento, deve ser propiciado ao RN pré-termo condições nutricionais para não interromper o crescimento e para prevenir o catabolismo proteico. A oferta gradual de soluções de glicose, soluções lipídicas, vitaminas e oligoelementos devem ser adequadas. A dieta enteral deve privilegiar o uso de leite da própria mãe, isso porque esse leite possui fatores imunológicos, induz a liberação intestinal de hormônios tróficos, aumenta a motilidade gastrointestinal, promovendo a liberação de substancia anti-inflamatória. SEGUIMENTO APÓS ALTA HOSPITALAR Após a alta hospitalar, os RN prematuros devem ter assegurado um esquema de acompanhamento ambulatorial que propicie uma vigilância criteriosa do seu crescimento e desenvolvimento. Na avaliação do crescimento e desenvolvimento, o conceito de idade gestacional corrigida, ajusta o grau de prematuridade com os dias após o nascimento. VACINAÇÃO Palivizumabe: é uma imunoglobulina, um tipo de anticorpo pronto, que induz imunização passiva especifica contra o vírus sincicial respiratório (VSR). Está incluído na lista de prevenção de infecções, porque é a única forma disponível para a prevenção de quadros graves de infecções respiratórias em lactentes, como bronquiolite e pneumonia. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 10 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 Usada desde a internação hospitalar nos meses de maior circulação viral, em cinco doses para todo prematuro de risco. CRESCIMENTO DE CRIANÇAS PREMATURAS As crianças prematuras (<37 semanas de idade gestacional) deverão ter o crescimento (peso, comprimento e PC) acompanhando realizando-se a correção da idade cronológica. Considera-se a termo, a idade de 40 semanas gestacionais, e assim, deve-se descontar da idade cronológica o numero de semanas que faltaram para completar as 40 semanas. Ex: Imagine um RN com 32 semanas de idade gestacional e com 3 meses de idade cronológica. A diferença entre a idade gestacional e 40 semanas é de 8 semanas. Logo, 3 meses – (8semanas = 2 meses) = 1 mês de idade gestacional corrigida. Dessa forma, os índices de peso, comprimento e PC deverão ser colocados no marco de um mês. E esta correção de idade deve ser feita ate 2 anos. AVALIAÇÃO DA IDADE GESTACIONAL MÉTODO DE NEW BALLARD O método de New Ballard é um método de avaliação da idade gestacional (IG) de recém-nascido (RN) através da análise de 6 parâmetros neurológicos (postura, ângulo de flexão do punho, retração do braço, ângulo poplíteo, sinal do xale, calcanhar-orelha) e 6 parâmetros físicos (pele, lanugo, superfície plantar, glândula mamária, olhos/orelhas, genital masculino, genital feminino), a cada um dos quais se atribui uma pontuação que na somatória determinará a estimativa da idade gestacional. IG = (P + 204)/7 cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 11 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 4) COMPREENDER A INFECÇÃO POR RUBÉOLA NA GESTAÇÃO E CORRELACIONAR COM MALFORMAÇÕES FETAIS. A rubéola é uma doença exantemática, com aparecimento de eritema maculo- papular, geralmente benigna, cujo grande impacto na saúde da população é o acometimento de gestantes, com consequente infecção do feto. Após a transmissão por via respiratória do vírus da rubéola, há uma replicação viral na nasofaringe, e em linfonodos regionais. Cerca de 7 dias após a infecção, ocorre uma viremia com a disseminação do vírus para todo o organismo. É nesse período de viremia que ocorre a infecção da placenta e do feto. Essa infecção pode resultar em vários tipos de malformações, dependendo da fase de gestação em que ocorreu a viremia. Quanto mais precoce a contaminação materna, maior a probabilidade de defeitos congênitos. A infecção pelo vírus durante o primeiro trimestre pode causar abortamento, morte fetal, parto prematuro e malformações congênitas. Quando a infecção ocorre durante a embriogênese (primeiro trimestre), cerca de 80% das crianças podem nascer com a síndrome da rubéola congênita. As malformações podem ser graves, com comprometimento ocular (glaucoma, catarata, microftalmia), auditivo (surdez total), cardíaco (persistência do canal arterial, defeitos de septo) e neurológico (retardo mental, microcefalia). Quando a infecção ocorre após o quarto mês, a deficiência auditiva pode ser a única manifestação da rubéola congênita. Já quando a infecção ocorre durante o ultimo trimestre, os riscos da síndrome são praticamente inexistentes. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA Mais de 50% dos RN infectados são assintomáticos. As principais manifestações clínicas da rubéola congênita são, em ordem decrescente de frequência: Deficiência auditiva (80-90%): é a manifestação mais comum da síndrome da rubéola congênita e é provocada por alterações degenerativas da cóclea e do órgão de Corti (neurossensorial), clinicamente ocorrendo em graus variáveis e geralmente bilateral. Retardo do crescimento intrauterino (50-85%): a rubéola é a infecção congênita mais associada ao CIUR e baixo peso ao nascer. Manifestações cardíacas (30-40%): as principais cardiopatias congênitas associadas à rubéola são a persistência de canal arterial e estenose pulmonar. Malformações oculares: são mais frequentes as lesões que afetam a acuidade e a área macular. Catarata geralmente bilateral, glaucoma (precoce ou tardio), retinopatia e microftalmia podem estar presentes. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecelDestacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 12 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 SNC: microcefalia, meningoencefalite, tetraplegia espástica, retardo do desenvolvimento psicomotor. Outras (viscerais): hepatomegalia e icterícia, esplenomegalia, púrpura trombocitopênica, pneumonite intersticial e lesões ósseas (franjeamento da metáfise: lesão em talo de aipo). SOROLOGIA Quando somos contaminados por uma infecção, os primeiros anticorpos produzidos são o IgM. Portanto, a existência no sangue de grandes quantidades de IgM contra rubéola, por exemplo, é um indicador de que a infecção foi recentemente adquirida ou está em curso. Quando o paciente se cura da infecção, o sistema imune para de produzir IgM e passa a produzir IgG, que é um anticorpo de memória, que permanece no sangue para o resto da vida. Portanto, a presença de IgG contra a rubéola é um sinal de que o paciente já teve a doença em algum momento da vida e agora encontra-se imunizado. Quando o paciente faz uma sorologia contra rubéola, podemos ter basicamente 3 resultados possíveis: 1. IgM e IgG não reagentes Isso significa que você não tem anticorpos contra a rubéola, ou seja, nunca foi exposto a esse vírus. 2. IgM reagente e IgG não reagente Significa que a gravida se infectou nas ultimas 2 a 6 semanas, estando sob risco de ter um feto com má formações. 3. IgM não reagente e IgG reagente Significa que a gravida tem uma cicatriz imunológica, ou seja, encontra-se imune à rubéola. Como essa sorologia indica que a infecção é antiga, mas não diz exatamente quando aconteceu. Pois se uma gravida no 6º mês apresentar IGg positivo, não teremos como saber se essa infecção ocorreu anos atrás ou surgiu nas primeiras semanas de gravidez. 5) AVALIAR A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE CARDIOPATIA CONGÊNITA (CIA, CIV, PCA, EP), COMO SE FAZ ESSA AVALIAÇÃO E COMPREENDER A CLÍNICA DOS TIPOS MAIS COMUNS. A maior parte dos defeitos congênitos é bem tolerada durante a vida neonatal devido à natureza em paralelo da circulação fetal. No feto, a placenta é o principal órgão de oxigenação e trocas metabólicas, já que o pulmão nesta fase está cheio de líquidos, sofrendo uma exclusão parcial do sistema circulatório, recebendo apenas 10% do debito cardíaco. O sangue oxigenado proveniente da placenta chega à veia cava inferior através do ducto venoso (estrutura vascular que conecta a veia umbilical com a veia cava inferior e dai alcança o Átrio Direito). cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 13 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 Grande parte do fluxo que chega ao AD é direcionada ao AE, através do forame oval. O sangue proveniente da veia cava superior e da veia cava inferior é lançado no átrio direito e alcança o ventrículo direito. Como os vasos pulmonares estão constrictos, somente 10% do debito do VD é enviado ao pulmão através do tronco pulmonar, e todo o restante é ejetado na aorta descendente através do ducto arterioso. Apenas o fígado, a cabeça e o coração recebem, sangue de alta oxigenação no período fetal, e o restante do corpo é perfundido com o sangue misturado de VD e VE. Com o nascimento, a expansão pulmonar associada ao aumento da pressão arterial de oxigênio leva a uma dilatação do leito vascular pulmonar reduzindo bruscamente a resistência ao fluxo sanguíneo em um processo que se completa em torno de uma semana. Com a retirada da placenta, todo fluxo do VD é lançado ao pulmão. Com o aumento do volume de sangue proveniente do pulmão dentro do átrio esquerdo ocorre o fechamento do forame oval, o qual se completa com 3 meses de vida. Além disso, o aumento da P02 e queda dos níveis de prostaglandina estimulam a obliteração do ducto arterioso e sua transformação em ligamento arterioso. Na maioria dos casos, é após o nascimento, quando se fecham funcionalmente o canal arterial e o forame oval, que as alterações hemodinâmicas significativas decorrentes de anormalidades anatômicas aparecem. CARDIOPATIAS CONGÊNITAS Cardiopatia Congênita é qualquer anormalidade na estrutura ou função do coração que surge nas primeiras 8 semanas de gestação, quando forma o coração do bebê. De um modo geral, as cardiopatias congênitas são classificadas em função de apresentarem ou não cianose. Devemos ter em mente que os desvios direta-esquerda em geral se manifestam como cianose, pois o sangue do lado direito venoso irá se misturar com o sangue arterial do lado esquerdo. E os desvios esquerda-direita manifestam-se como insuficiência cardíaca, pois irá sobrecarregar o lado direito. Nas cardiopatias acianóticas, a oxigenação pulmonar do sangue proveniente do VD está preservada, e por isso não há cianose. Sua fisiologia é compreendida através de 2 mecanismos: 1. Lesões que cursam com sobrecarga de volume: incluem CIA, CIV, PCA. E o causador destas lesões é a comunicação entre o sangue do VD e do VE, levando a uma sobrecarga de volume intracavitária. Semanas após o nascimento, com a progressiva dilatação dos vasos intrapulmonares, aumenta o fluxo pelo defeito septal. Com isso, o volume de sangue que chega ao pulmão aumenta e mais fluido extravasa do leito capilar, preenchendo os alvéolos, num processo de edema pulmonar. Surgem a taquipneia e dispneia com o aumento do esforço respiratório, traduzido clinicamente pelo batimento de asas de nariz, retrações intercostais, subcostais. 2. Lesões que cursam com sobrecarga de pressão: encontramos as lesões que obstruem o fluxo de saída ventricular direito ou esquerdo, como estenose de valva pulmonar, estenose de valva aórtica e coarctação de aorta. Nesses casos, quando a obstrução é moderada, o debito de VD e VE é mantido à custa de hipertrofia muscular e dilatação de câmaras. Já se essa obstrução é grave, instala-se um quadro de cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecelDestacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 14 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 falência de VD, com hepatomegalia, edema periférico e cianose (por desvio do sangue de AD para AE através do forame oval persistente). Nas cardiopatias cianóticas, o principal achado é a cianose, provocado pela dessaturação do sangue arterial. É compreendida sob dois mecanismos: 1. Lesões que cursam com hiperfluxo pulmonar: Essas cardiopatias vão depender da presença de outras comunicações que permitem a mistura do sangue direito (sistêmico) e esquerdo (pulmonar), como a persistência do forame oval aberto e o canal arterial. A consequência dessa mistura de sangue é a cianose. 2. Lesões que cursam com hipofluxo pulmonar: são aquelas que levam a uma obstrução ao trato de saída de VD. Com isso, o fluxo pulmonar fica restrito, e menor volume de sangue poderá ser oxigenado, resultando em cianose. COMUNICAÇÃO INTERATRIAL (CIA) A comunicação entre os dois átrios é indispensável á vida no período fetal. Sua função é permitir que o sangue oxigenado que vem do VCI atinja o seguimento cefálico do corpo, via aorta ascendente. O septo interatrial é constituído por duas membranas, que permitem a passagem de sangue. O septo primium é fibroso e delgado e localiza-se do lado do átrio esquerdo, enquanto que o septo secundum é mais rijo e musculoso, situado mais próximo do átrio direito. Logo após o nascimento, a resistência pulmonar cai, a pressão no átrio direito diminui e cessa o desvio direita- esquerda pelo forame oval. A CIA pode ser classificada em: CIA ostium secundum (OS): é o defeito mais comum e ocorre na região da fossa oval. CIA ostium primum (OP): é conhecida como o defeito do septo atrioventricular parcial e está localizado junto as valvas atrioventriculares. CIA seio venoso (SV): está localizada junto à desembocadura da veia cava superior. CIA seio coronário (SC): é um defeito raro, decorrente da presença de orifício do teto do seio coronário. Assim, ocorre o fechamento “funcional” da comunicação interatrial. O fechamento anatômico acontecerá ate o primeiro ano de vida. Quando ocorrem defeitos no desenvolvimento dessas estruturas chamamos de Comunicação Interatrial. No RN a resistência vascular pulmonar ainda é elevada. Após 3 ou 4 anos, a complacência ventricular direita diminui, permitindo um maior shunt esquerda direita. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 15 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 A partir de então, o grande fluxo sanguíneo promovera um aumento do AD e VD e dilatação da artéria pulmonar, com prolongamento no tempo de esvaziamento do ventrículo direito, denotando clinicamente o desdobramento fixo da 2ª bulha, que é um atraso no fechamento da valva pulmonar. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA A maioria das crianças é assintomática. Mas podem apresentar: dispneia, palpitação, fadiga aos esforços, déficit ponderal. Nos sinais clínicos encontramos: desdobramento de B2, sopro sistólico audível. COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR (CIV) A CIV é a cardiopatia mais frequente e consiste num orifício/defeito no septo interventricular. Pode ocorrer em qualquer parte desse septo, podendo ser único ou múltiplo, com tamanho e forma variável, sendo responsável por uma passagem de sangue entre os dois ventrículos. O septo interventricular é dividido numa pequena porção membranosa e uma maior porção muscular. A CIV é classificada pela sua localização anatômica em relação a crista supraventricular. As CIV chamadas de infudibulares vão estar na borda superior. E as que estão abaixo da crista são as infracristais e estão localizadas no septo membranoso ou na porção muscular do septo, sendo chamadas de “queijo suíço” quando múltiplas. O tipo mais comum de CIV é o tipo perimembranoso. Na vida fetal, as pressões nos ventrículos são iguais, por isso a passagem de sangue pelo CIV é irrelevante, mas após o nascimento, com o fechamento dos shunts fisiológicos, ocorre uma queda da pressão pulmonar e aumento da pressão sistêmica, ocorrendo a passagem do sangue da esquerda para direita. Ou seja, a quantidade de sangue que passa através da CIV aumenta à medida que diminui a resistência pulmonar, porem depende também do tamanho do defeito. O fluxo aumentado na circulação pulmonar chega ao AE e VE, dilatando-os e elevando a pressão diastólica, e, por conseguinte aumenta a pressão capilar pulmonar, desencadeando alguns sintomas como: taquipneia, dispneia aos esforços e interrupções às mamadas. A persistência crônica do fluxo pulmonar aumentado provoca um espessamento e fibrose, aumentando a pressão da artéria pulmonar, que pode evoluir para uma hipertensão pulmonar, o que irá provocar agora um shunt invertido pela CIV, da direita para esquerda e aparecimento de cianose. Esse estágio é conhecido como Síndrome de Eisenmenger, sendo irreversível. QUADRO CLÍNICO O quadro clinico varia de acordo com o tamanho da CIV. Na CIV pequena as crianças são assintomáticas e acianóticas. Percebemos um sopro sistólico nas primeiras semanas de vida e a segunda bulha é normal. Na CIV moderada, percebemos um atraso no crescimento e desenvolvimento, diminuição da tolerância ao exercício, e sintomas de ICC. Na CIV grande, observa-se uma 2ª bulha intensa e sopro sistólico de regurgitação. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 16 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 PERSISTÊNCIA DO CANAL AFTERIAL (PCA) O canal arterial está presente na vida fetal, conectando a artéria pulmonar à aorta descendente. É uma estrutura fundamental na circulação fetal e após o nascimento, seu fechamento funcional ocorre entre 12 e 15 horas de vida, e o anatômico é entre o 5º e o 7º dia de vida. A PCA é mais comum em mulheres e esta associada à síndrome da rubéola congênita. Nos prematuros, essa ocorrência não se deve a defeitos estruturais, mas sim devido a fatores como imaturidade e hipóxia que agem diminuindo a eficácia de contração ductal. Além disso, a PCA nos bebes prematuros é considero uma complicação da doença da membrana hialina, cuja fisiopatologia cursa com hipóxia, acidose. No PCA, ocorre um desvio de sangue da aorta para a artéria pulmonar, indo para os pulmões.Isso vai gerar uma sobrecarga de volume do lado esquerdo. A clinica é igual ao da CIV, com insuficiência cardíaca congestiva, podendo evoluir para hipertensão pulmonar e síndrome de Eisenmenger. QUADRO CLÍNICO Como o fluxo da aorta para a artéria pulmonar é continuo, então o sopro audível é também continuo, tanto o sistólico como o diastólico. Além disso, encontramos um pulso de amplitude aumentada e um pulso plamar. ESTENOSE PULMONAR (EP) A estenose pulmonar está associada a rubéola congênita e pode ser do tipo infundibular, valvar e supravalvar. A valva pulmonar estenótica clássica apresenta espessamento, com abertura da cúpula que se projeta para a artéria pulmonar durante a sístole ventricular. A EP provoca uma hipertrofia do ventrículo direito, com aumento da pressão nessa cavidade, mas o fluxo pulmonar na estenose é normal. Em situações que a estenose é crítica, pode haver dificuldade no enchimento do ventrículo direito, com elevação da pressão no átrio direito e shunt da direita para a esquerda por meio do forame oval, e por conta disso o paciente torna-se cianótico com hipofluxo pulmonar, Na maioria dos casos o paciente é assintomático, mas sintomas como dispneia aos esforços, fadiga, dor precordial e sincope são referidos. Na estenose critica pode haver cianose central e ocorrer morte cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 17 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020 súbita. A característica da ausculta é o estalido protossistólico, sopro sistólico de ejeção com 2ª bulha hiperfonética. TETRALOGIA DE FALLOT É um conjunto de anormalidades que envolvem: comunicação interventricular (CIV), estenose pulmonar, desxtroposição (ou cavalgamento) da aorta e hipertrofia do ventrículo direito, fazendo o sangue circular pelo corpo sem oxigênio suficiente. A quantidade de sangue desviado do VD para a circulação sistêmica depende do tamanho da estenose pulmonar, ou seja, quanto mais estenose mais cianose e mais alto o sopro. Nos casos do RN com obstrução grave da via de saída do ventrículo direito, a circulação pulmonar pode ser dependente da persistência de um canal arterial. Crianças maiores podem apresentar baqueteamento digital e adotar a posição de cócoras para melhora da hipóxia. A crise de hipóxia é comum, e nessa situação o paciente apresenta cianose intensa, acompanhada por taquipneia, e frequentemente, alterações de consciência. A crise geralmente ocorre pela manha, precipitada por atividades como defecar ou chorar e é mais frequentes em lactentes entre 2 e 6 meses de idade. 6) RECONHECER A NECESSIDADE DE ACOMPANHAMENTO MULTIDISCIPLINAR DOS RECÉM-NASCIDOS COM MALFORMAÇÕES E APOIO PSICOSSOCIAL AOS Familiares cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 18 Marcela Oliveira – Medicina 4º semestre 2020
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