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DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E NEUROCIÊNCIA 2 FACUMINAS A história do Instituto FACUMINAS, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação.Com isso foi criado a FACUMINAS, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 SUMÁRIO DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E NEUROCIÊNCIA ................................................. 5 DEFINIÇÃO, CAUSAS E CONSEQUENCIAS ........................................................... 5 PRINCIPAIS TIPOS DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL .......................................... 7 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL X DOENÇA MENTAL ............................................ 8 DESENVOLVIMENTO CONCEITUAL ...................................................................... 8 NOVAS PREMISSAS .................................................................................................. 9 IDADE CRONOLÓGICA E OBJETOS DE APRENDIZAGEM .................................. 9 Habilidades intelectuais alternativas e valorização de papéis sociais ............................ 10 A autonomia como meta educacional .......................................................................... 12 Novas propostas A fusão dos sistemas de ensino ......................................................... 13 INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO ................................................................................... 14 Desafios ...................................................................................................................... 16 Funcionamento mental e habilidades cognitivas .......................................................... 16 OS OBSTÁCULOS DO MEIO E A PRODUÇÃO DAS INADAPTAÇÕES ............... 20 REFLEXÕES.............................................................................................................. 20 Referências Bibliográficas .......................................................................................... 21 Neurociência e o déficit intelectual: aportes para a ação pedagógica (Adaptado) ......... 23 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 23 A NEUROCIÊNCIA: AVANÇOS CIENTÍFICOS NA COMPREENSÃO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ........................................................................... 27 CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PARA O PROCESSO EDUCACIONAL INCLUSIVO DE ALUNOS COM DÉFICITS INTELECTUAIS ................................ 29 4 A NEUROCIÊNCIA E A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA DE PROFESSORES CAPACITADOS E ESPECIALIZADOS .................................................................... 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 36 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39 5 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E NEUROCIÊNCIA Deficiência intelectual é o funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização dos recursos da comunidade, saúde, segurança. DEFINIÇÃO, CAUSAS E CONSEQUENCIAS A Deficiência Intelectual, segundo a Associação Americana sobre Deficiência Intelectual do Desenvolvimento AAIDD, caracteriza-se por um funcionamento intelectual inferior à média (QI), associado a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho), que ocorrem antes dos 18 anos de idade. No dia a dia, isso significa que a pessoa com Deficiência Intelectual tem dificuldade para aprender, entender e realizar atividades comuns para as outras pessoas. Muitas vezes, essa pessoa se comporta como se tivesse menos idade do que realmente tem. A Deficiência Intelectual é resultado, quase sempre, de uma alteração no desempenho cerebral, provocada por fatores genéticos, distúrbios na gestação, problemas no parto ou na vida após o nascimento. Um dos maiores desafios enfrentados pelos pesquisadores da área é que em grande parte dos casos estudados essa alteração não tem uma causa conhecida ou identificada. Muitas vezes não se chega a estabelecer claramente a origem da deficiência. Principais causas Os fatores de risco e causas que podem levar à Deficiência Intelectual podem ocorrer em três fases: pré-natais, perinatais e pós-natais. Pré-natais 6 Fatores que incidem desde o momento da concepção do bebê até o início do trabalho de parto: Fatores genéticos •Alterações cromossômicas (numéricas ou estruturais) -provocam Síndrome de Down, entre outras. •Alterações gênicas (erros inatos do metabolismo) que provoca Fenilcetonúria, entre outras. Fatores que afetam o complexo materno-fetal •Tabagismo, alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais e medicamentos teratogênicos (capazes de provocar danos nos embriões e fetos) •Doenças maternas crônicas ou gestacionais (como diabetes mellitus). •Doenças infecciosas na mãe, que podem comprometer o feto: sífilis, rubéola, toxoplasmose. •Desnutrição materna. Perinatais Fatores que incidem do início do trabalho de parto até o 30.º dia de vida do bebê: •Hipóxia ou anoxia (oxigenação cerebral insuficiente). •Prematuridade e baixo peso: Pequeno para Idade Gestacional (PIG). •Icterícia grave do recém-nascido (kernicterus). Pós-natais Fatores que incidem do 30.º dia de vida do bebê até o final da adolescência: •Desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global. •Infecções: meningites, sarampo. •Intoxicações exógenas: envenenamentos provocados por remédios, inseticidas, produtos químicos como chumbo, mercúrio etc. •Acidentes: trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia, quedas etc. 7 PRINCIPAIS TIPOS DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Entre os inúmeros fatores que podem causar a deficiência intelectual, destacam- se alterações cromossômicas e gênicas, desordens do desenvolvimento embrionário ou outros distúrbios estruturais e funcionais que reduzem a capacidade do cérebro. •Síndrome de Down–alteração genética que ocorre na formação do bebê, no início da gravidez. O grau de deficiência intelectual provocado pela síndrome é variável, e o coeficiente de inteligência (QI) pode variar e chegar a valores inferiores a 40. A linguagem fica mais comprometida, mas a visão é relativamente preservada. As interações sociais podem se desenvolver bem, no entanto podem aparecer distúrbios como hiperatividade, depressão, entre outros. •Síndrome do X-Frágil–alteração genética que provoca atraso mental. A criança apresenta face alongada, orelhas grandes ou salientes, além de comprometimento ocular e comportamento social atípico, principalmente timidez. •Síndrome de Prader-Willi–o quadro clínico varia depaciente a paciente, conforme a idade. No período neonatal, a criança apresenta severa hipotonia muscular, baixo peso e pequena estatura. Em geral a pessoa apresenta problemas de aprendizagem e dificuldade para pensamentos e conceitos abstratos. •Síndrome de Angelman–distúrbio neurológico que causa deficiência intelectual, comprometimento ou ausência de fala, epilepsia, atraso psicomotor, andar desequilibrado, com as pernas afastadas e esticadas, sono entrecortado e difícil, alterações no comportamento, entre outras. •Síndrome Williams–alteração genética que causa deficiência intelectual de leve a moderada. A pessoa apresenta comprometimento maior da capacidade visual e espacial em contraste com um bom desenvolvimento da linguagem oral e na música. •Erros Inatos de Metabolismo (Fenilcetonúria, Hipotireoidismo congênito etc.) – alterações metabólicas, em geral enzimáticas, que normalmente não apresentam sinais nem sintomas sugestivos de doenças. São detectados pelo Teste do Pezinho, e quando tratados adequadamente, podem prevenir o aparecimento de deficiência intelectual. Alguns achados clínicos ou laboratoriais que sugerem esse tipo de distúrbio metabólico: 8 falha de crescimento adequado, doenças recorrentes e inexplicáveis, convulsões, atoxia, perda de habilidade psicomotora, hipotonia, sonolência anormal ou coma, anormalidade ocular, sexual, de pelos e cabelos, surdez inexplicada, acidose láctea e/ou metabólica, distúrbios decolesterol, entre outros. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL X DOENÇA MENTAL Muita gente confunde Deficiência Intelectual e doença mental, mas é importante esclarecer que são duas coisas bem diferentes. Na Deficiência Intelectual a pessoa apresenta um atraso no seu desenvolvimento, dificuldades para aprender e realizar tarefas do dia a dia e interagir com o meio em que vive. Ou seja, existe um comprometimento cognitivo, que acontece antes dos 18 anos, e que prejudica suas habilidades adaptativas. Já a doença mental engloba uma série de condições que causam alteração de humor e comportamento e podem afetar o desempenho da pessoa na sociedade. Essas alterações acontecem na mente da pessoa e causam uma alteração na sua percepção da realidade. Em resumo, é uma doença psiquiátrica, que deve ser tratada por um psiquiatra, com uso de medicamentos específicos para cada situação. DESENVOLVIMENTO CONCEITUAL A última revisão da definição de deficiência intelectual da AAMR, bastante recente (Luckasson et alii 1994), propõe que se abandonem os graus de comprometimento intelectual, pela graduação de medidas de apoio necessárias às pessoas com déficit cognitivo e destaca o processo interativo entre as limitações funcionais próprias dos indivíduos e as possibilidades adaptativas que lhes são disponíveis em seus ambientes de vida. Essa nova concepção da deficiência mental implica transformações importantes no plano de serviços e chama a atenção para as habilidades adaptativas, considerando-as como um ajustamento entre as capacidades dos indivíduos e as estruturas e expectativas do meio em que vivem, aprendem, trabalham e se aprazem. 9 A identificação dos perfis de apoio começa a levar em conta não apenas os tipos e a intensidade de tais apoios, mas os meios pelos quais a pessoa pode aumentar sua independência, produtividade e integração no contexto comunitário e entre seus pares da mesma idade. A evolução dos conceitos de incapacidade e inadaptação, em que esta última é resultante da interação entre os hábitos de vida da pessoa e os obstáculos impostos pelo meio, poderá estender-se e alcançar o espaço das escolas e eliminar ou reduzir esses obstáculos do ponto de vista cognitivo. De fato, assim como o meio físico e a arquitetura das escolas não foram planejados para acolher alunos em cadeiras de rodas, o ambiente cognitivo das escolas não está, no geral, preparado para o ensino de pessoas com deficiência mental integradas às normais. O reconhecimento do papel dos fatores ambientais e dos que são internos aos indivíduos, no processo interativo de produção de inadaptações, se expressa em todas as inovações conceituais citadas. As características do indivíduo foram durante muito tempo a única meta das intervenções educativas, mas, hoje, nenhum modelo educativo pode ignorar as características do funcionamento das pessoas que apresentam incapacidades intelectuais, sem considerar a interação destas com o meio. NOVAS PREMISSAS Diante dos avanços conceituais, os princípios que orientavam a educação desses indivíduos passaram a evidenciar os processos interativos que permeiam as relações entre idade cronológica e objetos de aprendizagem, habilidades intelectuais alternativas e valorização dos papéis sociais representados pelas pessoas com deficiência intelectual. IDADE CRONOLÓGICA E OBJETOS DE APRENDIZAGEM A idade mental foi sempre privilegiada nas práticas pedagógicas e nas pesquisas sobre a deficiência intelectual. Nas escolas e classes especiais, ou mesmo no contexto da integração escolar de pessoas com déficit mental, as aprendizagens são raramente abordadas conforme o que é próprio da idade cronológica normal. Decerto, além da 10 possibilidade de realizar atividades sociais adequadas, é preciso garantir aos alunos com deficiência o acesso a degraus de autonomia e a representação de papéis próprios de sua idade real (Brown et al. 1979). A opção pela idade mental em vez de cronológica contradiz-se com a representação de papéis sociais correspondentes à idade, ao gênero e à cultura e tem como consequência a perda de toda significação social das aprendizagens. Em cada faixa etária os conhecimentos possuem um sentido e são utilizados para fins distintos, que se complementam e se ampliam. A comunicação escrita, por exemplo, que constitui um tipo de conhecimento básico, adquire significados diferentes conforme a idade dos aprendizes e, assim sendo, aprender a ler e a escrever para um adolescente com deficiência e para uma criança normal, mais nova, não são situações similares, a não ser que se reduza o conhecimento ao domínio de técnicas e à automação de respostas. Por outro lado, privilegiar a idade mental no desenvolvimento de habilidades da vida prática e na aquisição de conhecimentos acadêmicos pode retardar de tal maneira essas aprendizagens, que elas não seriam mais úteis para a independência do sujeito na sua idade real. Habilidades intelectuais alternativas e valorização de papéis sociais Nas escolas e classes especiais, ou mesmo no contexto da integração escolar de pessoas com déficit mental, as aprendizagens são raramente abordadas conforme o que é próprio à idade cronológica normal. A valorização dos papéis sociais compreende o desenvolvimento de habilidades pessoais e o aprimoramento da imagem social. Não é comum à educação das pessoas com deficiência mental adaptar o objeto de aprendizagem às características do funcionamento mental que são próprias desses alunos. Eles devem corresponder, como as pessoas normais de sua idade, às expectativas da escola, ou seja, de um meio cognitivo que não está previsto para eles e, muitas vezes, nem mesmo para seus pares, sem deficiências. Essa situação redunda, então, em fracasso escolar e traz consequências sobre a imagem 11 social e a auto estimados educandos em geral e, principalmente, para os que apresentam déficit intelectual. A pesquisa pedagógica deverá empenhar-se no sentido de promover a autonomia das pessoas com deficiência mental, o que supõe o uso de habilidades intelectuais alternativas, ou seja, comportamentos que são compatíveis com a capacidade intelectiva de cada sujeito, em um dado momento e perante um determinado conteúdo. Não se trata de selecionar habilidades intelectuais dentre aquelas que são comuns às que as pessoas empregam para se ajustar aos desafios da vida acadêmica, social, dotrabalho e do lazer. O que importa é valorizar todo e qualquer nível de desempenho cognitivo e considerar o processo pelo qual a habilidade é exercida, para atingir um determinado fim. Imaginar o número de obstáculos que os indivíduos com incapacidades motoras encontram nos edifícios, onde tudo é concebido para as pessoas que andam, é uma maneira de perceber a extensão dos problemas de uma pessoa com deficiência mental no meio escolar tradicional. A revisão dos processos de produção de incapacidades intelectuais nas escolas deve ser priorizada, para se localizar mais precisamente quais são os obstáculos que criam situações de inadaptação na vida acadêmica dos alunos em geral. Novas metodologias e técnicas de ensino que propiciam uma dinâmica mais adequada dos ambientes escolares às características do funcionamento mental das pessoas com deficiência estão sendo testadas para se ultrapassar os obstáculos do meio cognitivo. Sabemos também quanto essas novas propostas integrativas têm sido apropriadas para todos os alunos de uma turma e não apenas para os escolares com deficiência mental (Feuerstein 1979, Feuerstein et alii 1980, Sternberg 1982, Audy et alii 1991). O uso de habilidades intelectuais alternativas decorre do desenvolvimento da eficiência cognitiva das pessoas com deficiência mental. Os procedimentos utilizados para estimular essa eficiência têm por base a teoria da modificabilidade estrutural de Feuerstein (1979), que empregou essa expressão para designar a modificação permanente 12 que se opera no indivíduo, quando participa de experiências de aprendizagem mediatizada. Traduz se por um modo diferente de apreender a realidade, de estruturá-la e de interagir nela, que é de grande valia para que as pessoas com deficiência mental possam desempenhar papéis sociais, integrando-se, na medida de suas possibilidades, ao meio em que vivem. A autonomia como meta educacional O interesse pela adaptação ao meio e a valorização dos papéis sociais, presentes na maioria das propostas educativas atuais, decorrem da autonomia como finalidade da educação de pessoas com deficiência. A valorização dos papéis supõe não apenas a igualdade de oportunidades, mas a igualdade de valor entre as pessoas e, em consequência, o desenvolvimento de habilidades, talentos pessoais e papéis sociais, compatíveis com o contexto de vida, a cultura, a idade e o gênero. A inserção de pessoas com déficit intelectual torna-se virtualmente impossível, quando não lhes permitimos desenvolver os instrumentos necessários para se adaptarem às condições ambientais, que mudam constantemente. Uma boa adaptação repousa sobre a faculdade de utilizar as aquisições intelectuais em diversas situações que apresentam características similares. Estudos sobre a dimensão microgenética das organizações cognitivas, por exemplo, têm trazido algumas contribuições relevantes para o esclarecimento do funcionamento mental de aprendizes, perante situações de resolução de problemas (Inhelder e Céllerier 1992). A autonomia, nas deficiências motoras ou sensoriais, é constituída de habilidades alternativas que, dadas as incapacidades das pessoas, permitem uma adaptação conveniente às tarefas essenciais. Na deficiência mental, a autonomia reveste-se de outras significações e o ensino escolar não visa desenvolver a autonomia intelectual, nem mesmo quando se trata de alunos normais. 13 Um grande entrave da pessoa com deficiência intelectual, na conquista de sua autonomia no meio escolar, provém da percepção negativa que ela tem de si mesma. As pessoas que creem que o sucesso escolar está fora de seu alcance tendem a um subdesempenho escolar, porque essa percepção negativa inibe a aquisição e a utilização de meios para adaptar-se às exigências da escola. Na maioria das vezes, elas percebem o esforço de adaptação como sendo não gratificante e tornam-se dependentes e mesmo subordinadas a condutas, escolhas e respostas alheias. Nesse sentido, a atitude passiva de aceitação do meio escolar, que é largamente adotada pela escola e pela sociedade com relação às pessoas com deficiência mental, deve ser substituída por atitudes ativas e modificadoras. Elas precisam ser colocadas em situações problemáticas para aprender a viver o desequilíbrio cognitivo e emocional. Se os conflitos são evitados, como poderão chegar a uma tomada de consciência dos problemas a resolver e como testarão sua capacidade de enfrentá-los? A situação remete, pois, a quadros conceituais e a paradigmas educacionais mais amplos, que estão sendo apontados como propostas para prover o meio escolar de condições favoráveis ao desenvolvimento da autonomia de alunos com deficiência mental. Novas propostas A fusão dos sistemas de ensino Mudanças estão ocorrendo no sentido da adoção de princípios integracionistas, em oposição ao segregacionismo e à discriminação dos alunos com deficiência, no meio escolar. O que em outros tempos se estimava como a melhor maneira de atender às necessidades de alunos incapacitados —ou seja, separá-los do resto da sociedade em turmas escolares e em instituições especializadas —converteu-se em uma solução ultrapassada. Países que adotaram a fusão do ensino especial e regular vão ainda além, quando afirmam que a unificação dos sistemas atende às necessidades de todos os alunos, sem e com deficiência (Stainback e Stainback 1984). Da mesma forma, pode-se pensar sobre a formação de professores para a educação de pessoas com deficiências. A 14 especialização do educador para atender às necessidades de todos os alunos e não apenas de alguns deles, os especiais, deveria ser a meta da capacitação profissional em todos os níveis de formação (Mantoan 1987). Os defensores da fusão do ensino especial com o regular apresentam um bom número de vantagens para que a mesma se concretize, desde as que se referem à ineficiência de um sistema duplo para o financiamento de programas escolares, formação de pessoal, até outras razões de ordem legal, educacional e filosófica. O sistema único permitiria, por exemplo, dar coerência à defesa dos direitos; seus defensores poderiam obter fundos para a pesquisa, a formação, recursos e serviços, sem ter de categorizar pessoas para obtê-los. Poder-se-ia oferecer aos educadores formação especializada em leitura, matemática, braile, língua de sinais, mas o emprego de todos esses domínios de competência não seria específico para alguns alunos, os da educação especial, estendendo-o a todos os alunos e permitindo aos que frequentam as escolas regulares terem acesso a um atendimento mais qualificado, em um dado conteúdo acadêmico. INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO A noção de integração tem sido compreendida de diversas maneiras, quando aplicada à escola. Os diversos significados que lhe são atribuídos devem-se ao uso do termo para expressar fins diferentes, sejam eles pedagógicos, sociais, filosóficos ou outros. Por tratar-se de um constructo histórico recente, que data dos anos 60, a integração sofreu a influência dos movimentos que caracterizaram e reconsideraram outras ideias, como as de escola, sociedade, educação. Os movimentos em favor da integração de crianças com deficiência surgiram nos países nórdicos (BankMikkelsen 1980, Nirje 1969), quando se questionaram as práticas sociais e escolares desegregação, assim como as atitudes sociais em relação às pessoas com deficiência intelectual. Uma das opções de integração escolar denomina-se mainstreaming, ou seja, “corrente principal" e seu sentido é análogo a um canal educativo geral que em seu fluxo vai carregando todo tipo de aluno com ou sem capacidade ou necessidade específica. O 15 aluno com deficiência mental ou com dificuldades de aprendizagem, de acordo com o conceito referido, deve ter acesso à educação, e sua formação deve ser adaptada às suas necessidadesespecíficas. Esse processo de integração se traduz por uma estrutura intitulada sistema de cascata, que deve favorecer o "ambiente o menos restritivo possível", dando oportunidade ao aluno, em todas as etapas da integração, para transitar no “sistema", da classe regular ao ensino especial. A outra opção de inserção é a inclusão, que questiona não somente as políticas e a organização da educação especial e regular, mas também o conceito de mainstreaming. A noção de inclusão institui a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática. O vocábulo integração é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão é a de não deixar ninguém fora do ensino regular, desde o começo. As escolas inclusivas propõem um modo de constituir o sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado de acordo com essas necessidades. A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. A metáfora da inclusão é a do caleidoscópio. Essa imagem foi muito bem descrita no que segue: "O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o compõem. Quando se retiram pedaços dele, o desenho se torna menos complexo, menos rico. As crianças se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado" (Forest e Lusthaus 1987, p. 6). As propostas de fusão da educação especial com a regular, assim como as de integração e de inclusão, sofrem objeções têm e muitos adversários e estimulam a pesquisa e o desenvolvimento em pedagogia. Opiniões adversas às teses em questão são tanto de caráter prático como ideológico e, no geral, estão baseadas em preconceitos, nas percepções de pais, especialistas e de professores. Os que defendem a inclusão ou a integração escolar reconhecem que a maior parte das objeções assinaladas é devida à necessidade de se contemplar a situação por meio de uma perspectiva nova, 16 descontextualizada da realidade presente. Muitos consideram utópicas essas proposições. Pensamos que estamos apenas bastante atrasados no sentido de concretizar "um trabalho de vanguarda e de inestimável valor para a educação em geral, que é o de especializar-se no aluno" (Mantoan 1988, p. 161). Desafios A autonomia social e intelectual como meta da educação de alunos com deficiência mental lança um duplo desafio à pedagogia. Os propósitos da inserção escolar não valem unicamente para os aspectos físicos e sociais, abrangendo também o acadêmico. Este se efetiva pela definição dos limites da autonomia e pela operacionalização do conceito de habilidades intelectuais alternativas. A construção da autonomia compreende, de um lado, a detecção, a redução ou a eliminação dos obstáculos que geram as situações de inadaptação escolar, e, do outro, o conhecimento mais aprofundado das condições de funcionamento da inteligência dessas pessoas, sem o que não se pode prover um processo interativo entre o sujeito e o meio escolar o menos deficitário possível em trocas intelectuais e interpessoais. Precisamos encontrar soluções que se assemelhem às rampas nas calçadas e ao manejo das cadeiras de rodas, que possibilitam aos deficientes físicos o deslocamento o mais autônomo possível no espaço físico. Funcionamento mental e habilidades cognitivas Novas hipóteses sobre as reações mentais dos deficientes intelectuais às solicitações do meio escolar remetem-nos a uma revisão de conceitos e a outros caminhos de investigação. As fixações do raciocínio (Inhelder 1943), por exemplo, parecem ser incontestáveis; há, contudo, restrições às oscilações de pensamento, como sendo próprias da deficiência mental. Pensamos que este e outros estados atípicos demandam novos estudos sobre os aspectos diferenciais e funcionais da inteligência no deficiente mental. Sabemos que nos planos estratégicos que qualquer sujeito traça para atingir objetivos particularizados aparecem, ora mais, ora menos, essas oscilações, seja nos raciocínios 17 mais complexos, como nos mais elementares. Novas constatações levam-nos a compreender mais detalhadamente por que o funcionamento mental deficitário não configura o retardo mental em si mesmo, que é de natureza estrutural, e como o desenvolvimento intelectual dos deficientes mentais interfere nesse funcionamento, produzindo reações mais eficientes ou menos, dependendo do contexto situacional e dos conteúdos envolvidos na execução de uma tarefa. Estamos buscando atualmente uma fusão entre os microdesenvolvimentos cognitivos dos deficientes mentais e o que comprovamos sobre as possibilidades de desenvolvimento das estruturas lógicas concretas nessas pessoas, por intermédio de estudos macrogenéticos de suas organizações intelectuais (Mantoan 1987, 1991). Sabemos, hoje, que o subfuncionamento crônico da inteligência de pessoas com deficiência mental pode ser ativado por ajudas, visando propiciar-lhes uma maior mobilidade cognitiva, isto é, condições de aplicabilidade localizada (Paour 1988). A psicologia tem avançado no sentido de integrar os processos metacognitivos aos trabalhos de reeducação, buscando favorecer as habilidades intelectuais das pessoas com deficiência mental. Os autores que fazem uma análise da deficiência intelectual na perspectiva de tratamento da informação são unânimes em destacar a ausência de consciência metacognitiva nas pessoas com deficiência mental e consideram essa incapacidade como elemento central das limitações na adaptação e na autonomia (Borkowski e Pressley 1987, Scharnorst e Buchel 1990, Whitman 1987, Feuerstein 1978, Sternberg 1982). Trinta anos de pesquisas e de observação de sujeitos apresentando retardos importantes no plano cognitivo permitiram a Feuerstein reagrupar funções cognitivas e demonstrar que as deficiências funcionais relacionadas às estratégias são devidas a uma ausência de "experiências de aprendizagem mediatizadas" (E.A.M.). Audy (1991) criou o método de "atualização do potencial intelectual" (A.P.I.), que permite melhorar de modo significativo a tomada de consciência das estratégias de adaptação ao meio, com a ajuda graduada de um mediador. Certas habilidades intelectuais, como a resolução de problemas, foram constatadas no comportamento de 18 alunos regulares e com déficit mental, após intervenções prescritas pelo A.P.I., demonstrando melhoras significativas em muitas pessoas e ainda um crescimento geral da autoestima e da adaptação social e afetiva. Estudos sobre as crenças motivacionais (motivacionalbeliefs) de Borkowski e Pressley (1987) apontam para a necessidade de se suscitar a motivação e de guiar o processo de resolução de problemas nas pessoas com deficiência mental, sem desconsiderar outras tantas dificuldades paralelas. As pessoas com dificuldades de aprendizagem também ficam bloqueadas na escola e esses bloqueios lhes parecem intransponíveis. O aspecto afetivo do processo cognitivo emerge nesses casos e enquanto o problema continua presente e a autoimagem permanece negativa, os sujeitos tendem a aprofundar suas dificuldades, podendo até tornarem-se crônicas. Todas as intervenções sugeridas por esses métodos e técnicas de funcionamento cognitivo representam diferentes meios, cujo objetivo comum é levar as pessoas com deficiência intelectual a desenvolver e a utilizar espontaneamente suas estratégias cognitivas, fazendo-as chegar a um nível de consciência cada vez mais avançado de suas habilidades mentais. Para se chegar aos resultados almejados, os autores sugerem trabalhar o aspecto motivacional e evitar os bloqueios. Outro aspecto das intervenções recai sobre a auto regulação dos processos decriação e aplicação das estratégias e o autocontrole da impulsividade, no sentido de serem evitados a planificação e o emprego desordenado de soluções que despendem esforço, energia e não atingem, no geral, os fins esperados. As pessoas com deficiência intelectual demonstram também muito pouca habilidade no que concerne à generalização das aprendizagens. Este é, aliás, o problema que levou os pesquisadores a levantar a hipótese de que a deficiência mental não repousa no déficit estrutural, mas sobre uma capacidade funcional da inteligência (Scharnorst e Buchel 1990). Além dos problemas de generalização das aprendizagens, as pessoas com deficiência mental revelam um subfuncionamento da memória. As estratégias mnemônicas dependem da capacidade de retenção e esta é estimulada por repetição, 19 imagem mental, categorizações e outras. A memória é uma habilidade intelectual que pode ser melhorada nas pessoas com deficiência, mas não deve ser exercitada mecanicamente. As intervenções que fazem uso de estratégias envolvendo a retenção e demais capacidades necessárias para a lembrança e a reconstituição de fatos e objetos são as mais indicadas, e, embora não se consiga nos casos mais graves um grande aproveitamento dessa faculdade intelectual, reter fatos é básico nos comportamentos autônomos mais elementares. Os pesquisadores aqui referidos têm trabalhado em situações e contextos clínicos e psicopedagógicos. Estamos pessoalmente tentando exercitar a mobilidade e a consciência cognitiva e diminuir as dissonâncias entre o nível de desenvolvimento da competência intelectual de alunos deficientes mentais e as modalidades espontâneas de utilização de estratégias, em situações de sala de aula (Mantoan 1996). O exercício dessa mobilidade na escola difere do que se prescreve para atendimentos clínicos, poiso treino das funções cognitivas deficitárias não tem um fim em si mesmo, nas salas de aula. A atualização das habilidades intelectuais alternativas dos alunos com deficiência mental decorre de uma prática de ensino que mobiliza o sujeito a pensar, a descobrir e a criar, para alcançar seus objetivos. Em outras palavras, o desenvolvimento de habilidades intelectuais alternativas e a mediação para estimular o subfuncionamento mental no meio escolar acontecem quando os alunos estão inseridos em um meio escolar livre de imposições e de tensões sociais, afetivas e intelectuais. Esse clima de trabalho escolar propicia o equilíbrio entre os aspectos afetivo e intelectivo das aprendizagens, mantendo a motivação, a curiosidade e a concentração necessárias à sustentação do sujeito, na busca da solução do problema. O papel do professor é fundamental no sentido de prover o meio escolar dessas condições e difere das condutas do psicólogo ao solicitar e mediar o exercício das funções cognitivas, porque a intervenção pedagógica acontece em um contexto interacional de coletividade e tem uma vocação específica, sem fins individualizados e terapêuticos. 20 OS OBSTÁCULOS DO MEIO E A PRODUÇÃO DAS INADAPTAÇÕES O controle das habilidades cognitivas é possível de efetivar-se em escolas cujas salas de aula têm alunos com e sem deficiências de mesma idade cronológica, como preconiza a inclusão, mas à condição de que adotemos modelos educacionais que propiciem esse controle e a valorização das habilidades referidas. A educação inclusiva implica a criação de alternativas metodológicas que contenham, em seus princípios e na sua operacionalização, meios de se proporcionar experiências de escolarização que se adaptem às exigências curriculares, às características e às especificidades do processo educativo dos aprendizes, diminuindo ou eliminando os obstáculos do meio escolar que produzem as inadaptações escolares dos alunos em geral, deficientes e não deficientes. REFLEXÕES Estudos funcionais da atividade mental do sujeito psicológico, aplicados ao comportamento intelectual da pessoa com deficiência mental, esclarecem as questões relativas à sua aprendizagem, garantindo-lhes melhores e maiores condições de inclusão escolar. Por outro lado, a inclusão escolar não é de interesse apenas para os alunos com deficiência mental, uma vez que ao inserirmos esses educandos na escola regular estamos exigindo da instituição novos posicionamentos e procedimentos de ensino baseados em concepções e práticas pedagógicas mais evoluídas, além de mudanças na atitude dos professores, modos de avaliação e promoção dos alunos para séries e níveis de ensino mais avançados. A inclusão é igualmente um fator de aprimoramento da capacitação profissional dos professores em serviço e que questiona a formação dos educadores, constituindo um motivo para que a escola se modernize, atendendo às exigências de uma sociedade que não admite preconceitos, discriminação, barreiras sociais, culturais ou pessoais. Podemos reunir os problemas para a pesquisa e o desenvolvimento suscitados pela inclusão escolar de alunos com deficiência mental na busca de respostas pedagógicas 21 relativas a: competência intelectual: porque eles têm o direito de viver desafios para desenvolver suas capacidades; autonomia: porque eles têm o direito de decidir e escolher, de acordo com suas necessidades e motivações; papel do meio social no processo interativo de produção das incapacidades: porque eles têm o direito de se desenvolver como as demais pessoas, em ambientes que não discriminem, mas valorizem as diferenças. Click e Assista https://www.youtube.com/watch?v=BRkdTUutHws https://especialdeadamantina.files.wordpress.com/2014/05/estratc3a9gias-de- trabalho-para-alunos-com-di.pdf Referências Bibliográficas AUDY, P., RUPH, F. e RICHARD, M. "La prévention des échecs et des abandons par l'actualisation du potentiel intellectuel (A.P.I.)". Revue Québécoise de Psychologie. nº 1. 1991, vol. 14. BANK-MIKKELSEN, N.E. 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Dra. do nstituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), Universidade Federal de Alfenas, Alfenas, MG, Brasil INTRODUÇÃO De um total de 191,5 milhões de habitantes, o Brasil tem 2,6 milhões de brasileiros com déficit intelectual1. Esse número é grande e ganha destaque, principalmente, porque estamos na era da inclusão e a política educacional tem sido fortificante à causa da inclusão escolar. O número de pessoas com essa deficiência aumentou se comparado aos dois milhões de pessoas no Censo de 2000. Precisa-se considerar que admitir alunos com deficiência na escola é um grande passo dado por uma sociedade que almeja ser mais justa, mais solidária e mais democrática e, sobretudo, inclusiva. Vale ressaltar que, apesar desse movimento de colocar todas as crianças na escola, não se pretende aqui dizer que esta se efetive, sabe-se dos percalços que a inclusão enfrenta no país. http://www.apaesp.org.br/%20Sobre 24 Sendo assim, frente a uma parcela representativa em nossa sociedade, há de se esperar que muitas sejam as políticas públicas direcionadas às pessoas com necessidades especiais. Mas, dentre todas as esferas, parece ser as políticas intituladas de propostas de inclusão escolar, que vêm promovendo discussões efetivas no cenário social2,3. As discussões quanto à proposta de inclusão permeiam o panorama escolar há décadas, mas foi a partir de 1994, que as questões proclamadas ganharam foro mundial pela UNESCO, em documento intitulado Declaração Mundial de Salamanca4. Posteriormente, na América Latina, documentos como a Declaração de Guatemala5 e a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Pessoas com Deficiência6 deram novo impulso às discussões sobre a inclusão escolar. Já no plano nacional e, mais recentemente, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica7, assim como a Resolução Nacional de Educação Especial na perspectiva da Inclusão8, são exemplos legais e políticos que amparam a temática da inclusão escolar, e que buscam acima de tudo reestruturar as bases organizacionais e pedagógicas das escolas para que venham a possibilitar a inclusão e permanência de seus alunos. Os amparos legais vêm possibilitando gradativamente a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular, fato que pode ser constatado pelos dados apresentados no Censo da Educação Básica, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais no ano de 20068, finalizado e divulgado em 2008, que indica crescimento de 72,4% do número de matrículas realizadas em escolas regulares, o que, segundo análise, torna-se um favorável indicador para a inclusão escolar, mas que, no entanto, não garante que o direito de permanência e desenvolvimento desses alunos no ensino regular esteja sendo resguardado, apenas com a consideração do aumento de matrículas na rede regular. O que se percebe, é que o embate decorrente da contradição entre o legalmente imposto e divulgado (pelas legislações e regulamentos educacionais) e o realmente possível (estruturação física, organizacional e humana das instituições escolares) delimita 25 e amordaça as propostas de inclusão escolar, ao empregar ações cada vez mais descomprometidas, distantes das realidades sociais dos alunos, seus familiares e professores9-11. Dentre as principais causas do distanciamento entre a intenção e a realidade educacional em nosso país12, podem ser destacados os seguintes pontos: a manutenção das formas hierarquizadas e pouco democráticas das ações políticas e interventivas, a desconsideração da história daqueles que vivem o dia-a-dia da escola13-15; a implantação das ações sem a articulação com a infraestrutura necessária; desconhecimento dos sujeitos e agentes envolvidos das reais finalidades das propostas implementadas16,17. É na consideração desse novo contexto escolar, com a inclusão de todos os alunos, inclusive alunos com necessidades especiais, que atualmente, as escolas vêm sendo desafiadas, efetivamente, uma vez que essa população de alunos, explicitamente, caracteriza-se por possuir comprometimentos que afetam sua integridade, podendo trazer prejuízos à locomoção, à coordenação de movimentos, à sua fala, à compreensão de informações, à orientação espacial ou à percepção e ao contato com outras pessoas. Dentre esses prejuízos destacam-se as deficiências físicas, mentais, visuais e auditivas e, portanto, exigem novos posicionamentos que reconstruam o discurso enraizado frente ao oferecimento de ações educativas dispensadas a eles8. Todavia, novos posicionamentos estão trazendo e alcançando modificações importantes sobre essa questão. Quando associada à ação educacional, a proposta inclusiva visa como foco central de atenção, a aplicação de práticas de ensino- aprendizagem que abranja todo e qualquer aluno, propondo, desenvolvimento a partir de suas próprias potencialidades, e, acima de tudo, embasada no respeito e na valorização das diferenças existentes entre as pessoas. A política educacional inclusiva tem como propósito fundamental assumir e aceitar as diferenças humanas, modernizando e evoluindo as práticaseducacionais, para que possam ser adaptadas a todas as necessidades dos alunos, ao invés, de se adaptar a criança às ações pré-concebidas a respeito do ritmo e da natureza do processo de aprendizagem. A democracia da educação só pode ser refletida em sistemas educacionais 26 que apresentam como meta oferecer qualidade de ensino a todos os seus alunos, indistintamente, não aplicando uma vertente exclusiva para os alunos com necessidades educacionais especiais, pois, não se trata de uma educação especial para tais, mas sim para toda a sua clientela. No entanto, exige, constantemente, reformulações e novos posicionamentos, motiva a modernização do ensino e, essencialmente, o aperfeiçoamento das práticas docentes. Torna-se, portanto, uma inovação que implica atualização e reestruturação das condições educacionais das escolas brasileiras10. Assim como crianças que não possuem deficiências têm seus direitos garantidos pela lei, também alunos com déficit intelectual devem ser incluídos na escola, de modo que recebam a mesma educação e oportunidades que os demais. A educação inclusiva proporciona aos alunos a convivência com a diversidade, resultando uma escola acolhedora das diferenças. Acima de tudo, crianças com déficit intelectual também são acolhidas e recebem respostas às suas necessidades educacionais específicas. Sabendo-se que alunos com déficit intelectual apresentam complicações em apropriar-se de conteúdos abstratos, faz-se necessário o emprego de materiais pedagógicos concretos, estratégias metodológicas que facilitem sua aprendizagem e desenvolvam suas habilidades cognitivas. Apesar da atual política educacional privilegiar a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais em turmas comuns, alunos com déficit intelectual ainda são matriculados em escolas especiais18. A partir da publicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e das Diretrizes do Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade de Educação Especial, dados recentes do MEC apontam que dos 700.824 alunos matriculados na Educação Especial, 330.794 possuem déficit intelectual. Tendo como foco o aluno com Síndrome de Down que apresenta déficit intelectual. O objetivo dessa lei é assegurar a inclusão desses alunos na escola regular e para que se cumpra essa lei são necessárias algumas mudanças na escola e nas práticas pedagógicas do professor. São necessários conhecimentos em outras áreas que ofereçam 27 alternativas que contemplem a diversidade dos alunos. Nesse sentido, devido aos avanços e descobertas da Neurociência, permite-se a compreensão de novas aprendizagens, assim ofertando subsídios para o ensino. A Neurociência inclui ciências naturais que possuem princípios que buscam compreender a estrutura e o funcionamento cerebral, dessa forma apresenta a cientificidade para se trabalhar com diferentes cérebros. Conhecer o funcionamento cerebral desse alunado é extremamente importante para uma prática pedagógica que funcione19. Com base nas considerações explanadas, este estudo objetiva caracterizar as contribuições da Neurociência para a qualificação da mediação pedagógica para alunos com déficit intelectual. A NEUROCIÊNCIA: AVANÇOS CIENTÍFICOS NA COMPREENSÃO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO No passado, o conhecimento do funcionamento cerebral e como o homem aprendia era uma curiosidade da humanidade. No entanto, para uma melhor compreensão careciam de equipamentos e técnicas, assim a concepção que se tinha era limitada pela falta de instrumentos de pesquisa. Antes se acreditava que o cérebro não tinha funcionalidade para o homem, exemplo disto, são os egípcios que guardavam as vísceras para estudo e o cérebro era jogado fora. Com a ciência moderna, houve a necessidade de estudar o sistema nervoso e seus conhecimentos trouxeram um novo apontamento para diferentes áreas do saber como, por exemplo, medicina e educação20-22. Alguns pesquisadores tentaram explicar como o cérebro funcionava. No século XVIII havia pouco conhecimento sobre o assunto, que era baseado em hipóteses, a partir de experiências em cadáveres de animais e seres humanos que eram dissecados e observada uma série de estruturas diferentes anatomicamente e, a partir de então, pressupunham que se anatomicamente eram diferentes, a função deveria ser também distinta. Sendo assim, não se conseguiam fazer uma relação entre estrutura e função20-22. O primeiro estudioso que fez considerações importantes a respeito do cérebro foi o médico e neuroanatomista Franz Joseph Gall (1758-1888), pioneiro em ilustrar as 28 circunvoluções corticais. A partir de seu estudo, houve avanços para evidenciar o córtex cerebral e suas funções específicas. Já o cientista francês Pierre Flourens (1825) lutou para demonstrar que as teorias de Gall estavam equivocadas. Para tanto, por meio de estudos com cérebros de coelhos e pombos conseguiu demonstrar que os hemisférios cerebrais eram responsáveis pelas funções cognitivas superiores, a fala que no caso dos animais era emissão de som, a visão, a orientação, movimentos, conseguiu afirmar que esses hemisférios eram os responsáveis por essas ações. Provou também que o cerebelo era responsável pela regulação e integração dos movimentos e que o tronco cerebral era importante para o controle das funções vitais, como respiração, batimento cardíaco, regulação da pressão. Estudos posteriores em países como Alemanha, França e Inglaterra, utilizando estimulação elétrica no córtex de primatas e cães, forneceram uma prova de que havia uma localização precisa das funções. Outro cientista Pierre Paul Broca (1860-1870) estudou pacientes afásicos pós- morte que não falavam e identificou uma zona específica destruída por neurossífilis. Após a morte de uma pessoa doente que não falava, percebeu que havia tido sífilis, e esta quando não tratada atacava o sistema nervoso, identificou esta área que chamou de Broca, área que controla a fala. O cérebro humano é um órgão complexo, responsável por coordenar muitas informações vindas dos sentidos, sistema imunológico e também das emoções. Ele é o centro de controle do movimento, sono, fome, sede e quase todas as atividades vitais necessárias à sobrevivência. Emoções, como o amor, o ódio, o medo, a ira, a alegria e a tristeza, também são controladas por esse órgão, que ainda recebe e interpreta os inúmeros sinais enviados pelo organismo e pelo ambiente. Alguns estudiosos também o chamam de encéfalo sendo suas funções ligadas à capacidade cognitiva e afetiva do ser humano. Possuem ventrículos que são diferentes câmaras cheias de líquidos. Este é composto por dois hemisférios justapostos e separados por um sulco e cerebelo constituído por dois hemisférios direito e esquerdo. Tronco encefálico é uma estrutura contínua com a medula espinhal que se esconde por trás do cerebelo e por dentro do cérebro23. 29 O córtex cerebral é a superfície do cérebro enrugada cheia de sulcos, região que estão representadas as funções neurais e psíquicas mais complexas. Geralmente dividido em grandes regiões denominadas lobos, seus nomes fazem referência aos ossos que os cobrem: o lombo frontal, parietal, occipital, temporal19. Além desses lobos destaca-se também o lobo insular, região mais interna do cérebro. Qualquer lesão no cérebro pode afetar os lobos e causar sérias lesões e comprometimento gravíssimo das atividades. Essas importantes regiões possuem funções que nos ajudam compreender como são os processos mentais que colaboram na aquisição, por exemplo, da aprendizagem, tão importante para ações pedagógicas em sala de aula com alunos com deficiência. Esse órgão - que possui inúmeras funções - também tem cerca de cem bilhões de neurônios como estruturas básicas para seu funcionamento e suas atividades cerebrais se dá pela transmissão desinais elétricos. Esses neurônios se adaptam e se modificam à medida que interagem com o meio ambiente, essa interação é realizada por meio dos cinco sentidos, portanto, são mutáveis, ou seja, possuem plasticidade, podendo modificar sua função24. O sistema nervoso central reúne as estruturas neurais situadas dentro do crânio e da coluna vertebral, sendo dividido em encéfalo e medula espinhal. O encéfalo localiza- se no crânio e a medula espinhal é a parte que continua a partir do encéfalo no interior do canal da coluna vertebral. Ela é cilíndrica ou tubular, nela existe um canal cheio de líquido, apresenta funções motoras e sensitivas relacionadas ao controle do funcionamento do corpo. O encéfalo possui forma irregular com dobraduras e saliências com subdivisões. CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PARA O PROCESSO EDUCACIONAL INCLUSIVO DE ALUNOS COM DÉFICITS INTELECTUAIS Neurociências é o estudo científico do sistema nervoso, cujo objetivo é investigar o seu funcionamento, sua estrutura, seu desenvolvimento e suas alterações, agregando suas diversas funções. Acrescentam-se ainda na sua definição, as ciências naturais que 30 estudam princípios que descrevem a estrutura e atividades neurais, buscando a compreensão dos fenômenos observados. A terminologia está no plural, pois, são muitas neurociências, possuindo várias abordagens e existem muitos modos de classificá-las dependendo do enfoque. Um jeito distinto de se conceber a diversidade de metodologias para se estudar o cérebro humano é - como proposto por Lent - relacionar, em princípio os distintos níveis anatômicos - funcionais que a biologia utiliza para o estudo dos seres vivos23. Pode ser: Neurociência Molecular (Neuroquímica ou Neurobiologia Molecular), que estuda as moléculas funcionais do sistema nervoso; Neurociência Celular (Neurocitologia ou Neurobiologia) cujo objeto de estudo são as células do sistema nervoso, sua estrutura e função; Neurociência Sistêmica estuda as células nervosas das diferentes regiões do sistema nervoso cuja função está relacionada à visão, à audição, etc.; Neurociência comportamental estuda as estruturas neurais do comportamento humano e outros fenômenos e a Neurociência cognitiva que lida com algumas capacidades humanas, como, por exemplo, a linguagem, e memória humanas20. Assim sendo, são muitos os profissionais que estudam o cérebro humano, mas são os neurocientistas que realizam pesquisa em Neurociência. Especialistas como médicos, psicólogos, enfermeiros e, também, educadores e pedagogos têm se interessado quanto às contribuições do sistema nervoso para os processos de aprendizagem23. Para a educação, a Neurociência contribui no sentido que, para essa abordagem científica, cada indivíduo é único, com um significado e identidade singular. As neurociências colaboram no entendimento do cérebro humano para saber como ele funciona e apontam mudanças em como ensiná-los25. Além do mais, as descobertas sobre a plasticidade cerebral e a compreensão das funções mentais exercem influência sobre as práticas educacionais, as ações pedagógicas em sala de aula e direcionam ao professor novas formas de ensino. Estudos recentes vêm sendo realizados nas áreas de Neurociências, a fim de demonstrar como o cérebro aprende, e os resultados quando aplicados no meio educacional são considerados satisfatórios. E uma das contribuições para a educação é 31 que se traz para a sala de aula, juntamente com seus educadores e alunos, as novas descobertas dessa ciência, para serem aplicadas na sala de aula visando à aprendizagem e a maneira de se ensinar. Para Pereira26, a Neurociência tem como objetivo dar os devidos esclarecimentos sobre as estruturas neuronais que apoiam as ações perspectivas ou motores, tão necessárias para a aprendizagem. Especificamente para a educação, a Neurociência colabora para o processo de aprendizagem, pois essa ciência retrata o cérebro como o principal instrumento para a aprendizagem. Apresentando uma propriedade denominada plasticidade cerebral, esse órgão possui uma capacidade de reorganização cerebral conforme o uso, sendo sua notável característica, e conforme autores como Consenza & Guerra19, o cérebro humano em funcionamento modifica a estrutura cerebral do aluno. A partir da Neurociência e do conhecimento neurocientífico gerado por essa ciência pode se abrir um diálogo com a educação no sentido de cooperação e parceria. Entretanto, deve-se considerar que seus conhecimentos não são uma nova proposta de educação, assim como os autores Consenza & Guerra19 esclarecem: (...) elas não propõem uma nova pedagogia nem prometem soluções definitivas para as dificuldades da aprendizagem. Podem, contudo, colaborar para fundamentar práticas pedagógicas que já se realizam com sucesso e sugerir ideias para intervenções, demonstrando que as estratégias pedagógicas que respeitam a forma como o cérebro funciona tendem a ser mais eficientes. Os avanços das neurociências possibilitam uma abordagem mais científica do processo ensino-aprendizagem, fundamentada na compreensão dos processos cognitivos envolvidos. Quando uma criança na fase escolar não consegue aprender, educadores e professores fazem uma investigação para constatar porque o desempenho do aluno não corresponde ao esperado. As explicações a este tipo de situação são bem variadas: problemas familiares, condições ruins da família, deficiência, falta de interesse, preguiça, dentre outros. A escola sempre aponta direções externas a ela, a causa sempre está no outro, "dificilmente está no ensino, mas sim na aprendizagem"27. 32 Diante desse quadro, tanto psicólogos quanto neurologistas podem contribuir, pois quem faz um diagnóstico é o médico e não o professor, no caso da criança possuir uma patologia, distúrbios, deficiência ou transtorno, mas em se tratando de aprendizagem escolar o profissional que intervem no processo de aprendizagem é o educador que, com suas práticas pedagógicas, pode trazer diferentes possibilidades de aprendizagem a seus alunos28. A contribuição desses profissionais é de suma importância, mas a abordagem de ensino e aprendizagem a tarefa é do educador. Nesse sentido, o conhecimento sobre a Neurociência pode contribuir, a fim de que saiba sobre o cérebro de seus alunos, como esse órgão processa os saberes, como aprende, e também pode sugerir as intervenções que o professor deve fazer com suas crianças, pois todos podem aprender. As ações pedagógicas em sala de aula podem ficar mais eficientes quando este conhece o funcionamento cerebral. Embora, não seja suficiente ter esse conhecimento, ele permitirá que o docente compreenda melhor como seus educandos aprendem e se desenvolvem19. Se todos os alunos podem aprender, isto precisa estar explanado para os professores em suas práticas pedagógicas. Entretanto, deve-se considerar que a aprendizagem de cada um é diferente, acontece em tempos e etapas distintas e se desencadeia a partir de estímulos diferenciados. Todas elas estão demarcadas em suas atividades neurocerebrais. Há um trajeto químico no cérebro que mantém e que operacionaliza cada ação executada pelos alunos28. A Neurociência, que trata da cientificidade do cérebro, aponta a plasticidade cerebral como uma habilidade que este possui de se reorganizar a partir do aprendizado dos aprendizes, de acordo com meio em que está inserido28. Lent23, ao caracterizar essa habilidade cerebral, afirma que o ambiente contribui para modificar a estrutura do sistema nervoso, ou seja, o cérebro responde às atividades promovidas pela ação do ambiente que o atinge. A partir dessa exposição de Lent observamos que essa capacidade do cérebro de construir novas conexões neurais e modificar suas estruturas é que possibilita nosso aprendizado durante toda a nossa vida. 33 Conforme Relvas20, o cérebro humano tem a capacidade de adaptação,ou seja, se remodela de acordo com as experiências vivenciadas pelo sujeito, ou seja, o cérebro é maleável, que se modifica sob o efeito de experiências, ações e comportamentos dos indivíduos. Essa plasticidade é decorrente das atividades dos neurônios do cérebro, pois a cada experiência e aprendizado, novas conexões neurais são acrescentadas. A NEUROCIÊNCIA E A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA DE PROFESSORES CAPACITADOS E ESPECIALIZADOS A Neurociência sendo uma aliada da educação possui fundamentos importantes para as práticas pedagógicas do professor e pode apontar intervenções para o docente em sala de aula. Nesse sentido, o educador deve buscar uma interlocução com a Neurociência em razão da sua contribuição para a atividade de ensino29. Diante disso, o professor deve conhecer seus alunos, suas dificuldades e particularidades, a fim de promover o desenvolvimento da aprendizagem nas crianças. Não é tarefa fácil para os professores, a inclusão de crianças com deficiência na escola regular requer um trabalho organizado e sistemático, principalmente porque essa escola precisa ter qualidade de ensino a todos. E para que haja qualidade na educação deve-se atentar para os estilos de aprendizagem de cada aluno, ou seja, cada aluno possui caminhos que facilitam sua aprendizagem. São situações que envolvem o ambiente, emoções, aspectos sociológicos, físicos e psicológicos, com isto adota uma educação contextualizada que conceitua o aluno como sendo um ser ativo, construtor de seu próprio conhecimento. Esses estilos de aprendizagem, combinados com fatores que podem ser favoráveis ou não, devem ser considerados, com isto a individualidade dos alunos é respeitada e, consequentemente, são impulsionados ao aprendizado30. Alunos com déficit intelectuais, portanto, têm dificuldades de aprendizagem majoritariamente generalizadas que acometem a linguagem, a motricidade e a integração social. Por isso, não se deve esperar a mesma resposta entre uma criança com déficit 34 intelectual de uma criança que não o possui, pois aquela possui lesões cerebrais e desajustes no sistema nervoso29. Autores como Relvas20 apontam que a educação inclusiva necessita de intervenções pedagógicas renovadas com uma nova força em apoio à escolarização. A maior contribuição que a Neurociência oferece a educação são seus estudos a respeito do funcionamento cerebral que é modificado pela ação pedagógica. A criança com déficit intelectual apresenta dificuldades e debilidades nas funções mentais: memória, percepção, raciocínio, e a falta dessas funções dificulta a aprendizagem escolar. Mesmo assim, diante desse quadro de alterações, é importante ressaltar que ela consegue realizar aprendizagens e conseguir formação profissional29. Esses alunos em suas tarefas em sala de aula possuem dificuldades de concentração, não possuem autonomia em trabalhos coletivos, pois dependem do outro colega para responder, possuem raciocínio oscilante29. Para se efetivar a inclusão, é necessário que as práticas educativas sejam diferenciadas para poder alcançar alunos com déficit intelectual. Lembrando que a compreensão do conteúdo curricular para o aluno com déficit intelectual é limitada, mas mesmo nessas condições existe a possibilidade de um desenvolvimento de suas potencialidades e devido à plasticidade cerebral pode-se pensar em estratégias diferentes de ensino. Os alunos com deficiência, com desenvolvimento cognitivo mais lento, são mais vagarosos para aprender e são necessárias atividades de estimulação precoce, ou seja, criar situações que facilitem o desenvolvimento da criança. Em sala de aula, o professor deve proporcionar um ambiente acolhedor de aprendizagens, e manter as crianças sempre ocupadas, mas sem cansá-las, deve dosar as atividades para que haja interesse de todos e participação principalmente da criança com déficit intelectual. E também deve usar a ludicidade de maneira agradável. Procurar dividir a atividade em etapas, ensinando cada criança até que sejam capazes de realizar a tarefa sozinha. 35 O indivíduo com deficiência intelectual tem condições de ser alfabetizado, por isso deve seguir um currículo adaptado às suas limitações, pois possui um ritmo mais lento que os demais, seu desenvolvimento deve ser respeitado. O ensino especializado para alunos com déficit intelectual é realizado junto ao atendimento educacional especializado (AEE), ensino que ocorre simultaneamente à sala de aula comum. Nesse ambiente, ocorre uma aprendizagem diferente dos conteúdos curriculares do ensino regular, pois a deficiência é observada e considerada a fim de que haja aprendizagem para o aluno, na perspectiva de conhecimentos importantes para a vida do aluno, para que tenha mais autonomia no seu dia-a-dia. Nesse processo, as intervenções do professor são muito importantes. Ele, juntamente com o professor da sala regular, devem interagir para que os conteúdos que ambos ensinam estejam interligados30. A efetivação da inclusão recai exclusivamente sobre o professor, pois ele é que vai executar ou não as ações pedagógicas em sala de aula para incluir esses alunos. Porém, esses profissionais dizem-se sentir sozinhos ao especificar suas dificuldades com seus alunos30. No processo inclusivo é importante que todos da instituição escolar se envolvam: docentes, gestores e demais profissionais educacionais. Nesse sentido, a responsabilidade de efetivar a inclusão não fica exclusiva ao professor, ela é direcionada a todos na instituição escolar, isto inclui interferência do professor capacitado e também do professor especializado. Para que haja intervenções pedagógicas de qualidade, o trabalho inclusivo deve ser em conjunto entre professores da Educação especial e Educação inclusiva juntamente com os professores do ensino regular. O educador especialista precisa colaborar com o professor capacitado, a fim de que juntos planejem ações educativas visando à aprendizagem de seus alunos30,31. Na inclusão educacional, torna-se necessário o envolvimento de todos os membros da equipe escolar no planejamento de ações e programas voltados à temática. Docentes, diretores e funcionários apresentam papéis específicos, mas precisam agir coletivamente para que a inclusão escolar seja efetivada32. 36 Pensar as possibilidades de inclusão escolar das pessoas com Síndrome de Down de maneira efetiva, é oferecer oportunidades de aprendizagens de modo que o aluno ou a aluna seja participante ativo nestes ambientes que oportunizam o ensino. Para que isto se cumpra, são necessários investimentos da parte de educadores, a fim de que a criança com Down "possa amadurecer as funções neurológicas, executar atividades diárias e, consequentemente, aprender e se desenvolver". Nesse sentido, é primordial a conscientização desses docentes sobre as potencialidades e capacidades desse aluno, pois, a clareza a respeito da síndrome fará com que tenha uma postura singular em suas ações metodológicas em sala. O grau de comprometimento na base cognitiva da criança não vai ser diminuído, o que pode ocorrer é o cérebro desse aluno, devido a sua plasticidade, responder aos estímulos externos feitos no indivíduo33. A convivência escolar permite à criança a aquisição de conhecimentos exigidos na sociedade, e que é necessário à formação de qualquer pessoa com ou sem deficiência. Nesse ambiente, o ensino deve ser organizado e sistemático por parte do professor, de forma gradual, pois essas crianças não conseguem guardar muitas informações devido a limitações de memória e atenção. A aprendizagem deve ser facilitada e, por meio da ludicidade, deve-se permitir aos alunos momentos prazerosos de atividades. E também o professor deve lembrar que esses alunos, por não possuírem memória de curto prazo, precisam visualizar o que está sendo ensinado, com isto ele deve abusar de recursos visuais, a fim deque haja compreensão por parte do aluno29. CONSIDERAÇÕES FINAIS Discutir a temática do processo de desenvolvimento de alunos com déficit intelectuais é defender uma ação que garanta o acesso, a permanência e o desenvolvimento escolar efetivo. Para tanto, a compreensão que o processo de inclusão demarca a necessidade de metodologias e ações diferenciadas que partam da consideração das particularidades dos alunos faz-se necessária à articulação com diferentes áreas do conhecimento que 37 possibilitem o reconhecimento de novos embasamentos teóricos e científicos acerca do desenvolvimento humano e do processo de ensino-aprendizagem. Dentre os avanços teóricos e científicos, ainda que escassos no contexto do nosso país, uma das áreas de maior impacto nas discussões sobre o desenvolvimento humano e as facetas do desenvolvimento cognitivo é a Neurociência, que não apenas oferta aportes recentes para a compreensão do desenvolvimento, como possibilita a organização de estratégias pedagógicas diferenciadas em específicos de alunos que apresentem déficit intelectual. Como discutido, o déficit intelectual caracteriza-se por um funcionamento do intelecto inferior à média das pessoas e está presente em quase 100% dos casos de síndrome de Down. No cotidiano, isso significa que esses indivíduos têm dificuldades para aprender, entender e realizar atividades que comumente são feitas automaticamente. Dessa forma, de acordo com os pressupostos da Neurociência, o desenvolvimento e aprendizagem são possíveis, com práticas pedagógicas e estimulação, por meio de atividades como cartazes, soroban e softwares a criança conseguirá focar a atenção em algo que seja mais concreto. Visto que alunos e alunas com déficit intelectual possuem limitações nas áreas da memória, atenção e concentração. Entendemos que não podemos definir se uma metodologia pedagógica é mais eficiente que a outra, o que evidenciamos é que, para que docente seja capacitado ou especializado, o desafio é observar seus alunos e lidar com eles de acordo com suas necessidades e particularidades com ações pedagógicas que o atendam, dessa forma será mais eficiente. O professor e demais profissionais da instituição, diante da perspectiva inclusiva, devem planejar e rever suas estratégias de ensino, a fim de reformularem e adequarem os interesses de seus alunos. Como considerações finais defendemos que é necessário o avanço no debate da formação e atuação docente com base no reconhecimento das bases científicas cognitivas do aprendizado, e das facetas que compõem o cérebro e suas conexões, e como esses elementos favorecem não só a elaboração de estratégias que minimizem o impacto dos prejuízos decorrentes dos quadros de déficit intelectual, mas acima de tudo posicionem 38 os docentes como agentes centrais no processo de mediação, ação esta que deve ser contemplada com base na compreensão as particularidades e potencialidades desses alunos, à luz dos avanços teóricos, científicos e procedimentais sob os preceitos da Neurociência. 39 REFERÊNCIAS 1. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico e estimativas, 2012. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 20/1/2015. 2. Brasil. Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 8.069/90). 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