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Design thinking APRESENTAÇÃO O design thinking caracteriza-se como uma metodologia inovadora, capaz de abordar e solucionar problemas de forma criativa e colaborativa. Ao ser aplicado ao contexto educacional, o design thinking coloca o aluno no centro do processo de aprendizagem. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender o conceito de design thinking, bem como refletir sobre a sua aplicação no contexto educacional. Também irá conhecer as fases de aplicação e implementação desta metodologia, analisando sua importância para uma aprendizagem criativa e colaborativa. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os elementos norteadores da metodologia do design thinking para a educação.• Descrever a aplicação do design thinking, bem como dos diferentes recursos que podem ser utilizados. • Reconhecer a relevância da metodologia para a educação criativa.• DESAFIO O design thinking é uma metodologia que coloca o aluno no centro do processo de aprendizagem, levando-o a buscar soluções para um determinado problema. O desafio aqui apresentado tem o objetivo de ampliar o sentido do design thinking e suas possibilidades de uso em educação por meio de um wiki. Veja o caso a seguir: Gléce Cóser� Gléce Cóser� Gléce Cóser� Com base no caso apresentado, responda: Como você percebe a presença do design thinking nessa aula? Além das estratégias utilizadas no caso, quais seriam as outras possibilidades de uso do design thinking em educação? INFOGRÁFICO Ao utilizar o design thinking em sua prática pedagógica, o professor proporciona aos seus alunos a experiência de uma aprendizagem investigativa e colaborativa, além de desenvolver a empatia entre os educandos. Para o efetivo sucesso dessa estratégia, é imprescindível entender todas as fases do processo, desde o planejamento até a implementação da proposta. No Infográfico a seguir, você irá visualizar e analisar cada uma das fases do design thinking. CONTEÚDO DO LIVRO Entendendo o anseio do professor para buscar constantemente metodologias que possam se adequar às reais necessidades de seus alunos e promover uma aprendizagem significativa, o design thinking caracteriza-se como uma metodologia que tem como objetivo a aprendizagem ativa, ou seja, prioriza as ideias do aluno e a busca de soluções para os problemas de forma criativa e colaborativa. No capítulo Design thinking, da obra Metodologias para aprendizagem ativa, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você irá entender mais sobre o conceito de design thinking, seu uso na prática pedagógica, bem como as etapas de planejamento e implementação dessa metodologia que visa à educação criativa. Boa leitura. Gléce Cóser� METODOLOGIAS PARA APRENDIZAGEM ATIVA Ingrid Gayer Pessi Gléce Cóser� Design thinking Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir os elementos norteadores da metodologia do design thinking para a educação. � Descrever a aplicação do design thinking, bem como os diferentes recursos que podem ser utilizados. � Reconhecer a relevância da metodologia para a educação criativa. Introdução O design thinking é uma estratégia que visa o trabalho colaborativo, proporcionando uma vivência criativa e inovadora. Quando utilizada no contexto educacional, possibilita colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem, levando-o a buscar soluções em um determinado contexto, fazendo uso da razão e da criatividade, até em curto prazo de tempo. Neste capítulo, você irá estudar sobre os conceitos e as principais características do design thinking, definindo os elementos norteadores desta metodologia, assim como irá compreender as fases de aplicação e a importância dos insights para abordar os problemas ao longo do processo. Você também irá refletir sobre a relevância do design thinking como metodologia para a educação criativa, que pode ser uma forma de pensar e resolver diferentes problemas no contexto escolar. Conjunto de ideias relacionadas A metodologia denominada design thinking (Figura 1) é um processo de pen- samento que existe, em essência, desde os mais antigos empreendimentos humanos. A metodologia não deve ser compreendida como algo estritamente voltado à atividade de designers, uma vez que pesquisadores, arquitetos, artistas e cientistas empregavam o mesmo processo para atingir objetivos Gléce Cóser� específicos e solucionar os mais diversos problemas humanos antes mesmo destes profissionais existirem. O que poderíamos traduzir como pensamento do design ou pensamento por design está presente desde a construção de um aqueduto capaz de levar água potável para uma comunidade, até a criação de uma pequena lâmpada de vidro que, por meio de condutores elétricos, possa iluminar ambientes durante os mais diversos períodos do dia ou da noite. O design thinking está presente, ainda, na estruturação de uma pequena caixinha repleta de condutores, baterias e sensores, que permite que o indivíduo se conecte a outros, não importando a distância que os separa. A metodologia do design thinking é antiga, mas como observam Cavalcanti e Filatro (2017), ela adquire relevância e passa a se estruturar de maneira clara a partir dos anos 1950, quando o design inicia seu processo de interferência na criação de bens de consumo, compartilhamento de informações e, inclusive, de construção de identidades. Contudo, como ressaltam as autoras, é somente nos anos 2000 que o conceito e a abordagem do design thinking se estendem para os mais diversos campos de atuação, como o da educação, recebendo, assim, maior atenção de educadores, empresários e estudiosos. Como defendem Brown e Katz (2011), esta metodologia adquire clara estruturação em suas etapas a partir do momento em que se retira o processo de pensamento do designer de dentro de estúdios ou escritórios de criação, possibilitando a apropriação e a compressão de suas características específicas, demonstrando ao educador a relevância da criatividade, da interdisciplinaridade, do estabelecimento de interconexões de conhecimentos e, principalmente, do trabalho em grupo para a resolução de problemas. Por meio desta metodologia, o educador perceberá a organicidade do processo de pensamento, bem como sua abertura para que os educandos busquem respostas por si, exercitando não somente o conteúdo de uma disciplina específica, mas interligando os mais diversos saberes para encontrar respostas e caminhos para atingir um dado objetivo. Neste sentido, poderíamos compreender o conceito de design thinking como delineado por Brown (2008), que o define como uma metodologia baseada na liberdade, oferecida aos educandos para que, ao trabalharem em grupo, sejam capazes de explorar suas sensibilidades, habilidades e conhecimentos, empre- gando o processo de pensamento de designers para a solução de problemas elaborados pelo educador e, portanto, vindo a criar soluções para estes, além de atingir os objetivos específicos do projeto criado pelo professor responsável pela disciplina. Design thinking2 Gléce Cóser� Figura 1. O design thinking é uma metodologia inovadora, que visa a busca de soluções cria- tivas para um problema, ao mesmo tempo em que oferece maior liberdade de pensamento. Fonte: Kirasolly/Shutterstock.com. O design thinking pode ser usado por todos os envolvidos com o processo educacional, como: � gestores escolares: nas reuniões pedagógicas ou na formação continuada dos professores, tornando esses momentos mais ricos, de forma que possam refletir sobre esta metodologia e utilizá-la em sala de aula. � professores: desde o planejamento até o momento de suas aulas, o professor pode utilizar do design thinking, desenvolvendo competências como a capacidade argumentativa e o trabalho em equipe. � alunos: além de vivenciarem a metodologia em sala de aula com seus professores, os alunospodem se beneficiar desta para aprender uma nova forma de estudar ou resolverem problemas do seu cotidiano. O design thinking na prática pedagógica Antes de se comprometer com a implementação da metodologia design thinking em sala de aula, o educador deve identificar algumas características e alguns motivadores específicos no projeto que pretende implantar. Da mesma ma- neira, deve ter em mente as principais fases deste processo de pensamento a fim de permitir que cada atividade (ou o projeto como um todo) contemple cada etapa, possibilitando melhores resultados e a verdadeira construção e o compartilhamento de conhecimentos por parte dos educandos. 3Design thinking Segundo Brown e Wyaat (2010), o primeiro quesito a ser contemplado pelo educador antes de iniciar o planejamento das atividades é sua viabilidade. Busca-se analisar se o projeto educativo encontrará possibilidade de ser im- plementado em sala de aula, observando elementos como os conhecimentos envolvidos, o tempo gasto para o desenvolvimento das atividades e a relação do projeto com o conteúdo programático. Em seguida, deve-se considerar sua praticabilidade, avaliando os direcionamentos do projeto, como este funcionará em sala de aula, quais ajustes ou apontamentos o professor poderá realizar uma vez que o projeto esteja em curso e, por fim, o quesito mais sutil está ligado à importância do projeto. Aqui, o educador deve se ater à relevância e à vontade de planejar as atividades para a implantação da metodologia do design thinking em sala de aula. Uma vez compreendidos os quesitos anteriores à criação do projeto educa- cional baseado no design thinking, é importante compreender as fases que serão vivenciadas pelos educandos ao longo de seu processo de aprendizagem, no qual estarão imersos na busca por solucionar um problema dado pelo professor responsável pelo projeto. De acordo com Brown e Katz (2011), o processo de pensamento iniciado com a implementação da metodologia design thinking se caracteriza por três fases, descritas a seguir. � Inspiração: fase em que o aluno recebe o problema a ser resolvido ou o objetivo que seu grupo deve atingir com o desenvolvimento das ativi- dades, liberando-os para observar, analisar e compreender o problema por meio das mais diversas perspectivas e saberes. Neste momento, observam-se as primeiras ideias, os debates e a busca por soluções, tratando-se de uma fase de experimentos, descobertas e discussões sobre as melhores formas de se atingir os objetivos esperados. � Ideação: fase do processo de pensamento em que os alunos devem elaborar, refinar e definir sua abordagem, apresentando sua solução para o problema proposto. Espera-se que, ao longo da fase de ideação, os alunos sejam capazes de interligar conhecimentos, ideias e pensamentos levantados durante a fase de inspiração, construindo um único plano, esquema ou abordagem para o problema em questão. Nesta fase também se consolidam os protótipos de cada grupo, estes, compreendidos como o produto resultante de todas as atividades realizadas até o momento. Design thinking4 Gléce Cóser� Gléce Cóser� Gléce Cóser� Contudo, deve-se ter em mente que o protótipo não precisa se apresentar como um objeto específico e definido (uma maquete, um instrumento ou um utensílio), podendo adquirir diferentes formatos como quadros, cartazes, esquemas ou quaisquer outros produtos resultantes da abor- dagem estabelecida pelos alunos envolvidos. � Implementação: trata-se da fase em que os alunos irão testar suas ideias e seus produtos finais, implementando efetivamente seu trabalho no contexto do problema proposto pelo professor, observando, ainda, se ele foi capaz de solucioná-lo. Embora adquira aparência de término do processo de criação, o professor deve lembrar e instigar os alunos a analisar seus protótipos e abordagens, levando-os a compreender suas falhas e seus aspectos positivos, além de elementos que precisam de aperfeiçoamento. Deve-se avaliar se a ideia, o esquema, o produto ou a abordagem foi capaz de atingir o objetivo final ou solucionar o problema proposto. Deve-se, ainda, ressaltar que as possíveis falhas no projeto confeccionado pelos alunos são oportunidades de melhorar, de rever os caminhos trilhados até o momento e entender o que está errado, demonstrando a possibilidade de retornar às fases anteriores para aperfeiçoar suas ideias e testá-las novamente. Considerando as fases anteriores, características da metodologia design thinking, percebemos que sua implementação ao longo do processo de apren- dizagem não se atém a um caminho linear, mas sim a um percurso cíclico no qual educandos e educadores encontram oportunidades de retornar às etapas anteriores, a fim de reverem conceitos, aperfeiçoarem ideias e construírem novos conhecimentos, conforme demonstra a Figura 2. Por proporcionar esse retorno às fases iniciais, estendendo ao educando meios de modificar suas ideias, percebendo suas falhas e pontos a serem aprimorados, retira-se a pres- são exercida pelo erro. Uma vez que o educando compreende a existência de abertura para reparar os erros de seu projeto, eliminam-se também possíveis inibidores de seu processo de aprendizagem, levando os alunos a tentarem e a explorarem caminhos de maneira mais livre e criativa. 5Design thinking Gléce Cóser� Figura 2. Ciclo proporcionado pela metodologia design thinking. Fonte: Adaptada de Brown (2019, documento on-line). Levando em consideração as características do processo de pensamento proporcionado pelo design thinking no contexto educacional, é importante destacar alguns aspectos a serem observados pelo educador ao planejar um projeto, assim como ao longo de todo o desenvolvimento das atividades por parte dos educandos. Como defendido por Brown e Katz (2011), as fases de inspiração e ideação não devem se limitar ao recolhimento e à análise de dados, mas devem instigar o educando a observar o problema por diferentes perspectivas, compartilhando conhecimento com o grupo para que juntos debatam ideias e venham a compreender as características do problema e os possíveis caminhos para sua solução. O educador pode optar pela formação de grupos heterogêneos, propiciando maior riqueza de debates nos estágios iniciais das atividades, bem como dar oportunidade para que os educandos confrontem ideias, saberes e visões, garantindo que exercitem suas habilidades de trabalho em conjunto e busquem sanar as dificuldades de cada membro do grupo ao longo d o processo. Por se tratar de uma metodologia que preza pela interdisciplinaridade, pela formação de grupos e pelo exercício da criatividade, o educador deve se manter alerta para possíveis conflitos nas fases iniciais das atividades. Ao confrontarem culturas, perspectivas, saberes e abordagens, podem surgir atritos entre os membros dos grupos. Portanto, o professor deve se mostrar presente para possíveis interferências ou para resgatar o foco do grupo para o problema que deve ser solucionado. Design thinking6 Gléce Cóser� Gléce Cóser� Gléce Cóser� Educadores e educandos devem compreender que o processo se enriquece sempre que os membros do grupo compartilham novos conhecimentos, novas perspectivas ou culturas e se demonstram capazes de relacioná-las à compreen- são do problema proposto, visando conhecê-lo por seus mais diversos aspectos e suas características. Ao permitir que os alunos busquem e confrontem dados, abordagens e saberes, amplia-se as aberturas para o surgimento de novos insights acerca do tema trabalhado, o que enriquece o processo como um todo. Em relação à etapa de confecção ou à formulação do protótipo, é recomen- dável que o educador reflita sobre os possíveis produtos resultantes do problema proposto em sala de aula, prevendo, assim, possíveis necessidades de materiais, tempo ou espaços específicos. Caso o problema ou o objetivo a ser atingido se baseie em conceituações, desafios ou disciplinas teóricas, os educandos podemelaborar seus protótipos em forma de cartazes, esquemas, quadros ou apresentações em que exemplifiquem suas ideias e caminhos escolhidos para chegar a uma solução. Quando se voltar para uma temática ou um assunto de cunho prático, é possível solicitar aos alunos que construam maquetes ou outros objetos capazes de exemplificar suas estratégias para solucionar o problema. Porém, como Brown e Katz (2011) mencionam, a elaboração do protótipo não deve se apresentar como o objetivo final das atividades realizadas em sala de aula, não consumindo demasiado tempo e energia do educando e do educador e não exigindo que este possua aspecto acabado. O intuito da criação de pro- tótipos é facilitar a visualização da ideia consolidada pelos grupos por parte de educandos e educadores, resultando em novas discussões e compreensões acerca dos aprimoramentos a serem efetivados em cada produto final. Os princípios básicos do design thinking são empatia, colaboração, criatividade e otimismo. É importante que, ao planejar o uso desta metodologia no contexto escolar, o professor deixe explícita a forma como esses princípios serão vivenciados pelos alunos, a fim de garantir uma experiência significativa a eles. 7Design thinking Gléce Cóser� Do planejamento à implementação Com o intuito de delinear de forma clara as etapas e as estratégias necessárias para o planejamento, desenvolvimento e implementação de projetos baseados na metodologia design thinking, Martins Filho, Gerge e Fialho (2015) determinam a observação de cinco passos, que estão listados a seguir. � Descoberta: destina-se a observação, análise e coleta de dados por parte do educador. Nesta etapa, espera-se que o professor responsável pela disciplina pesquise temáticas, assuntos e informações relacionados ao conteúdo, facilitando o surgimento de ideias para a consolidação de projetos embasados no design thinking. Uma vez listadas as ideias obtidas pelo educador, este deve revisar, definir e refinar seu plano de aula com base nas oportunidades de inserção da metodologia ao longo de atividades ou problemas específicos, levando sempre em consideração os objetivos específicos da disciplina, o grupo de alunos com quem irá trabalhar, bem como os estímulos, conhecimentos e dados a serem oferecidos para os alunos de modo a garantir que possuam material inicial para elaborarem suas próprias ideias. � Interpretação: momento em que o educador apresenta o problema escolhido em sala de aula, após planejar todas as atividades referentes à disciplina ofertada, dividindo a turma em grupos para que, juntos, iniciem sua própria jornada para entender todas as histórias, saberes e informações disponíveis, visando observar o problema por diversas perspectivas e compreendê-lo em seu contexto, suas peculiaridades e seus aspectos gerais, além de elaborarem as primeiras abordagens e ideias para solucioná-lo. A fase de interpretação condiz com as etapas de inspiração e ideação, portanto, o educador deve se manter atento a possíveis conflitos entre os membros de cada grupo, bem como para possíveis momentos de distanciamento do foco dos alunos no problema proposto. � Brainstorming: nesta fase, o educador deve reunir os grupos e direcioná- -los para uma mudança de foco nas atividades. Após discutirem sobre as ideias que surgiram ao longo da fase de inspiração, os educandos devem debater sobre como e quais abordagens serão interligadas, alteradas ou deixadas de lado, partindo para a estruturação de suas soluções. Os debates promovidos neste passo devem permitir que todos os membros do grupo expressem suas ideias e compreendam características e detalhes Design thinking8 Gléce Cóser� Gléce Cóser� Gléce Cóser� Gléce Cóser� que não condizem com a estruturação de uma abordagem única, destinada a solucionar o problema dado. � Prototipação: também denominada experimentação, trata-se do passo em que os educandos devem modelar suas ideias de maneira física, visual, estrutural ou de qualquer outra forma como possam ser apresentadas e explicadas aos colegas. Neste momento, os protótipos criados também serão testados ou postos em prática. Espera-se que os alunos construam seus próprios produtos, podendo ser estes cartazes, fórmulas, gráficos, teorias ou maquetes, levando sempre em conta tudo o que discutiram até o momento, assim como a capacidade do produto em solucionar o problema proposto. � Evolução: ao longo deste último passo do processo metodológico, os educandos, juntamente ao educador, devem observar os produtos finais, suas capacidades de solucionar o problema proposto e, na mesma medida, salientar possibilidades de modificações e aperfeiçoamentos no protótipo. Espera-se que as atividades e os debates finais não se atenham somente aos elementos passíveis de alteração, mas que possibilitem aos educandos retornar aos processos anteriores e reformular suas ideias e seus produtos finais, adequando-os ao problema proposto e, consequentemente, vindo a construir o conhecimento de maneira integrada e cooperativa. Com o intuito de auxiliar a implementação do design thinking em sala de aula, bem como oferecer apoio aos educadores imersos no processo de planeja- mento de atividades e projetos baseados em seus preceitos, Cavalcanti e Filatro (2017) destacam que o educador responsável ou os membros de cada grupo podem nomear um líder. Caso haja necessidade de escolha de um líder, este será responsável pelo gerenciamento das atividades, da possível delegação de papéis e afazeres para cada membro, da retomada do foco das discussões e do controle do tempo gasto em cada etapa. É possível dar início às atividades sem nomear líderes em turmas em que as habilidades para se trabalhar em equipe estão mais desenvolvidas ou em turmas mais tranquilas e acostumadas a lidar com a metodologia. No fim, este é um aspecto a ser analisado pelo educador responsável pela atividade proposta. Alguns dos benefícios que o design thinking pode oferecer aos processos educativos são: � liderança; � engajamento; � trabalho em equipe; 9Design thinking Gléce Cóser� Gléce Cóser� Gléce Cóser� Gléce Cóser� � melhora da comunicação; � autoconfiança; � colaboração; � tomada de decisões; � criatividade; � reflexão. Para entender a aplicação do design thinking na prática, veja o exemplo abaixo desta metodologia em curto prazo, retirado do livro A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo, de Camargo e Daros (2018). Sequência didática 1. Distribuir canetas e lápis de diversas cores para os alunos. Recomenda-se ao faci- litador o uso de projetor multimídia com som para exibir o cronômetro que deve ficar visível para todos na sala de aula. 2. O facilitador deve fazer uma breve exposição acerca do design thinking. Tempo de duração: entre cinco e oito minutos. 3. O facilitador deve solicitar aos alunos a formação de equipes. O número de equipes deve ser par, com no mínimo três e no máximo cinco alunos. Cada equipe deve indicar/sugerir um líder e um escriba. 4. O facilitador deve solicitar ou distribuir aos alunos a experiência (missão) que a equipe irá procurar redesenhar, registrando-a no formulário. Design thinking10 Gléce Cóser� 5. Cada grupo deve entrevistar o outro para assim fazer a sondagem empática. Por exemplo, o grupo A entrevista o grupo B, o grupo C entrevista o grupo D, e assim sucessivamente. Tempo de duração: seis minutos. O escriba deve anotar todas informações relatadas na entrevista. 6. Inverter a ordem de entrevistas. Agora, o grupo B entrevista o grupo A, o grupo D entrevista o grupo C, e assim sucessivamente. Tempo de duração: seis minutos. 7. O que os usuários querem. Registrar e anotar os achados obtidos na entrevista. Tempo de duração: seis minutos. 11Design thinking 8. Listar as principais necessidades apontadas. Tempo de duração: seis minutos. 9. Descrever o usuário, a necessidade a ser atendida e, por fim, definir o problema.Design thinking12 10. Criar quatro alternativas inovadoras para se testar. Tempo de duração: 10 minutos. 11. Cada líder de grupo deve compartilhar as soluções e fazer anotações dos feedbacks pertinentes para as possíveis melhorias na solução/produto. Tempo de duração: um minuto e 20 segundos por apresentação. A apresentação pode ser a venda do produto ou da solução ou, ainda, a narração de uma história. 12. Assim, o grupo A, compartilha com o grupo C; o grupo B, compartilha com o grupo D, e assim sucessivamente. Tempo de duração: um minuto e 20 segundos por apresentação. 13. Inverter a ordem. Agora, o grupo C compartilha com o grupo A, o grupo D, com- partilha com o grupo B, e assim sucessivamente. Tempo de duração: um minuto e 20 segundos por apresentação. 13Design thinking 14. Os membros dos grupos se voltam para fazer anotações e dar o feedback por escrito para o outro grupo. Devem relatar o que acreditam que funciona no protótipo apresentado, o que poderia ser melhorado, sugerir ideias e questionamentos para melhorias. Por fim, se acharem pertinente, podem apontar outras sugestões. Tempo de duração: cinco minutos. 15. Encerramento. No encerramento da estratégia, o facilitador deve explicar/relatar as etapas do design thinking, realizadas em um curto espaço de tempo. A atividade foi iniciada com o processo de empatia (entrevista), em seguida foi feita a definição e a ideação do problema. Posteriormente, construiu-se o protótipo e, por fim, foi realizado o teste e a validação com a matriz de feedback. 16. Considerações. A aplicação desta estratégia leva o aluno a vivenciar todo o pro- cesso de divergência e convergência, presente no diagrama do diamante duplo. O diamante duplo é composto por quatro etapas: descobrir, definir, desenvolver e entregar. Revisão de viabilidade Revisão de conceito Brief Descobrir De�nir Desenvolver Entregar Fonte: Adaptada de Boschi (2012) Design thinking14 Para conhecer um pouco mais sobre a aplicação do design thinking no contexto educacional, leia o artigo “A contribuição do design thinking na educação”, que discute como essa metodologia vem sendo trabalhada e como pode ser uma importante abordagem no processo de aprendizagem. https://qrgo.page.link/UAvN9 Link Uma metodologia para a educação criativa Quando inserida de maneira crítica e estruturada no contexto educacional, a metodologia design thinking pode gerar experiências de aprendizado frutíferas e exercícios de conhecimento para os educandos, uma vez que possibilita a troca de ideias, perspectivas e saberes entre os membros de cada grupo e, consequentemente, da sala como um todo. A metodologia facilita a criação de atividades e processos de pensamento interdisciplinar ao oportunizar a exploração de novos caminhos, a inter-relação de saberes, o debate acerca dos mais diversos temas e a compreensão do problema por meio de suas mais diferentes facetas. Como os problemas escolhidos podem remeter a uma vasta gama de elementos, os alunos, assim como os designers, são capazes de buscar inspiração, caminhos ou conhecimentos de novas fontes, possibilitando um maior protagonismo em seu percurso educacional. A oportunidade de defender suas ideias e formular protótipos para a solução de problemas específicos oferece aos educandos a possibilidade de comparti- lharem entre si novas perspectivas, permitindo que o grupo interaja de modo a aperfeiçoá-las. Sem se restringir à análise do conhecimento empregado para chegar a uma solução, os alunos, juntamente ao professor, tornam-se capazes de perceber e reconhecer o processo de origem. Por fim, o aluno deve busca soluções após a efetivação de suas ideias, consolidando seu protagonismo ao longo do processo de aprendizagem, bem como a construção de seus próprios caminhos para atingir determinado objetivo. Como observam Martins Filho, Gerge e Fialho (2015), solucionar problemas de forma colaborativa, contextualizada e interdisciplinar permite que os educan- dos explorem suas competências e habilidades por meio de novas abordagens e de maneira aprofundada. Do mesmo modo, observa-se na implementação do processo metodológico do design thinking um alto nível de atuação por parte 15Design thinking Gléce Cóser� dos alunos, possibilitando ao educador considerar e analisar todos os materiais produzidos pelos educandos ao longo do processo de aprendizagem. Assim, garante-se que unidos em novos grupos ou juntamente ao educador, os alunos repensem, reconstruam e assimilem o todo produzido sob as mais diversas perspectivas, em diferentes contextos e no domínio de outras disciplinas. O design thinking também faz uso de desenhos e de elementos gráficos com o ob- jetivo de organizar as ideias e buscar soluções de maneira prática. Neste caso, o uso desses elementos se torna uma importante ferramenta funcional na organização e na transmissão de ideias. Fonte: graphixmania/Shutterstock.com. Design thinking16 BOSCHI, M. T. O design thinking como abordagem para gerar inovação: uma reflexão. 2012. 100 f. Dissertação (Mestrado em Design) — Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2012. BROWN, T. Design thinking. Harvard Business Review, Cambridge, June 2008. Disponível em: https://hbr.org/2008/06/design-thinking. Acesso em: 17 maio 2019. BROWN, T. Design thinking defined. 2019. Disponível em: https://designthinking.ideo. com/. 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Disponível em: http://dx.doi.org/10.7213/dialogo.educ.15.045.ao01. Acesso em: 17 maio 2019. Leituras recomendadas BACICH, L.; MORAN, J. (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. São Paulo: Penso, 2018. GOMES, A. S.; SILVA, P. A. Design de experiências de aprendizagem: criatividade e inovação para o planejamento das aulas. Recife: Pipa Comunicação, 2017. OLIVEIRA, A. C. A. A contribuição do design thinking na educação. E-Tech: Tecnologias para Competitividade Industrial, Florianópolis, n. Especial Educação, 2014. Disponível em: http://etech.sc.senai.br/index.php/edicao01/article/view/454/368. Acesso em: 17 maio 2019. VICKERY, A. Aprendizagem ativa nos anos iniciais do ensino fundamental. Porto Alegre: Penso, 2016. 17Design thinking DICA DO PROFESSOR Para o sucesso da aplicação do design thinking no contexto escolar, é preciso haver planejamento do professor e conhecimento aprofundado de cada etapa do processo. Na Dica do Professor, você saberá um pouco mais sobre as etapas do design thinking, além de conferir algumas dicas sobre a sua aplicação. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A utilização de metodologias baseadas em aulas expositivas, na memorização de conceitos e na repetição de ideias exige pouca reflexão e participação dos alunos em sua própria aprendizagem. O design thinking apresenta-se como uma alternativa para tornar as aulas mais atrativas e dinâmicas, tendo como elementos norteadores: A) Um primeiro contato com o problema, em que se inicia o levantamento das necessidades e oportunidades; a tempestade de ideias, quando estassão apresentadas sem julgamentos; e, por fim, a validação das ideias geradas. B) Em um primeiro momento, é realizada a escolha do tema. Em seguida, o levantamento de um problema, que será resolvido a partir de hipóteses. C) A determinação de um problema dentro de um contexto que se apresente válido e significativo; em seguida, a elaboração de um método para responder a esse problema, detendo-se a ideias que sejam originais; e, por último, a busca por soluções. D) A construção de ideias, a comunicação unilateral e o uso de elementos para representar o pensamento de um grupo. E) A formulação inicial de um problema, a tentativa de respostas a esse problema utilizando de fundamentação teórica, a análise dos resultados obtidos na fase anterior e uma nova construção do problema inicial. 2) Um dos benefícios da aplicação do design thinking no contexto escolar é que educadores e educandos compreendem que o processo se enriquece sempre que os membros do grupo compartilham novos conhecimentos, perspectivas ou culturas e demonstram-se capazes de inter-relacioná-las para a compreensão do problema proposto, visando a conhecê-lo por seus mais diversos pontos de vista e características. Nesse sentido, esta estratégia de aprendizagem permite que os alunos: A) Busquem e confrontem dados, abordagens e saberes, ampliando a abertura para o surgimento de novos insights acerca do tema trabalhado, enriquecendo o processo de aprendizagem como um todo. B) Reconheçam seus limites em relação à aprendizagem, entendendo que a construção do conhecimento, dentro do design thinking, acontece de forma linear e deve atingir os mesmos objetivos para todos os envolvidos. C) Aprendam a defender suas ideias e a valorizar as possibilidades de insights como oportunidades de construção do conhecimento individual. D) Entendam os conteúdos das aulas com mais facilidade e de forma mais atrativa. Porém, o uso dessa estratégia se restringe apenas aos problemas levantados pelo professor em sala de aula, não permitindo que o aluno visualize sua aplicação em outros pontos de sua vida. E) Aprendam de forma individual, uma vez que a aplicabilidade do design thinking proporciona uma vivência de autoconhecimento e facilita que o aluno baseie-se nas próprias ideias para elaborar as respostas para o problema em questão. 3) No design thinking, os professores têm a possibilidade de melhorar a aprendizagem de seus alunos, levando-os a obterem melhores resultados a partir de projetos e problemas reais. Sobre a resolução de problemas, é correto afirmar que: A) Ao identificar e redefinir o problema, buscar soluções testando suas ideias e assumindo os riscos, o aluno torna-se um agente protagonista da mudança. B) O problema, ao ser definido pelo professor, é uma oportunidade de reflexão e deve ser sempre levado pronto pelo educador. C) Na busca pela solução dos problemas, o papel do professor é primordial. É ele que irá avaliar, ao longo do processo, se as ideias dos alunos estão certas ou erradas. D) A resolução de um problema possibilita a verificação do próprio erro, fazendo o aluno perceber que não existem respostas certas. E) O aluno torna-se protagonista de sua aprendizagem, destacando-se também dentro de seu grupo por ter suas ideias valorizadas. 4) Visando encontrar formas poderosas de engajar o aluno no processo de aprendizagem e torná-lo agente de mudanças na educação, as metodologias para uma aprendizagem ativa são importantes aliados do professor. O design thinking caracteriza-se como uma metodologia para a aprendizagem criativa, uma vez que: A) A partir da vivência dessa abordagem, é possível perceber que todos são criativos, ou seja, ela contempla a capacidade de imaginação e de ideias originais dos envolvidos. B) Em um determinado momento, a abordagem exige dos envolvidos a criação de coisas novas e originais. C) Contempla a organização, a interação, a inovação e o trabalho individual. A partir do resultado final, é possível medir o nível de criatividade de cada grupo, levando cada um deles a realizar uma autoavaliação de seu desempenho para que, no futuro, testem D) ideias e inovem. E) Mantém os envolvidos motivados e dá maior valor para quem tem ideias e coragem para testá-las. 5) O professor pode realizar o design thinking de curta duração, contemplando a vivência de algumas etapas, como, por exemplo: em um primeiro momento, sondagem e entrevistas acerca do assunto. Em seguida, a interpretação do professor das necessidades manifestadas pelos alunos. Depois, o compartilhamento de informações e feedbacks. Por fim, a adequação do problema inicial e o resultado final. Nesse exemplo, o design thinking de curta duração contemplou: A) Descobrir, definir, desenvolver e entregar. B) Imersão, decisão, evolução e teste. C) Descobrir, interpretar, julgar e validar. D) Observação, apropriação, testagem e entrega. E) Definir, idear, testar e avaliar. NA PRÁTICA O design thinking pode ser usado na educação por gestores, professores e alunos. Um dos seus mais importantes benefícios é que, uma vez aplicado a um determinado grupo, os integrantes não só perceberão a eficácia da metodologia, como também passarão a utilizá-la para resolver até mesmo os seus problemas do cotidiano, podendo reproduzir a proposta em outros grupos. A aplicação do design thinking possibilita uma variedade de processos e técnicas na busca da solução de um determinado problema a partir de uma perspectiva. A pedagoga Raquel, percebendo a falta de participação dos pais dos alunos do Ensino Fundamental I nos eventos proporcionados pela escola, resolveu utilizar o design thinking em uma reunião de professores para encontrar os problemas relacionados a essa questão, bem como as soluções para eles. Confira, a seguir, como ela conduziu ssa proposta. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Reflexões sobre o design thinking na EAD: produção de novos sentidos Este trabalho fará você refletir sobre importantes questionamentos acerca da aplicação do design thinking no contexto da EAD. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! LED - Laboratório de experimentações didáticas No vídeo, você vai conhecer um exemplo prático com base no design thinking, que visa a engajar educadores na criação e na experimentação de soluções didáticas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Aplicação do design thinking no contexto educacional Por meio deste artigo, você irá refletir sobre as possibilidades de abordagem do design thinking, bem como conhecer uma experiência de aplicação no contexto educacional. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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