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Sistema nervoso Autônomo e Somático

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Marianna Matos – EAD 20.2 
Aula 2 –Farmacologia Neuroendócrina 
Sistema nervoso Autônomo e Somático 
Parte V: 
Estudaremos a ação farmacológica dos antagonistas muscarínicos e dos bloqueadores neuromusculares, que 
são fármacos que bloqueiam os receptores nicotínicos na placa motora. 
 
ATROPINA E ESCOPOLAMINA (SOLANACEA) 
Começando pela farmacologia dos antagonistas muscarínicos, nós podemos citar dois fármacos que são 
muito importantes: A atropina que é oriunda da Atropa beladona e a Escopolamina oriunda da Hyoscyamus 
niger. Ambos os fármacos são antagonistas não seletivos oriundos de produtos naturais. 
 
 
ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS 
Nós temos a Atropina, que é um derivado do ácido trópico. Ela possui o nitrogênio terciário, então, é uma 
amina e ela apresenta uma característica importante, que é a presença de um centro quiral. Então nós temos o 
d,l-hyoscynamina que são os isômeros presentes na forma de mistura racêmica nos medicamentos que contém 
atropina. 
 
Por outro lado, a Escopolamina guarda uma 
grande semelhança estrutural com a atropina. A 
principal diferença é a presença do grupamento 
epóxi e o isômero farmacologicamente ativo é a l-
hyoscina. 
 
Temos também ainda a Homotropina que tem 
uma aplicação farmacológica mais restrita. 
Esses 3 fármacos configuram-se como 
antagonistas muscarínicos competitivos, 
reversíveis e não seletivos. 
 
Posteriormente, surgiram fármacos de natureza sintética que inicialmente tiveram, com seu desenvolvimento, 
o objetivo de aumentar a seletividade/afinidade com algum subtipo de receptor muscarínico. A Pirenzepina 
tem uma estrutura distinta da atropina, com a presença dos três anéis. E ela foi desenvolvida visando o 
antagonismo inicialmente seletivo para M1. Contudo, na medida em que M4 e M5 foram descobertos e sua 
seletividade avaliada, foi visto que ela também possui afinidade com M4. No brasil, a pirenzepina não teve 
registro para uso clínico. 
 
Por outro lado, o Ipratrópio, tiotrópio e tolterodina são três fármacos que tem características próprias que vão 
justificar o seu uso clínico em situações específicas. Ipratrópio (brometo de ipratrópio – genérico) tem uma 
relação estrutural com a atropina. A característica desse fármaco é a adição de um substituinte nesse 
grupamento amino do anel, fazendo com que o ipratrópio tenha um nitrogênio quaternário e, portanto, 
apresente uma carga (positiva). 
 
Tiotrópio também tem uma característica semelhante, embora tenha havido outros tipos de modificação na 
sua estrutura química. Tanto o ipratrópio, quanto o tiotrópio, em função dessa carga na molécula, apresentam 
uma maior restrição a sua distribuição no organismo, ou seja, eles tem uma capacidade reduzida de atravessar 
Marianna Matos – EAD 20.2 
membranas biológicas. No caso de ambos os fármacos, eles utilizados exclusivamente por via inalatória, uma 
vez que, por via sistêmica, por via oral particularmente, não teriam uma boa biodisponibilidade. 
 
O tiotrópio ele é um fármaco que possui mais afinidade para os receptores M1 e M3. 
 
No caso da Tolterodina, que é um outro antagonista muscarínico sintético, ela foi desenvolvida visando o 
tratamento de doenças relacionadas ao sistema urogenital, mais especificamente visando uma condição 
clínica, chamada de bexiga hiperativa. In vitro, a tolterodina não discrimina os receptores muscarínicos, ou 
seja, ela tem a mesma afinidade para os diferentes subtipos de receptores muscarínicos. Entretanto, in vivo, 
por alguma característica físico-química da molécula, ela tem uma capacidade de se concentrar no tecido da 
bexiga e, desta forma, ela acaba tendo um efeito chamado uroseletivo. Ou seja, uma vez administrada uma 
dose de tolterodina, o bloqueio muscarínico a nível de bexiga é mais pronunciado do que em outros órgãos, o 
que diminui um pouco os efeitos adversos característicos de um antagonista muscarínico não seletivo. 
 
 
Outros antagonistas muscarínicos 
→ Oxibutinina 
→ Darifenacina (M3) 
→ Tropicamida 
→ Ciclopentolato 
Todos eles são competitivos, de ação reversível e não discriminam os receptores muscarínicos entre si, ou 
seja, são não seletivos. A exceção da darifenacina que é um pouco mais afim para o receptor muscarínico M3 
e também foi usada para o tratamento de doenças associadas a disfunção da bexiga, como a bexiga hiperativa. 
Entretanto, com o desenvolvimento da tolterodina, a darifenacina tem sido continuamente substituída pelo 
fármaco mais novo. 
 
Nessa figura nós temos um gráfico dose x 
resposta, onde no eixo x tem-se as doses 
crescentes de atropina e no eixo y tem-se a 
alteração percentual do processo fisiológico que 
foi avaliado. Então, 0% de alteração significa que 
a função fisiológica não foi alterada e 100% de 
alteração significa que essa função foi totalmente 
alterada pelo fármaco atropina. 
 
Nesse estudo foram avaliados 4 funções: 
salivação, contração e esvaziamento da bexiga, 
frequencia cardíaca e acomodação da lente para 
visão do objeto de perto (ajuste do foco). 
 
 
A administração da atropina por via subcutânea na menor dose (0,5mg), pouco alterou a capacidade de 
esvaziamento da bexiga, como também não teve nenhuma alteração sobre a frequência cardíaca ou 
acomodação. Entretanto, nessa dose, a atropina foi capaz de reduzir cerca de 40% a salivação, secundária, 
então, ao bloqueio dos receptores muscarínicos nas glândulas salivares. 
E de forma dose dependente, o aumento de dose de atropina foi inibindo progressivamente a secreção salivar, 
chegando em um bloqueio quase que completo e, também, a um efeito dose dependente crescente da 
capacidade da bexiga de contrair e eliminar a urina. 
 
Portanto, se nós tivermos que usar a atropina por via sistêmica para tratar um paciente com incontinência 
urinária, ou seja, um paciente que tem uma disfunção do funcionamento da bexiga onde ela se apresenta 
hiperativa, nós precisaríamos de doses relativamente altas de atropina e causaria nesse paciente, uma queixa 
de boca seca. Então nós vemos com esses dados que as diferentes funções fisiológicas mediadas pelos 
receptores muscarínicos, terão impacto diferente em função do uso de uma dose desse antagonista não seletivo. 
 
Marianna Matos – EAD 20.2 
No caso do coração, o bloqueio do receptor muscarínico M2 promove um aumento da frequência cardíaca, ou 
seja, promove uma taquicardia. Porque isso? Porque o receptor muscarínico M2 inibe a atividade do nó 
sinoatrial. Então, se nós bloqueamos esse receptor, o nó sinoatrial/célula marcapasso dispara com mais 
facilidade e, com isso, o ritmo cardíaco é acelerado. Entretanto, esse efeito também ocorre em doses mais 
elevadas de atropina, doses essas, que levariam também a esse fenômeno de boca seca nos pacientes. 
 
No caso de querermos promover uma midríase e uma perda da acomodação da lente, nós também 
precisaríamos de uma dose relativamente alta se fossemos usar a via sistêmica. E por isso, que para tratar 
qualquer disfunção oftalmica é sempre melhor o uso da via tópica onde conseguimos promover uma alta 
concentração do fármaco sem causar todos esses efeitos adversos que visualizamos aqui nesse gráfico. 
 
Uma vez que nós descrevemos que os receptores muscarínicos estão presentes no coração regulando 
principalmente a frequência cardíaca e também no endotélio, induzindo a produção de óxido nítrico que é 
vasodilatador, será que o uso de um antagonista muscarínico não seletivo como a atropina teria algum impacto 
sobre a pressão arterial? Bom, uma coisa que precisamos levar em consideração para responder essa pergunta 
é relembrar que na fisiologia cardiovascular que embora o coração tenha uma boa inervação parassimpática, 
principalmente no nó sinoatrial, nos vasos sanguíneos, essa inervação parassimpática é muito rara. Ou seja, se 
considera-se todos os vasos sanguíneos do nosso organismo, poucos são os que recebem inervação 
parassimpática mais expressiva. 
 
Ora, se eu não tenho a fibra parassimpática, eu não tenho a liberação do neurotransmissor acetilcolina e, 
portanto,fisiologicamente, embora o endotélio expresse receptores muscarínicos, esses receptores não estão 
sendo ativados fisiologicamente porque não tem acetilcolina sendo liberada. Entretanto, se eu utilizar o 
antagonista muscarínico como fármaco, ele irá sim se distribuir no organismo e vai se ligar e bloquear esses 
receptores muscarínicos do endotélio. Mas como esses receptores já não estavam funcionando, então, um 
antagonista muscarínico como a atropina a priori não teria nem um impacto sobre a resistência vascular 
periférica e logo, não teria um impacto significativo sobre pressão arterial. 
 
Então, para concluir, sempre importante ressaltar que as ações farmacológicas da acetilcolina foram descritas 
usando-se a acetilcolina exógena, ou seja, a acetilcolina como um fármaco. E esse endotélio que expressa 
esses receptores muscarínicos só irar produzir óxido nítrico (substância vasodilatadora) se nós usarmos um 
fármaco agonista muscarínico. Na ausência desse fármaco, não temos acetilcolina exógena de forma 
significativa e, portanto, esse mecanismo de regulação da pressão arterial pela via parassimpática é de menor 
relevância (tem relevância farmacológica, mas não fisiológica). 
 
 
PRINCIPAIS FÁRMACOS E USOS CLÍNICOS 
Visto essas características de quais são os fármacos antagonistas muscarínicos mais disponíveis na clínica e 
que o bloqueio dos receptores muscarínicos causa impactos diferenciais a depender do órgão, então, em alguns 
casos, nós teremos que usar exclusivamente uma via tópica para garantir a concentração do fármaco no local 
e o seu efeito farmacológico e em outros casos utilizaremos a via sistêmica, mas tentaremos usar fármacos 
que tem um grau de seletividade. 
 
Homatropina: 
Sua apresentação farmacêutica é em forma de colírio oftálmico. 
A Homatropina sendo usada como colírio, qual seria a 
finalidade terapêutica? Nessa imagem a esquerda nós temos a 
representação de uma pupila no estado normal e uma pupila no 
estado dilatado do lado direito. 
O que isso significa? Essa pupila dilatada vai permitir uma 
entrada maior do feixe luminoso e vai iluminar o fundo do olho. 
Então, os antagonistas muscarínicos são utilizados clinicamente 
na forma de colírio para promover a midríase (pupila dilatada) 
e também para impedir o reflexo da pupila de contrair em 
resposta ao feixe luminoso, que é a cicloplegia. 
Marianna Matos – EAD 20.2 
Então, o paciente vai oftalmologista, que pinga uma gota de colírio e em poucos minutos a pupila dele está 
dilatada e ele pode fazer o exame de fundo de olho. 
 
Nesse gráfico, chamaremos atenção para um aspecto 
importante que é a duração do efeito farmacológico. 
Um exame de fundo de olho é um procedimento 
relativamente rápido e, portanto, seria interessante 
que esse efeito farmacológico fosse um efeito mais 
breve ou curto possível. 
 
 Se utilizasse por exemplo a escopolamina, que é o 
exemplo utilizado no estudo, o que nós 
observaríamos? 
Na ordenada nós temos a alteração ou do tamanho 
da pupila ou da capacidade de acomodação em 
função do tempo. Note que no início tem-se uma 
escala de minutos e, posteriormente, uma escala de 
dias. Após a administração da escopolamina na 
forma de colírio, tem-se uma rápida resposta da 
pupila, que aumenta o seu tamanho (midríase), uma 
perda significativa e rápida da capacidade de acomodação da lente e o que não está sendo medido aqui 
diretamente, a cicloplegia. 
 
Bom, esse fato da pupila se manter dilatada por esse tempo todo vai permitir ao médico a realização do 
procedimento. Entretanto, notem que a recuperação é muito lenta, então, o paciente fica com a midríase e foto 
sensibilidade por um bom tempo e, da mesma forma, ele fica com uma dificuldade de ajustar o foco e ver com 
nitidez o objeto de perto também por um tempo bem prolongado. Então, a escopolamina não seria o fármaco 
de escolha para essa situação clínica e, por essa razão, dentre os antagonistas muscarínicos, o fármaco de 
escolha é a Homatropina. 
 
Tolterodina: 
Outro fármaco que nós vamos dar maior ênfase é a Tolterodina. Relembrando que a Tolterodina e Darifenacina 
são fármacos que tem uma ação sobre a bexiga, mas a tolterodina tem uma ação mais uroseletiva. 
 
 Qual a característica da Tolterodina e a importância de ela ter uma uroseletividade? 
 
Nessa figura nós temos a representação do músculo que 
compõe a bexiga, o chamado músculo detrusor. Este é o 
músculo que contrai e relaxa. Quando ele contrai, ele 
estimula o esvaziamento da bexiga. 
 
Fisiologicamente, numa bexiga com um funcionamento 
normal, a medida que o volume de urina vai acumulando, 
nós temos uma capacidade de conter a urina na bexiga, 
chamada de capacidade de continência. Entretanto, em 
alguns indivíduos, principalmente com o envelhecimento, 
desenvolve-se uma condição chamada e bexiga hiperativa, 
onde em qualquer volume de urina, a bexiga começa a 
contrair espontaneamente e faz com que esse paciente 
necessite procurar urgentemente um banheiro ou de outra 
forma ele não vai conseguir controlar a micção. 
 
Essa incontinência urinária tem a alteração de expressão de 
alguns receptores que estariam envolvidos na fisiopatologia. Dentre eles, já foi descrito que há um aumento 
Marianna Matos – EAD 20.2 
da expressão de receptores muscarínicos e como nós sabemos, M3 aumenta os níveis de cálcio intracelular e 
fazem a contração dessa musculatura. 
 
Então, embora a tolterodina não seja um antagonista seletivo pra algum subtipo específico de receptor 
muscarínico, por alguma característica físico-química da molécula, ela consegue atuar mais na bexiga em 
detrimento de outros tecidos ou órgãos. 
 
Essa característica é bastante importante porque os receptores muscarínicos também estão presentes a nível 
de SNC e lá a neurotransmissão colinérgica no sistema nervoso central está envolvida nos processos de 
aprendizado e de consolidação de memória recente. Portanto, se nós usarmos um antagonista muscarínico para 
tratar um paciente com bexiga hiperativa que é uma condição clínica crônica, que tivesse a capacidade de 
atravessar a BHE, um efeito adverso possível seria um declínio da capacidade de memória desse paciente 
idoso. 
 
Como a tolterodina se concentra mais na bexiga em detrimento a outros tecidos, então, ela tem um menor 
impacto sobre essa função o que caracteriza uma melhor relação custo benefício. Então o uso clínico da 
Tolterodina é na incontinência urinária, e em algumas crianças que não conseguem controlar bem a micção 
durante a noite. 
 
 
Brometo de Ipratrópio (não seletivo), Brometo de Tiotrópio (M1 e M3): 
Nós vamos mudar para esses 2 fármacos com características particulares, que são aqueles fármacos com 
nitrogênio quaternário, que são o Brometo de Ipratrópio, que é um antagonista não seletivo e o Brometo de 
Tiotrópio que é antagonista muscarínico com maior afinidade para M1 e M3. Sendo que M3 é particularmente 
importante pois eles estão presentes nas glândulas secretoras de muco e na musculatura lisa bronquiolar. 
 
Como comentamos na aula anterior, a árvore brônquica tem um diâmetro e esse diâmetro vai diminuindo 
progressivamente até chegarmos aos alvéolos, onde ocorre a troca gasosa. 
 
Em algumas doenças ocorre o fenômeno chamado de broncoconstricção. Esta pode ser aguda, como o que 
ocorre na asma, ou crônica, como ocorre na doença pulmonar obstrutivo crônica. Em ambos os casos, o 
tratamento requer, primeiro, relaxamento da musculatura lisa bronquiolar, então, esse tônus aumentado 
diminui a luz do brônquio e, com isso, diminui a passagem de ar e a troca gasosa, então, precisa-se 
reestabelecer o fluxo aéreo. E também é importante inibir a secreção de muco, pois ele também compromete 
a passagem de ar, também em algum grau, obstrui a passagem de ar. 
 
Se nós utilizássemos um antagonista muscarínico não seletivo como a escopolamina, nós observaríamos uma 
série de efeitos adversos (constipação intestinal, retenção urinária, boca seca, midríase, fotosensibilidade visão 
turva), então, é importante que a gente utilizarum fármaco que possui a capacidade de se concentrar no 
pulmão. 
 
O Brometo de Ipratrópio ou Tiotrópio eles atendem essa característica, porque? Porque em função daquele 
nitrogênio quaternário, se eles forem administrados por via inalatória, eles chegam até o pulmão e não se 
distribuem de forma significativa pelo resto do organismo, e, portanto, a gente minimiza os efeitos adversos 
sistêmicos. Obviamente que a boca seca continuará ocorrendo em função da via de administração. 
 
No caso do Ipratrópio e Tiotrópio, nós temos formulações de aerossol, ou seja, a bombinha. Então, o paciente 
aperta o botão e a dose do fármaco na forma de aerossol é propelida. 
 
No caso do ipratrópio existe também na forma de solução para inalação. Então, o paciente usa um nebulizador, 
ele adiciona as gotas do fármaco ao soro fisiológico e faz depois a inalação. 
 
Apesar da via inalatória promover uma alta concentração do fármaco a nível do pulmão, uma grande parcela 
desse fármaco que está sendo inalado acaba ficando na cavidade oral, ou seja, na boca do paciente. É sempre 
recomendado lavar a boca e bochechar após o uso da via inalatória. 
Marianna Matos – EAD 20.2 
Mas, uma vez que uma grande parcela desse fármaco se depositou na cavidade orofaríngea é natural que o 
paciente acabe engolindo parte desse fármaco. Entretanto, como esses fármacos não possuem boa 
biodisponibilidade por via oral, os efeitos adversos sistêmicos seriam minimizados. 
 
Esses fármacos se diferenciam entre si: O ipratrópio possui um início de ação mais rápido, mas em 
compensação a duração do seu efeito é mais curto. Então, precisa de mais de uma administração ao dia. É 
mais utilizado no tratamento da asma. O tiotrópio, por sua vez, é usado uma vez ao dia e ele é um fármaco 
bastante útil no apoio da doença pulmonar obstrutiva crônica. 
 
 
Atropina e Escopolamina (hioscina): 
A atropina e a escopolamina que foram os primeiros fármacos que foram falados no início da aula, como foi 
dito, são fármacos neutros. Ou seja, nitrogênio terciário e sem carga. E, portanto, possuem uma boa absorção 
por todas as vias, inclusive atravessam a barreira hematoencefálica e placentária, em particular a 
escopolamina. 
 
 Quais seus usos clínicos? 
O uso clínico desses fármacos, em geral, baseia-se no uso mais pontual, ou seja, esses fármacos não costumam 
ser usados para tratamento crônico como a tolterodina que pode ser usada para o tratamento da bexiga 
hiperativa ou mesmo o tiotrópio no tratamento da DPOC. 
 
Um dos principais usos clínicos desses fármacos, principalmente da escopolamina é como antiespasmódico. 
Existe alguns tipos de dores, como a cólica biliar, cólica intestinal e cólica renal que estão associadas a uma 
contração muito intensa da musculatura lisa do ducto biliar, do intestino ou dos ureteres. E aí o uso desses 
fármacos que bloqueiam esses receptores muscarínicos contribui para o relaxamento dessa musculatura lisa, 
aliviando a dor. 
 
Além disso, esses fármacos quando são usados com finalidade antiespasmódica são utilizados em associação 
com fármacos que tenham finalidade analgésica, como por exemplo: paracetamol, dipirona ou ibuprofeno. 
 
Um segundo uso da escopolamina é como anti-diarreico em condições gerais, mas em particular em quadros 
de diverticulite (processo inflamatório do intestino) e na chamada síndrome do cólon irritável (é uma doença 
crônica em que paciente possui um desconforto muito grande, além de uma diarreia associada). Então, o 
bloqueio muscarínico vai aliviar a dor e vai inibir as secreções do TI, diminuindo a motilidade. E tudo isso 
converge para a redução do desconforto da dor e da diarreia. 
 
Nós já vimos o efeito midriático e cicloplegia embora eles tenham essa propriedade, não seriam os fármacos 
de escolha. 
 
E uma outra possibilidade de uso clínico de atropina ou escopolamina, principalmente, é no caso da 
intoxicação com inibidores da enzima acetilcolinaesterase, como os carbamatos ou organofosforados 
(substancia utilizadas no controle de pragas em lavouras). No caso da intoxicação com organofosforados ou 
carbamatos, utilizamos a escopolamina por ser um fármaco que tem uma lipossolubilidade (atravessa mais a 
barreira hematoencefálica) e vai conseguir então ter uma ampla distribuição e bloquear os receptores 
muscarínicos de forma sistêmica de forma então, enquanto essas substancias estão inibindo a 
acetilcolinaesterase não forem totalmente removidas do organismo, aquelas concentrações elevadas de 
acetilcolina na fenda sináptica serão parcialmente bloqueadas pela presença do antagonista muscarínico. 
 
 
E um último uso clínico é o antiemético (apenas escopolamina). Esse efeito antiemético é explorado no 
tratamento da labirintite. 
 
 
 
 
Marianna Matos – EAD 20.2 
 
Abaixo temos o exemplo de uma cartela onde existe o extrato 
fluido de Atropa beladona, ou seja, temos em algum grau a 
presença de atropina associada a dipirona. E como foi dito, é um 
fármaco com propriedade analgésico. 
Temos um exemplo de um medicamento que é muito utilizada 
para condições associadas a cólica (cólica intestinal, cólica biliar, 
cólica na cavidade abdominal...). 
Notem que é um medicamento de venda livre, ou seja, o paciente 
consegue comprar sem apresentação de uma receita médica. E 
como é uma cartela, não vem com a bula. Portanto, o paciente 
precisa receber orientação do farmacêutico e saber que se ele for portador de glaucoma ou hiperplasia 
prostática benigna (também chamada de hipertrofia prostática), ele não deve fazer uso desse tipo de 
medicamento, nem de qualquer outro medicamento que contém um antagonista muscarínico. 
 
 
 Quais são as contra indicações dos antagonistas muscarínicos? 
Deve-se evitar o uso deles em crianças, porque? Porque as glândulas sudoríparas estão sob controle da 
sinalização muscarínica. E o bloqueio desses receptores inibe a sudorese, o que pode levar a elevação da 
temperatura corporal, a uma hipertermia (também conhecida como febre atropínica porque está sendo induzida 
pelo fármaco e não por uma infecção). 
 
Não usar se tiver glaucoma, porque o bloqueio do receptor muscarínico vai diminuir a drenagem do humor 
aquoso. Então, vai impedir a ação do fármaco que está sendo utilizado para tratar o glaucoma e pode precipitar 
no paciente uma crise, fazendo com que o paciente tenha que procurar uma emergência médica para receber 
o tratamento. 
 
No caso de hiperplasia prostática benigna, a próstata quando aumenta de tamanho obstrui a uretra e com 
isso, dificulta o esvaziamento da bexiga. Se o paciente tem hiperplasia prostática benigna usar um antagonista 
muscarínico de forma prolongada, a bexiga vai ficar relaxada e a próstata obstruindo a uretra, como 
consequência esse paciente pode apresentar uma crise de retenção urinária aguda que é um quadro que requer 
a ida ao hospital para colocar uma sonda, a fim de esvaziar a bexiga. 
 
Caso o paciente tenha retenção urinária de qualquer natureza (não só pela hiperplasia prostática benigna) 
ou constipação intestinal, também não deve usar antagonistas muscarínicos. Porque essas situações serão 
agravadas. 
 
Da mesma forma, se ele já tem xerostomia, ou seja, se a secreção salivar já está comprometida (seja porque 
é um paciente que tem uma doença autoimune – a síndrome de Sjögren, seja por ser um paciente oncológico 
que fez radioterapia e como sequela ficou com a xerostomia). O antagonista muscarínico vai agravar muito 
essa situação. 
 
Na gravidez e na lactação porque os fármacos atravessam a placenta e são secretados no leite. 
 
E também tem que se ter atenção com os idosos porque antagonistas muscarínicos que atravessam a barreira 
hematoencefálica vão prejudicar a consolidação da memória recente. Então, farão com que esse paciente idoso 
fique mais esquecido, podendo até mesmo ficar desorientado. 
 
 Quais são os efeitos adversos ? 
Os efeitos adversos são todos relacionados as ações dos receptores muscarínicos que estarão bloqueadas. 
Então: Boca seca, constipação intestinal, retenção urináriae visão turva (chamam mais atenção de modo 
geral). 
A redução da sudorese pode causar hipertermia, mas isso é mais comum em crianças. 
Midríase vai causar a foto sensibilidade e a acomodação da lente fica bloqueada, que vai caracterizar a visão 
turva. Agitação psicomotora 
Marianna Matos – EAD 20.2 
 
Bom, essas características de bloqueio muscarínico que causam boca seca, visão turva, constipação intestinal 
e retenção urinária também estão presentes em fármacos de outras classes farmacológicas, como por exemplo: 
antidepressivos tricíclicos, anti-histamínicos de 1ª geração. Por que? Porque esses fármacos atuam também 
nos receptores muscarínicos. Então, eles são fármacos relativamente promíscuos, que além de bloquearem 
receptores histaminérgicos do tipo H1 e portanto, através desse bloqueio exercerem o seu efeito antialérgico, 
porém, de forma inespecífica eles também tem afinidade pelos receptores muscarínicos e acabam causando 
esses efeitos adversos. 
 
Então, sempre que virmos um paciente relatando boca seca, visão turva, constipação intestinal e retenção 
urinária, isso são indícios de que o paciente está usando ou um antagonista muscarínico ou um fármaco que 
também causa bloqueio muscarínico de forma inespecífica. 
 
E no caso de um paciente que chega ao hospital com uma intoxicação com antagonista muscarínico, como por 
exemplo, a atropina? Que tipo de sinais esse paciente vai apresentar que vai facilitar a equipe médica a 
identificar o tipo de intoxicação? Uma característica extremamente importante é a midríase (pupila dilatada). 
E isso vai estar acompanhado da visão turva, ou seja, o paciente tem dificuldade de focar nos objetos para 
perto. Além disso, esse paciente também vai estar apresentando boca seca, retenção urinária, taquicardia e se 
o médico auscultar o abdômen desse paciente, ele não vai ouvir os sons característicos da motilidade do TGI, 
porque? Porque toda essa musculatura lisa intestinal está relaxada. Além disso, esse paciente pode estar com 
a temperatura um pouco mais alta. Isso vai dar um certo rubor na sua face e ele pode apresentar em pessoas 
mais suscetíveis, a confusão mental (muito comum no idoso). 
 
 Então, feito o diagnóstico correto de intoxicação por atropina ou escopolamina, qual será o tratamento? 
Um inibidor da enzima acetilcolinesterase. E o fármaco que poderia ser utilizada é a fisiostigmina, porque? 
Porque é um inibidor da enzima acetilcolinesterase e não tem carga. E, portanto, ela tem uma distribuição 
tecidual, podendo inclusive chegar ao SNC, atravessar a barreira hematoencefálica e promover a reversão do 
bloqueio muscarínico a nível de SNC. 
 
 
PARTE VI 
 
BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES (BNM) 
Agora iremos para a última parte da aula que será a parte que trata dos bloqueadores neuromusculares (BNM). 
Por definição, bloqueadores neuromusculares irão bloquear a neurotransmissão colinérgica ao nível da placa 
motora. 
E em farmacologia esse capítulo de bloqueadores neuromusculares tem uma importância bastante grande 
porque os estudos começaram há muito tempo e podemos observar que ainda no século XIX já havia interesse 
em caracterizar como se dava a inervação da musculatura esquelética e o funcionamento daquela capacidade 
de contração voluntária da musculatura esquelética. 
Então, o fisiologista Claude Bernard em 1856 começou a estudar e a demonstrar essas terminações nervosas 
no músculo esquelético que posteriormente foi caracterizado por Langley (1906) e então definiu como placa 
motora. 
 
 E o que essa estrutura se relaciona com a farmacologia dos bloqueadores neuromusculares? 
Nessa época, havia grande interesse em estudar a ação farmacológica de um extrato que era usado por índios 
da América do Sul para embeber as flechas e realizar a caça dos animais. E através do estudo desse composto 
que foi chamado de curare, foi identificado posteriormente uma substância chamada de tubocurarina, que foi 
então o primeiro fármaco bloqueador neuromuscular. 
 
O que chamou atenção na época, uma vez que os animais fossem atingidos por essa flecha embebidas no 
curare, os animais logo perdiam a capacidade de fugir. Eles estavam vivos, mas não tinham capacidade fugir, 
ou seja, a musculatura esquelética deles parava de funcionar. Em seguida, veio a descoberta da tubocurarina 
com o antagonista dos receptores nicotínicos na placa motora. E na década seguinte, ela começou a ser 
utilizada clinicamente na anestesiologia. 
Marianna Matos – EAD 20.2 
 
 
Acoplamento excitação-contração no músculo esquelético: 
Antes de nos vermos como a tubocurarina vai atuar, vamos relembrar aquele conceito de acoplamento 
excitação-contração no músculo esquelético: 
Então aqui a esquerda, temos os motoneurônios (em laranja) que são as 
fibras que vão liberar o neurotransmissor acetilcolina, e em lilás temos 
os feixes de fibras musculares que expressam os receptores nicotínicos 
na placa motora. 
 
Quando a acetilcolina é liberada, ela vai interagir com o receptor 
nicotínico na placa motora, promover o influxo de sódio e, portanto, vai 
haver a despolarização dessa região da placa motora. 
Essa depolarização localizada da placa motora é chamada de potencial 
de placa motora. E essa despolarização inicial é necessária para a 
ativação posterior dos canais de Na+ voltagem dependente, ou seja, 
primeiramente tem-se ativação do receptor nicotínico que permite a 
entrada de sódio causa o potencial de placa motora e esse potencial que 
é caracterizado por uma despolarização na região da placa motora vai agora ativar canais de Na+ voltagem 
dependentes que vão então permitir o influxo de sódio na fibra muscular, promovendo o potencial de ação 
muscular. 
 
E esse potencial de ação muscular vai ativar canais de Ca+2 voltagem dependente permitindo a entrada de 
cálcio na célula muscular esquelética e também a mobilização de cálcio a partir do retículo sarcoplasmático. 
E com isso, quando nós o aumento do cálcio intracelular, ocorre a interação das proteínas contráteis e a gente 
tem a contração da musculatura esquelética. De forma então que a cada potencial de ação muscular vai 
corresponder a uma contração muscular. E se esse potencial de ação é repetido e sustentado, a contração 
muscular também é repetida e sustentada. 
 
Se eu quiser impedir essa contração muscular, uma das estratégias farmacológicas é bloquear esse receptor 
nicotínico. Porque ele se estiver bloqueado, eu não tenho aquela primeira despolarização que foi o gatilho para 
todo o fenômeno. Sem o potencial de placa motora, eu não tenho o potencial de ação muscular e assim, não 
tem contração muscular. Logo, esse musculo relaxa. 
 
 
BNM – Bloqueio competitivo 
 
A tubocurarina que foi o primeiro fármaco usado 
clinicamente é um antagonista competitivo e de ação 
reversível. A tubocurarina quando se liga no receptor 
nicotínico, ela impede que a acetilcolina se ligue e com isso, 
não há a abertura do canal. Não havendo a abertura do canal, 
não tem o influxo de sódio. Logo, eu não tenho potencial de 
placa motora que é tão importante como já foi visto 
anteriormente. 
 
A tubocurarina pertence à classe das Benzilisoquinolínas. 
Notem que é uma estrutura grande, rígida e que apresenta 
como uma característica a presença de dois nitrogênios 
quaternários. Na verdade, todo fármaco que vai atuar no receptor nicotínico da placa motora, se tiver esse 
nitrogênio quaternário, ele será mais potente. 
Um outro fármaco também pertence à classe dos bloqueados neuromusculares que promovem o efeito 
competitivo de natureza reversível é o Pancurônio. Que possui uma característica esteroidal, mais 
especificamente amônio esteroidal. Note que também possui a presença desse nitrogênio quaternário. 
 
Marianna Matos – EAD 20.2 
 
Receptores Nicotínicos 
Bom, uma segunda forma de fazer o bloqueio da neurotransmissão colinérgica é de alguma fazer com que 
esse receptor nicotínico se torne inativo ou refratário. 
 
E a figura a seguir vai nos ajudar a relembrar a 
característica de todo canal iônico.Ele existe 
na sua forma de repouso e pode ser ativada e 
assim, ele se torna condutor (conduz o íon ao 
qual esse canal é permeável no caso aqui é o Na 
e Ca2+) e depois, ainda com a ligação do 
agonista, ele se torna refratário ou 
dessensibilizado (e aí, ele para de conduzir os 
íons aos quais ele é permeável). 
 
 
No caso do receptor nicotínico, a ligação da acetilcolina desloca esse receptor para o estado aberto/condutor 
e posteriormente, o receptor vai para o seu estado dessensibilizado. Em seguida, a acetilcolina se dissocia, é 
degradada pela enzima acetilcolinesterase e nesse tempo, o receptor volta ao seu estado de repouso, pronto 
para uma próxima ativação/contração muscular. 
 
Se tiver um fármaco que se ligue ao receptor e “congele” 
esse receptor por mais tempo no estado 
refratário/dessensibilizado, a neurotransmissão é 
bloqueada. Então, esse fármaco é a succinilcolina. Esse 
fármaco é um éster de colina, possui também nitrogênio 
quaternário. E aí A succinilcolina quando se liga ao 
receptor nicotínico, ela promove inicialmente a abertura do canal e a excitação do tecido. Entretanto, em 
seguida o receptor vai para o seu estado dessensibilizado e permanece nesse estado porque a dissociação da 
succinilcolina do receptor é mais lenta. E a succinilcolina também não é substrato da enzima 
acetilcolinesterase. 
 
Então, succinilcolina tem como uma forma de agir: Causa uma despolarização e até o músculo sofre algumas 
contrações. E posteriormente, esse músculo relaxa. Esse relaxamento irá persistir enquanto o receptor estiver 
dessensibilizador. Pela natureza desse bloqueio da succinilcolina, ele é chamado de bloqueio despolarizante. 
Enquanto que o bloqueio feito por tubocurarina, atracúrio ou pancurônio é chamado de não-despolarizante. 
 
Cada fármaco terá uma vantagem e uma desvantagem. 
 
Marianna Matos – EAD 20.2 
Succinilcolina 
→ A principal vantagem da succinilcolina é o seu início rápido de ação e a sua duração curta. 
Ou seja, todos os fármacos são administrados por via parenteral, por via intravenosa. E uma vez que a 
infusão seja suspensa, a succinilcolina é rapidamente hidrolisada pelas colinesterases plasmáticas e aquele 
bloqueio neuromuscular é revertido. 
Isso é importante porque?! Como o receptor nicotínico presente na placa motora está presente em todos os 
músculos esqueléticos no nosso organismo (inclusive na musculatura diafragmática), nós temos que ter um 
bloqueio neuromuscular apenas para o tempo necessário para o procedimento médico. Porque de outra forma, 
podemos comprometer a capacidade respiratória desse paciente. 
→ E a principal desvantagem é a possibilidade de liberar histamina. E em alguns pacientes isso causa um 
quadro caracterizado pela queda de pressão arterial, broncoespasmo, um quadro que se assemelha ao choque 
anafilático. 
 
 
Tubocurarina 
A tubocurarina já não é mais um fármaco de primeira linha e os outros antagonistas não despolarizantes usados 
clinicamente seriam: 
→ Atracúrio: É uma BIQ (benzilisoquinolínicos) e tem uma duração de ação intermediária, sendo também 
hidrolisado pela colinesterase plasmática. 
→ Pancurônio: É um AE (amônio esteroidal) que tem uma duração de ação bastante longa, o que é uma 
desvantagem. Mas tem como vantagem o fator de ser eliminado apenas por via renal (não depende de 
metabolização hepática). Em alguns pacientes com cirrose hepática, a atividade da colinesterase plasmática 
está diminuída. Então, o tempo de meia vida dos fármacos estaria elevado. Por outro lado, o pancurônio tem 
outra desvantagem que é o bloqueio muscarínico M2 que pode causar taquicardia. 
Esses fármacos são fármacos de uso restrito no ambiente hospitalar. De forma que muitos farmacêuticos, 
dependendo da área de atuação, nunca terão contato. 
 
 Quais os usos clínicos? 
O uso clínico deles é restrito a anestesia cirúrgica, e portanto, a aplicação é feita por anestesistas. E eles serão 
usados para induzir o relaxamento da musculatura esquelética que pode ser importante por exemplo: 
Intubação, broncoscopia e também em alguns procedimentos ortopédicos, algumas cirurgias de abdômen 
aberto. 
 
 Quais os efeitos adversos? 
→ Hipotensão 
→ Hipersensibilidade e broncoespasmo - pela liberação de histamina no caso da succinilcolina 
→ Taquicardia – Pelo bloqueio de M2, no caso do pancurônio. 
 
 
Reversão do efeito 
No caso dos agentes não despolarizantes, eles tem uma vantagem, que eles podem ter o seu efeito 
farmacológico revertido através do uso de anticolinesterásicos. Porque ao bloquear a enzima 
acetilcolinesterase, aumenta acetilcolina na fenda e ela vai reverter o bloqueio. 
 
Então, mesmo o pancurônio que tem um tempo de ação longo, o seu efeito poderia ser revertido através de 
uma modulação farmacológica com associação dos agentes anticolinesterásicos. Mas sempre que possível, é 
melhor usar um fármaco de ação mais curta. 
 
E uma outra forma de reverter o bloqueio é através do uso de resina, como sugammadex, no caso para fármacos 
de natureza amônio esteroidal. 
 
 
 
 
 
Marianna Matos – EAD 20.2 
Para estudar: 
1) Diferencie antagonistas muscarínicos e nicotínicos musculares 
2) Quais são os principais antagonistas muscarínicos? 
3) Quais são as suas propriedades farmacológicas (secreção salivar, glândula sudorípara, sistema 
cardiovascular, olho, pulmão, trato gastrointestinal e bexiga)? 
4) Qual papel da ACh na placa motora? Qual receptor? 
5) Qual é o efeito de um antagonista nicotínico na placa motora? 
6) Como tratar a intoxicação com antagonista muscarínico?

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