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Psicopatologia: Conceitos e Correntes

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Leticia S. Cordeiro | Psiquiatria 
 
 
→ Campbell (1986) – psicopatologia: ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença ou 
transtorno mental (causas, mudanças estruturais e funcionais associadas a ela ou as suas formas de 
manifestação) 
→ Não há julgamento moral → busca-se a observação, identificação e compreensão dos elementos do 
transtorno mental (TM) 
→ Não é uma verdade pronta e intocável → requer, permanentemente, revisões, críticas e reformulações 
→ É uma ciência autônoma; não se resume a uma ciência natural dos fenômenos relacionados com áreas 
associativas do cérebro lesado 
→ Para Karl Jaspers: ciência básica que serve de auxilio à psiquiatria e à psicologia clínica 
• Limites da psicopatologia: consistem precisamente em nunca se poder reduzir por completo o ser 
humano a conceitos psicopatológicos 
• Na pratica profissional somam-se ainda as opiniões instintivas/ intuição pessoal 
→ Sintomas psicopatológicos têm dois aspectos básicos: FORMA e o CONTEÚDO 
• Forma: estrutura básica → alucinação, delírio, ideia possessiva, fobia 
• Conteúdo: o que preenche a alteração estrutural → conteúdo de culpa, religioso, de perseguição, 
etc. 
• De acordo com Karl Birbaum, a forma dos sintomas se relaciona com a patogênese – processo de 
como os diferentes sintomas da psicopatologia se formam e se estruturam 
→ CORRENTES DA PSICOPATOLOGIA: 
• Psicopatologia descritiva: descrição das formas de alterações psíquicas, da estrutura dos sintomas. 
• Psicopatologia dinâmica: conteúdo das vivencias, movimentos internos de afetos, desejos e temores 
do indivíduo, sua experiencia pessoal, não sendo necessariamente classificável em sintomas 
previamente descritos 
• Psicopatologia médica: trabalha com a percepção do ser humano centrada no biológico | 
adoecimento mental → mau funcionamento do cérebro (desregulação) 
• Psicopatologia existencial: paciente visto como biológico em sua dimensão elementar, mas também 
histórico e humano, sendo construído das experiencias particulares | TM visto como um modo 
particular de existência, um destino construído pelo ser de forma dolorosa 
• Psicopatologia comportamental e cognitivista: ser humano é um conjunto de comportamento 
observáveis, e este se baseia em leis e determinantes do aprendizado; a perspectiva cognitivista tem 
foco na cognição de cada indivíduo, sendo estas essenciais para o funcionamento normal ou 
patológico da mente 
• Psicopatologia psicanalista: ser humano é sobredeterminado, dominado por aspectos inconscientes 
| sintomas e síndromes mentais são considerados formas de expressão de conflitos, em sua maioria 
inconscientes, desejos não realizados e temores. (psicanálise: afetos dominam o psiquismo) 
• Psicopatologia categorial: doenças mentais especificas podem ser compreendidas como entidades 
completamente individualizadas, com contornos bem demarcados, essa configuração determinaria 
as categorias diagnosticas diferentes e discerníveis em sua natureza básica 
• Psicopatologia dimensional: há dimensões/ espectros, incluindo as diferentes formas da doença 
• Psicopatologia biológica: enfatiza os aspectos cerebrais, neuroquímicos e neurofisiológicos, onde as 
doenças e sintomas mentais são decorrentes de alterações de mecanismos neurais e de áreas e 
circuitos cerebrais 
• Psicopatologia sociocultural: transtornos surgem de comportamentos desviantes que tem origem em 
fatores socioculturais como pobreza, estresse, discriminação, etc. 
• Psicopatologia operacional-pragmática: as definições de transtornos mentais e sintomas são 
formuladas em função de sua utilidade clínica ou orientadas à pesquisa. Nesse modelo, não se 
questiona a natureza do sintoma ou doença, nem fundamentos filosóficos | modelo utilizado no DSM-
5 e CID-11 
• Psicopatologia fundamental: centra a pesquisa psicopatológica nos fundamentos históricos, 
tradições literárias, artísticas e de outras áreas humanísticas e não apenas na tradição médica. Tem 
ênfase na doença mental como “pathos” – sofrimento, paixão e passividade 
Leticia S. Cordeiro | Psiquiatria 
 
 
→ CRITÉRIOS DE NORMALIDADE – depende de opções filosóficas, ideológicas e pragmáticas do 
profissional e da instituição de saúde 
• Normalidade como ausência de doença: indivíduo que não é portador de um transtorno mental 
definido → falho e precário – baseia-se em uma definição negativa, define-se a normalidade por 
aquilo que lhe falta 
• Normalidade ideal: normalidade utópica, baseada em uma norma ideal e que depende de critérios 
socioculturais, ideológicos arbitrários e, às vezes, dogmáticos e doutrinários 
• Normalidade estatística: o normal passa a ser aquilo que se observa com mais frequência, indivíduos 
que se encontram fora da curva de distribuição normal → anormais ou doentes 
− Critério falho → nem tudo que é frequente é necessariamente saudável e nem tudo que é raro, é 
patológico 
• Normalidade como bem-estar: OMS – saúde como completo bem-estar físico, mental e social, e não 
apenas a ausência de doença → muito amplo e utópico 
• Normalidade funcional: baseia-se em aspectos funcionais e não quantitativos → o fenômeno é 
patológico quando é disfuncional e produz sofrimento para o próprio individuo ou para seu grupo 
social 
• Normalidade como processo: considera-se os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, 
das desestruturações e das reestruturações ao longo do tempo, de crises e de mudanças nos 
períodos etários 
• Normalidade subjetiva: percepção subjetiva do próprio individuo em relação ao seu estado de saúde 
→ falho, pois muitas pessoas se consideram bem e saudáveis, mesmo apresentando um transtorno 
mental grave (ex: fase maníaca do transtorno bipolar) 
• Normalidade como liberdade: doença mental como perda da liberdade existencial 
• Normalidade operacional: critério arbitrário e com finalidades pragmáticas explicitas, busca-se definir 
o que é normal e o que é patológico 
− CID e DSM emprega critérios operacionais e pragmáticos na definição de transtornos mentais 
→ AVALIAÇÃO DO PACIENTE: a psicopatologia descritiva tem como base o conceito filosófico da 
fenomenologia, que é um método de investigação, onde se direciona a atenção para os fenômenos 
propriamente ditos, sem juízos de valor 
→ Tem por base a entrevista psiquiátrica (anamnese), exame físico (deve ser realizado, uma vez que 
indivíduos com transtorno mental tem um risco elevado de problemas físicos, que muitas vezes são 
negligenciados na avaliação), exame do estado mental e exames complementares 
→ ANAMNESE: identificação, fonte e grau de confiabilidade (dados revisados e confirmados por terceiros) 
dados sociodemográficos, queixa/ problema principal, antecedentes familiares (histórico de psicoses, 
alcoolismo, epilepsia, abuso de drogas, suicídio, consanguinidade, adoção, etc.), antecedentes pessoais 
(história do desenvolvimento desde a infância, rendimento escolar, presença de doenças, história sexual 
de cada etapa da via [infância, adolescência, vida adulta], relação com trabalho, conflitos, modificações 
psicofisiológicas, perda de amigos e familiares, etc.) traços de personalidade pré-mórbida (atividades, 
hobbies, afetividade, irritabilidade, autoconfiança, emotividade, 
autonomia, traços constitucionais, traços de temperamento, etc.) 
constelação familiar e ambiental (situação da famílias, pais 
casados, separados, abandono do lar, família de origem, família 
nuclear, filhos, condições de residência), ambiente social e dia 
ambiental (descrever um dia comum na vida do paciente ) 
 
→ EXAME DO ESTADO MENTAL (EEM): é o exame físico 
psiquiátrico que explora todas as áreas de funcionamento mental 
e mostra evidências de sinais e sintomas de doenças mentais. Os 
dados são obtidos por meio da observação e questionamentos ao 
longo de toda a entrevista, considerando o que o paciente está 
vestindo e sua apresentação geral. É útil nas visitas 
subsequentes para comparar e monitorarmudanças ao longo do 
tempo. 
Leticia S. Cordeiro | Psiquiatria 
 
 
• A avaliação cognitiva mais comum é o Miniexame do Estado Mental (MEEM), que não deve ser 
confundido com o EEM global. 
 
→ ASPECTO GERAL: aparência, tipos de vestes, acessórios, maquiagens, perfumes, odores, marcas 
corporais, atitude em relação ao terapeuta 
• Comunicação não verbal: mimica da face, movimentos da boca, postura, gestos, tom e qualidade de 
voz, marcha, olhar 
 
→ CONSCIENCIA: estado de ciência que o indivíduo tem em relação a si a ao meio. Caracteriza-se por: 
apresentar vivencia interna, ter relação com a distinção do eu/não eu, ter intencionalidade (dá significado 
às coisas, ser reflexiva (refletir sobre os próprios conteúdos psíquicos) 
Leticia S. Cordeiro | Psiquiatria 
 
 
• Vigilância ou nível de consciência – relacionado com as capacidades neurofisiológicas → possibilitam 
o estar em vigília, alerta e com o sensório claro 
− Alterações: rebaixamento do nível de consciência – alteração quantitativa: obnubilação, torpor e 
coma; em casos leves, pode-se observar sonolência patológica 
• Lucidez da consciência: estado claro da consciência, diferente do sono e do coma → processos 
psíquicos experimentados na intensidade adequada 
• Campo da consciência: dimensão horizontal da consciência, relacionada a quantidade de conteúdos 
abarcados em determinado momento 
→ ATENÇÃO: é a direção da consciência e depende do interesse que o indivíduo tem em determinado 
objeto, ou seja, é concentração da atividade mental sobre determinado ponto, traduzindo esforço mental. 
A atenção pode ser voluntária (ativa e intencional – capacidade de ler um livro, por exemplo) ou 
espontânea (por algum interesse incidental – capacidade de parar de ler o livro para focar em algum 
barulho que acontece no momento). A vigilância refere-se ao estado de alerta difuso para estímulos 
vindos do ambiente, e tenacidade é definida pela concentração da atenção ou foco da consciência em 
determinado estímulo. 
• Euprosexia: estado de atenção normal. 
• Hipoprosexia: diminuição global da atenção. 
• Hiperprosexia: estado de atenção exacerbada. 
• Aprosexia: abolição total da capacidade de atenção. 
• Distração: atenção voltada, demasiadamente, a algum estímulo específico, com diminuição da 
atenção espontânea. Observa-se uma hipertenacidade associada a uma hipovigilância. Encontra-
se em quadros obsessivos e síndromes depressivas. 
• Distraibilidade: atenção afastada com demasiada rapidez do estímulo específico, com diminuição 
da atenção voluntária, ou seja, a atenção é facilmente desviada, há dificuldade para se fixar em um 
objeto. Apresenta hipotenacidade e hipervigilância, podendo ser observado em estados maníacos, 
uso de anfetaminas e situações de intensa ansiedade. 
 
→ ORIENTAÇÃO: é a capacidade de ter consciência sobre a situação real em que nos encontramos, situar-
se quanto a si mesmo (orientação autopsíquica) e quanto ao ambiente (orientação alopsíquica). A 
orientação alopsíquica é dividida em orientação temporal e espacial. Em geral, o 1º sentido de 
orientação perdido é o do tempo; depois, o do espaço, que envolve deslocamento e localização e, num 
estado mais grave, a “desorientação do próprio eu” (identidade e corpo). Existem vários tipos de 
desorientação, segundo a alteração de base que a condiciona: desorientação torporosa, por deficit de 
memória, desorientação esquizofrênica e dissociativa. 
 
→ SENSOPERCEPÇÃO: a sensação é um fenômeno elementar gerado por estímulos físicos, químicos 
ou biológicos variados, que produzem alterações nos órgãos receptores. Percepção é a tomada de 
consciência do estímulo sensorial. Podem ocorrer: 
• ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS: 
− Hiperestesia: ocorre nas intoxicações por alucinógenos e alguns tipos de epilepsia. 
− Hipoestesia: observada em alguns quadros depressivos. 
− Anestesia: é a abolição de todas as formas de sensibilidade. 
• ALTERAÇÕES QUALITATIVAS: incluem: 
− Ilusão: é a percepção alterada de um objeto real e presente, uma interpretação errônea do que 
existe. Ocorre em três condições: rebaixamento do nível de consciência, fadiga grave e 
esgotamento afetivo. 
− Alucinação: é a percepção real de um objeto inexistente, sem que este objeto esteja presente. 
Podem ser classificadas em: auditivas (há sonorização do pensamento, quando o paciente ouve 
os próprios pensamentos - há publicação do pensamento, quando o paciente sente que as 
pessoas escutam o que ele pensa), visuais, táteis, olfativas/gustativas, cenestésicas 
(sensações anormais no corpo, como sentir que “a cabeça está encolhendo”), cinestésicas 
(alucinações de movimentos, como o “corpo flutuando”), e sinestésicas (envolvem mais de um 
sentido). Podem ser caracterizadas também alucinações funcionais, isto é, que são 
desencadeadas por estímulos sensoriais, como o paciente que ouve vozes ao abrir o chuveiro; 
e alucinações visuais extracampinas, definidas por ocorrerem fora do campo visual. Outras 
alterações da sensopercepção incluem pareidolias (ver imagens em lugares inusitados), 
Leticia S. Cordeiro | Psiquiatria 
 
 
heautoscopias (ver seu corpo fora de si) e alucinações hipnagógicas (ao adormecer) e 
hipnopômpicas (ao despertar). 
− Pseudoalucinação: são alucinações menos nítidas, não apresentam aspectos vivos e 
corpóreos. Ocorrem em casos de psicoses, intoxicações ou estados afetivos intensos. 
− Alucinose: quadros alucinatórios sem perda de consciência da realidade, o paciente percebe a 
alucinação como estranha à sua pessoa. Podendo ocorrer em casos de alcoolismo. 
− Despersonalização: paciente tem sensação de que seu corpo não lhe pertence. 
− Desrealização: o ambiente ao redor parece estranho e irreal. 
 
→ MEMÓRIA: capacidade de registrar, manter e evocar fatos passados, e está intimamente relacionada 
com o nível de consciência, atenção e interesse afetivo. Possui 4 funções: percepção (percepção dos 
fatos e atitudes e reconhecimento psíquico), fixação (capacidade de gravar imagens na memória), 
conservação (tudo que é guardado na memória pelo resto da vida) e evocação (atualização dos dados 
fixados, porém nem tudo pode ser evocado). Pode ser dividida em memória imediata (capacidade de 
reter a informação imediatamente após ser percebida), recente ou de curto prazo (capacidade de reter 
a informação por um período curto, de minutos a uma hora) e remota ou de longo prazo (capacidade de 
evocação de acontecimentos ocorridos no passado, após meses ou anos). É avaliada quando a rapidez, 
precisão e cronologia das informações oferecidas pelo paciente. 
• ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS: 
− hipermnésia, relacionada a uma ac eleração psíquica global; 
− hipomnésias e amnésias: classificadas em psicogênicas ou orgânicas. Podem ser 
anterógrada (paciente não consegue fixar memória a partir do evento que causou o dano 
cerebral, avalia-se perguntando “o que você fez hoje?” ou dizer um número de 5 algarismo e 
perguntar após minutos) ou retrógrada (perda da capacidade de evocação, perda da memória 
para fatos ocorridos antes do trauma, avalia-se perguntado sobre o passado do paciente e data 
de acontecimentos importantes). Pode também haver amnésias lacunares (ou seletivas). 
• ATERAÇÕES QUALITATIVAS (paramnésias): lembranças deformadas que não correspondem à 
sensopercepção original. Os principais tipos são ilusões mnêmicas (acréscimo de elementos falsos 
a uma lembrança verdadeira), alucinações mnêmicas (criações imaginativas) e confabulações 
(dados fantasiosos que preenchem vazios de memória) - podem ocorrer na síndrome de Korsakoff 
(síndrome neuropsiquiátrica devido a carência de vitamina B1 – tiamina) e criptomnésias (registros 
de memória que aparecem como se fossem ideias novas). Fenômenos de déjà vu (já visto) e jamais 
vu (jamais visto) também são caracterizados como alterações qualitativas. 
 
→ AFETIVIDADE: é o que dá o tom a todas as vivências humanas, inclui sentimentos, ânimo, humor, 
emoção e paixões. Determina a atitude geraldo indivíduo, promove impulsos motivadores e inibidores, 
determina sentimentos que oscilam entre 2 polos: depressão e euforia. Observados através da 
expressão facial, tom de voz e movimentos corporais. Divide-se em: 
• HUMOR: é um estado de ânimo, tônus afetivo do indivíduo em um determinado momento. As 
alterações são: 
− Eutimia: humor normal; 
− Distimia: alteração do humor, tanto no sentido de inibição (hipotimia) quanto de exaltação 
(hipertimia). Não confundir o sintoma distimia com o transtorno distimia, que é um transtorno 
depressivo leve e crônico; Hipertimia: humor elevado, euforia. É uma excitabilidade afetiva em 
que ocorre uma reação emocional desproporcional ao estímulo. Hipotimia: humor diminuído, 
depressão. É um estado de apatia e redução global das emoções. 
− Humor triste e ideação suicida: ideias relacionadas à morte, ideias suicidas, planos e tentativas 
de suicídio devem ser sempre avaliadas com cuidado em pacientes com o humor deprimido; 
− Disforia: irritabilidade, mau humor. 
− Irritabilidade patológica: hiperreatividade desagradável, hostil e, eventualmente, agressiva a 
estímulos do meio exterior; 
− Ansiedade: estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro. Outras 
alterações afetivas: 
• AFETO: é o tônus emocional que acompanha uma ideia ou representação mental. 
− Labilidade afetiva: estado de instabilidade emocional com mudanças súbitas e imotivadas do 
humor. O indivíduo oscila de forma rápida e inesperada de um estado afetivo para outro, sem 
conter suas reações afetivas; 
Leticia S. Cordeiro | Psiquiatria 
 
 
− Ambivalência afetiva: coexistência de estados emocionais incompatíveis, simultâneas e 
caracteristicamente esquizofrênica; 
− Ambitimia: refere-se aos estados de simultaneidade de sentimentos opostos, conflituosos, 
porém sem que haja cisão da personalidade; 
− Puerilismo: estado de regressão ao comportamento infantil, que pode ocorrer em quadros 
hebefrênicos (próprio do adolescente) ou dissociativos; 
− Paratimia: inadequação afetiva do esquizofrênico com reações emocionais incompreensíveis ou 
paradoxais; 
− Neotimia: surgimento repentino de sentimentos novos, inusitados, vivenciados por pacientes 
esquizofrênicos. São afetos muito estranhos e bizarros para a própria pessoa que os 
experimenta; 
− Embotamento afetivo: perda de todo tipo de vivência afetiva. Há ausência dos nexos afetivos 
devido a lesão cerebral, em quadros autísticos e nos quadros de esquizofrenia com sintomas 
negativos. 
− Apatia: diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva. O paciente torna-se hiporreativo. Estado 
afetivo próprio dos quadros depressivos; 
− Hipomodulação do afeto: incapacidade do paciente de modular a resposta afetiva, indicando 
rigidez do indivíduo na sua relação com o mundo; 
− Anedonia: incapacidade de sentir prazer em atividades da vida antes prazerosas. É um sintoma 
central das síndromes depressivas, podendo também ocorrer em quadros esquizofrênicos. 
→ PENSAMENTO: organização do fluxo das ideias. Permite a elaboração de conceitos, juízos, construção 
e solução de problemas, elaboração de ideias, transformação e criação. Deve ser avaliado quanto ao: 
• CURSO: aceleração (taquipsiquismo), lentificação (bradipsiquismo), aumento do tempo de 
latência da resposta e bloqueio do pensamento (súbita interrupção, que pode ser evidência de 
atividade alucinatória). Pode ocorrer também roubo do pensamento, que é uma vivência associada 
ao bloqueio do pensamento, na qual o indivíduo tem a sensação de que seu pensamento foi roubado 
de sua mente. 
• FORMA: 
− Fuga de ideias: pessoas afetadas mudam de assunto a todo instante, sem concluí-los ou dar 
continuidade. É uma forma extrema do taquipsiquismo, comum na mania. 
− Afrouxamento das associações: apesar de menos articuladas, as ideias ainda apresentam uma 
lógica; 
− Descarrilhamento: há mudança súbita do que se está falando, comum na esquizofrenia. 
− Arborização: perda da direcionalidade, sem conclusão do raciocínio, encontrada na mania; 
− Perseveração: dificuldade de mudança do tema, repetição dos mesmos conteúdos de 
pensamento, comum nas demencias; 
− Circunstancialidade: raciocínio do paciente “dá voltas em torno do tema”, sem entrar na questão 
essencial, pode ocorrer em casos de transtorno obsessivo-compulsivo; 
− Prolixidade: discurso detalhista, cheio de rodeios e repetições. Há introdução de temas e 
comentários não pertinentes ao que se está falando. 
− Interceptação ou bloqueio: há interrupção brusca do que vinha falando, e o assunto pode ser 
retomado como se não o tivesse interrompido, comum na esquizofrenia. 
− Desagregação: profunda e radical perda dos nexos associativos com total perda da coerência. 
− Outras alterações: tangencialidade, pensamento vago e concretude (dificuldade de abstração) 
do pensamento. 
• CONTEÚDO: as alterações do conteúdo dizem respeito ao tema do pensamento e podem estar 
associados com fobia, obsessões e delírios. 
− DELÍRIO: é uma convicção íntima e irremovível, contra qual não há argumento que se distancia 
da realidade compartilhada. Possui 3 aspectos: (1) incorrigibilidade, não há como modificar a 
ideia delirante por meio de correções; (2) influenciabilidade, o delirante pode influenciar a pessoa 
dita normal; (3) incompreensibilidade, não pode ser explicada logicamente. Podem ser: 
− DELÍRIO PRIMÁRIO ou VERDADEIRO – IDEIA DELIRANTE: são juízos patológicos falsos que 
ocorre com lucidez de consciência, não é consequência de qualquer outro fenômeno. Podem ser 
divididos em sistematizados e não sistematizados e incluem diversos tipos: persecutório, de 
autorreferência, de influência, de grandeza, místico, de culpa, de ruína e de ciúme. 
Leticia S. Cordeiro | Psiquiatria 
 
 
− DELÍRIO SECUNDÁRIO – IDEIA DELIROIDE: é secundário à perturbação do humor ou situação 
afetiva traumática, existencial grave ou uso de droga. Há compreensão dos mecanismos que a 
originaram. 
− Outras alterações: humor delirante, paciente experimenta aflição e ansiedade intensas, como 
se algo terrível fosse acontecer, apresentando grande perplexidade e estranheza, 
caracterizando-se como um estado pré-delirante; percepções delirantes são atribuições de 
significados delirantes a percepções reais ou fatos ocorridos; cognições delirantes, em que um 
significado delirante se impõe à consciência, como uma espécie de intuição. Ideias 
sobrevaloradas ou prevalentes são aquelas em que ocorre uma distorção da realidade (que não 
chega a se configurar delírio), causada por uma predisposição afetiva. 
 
→ LINGUAGEM: atividade humana fundamental na elaboração e expressão do pensamento. Processo 
dinâmico que se inicia na percepção e termina na palavra falada ou escrita, se modifica constantemente. 
• Alterações secundárias à lesão neurológica: AVC, tumores cerebrais, malformações vasculares 
etc. 
− Afasias: perturbações por danos cerebrais que implicam dificuldade ou incapacidade de 
compreender e utilizar os símbolos verbais. 
− Disartrias: má articulação das palavras. 
• Alterações associadas a transtornos psiquiátricos: 
− Logorreia e taquifasia: falar sem parar, podendo haver “pressão ao falar”. Frequente nos 
episódios maníacos; 
− Bradifasia: comum nos quadros depressivos, esquizofrenia com sintomas negativos e quadros 
demenciais; 
− Mutismo: forma verbal de negativismo, de tendência automática a se opor às solicitações do 
ambiente, no que concerne à resposta e à produção verbal. Observado em quadros de estupor 
catatônico ou depressivo grave. Pode haver também mutismo seletivo, de caráter psicogênico, e 
mutismo acinético, ou coma vígil; 
− Perseveração e estereotipia verbal: repetição automática de palavras ou trechos de frases, de 
forma quase mecânica, comum em alguns casos de esquizofrenia; 
− Ecolalia: repetição da última ou das últimas palavras que o entrevistador falou ao paciente, 
encontrada principalmente nos quadros de esquizofrenia catatônica; 
− Palilaliae logoclonia: repetição da última ou das últimas palavras que o próprio paciente falou, 
encontrada principalmente nos quadros demenciais; 
− Tiques verbais: produções de fonemas ou palavras de forma recorrente, imprópria e irresistível. 
A coprolalia é a emissão involuntária e repetitiva de palavras obscenas. São sintomas 
característicos da síndrome de Tourette; 
− Verbigeração: repetição de forma monótona e sem sentido aparente de palavras ou trechos de 
frases; 
− Mussitação: produção repetitiva de uma voz muito baixa, murmurada, sem significado 
comunicativo, o paciente “fala para si”. Verbigeração e mutismo são formas de automatismos 
verbais comuns na esquizofrenia; 
− Pararrespostas: respostas diferentes do que foi perguntado; 
− Neologismos: criação de palavras novas, desprovidas de sentido comum; 
− Jargonofasia: fala incompreensível, incoerente, ininteligível, também denominada salada de 
palavras. 
 
→ VONTADE: é a disposição (energia) interior com o princípio de alcançar um objetivo (desejo) consciente 
e determinado, por meio do livre-arbítrio. Pragmatismo é a capacidade de exercer plenamente o ato 
volitivo. A vontade normal é normobúlico. 
• Hiperbulia: pacientes sentem-se dotados de poder e disposição extraordinários, tipicamente 
observada nos quadros maníacos. 
• Hipobulia: sentimento de completa impotência e tudo parece ser inalcançável, cansativo e 
desanimador, como nos casos de depressão. 
• Negativismo: oposição do indivíduo às solicitações do ambiente, há resistência automática e 
obstinada. Na forma ativa, o paciente faz o oposto ao solicitado; na forma passiva, o paciente 
simplesmente nada faz quando solicitado. Observado nos quadros catatônicos. 
• Sitiofobia: recusa sistemática de alimentos, pode estar associada a formas graves de negativismo; 
Leticia S. Cordeiro | Psiquiatria 
 
 
• Obediência automática: reponde a solicitações repetidas e excessivas. Oposto ao negativismo, 
revela uma profunda alteração da atividade volitiva, na qual perde a autonomia e a capacidade de 
conduzir seus atos volitivos; 
• Sugestionabilidade patológica: concorda com tudo o que é dito, mesmo que sejam juízos 
contraditórios; 
• Dúvida patológica: duvida exageradamente do que quer; 
• Fenômenos em eco: o indivíduo repete de forma automática as palavras ou ações do entrevistador, 
denominadas ecolalia e ecopraxia, respectivamente. Frequentes nos quadros catatônicos e 
orgânicos. 
• Atos impulsivos - compulsão: ações automáticas súbitas e incoercíveis as quais o indivíduo tem 
dificuldade de resistir, como a dromomania (impulso de “fuga”), a piromania (impulsos incendiários), 
a cleptomania (impulso de furtar), a frangofilia (impulsos destrutivos), a dipsomania (embriaguez 
periódica) e as toxicomanias. 
• Outros: perversões alimentares, disfunções sexuais e parafilias. 
 
→ PSICOMOTRICIDADE: é a execução do ato volitivo. 
• Hipercinesia: agitação psicomotora, há aceleração e exaltação de toda a atividade motora do 
indivíduo, e está comumente associada a hostilidade e heteroagressividade. 
• Hipocinesia: lentificação psicomotora, há inibição de toda a atividade psíquica, podendo haver um 
período de latência entre uma solicitação ambiental e a resposta motora. 
• Acinesia: inibição psicomotora, há perda de toda a atividade espontânea, caracteriza o estupor, que 
pode ser catatônico, maníaco, depressivo ou dissociativo. 
• Catatonia: ocorre a catalepsia (hipertonia com redução da mobilidade) e flexibilidade cérea 
(tendência do paciente a se manter na posição em que é colocado). 
• Cataplexia: é a perda abrupta do tônus muscular, geralmente acompanhada de queda; está presente 
na narcolepsia; 
• Estereotipias motoras: repetições automáticas e uniformes, realizadas mecanicamente muitas 
vezes em um mesmo dia. 
• Maneirismos: tipo de estereotipia motora, há movimentos bizarros, repetitivos e geralmente 
complexos. 
• Movimentos estereotipados: podem ser observados em pacientes esquizofrênicos. 
• Tiques motores e alterações da marcha também são considerados alterações da 
psicomotricidade. 
 
→ CONSCIÊNCIA DO EU: capacidade de ter a consciência dos próprios atos psíquicos, a percepção do 
seu eu, como sujeito apreende a sua personalidade. Pode ser dividida em atividade, unidade, identidade 
e oposição do eu em relação ao mundo. 
• Alteração da atividade: suspensão da sensação normal do próprio eu, corporal e psíquico. Além 
disso, o paciente pode sentir que seus pensamentos são feitos e impostos por alguém ou algo 
externo. São também denominadas vivências de influência. 
• Alteração da unidade: indivíduo sente que é mais de uma pessoa ao mesmo tempo. 
• Alteração da identidade: paciente não reconhece a si próprio, podendo considerar que é outra 
pessoa, ou experimentar um sentimento de estranheza em relação a si próprio, este último chamado 
despersonalização. Frequentemente, apresenta-se associada ao fenômeno de desrealização, é 
caracterizada pela perda de relação da familiaridade com o mundo, no sentido de um estranhamento 
ao que era familiar. 
• Alteração da oposição do eu em relação ao mundo: desaparecem os limites entre o indivíduo e o 
mundo externo. Inclui vivências de publicação, sonorização, eco e roubo do pensamento. 
 
→ INTELIGÊNCIA: capacidade de resolver problemas de qualquer natureza. A avaliação por meio de 
testes tem o objetivo de constatar se o paciente está dentro do padrão de normalidade, conseguindo 
resolver os problemas básicos da vida. Deve-se considerar o contexto sociocultural e a escolaridade do 
paciente, e as questões devem ser relevantes à sua bagagem cultural e educacional. Alguns testes são 
solicitar ao paciente que realize contas simples, que poderemos complicar à medida que ele responde 
corretamente. O pensamento abstrato é a capacidade para lidar com conceitos. Os pacientes podem 
explicar semelhanças e o significado de provérbios simples. Os principais quadros que são 
caracterizados por déficit intelectivo incluem o retardo mental e quadros demenciais 
 
Leticia S. Cordeiro | Psiquiatria 
 
 
→ PROCEDIMENTOS COMPLEMENTARES: quando necessário ao diagnóstico. 
→ Exames Laboratoriais e neuro-radiológicos: Liquor, eletroencefalograma, tomografia computadorizada, 
RX de Crânio e outros exames laboratoriais (ex. Gama GT, transaminases. pesquisa de substâncias 
psicoativas). 
→ Testes psicológicos: Testes psicométricos, para avaliação de nível intelectual e de personalidade, para 
detectar traços de personalidade, conflitos. Dentre eles destacam-se os testes projetivos. 
→ Escalas 
→ MINI-EXAME MENTAL 
→ Fontes adicionais de informação – família, amigos, escola, trabalho, clínicas... 
→ IMPRESSÃO DO ENTREVISTADOR – a contra-transferência 
→ SÚMULA: Resumir os dados obtidos durante a anamnese, agrupá-los em grupos de sintomas (síndrome) 
para a discussão do diagnóstico, prognóstico e elaboração do tratamento adequado. 
→ DIAGNÓSTICO: Deverá ser feito com base na Classificação Internacional de Doenças (CID 10/ CID 11 
ou DSM 5- Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais-5. O DSM-4 categorizava o 
diagnóstico em multiaxial, considerando cinco eixos, a saber: Eixo I – a patologia mental primária; Eixo 
II – a personalidade e o nível mental; Eixo III – comorbidade clínica; Eixo VI – fatores psicossociais 
desencadeantes ou mantenedores do quadro ; Eixo V – o funcionamento social: incapacitação nas AVD, 
habilidades, trabalho, competências e interesses. A qualidade de vida. 
→ PROGNÓSTICO - Avaliação de gravidade do caso, com verificação de riscos específicos (sócio-familiar 
e/ou pessoal). 
→ PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO PERSONALIZADO- Estabelecimento das diretrizes de tratamento 
para o caso avaliado, direcionadas pelos problemas presentes e sintomas alvoscia e o insight

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