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Pessoa natural

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PESSOA NATURAL 
 
 
Uma vez que todo o sistema jurídico está estruturado na ideia de dignidade humana , 
como principal fundamento da República Federativa do Brasil e a base de todo o 
ordenamento jurídico, o conceito de pessoa natural é de suma importância. A 
pessoa natural é o ser humano com vida, aquele ente dotado de estrutura 
biopsicológica, pertencente à natureza humana. 
No que diz respeito ao ser humano concebido artificialmente, existem debates 
acerca da reprodução assistida, contudo, é impossível desvincular o humano da 
pessoa natural, ainda que concebido de maneira não natural - pouco interessa se a 
pessoa é oriunda de concepção natural ou artificial. 
Desse modo, a melhor opção é vislumbrar a pessoa natural como o ente dotado de 
estrutura biopsicológica - a pessoa humana. 
➔ Pessoa natural: ser humano com vida, aquele que pode assumir obrigações e 
titularizar direitos, aquele ente dotado de estrutura biopsicológica, pertencente 
à natureza humana. 
A pessoa natural é a própria justificativa da ciência jurídica - feita pelo homem e para 
o homem. 
 
Personalidade jurídica 
É a aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações na ordem 
jurídica, ou seja, é a qualidade para ser sujeito de direito . É a aptidão para contrair 
direitos e deveres na ordem civil; a aptidão para ser sujeito de direitos. 
Todo ser humano, pessoa natural, é dotado de personalidade jurídica , titularizando 
relações jurídicas e reclamando uma proteção básica e fundamental, compatível 
com sua estrutura biopsicológica. 
Por isso, toda pessoa natural é sujeito de direito . 
De acordo com o art. 1º do Código Civil: 
Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
Alguns autores clamam pelo emprego da expressão deveres ao invés de obrigações 
- visto ser uma expressão mais abrangente, um gênero no qual encontramos as 
obrigações. As obrigações são deveres de caráter patrimonial . 
Outro debate é acerca dos animais: seriam eles considerados sujeitos de direito? É 
um tema ainda em disputa. De forma geral, o direito civil não os compreende como 
sujeitos de direito. Contudo, para alguns autores, como Peter Singer, são sim 
sujeitos de direito, pois tanto homem como animal são capazes de sentir dor. 
 
FERNANDA CAUS PRADO DIREITO CIVIL - PARTE GERAL I 
9 
 
Capacidade jurídica 
A personalidade jurídica, no entanto, tem uma medida para a prática de 
determinados atos, que é a capacidade. Entende-se a capacidade como a medida 
da personalidade jurídica , de acordo com Teixeira de Freitas. 
A capacidade é a possibilidade de exercer esses direitos de natureza civil 
pessoalmente. Sendo assim, toda pessoa humana pode ser titular de direitos e 
deveres, contudo, nem toda pessoa pratica os atos da vida civil pessoalmente. 
★ Exemplificando: Personalidade x Capacidade. 
Um recém-nascido é dotado de personalidade jurídica, contudo, não possui a 
capacidade jurídica, pois são incapazes de exercer seus direitos. 
 
Desse modo, embora qualquer pessoa possa ser titular de direitos e obrigações, 
nem todas poderão praticar atos da vida civil pessoalmente (mas somente aqueles 
que possuam capacidade civil plena). Os incapazes são aqueles que não podem 
praticar sozinhos os atos da vida civil . 
 
Capacidade de direito ou de gozo – é a genérica. Qualquer pessoa tem, 
independentemente de questões formais, como certidão de nascimento ou 
documentos. No momento em que se adquire a personalidade jurídica, se 
adquire também a capacidade de direito. - Equivale a personalidade jurídica. 
Capacidade de fato ou de exercício – é a aptidão para, pessoalmente, 
praticar atos na vida civil. A ausência da capacidade de fato dá origem à 
incapacidade civil. - Equivale à capacidade jurídica. 
A capacidade de direito ou de gozo, junto com a capacidade de fato ou de exercício 
forma a capacidade jurídica plena . 
 
Legitimação e legitimidade 
Legitimação é a capacidade especial para a prática de determinado ato ou negócio 
jurídico. Já a legitimidade é a capacidade para ser parte em determinado processo. 
★ Exemplificando: legitimação - art. 1647 do CC 
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem 
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: 
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; 
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; 
III - prestar fiança ou aval; 
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam 
integrar futura meação. 
FERNANDA CAUS PRADO DIREITO CIVIL - PARTE GERAL I 
10 
 
Não basta ter personalidade e capacidade jurídica, ainda é necessária uma terceira 
condição: a autorização do cônjuge. 
 
Inicio da pessoa natural 
O início da qualidade de pessoa e, por conseguinte, da personalidade jurídica é 
determinado pelo art. 2º do Código Civil : 
Art. 2º. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a 
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
Elegeu o CC/2002, como início da personalidade jurídica, o momento do nascimento 
com vida, seguindo a mesma linha das legislações da Itália, de Portugal, da Suíça e 
da Alemanha. 
Entende-se que os requisitos para o reconhecimento da personalidade jurídica da 
pessoa humana são nascimento e vida . 
Desse modo, viável ou não, o nascido com vida adquire personalidade jurídica. 
Primeiro problema: quando se dá o nascimento? Quando consideramos que 
alguém nasceu? Nascido é o feto separado do corpo da mãe. 
 
Segundo problema: o que é considerado “com vida”? Com vida, aquele que 
apresentou, ainda que por poucos instantes, atividade cárdio-respiratória. 
 
Terceiro problema: como se constata o nascimento ocorrido com ou sem 
vida? No Brasil, utilizamos o Procedimento denominado docimasia 
hidrostática de Galeno, capaz de determinar a presença de ar nos pulmões. 
O início da personalidade jurídica independente da adoção de providências 
burocráticas como o registro do nascimento em cartório, ou seja, o registro do 
nascimento não dá personalidade jurídica - ela apenas atesta algo jáexistente, seu 
cunho é meramente administrativo. 
Alguns países adotam requisitos mais exigentes que os nossos. É o caso da 
Alemanha, da França e da Holanda, que exigem que o nascido seja viável e da 
Espanha, que requer que o nascido tenha a forma humana e permaneça vivo por, 
pelo menos, 24h. 
 
Aprofundamento - interrupção da gravidez 
No julgamento da ADPF 54/DF, que enfrentou a constitucionalidade ou não da 
interpretação de que a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta 
tipificada pela legislação penal, o Supremo Tribunal Federal empregou outro critério 
para a aferição do nascimento com vida. 
FERNANDA CAUS PRADO DIREITO CIVIL - PARTE GERAL I 
11 
 
Aplicou analogicamente a Lei 9434/97, que dispõe sobre o transplante de órgãos e 
determina o momento do fim da vida para compreender que os anencéfalos seriam 
“natimortos cerebrais” inexistindo, por isso, vida a ser tutelada pela norma penal. 
 
Tratamento jurídico do nascituro 
A palavra nascituro deriva da expressão latina nasciturus , que significa aquele que 
está por nascer. Logo, o conceito de nascituro é a pessoa já concebida no ventre 
materno, mas ainda não nascida . Os debates acerca da natureza jurídica do 
nascituro são acirrados, por vezes,alimentados pela imprecisão conceitual do art. 2º 
do CC: junto da imprecisão conceitual, permanece a controvérsia. 
Tal controvérsia gira em torno da questão: quem deve ser considerado sujeito de 
direito, somente o nascituro, ou também o concepturo? 
Três teorias tentam explicar a natureza jurídica do nascituro: a natalista, a 
condicionalista e a concepcionalista. 
 
Teoria natalista 
Para os autores clássicos (como Sílvio Rodrigues, Caio Mário, Silvio Venosa), o 
nascituro não é e não pode ser considerado sujeito de direito , pois ainda não dispõe 
de personalidade jurídica , que é adquirida apenas com o nascimento com vida . Por 
isso, ele seria detentor de mera expectativa de direito. 
Essa concepção apresenta algumas dificuldades teóricas, a primeira delas é a 
compreensão de que se o nascituro não é pessoa, seria ele uma coisa? 
Ela também está distante das novas técnicas de reprodução assistida, da proteção 
dos direitos do embrião e da tendência atual do Direito Civil, que aponta para uma 
proteção ampla dos direitos da personalidade. 
Por fim, a teoria também nega o acesso do nascituro a direitos básicos como o 
direito à vida, investigação de paternidade, alimentos, nome e imagem, esbarrando 
em dispositivos legais. 
 
Teoria condicionalista 
Essa corrente, defendida por Washington de Barros Monteiro e por Fábio Ulhôa, 
sustenta que o nascituro é, na verdade, uma pessoa virtual, condicional, estando a 
sua personalidade condicionada a eventual nascimento com vida . 
Desse modo, o nascituro disporia de uma personalidade jurídica condicional , pois 
haveria uma condição pendente para a implementação de sua personalidade. 
Também se critica essa teoria, porque ela se apega apenas a questões patrimoniais, 
não respondendo ao apelo dos direitos da personalidade a favor do nascituro. 
FERNANDA CAUS PRADO DIREITO CIVIL - PARTE GERAL I 
12 
 
Compreende-se atualmente que os direitos da personalidade não podem estar 
submetidos a condição, termo ou encargo. 
Por fim, pode-se observar que essa teoria preserva, em sua essência, uma 
concepção natalista. 
 
Teoria concepcionista 
Essa teoria defende uma posição mais avançada, da moderna doutrina civilista, 
defendendo a tese de que o nascituro já é portador de personalidade jurídica. Tem 
inspiração na legislação francesa que assegura a todos personalidade jurídica a 
partir do momento da concepção. 
Ela encontra amparo em diversos dispositivos do Código Civil, como: 
Art. 1.609 – que permite o reconhecimento da filiação ao nascituro. 
Art. 1.779 – que permite a nomeação de curador ao nascituro. 
Art. 542 – que autoriza que se faça doação ao nascituro. 
Art. 1.798 – que reconhece a capacidade sucessória do nascituro. 
Para os defensores desta tese, desde a concepção já há proteção à personalidade 
jurídica, sendo o nascituro titular de direitos da personalidade . 
Essa posição tem previsão expressa no Enunciado 1 da I Jornada de Direito Civil e 
prevalece dentre os doutrinadores contemporâneos do Direito Civil brasileiro, como 
Silmara Chinellato, Cristiano Chaves, Pablo Stolze, Flávio Tartuce, dentre outros. 
De fato, até mesmo pelo art. 2º do CC, nota-se que a partir da concepção já há 
proteção à personalidade jurídica. O nascituro já é titular de direitos da 
personalidade. Também tem prevalecido na recente jurisprudência do STJ, sendo 
muito fortalecida pela entrada em vigor da Lei 11.804/2008. 
Analisando as teorias, é possível constatar que não há distinção prática das 
posições condicionalista e concepcionista , uma vez que ambas reconhecem os 
direitos do nascituro. A distinção entre as duas teorias é somente relativa à 
qualificação jurídica : para os concepcionistas, o nascituro dispõe de direitos da 
personalidade, porque já tem a própria personalidade jurídica; já os condicionalistas 
entendem que apesar de já titularizar os direitos da personalidade, a personalidade 
jurídica está condicionada. 
No sistema jurídico brasileiro o nascituro dispõe de direitos da personalidade e, 
portanto, de uma proteção jurídica fundamental - especialmente no que diz respeito 
aos direitos necessários para que venha a nascer vivo. 
 
Direitos assegurados ao nascituro 
Direitos da personalidade como o direito à vida (inclusive proteção contra o 
aborto) e à imagem; 
FERNANDA CAUS PRADO DIREITO CIVIL - PARTE GERAL I 
13 
 
Direito de reclamar alimentos: garantia à vida pré-nascimento, objetivando 
conferir meios de subsistência alimentar e de assistência pré-natal à gestante, 
de modo a propiciar o nascimento do feto e conferir-lhe uma tutela adequada 
e eficaz ao direito da vida intrauterina. 
 
Direito ao reconhecimento de sua filiação; 
 
Direito à proteção pré-natal (art. 7º do ECA); 
 
Direito de receber doação e herança; 
 
Direito de lhe ser nomeado curador de seus interesses. 
 
Capacidade de ser parte ativa em uma relação jurídico-processual: a leilhe 
confere direitos, resultando naturalmente o reconhecimento de meios para a 
defesa deles, através de sua capacitação para a demanda. 
 
Os direitos de natureza patrimonial, por sua vez, somente serão adquiridos pelo 
nascituro com o implemento do nascimento com vida. 
 
CF, art. 5º, caput: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
Lei 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Asolescente, art. 7º: 
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a 
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento 
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. 
 
CP, art. 124 a 128: 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 
54) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze 
anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave 
ameaça ou violência 
FERNANDA CAUS PRADO DIREITO CIVIL - PARTE GERAL I 
14 
 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, 
em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre 
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe 
sobrevém a morte. 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) 
 
Cabe pontuar que se reconhece a possibilidade de aborto do feto anencefálico , 
conforme o entendimento da Suprema Corte (STF, Tribunal Pleno, ADPF 54/DF, Rel. 
Min. Marco Aurélio). Tal fato se justifica pela falta de viabilidade potencial de vida 
humana e pela integridade física e psíquica da gestante. 
 
Direito a alimentos 
Por reconhecer os direitos da personalidade do nascituro, foi editada a Lei nº 
11.804/08, permitindo a concessão de alimentos gravídicos, em favor do nascituro. 
Lei 11.804/08 
Art. 1º Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como 
será exercido. 
Art. 2º Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para 
cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, 
da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência 
médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e 
demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, 
além de outras que o juiz considere pertinentes. 
Art. 6º Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos 
gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades 
da parte autora e as possibilidades da parte ré. 
Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam 
convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes 
solicite a sua revisão. 
Como requisito para a fixação dos alimentos gravídicos, a parte interessada deverá 
demonstrar indícios de paternidade. Ainda há a possibilidade de conversão dos 
alimentos gravídicos em pensão alimentícia para o infante. 
A obrigação alimentar é essencial para a manutenção do indivíduo, logo, é 
indispensável. Uma vez pago o valor a título de alimentos ele não pode ser cobrado 
de volta . 
 
Indenização por dano moral 
Eis outra importante discussão: o nascituro pode ser indenizado por dano moral? O 
STJ tem reafirmado a tese de que é possível. 
 
FERNANDA CAUS PRADO DIREITO CIVIL - PARTE GERAL I 
15 
 
RESP. 399028/SP 
DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO FÉRREA. 
AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO INEXISTENTE. 
INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. PRECEDENTES DA TURMA. 
NASCITURO. DIREITO AOS DANOS MORAIS. DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO 
NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 
I - Nos termos da orientação da Turma, o direito à indenização por dano moral não 
desaparece com o decurso de tempo (desde que não transcorrido o lapso prescricional), 
mas é fato a ser considerado na fixação do quantum. 
II - O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circunstância 
de não tê-lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum. 
III - Recomenda-se que o valor do dano moral seja fixado desde logo, inclusive nesta 
instância, buscando dar solução definitiva ao caso e evitando inconvenientes e retardamento 
da solução jurisdicional. 
 
Tutela jurídica do natimorto 
A doutrina entende que tem proteção jurídica adaptada a sua condição especial. O 
natimorto titulariza, regularmente, os direitos da personalidade , como o direito à 
imagem e ao nome. 
Segundo o Enunciado 1 da I Jornada de Direito Civil: 
A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos 
direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura. 
O natimorto somente não poderá adquirir direitos de cunho patrimonial . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C 
 
 
 
FERNANDA CAUS PRADO DIREITO CIVIL - PARTE GERAL I 
16

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