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Nutrição Materno-Infantil Diabetes na Gestação “É um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta em comum a hiperglicemia, resultante de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas”. (ADA, 2020; SBD, 2019) Classificação do Diabetes Diabetes mellitus gestacional (DMG) é a intolerância aos carboidratos diagnosticada pela primeira vez durante a gestação e que pode ou não persistir após o parto. (SBD, 2019) Existem duas condições que irão nos fazer classificar o diabetes, aquela mulher que tem diabetes prévio a gravidez, aquela mulher que tem o diabetes diagnosticado na gravidez, mas já tinha previamente e a mulher que tem diabetes gestacional, que é uma condição metabólica pela gestação. Fatores de Risco Metabolismo Materno Diabetes Mellitus Gestacional – principal intercorrência metabólica na gestação “Hiperglicemia identificada pela primeira vez na gestação com valores de glicemia fora dos parâmetros para DM prévio” Fator de risco independente → DM tipo 2 e síndrome metabólica. Adaptações Fisiológicas da Gestação ● Aumento das necessidades energéticas ● Fontes energéticas: glicose, ácidos graxos, aminoácidos e colesterol. ● Feto: grande utilizador de glicose, mesmo em jejum materno ● 1a metade da gestação: sintomas GIs + redução alimentar ● Estrogênio e progesterona → hiperplasia pancreática materna, levando ao aumento da secreção de insulina e a deixando mais disponível nos tecidos. Isso gera, em alguns casos, uma resistência à ação da insulina. ● 2a metade: Insulina menos eficaz (alterações nos receptores - progesterona, cortisol, prolactina e HPL). ● Hiperinsulinismo + resistência periférica → estado diabetogênico. ● 12a s gestacional: insulinemia fetal. Filhos de mães diabéticas costumam ser grandes. Insulina é um hormônio anabólico. ● Hiperglicemia materna → hipertrofia das células pancreáticas fetais (macrossomia) ● Macrossomia: órgãos aumentados de volume, imaturos; imaturidade pulmonar ● DM descompensada na periconcepção e no 1o T: aborto; anomalias mais severas. Hiperglicemia na Gestação Hipoglicemia Neonatal - A grande preocupação com crianças de mães com diabetes é a hipoglicemia (níveis <60 para recém nascidos) nas primeiras 48h de vida. A criança produz muita insulina pois recebe muita glicose no ambiente intra uterino, já que a mãe está descompensada. A criança, então, tinha hiperinsulinemia, o que favorece a deposição de gordura. À medida que ela nasce e está no ambiente extra uterino, ela já não recebe mais aquela carga de glicose. Mas até o seu organismo entender e se adaptar, as primeiras 48h são de extremo risco, pois o recém nascido irá continuar produzindo a mesma carga de insulina para uma quantidade de glicose muito menos. Por isso, filhos de mães com diabetes têm mais chance de hipoglicemia neonatal. Diagnóstico Ao falar de diagnóstico, é preciso entender que ele é universal. Toda mulher, independente se tem os fatores de risco, ou não, deve ser estimulada a fazer a triagem para o diabetes na gestação. Como é dividido, hoje, o quadro de diabetes? Primeiro, DM antes da gestação. A mulher já chega sabendo que ela tem DM1, DM2, ou algum outro tipo de diabetes. Em outros casos, a mulher descobre o diabetes na gestação, caso tenha a glicemia de jejum maior ou igual a 126mg/dL ou o teste oral de tolerância à glicose, 2 horas após o teste com 75g de glicose, maior ou igual a 200mg/dL. Existem outras situações que são caracterizadas como diabetes gestacional, que é um caso transitório, podendo persistir, ou não, após a gravidez. A mulher chega no pré natal. Quanto antes ela chegar, melhor. Chegando antes de 20 semanas, ela fará uma glicemia de jejum imediatamente. Se a glicemia estiver ≥ 126mg/dL, a mulher já é caracterizada com diabetes mellitus. Se antes de 20 semanas a glicemia de jejum estiver entre 92 e 125mg/dL, a mulher tem diabetes gestacional. Se a mulher apresenta uma glicemia de jejum < 92mg/dL, ela será avaliada novamente por volta de 24-28 semanas, quando fará o TOTG e terá as aferições em jejum, 1 hora e 2 horas depois. Dependendo dos valores, a mulher será classificada com diabetes gestacional. O diabetes na gestação é uma condição totalmente possível de lidar, mas é preciso alguns cuidados, visto o risco que ele tem de mortalidade do período perinatal (período entre a gestação e os 42 dias pós parto). O Impacto do DMG Diabetes mellitus gestacional - Estado normoglicêmico ao longo do pré-natal e, desta forma, prevenir ou minimizar riscos à saúde gerados pelo ambiente hiperglicêmico. ● Riscos maternos – SHG, parto cesariana, DM tipo 2 e síndrome metabólica. ● Riscos fetais – macrossomia, hipoglicemia, obesidade infantil e síndrome metabólica na vida adulta. ● “Ciclo vicioso”. Estratégias do Tratamento ● Planejamento da gestação; ● Acompanhamento pré-natal; ● Controle glicêmico satisfatório; ● Ajuste da insulina; ● Detecção precoce de fatores de risco; ● Adoção de hábitos de vida saudáveis; ● Terapia nutricional específica; ● Prevenção de Obesidade e DM2 futuros. ● Pré-prandial ≤95 mg/dL ● 1h pós-prandial ≤140 mg/Dl ● 2h pós-prandial ≤120 mg/dL A glicemia pós-prandial é aquela que está mais relacionada à macrossomia, por isso é importante medir. Para gestantes com DM1 ou DM2 pré-existente: ● Na hora de dormir e durante a madrugada 60-99 mg/dL. Visando evitar a hipoglicemia de madrugada. ● Pós-prandial entre 100-129mg/Dl ● A1C < 6% (isso mostra um bom controle) Objetivos da Terapia Nutricional ● Manutenção da glicemia na faixa de normalidade; ● Fornecimento de energia e nutrientes adequados para ganho de peso desejável; ● Controle da PA; ● Prevenção do desenvolvimento de DM tipo 2 no pós-parto; ● Otimização das condições de saúde materna e de desenvolvimento fetal, através do cuidado nutricional e atividade física adequada. Avaliação Nutricional ● Avaliação Antropométrica ● Avaliação Dietética ● Avaliação Clínica e Funcional ● Avaliação sociodemográfica, obstétrica ● Avaliação Bioquímica e dos exames complementares Ganho de peso gestacional semanal e total (kg) recomendado até o termo gestacional, conforme o Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional. Recomendações Nutricionais (Brasil 2019) Orientação Nutricional (Brasil, 2019) Método Tradicional ● Estratégia recomendada há tempos e sugerida por comitês nacionais e internacionais de saúde; ● Distribuição energética dos macronutrientes por refeição; ● Fracionamento das refeições em três principais e três intermediárias, com horários regulares; ● Lista de substituições → grupos de alimentos (de valor calórico e nutricional semelhante e divididos em porções). ● A distribuição calórica diária será de 10–20% no café da manhã, 20–30% no almoço, 20–30% no jantar e até 30% para lanches. Método de Contagem de Carboidratos ● Determina-se a quantidade total de carboidratos (CHO) em gramas, por refeição; ● Vantagens: flexibilidade, aceitação da doença, controle glicêmico mais adequado; ● Tipos: Lista de substituições de CHO e Contagem em gramas de CHO. Observações: ● Vitaminas e Minerais - Na não deve ser restrito - Suplementação de ferro e ácido fólico - Vitamina A: preferir fontes animais ● Evitar álcool, alimentos ultraprocessados ● Cafeína: uso moderado ● Dieta fracionada: 3/3h,5-6 refeições/dia ● Orientação detalhada quanto à composição das refeições ● Conduta adequada para sintomatologia digestiva, intercorrências, hábitos, condições SD ● Recomendar leitura de rótulos dos produtos industrializados ● Atividade física é recomendada ● Insulinoterapia quando indicada– ajuste individual ● Incentivo ao aleitamento materno Os Edulcorantes Regulamentados Para Uso no Brasil (Brasil, 2019) Na prática no máximo: 6 sachês ou 15 gotas/dia Ciclamato: Terminantemente proibido para gestantes As recomendações falam muito, hoje, do uso de edulcorantes de uma forma variada. Mais importante do que a quantidade é variar. A Sacarina sempre vem junto com Ciclamato e este não é liberado na gestação. Índice Glicêmico (Brasil,2019) Para crianças, principalmente, não é recomendado o uso do Índice Glicêmico. Para mulheres com diabetes na gestação, que está muito ligada à questão da resistência à insulina, tem se especulado um pouco essa utilização e recomendações têm dividido os alimentos segundo o IG. Monitorização (Brasil, 2019; SBD, 2019) ● Automonitorização domiciliar – DM1, DM2, DG – registro diário de cada medição ● Seis medições: 3 testes pré-prandiais e 3 testes pós-prandiais - 2h após as principais refeições. ● Meta: - glicemia jejum <95 mg/dl - 1 h pós-prandial <140 mg/dl - 2 h pós-prandial <120 mg/dl. Insulinoterapia Insulinoterapia – hiperglicemia e macrossomia fetal (circunferência abdominal fetal ≥ P75 entre 29 e 33s). O objetivo da terapia com insulina é manter os níveis de glicemia capilar ≤ 95 mg/dL em jejum; ≤100mg/dL antes das refeições; ≤ 140 mg/dL uma hora pós-prandial; e ≤ 120 mg/dL duas horas pós-prandial. Importante lembrar que gestantes em uso de insulina devem manter a glicemia de jejum acima de 70 mg/dL e pós-prandiais não inferiores a 100 mg/dL. Avaliação Pós-Parto TOTG 75g de Glicose 6 semanas pós-parto → PADRÃO OURO! Considerações Finais ● Equipe multidisciplinar ● Assistência nutricional pré-natal individualizada, humanizada e acolhedora, com formação de vínculo profissional-cliente e da atuação da equipe multiprofissional, para minimizar os riscos de morbidade tanto para a mulher quanto para seu concepto. ● Difusão do método de contagem de carboidratos
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