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Nutrição Materno-Infantil Desnutrição em Pediatria Embora medidas antropométricas são frequentemente usados para identificar e classificar a extensão da desnutrição em crianças, a etiologia mais complexa da desnutrição pediátrica descrita recentemente por Mehta et al (2013) reconhece que a antropometria identifica apenas um subconjunto de pacientes pediátricos desnutridos. Essa definição incorpora os conceitos de cronicidade, etiologia e patogenia da desnutrição, sua relação com a inflamação e seu impacto sobre as alterações funcionais corporais. (Metha, 2013) Tipos de Desnutrição 1. Desnutrição Primária 2. Desnutrição secundária 3. Desnutrição intra-hospitalar Determinantes - Desnutrição Infantil Na desnutrição, uma coisa leva a outra, gerando um ciclo vicioso. A criança que come menos apresenta uma imunidade pior, maior gravidade, perda de apetite, de nutrientes e etc. A desnutrição coloca a criança em risco em situações de gravidade. Classificação da Desnutrição (OMS, 2005) Semiologia Nutricional na Criança Em um primeiro momento, é muito importante pensar, em uma condição de desnutrição grave, quando a criança chega com uma situação crítica. O estresse metabólico pode levar à uma metabolização limitada de substratos, principalmente relacionados aos macronutrientes e a criança também pode ter uma retenção hídrica, que vai aumentar a permeabilidade vascular, perda proteica e acúmulo de líquido no interstício. Uma criança com desnutrição pode ter edema pois a albumina que mantém a pressão no vaso. Uma criança desnutrida que tem baixa reserva de albumina, déficit proteico, alimentação inadequada, diminuindo a sua capacidade de manter o líquido no vaso, havendo um vazamento para o interstício. Resposta Intestinal à Doença Grave Muitas vezes a criança tem o achatamento das vilosidades intestinais. As enzimas que estão presentes na membrana borda em escova são principalmente as dissacaridases, como a lactase, e serão reduzidas. Pode ocorrer, inclusive, uma intolerância secundária à lactose. Desnutrição Proteica Aguda e Falência de Múltiplos Órgãos Etapas da Avaliação Nutricional ● Triagem nutricional ● Anamnese clínica e nutricional (quantitativa e qualitativa) ● Exame físico detalhado (busca de sinais clínicos ● relacionados a distúrbios nutricionais) ● Antropometria ● Exames bioquímicos Pontos de um Instrumento de Triagem (1) condição clínica do momento (2) se a condição é estável (3) se a condição pode piorar (4) se o processo da doença pode acelerar a deterioração nutricional Um dos instrumentos, hoje, de triagem nutricional mais recomendados no Brasil é o STRONG kids. É um instrumento composto por 4 perguntas. A grande limitação do STRONG kids é que ele costuma ter uma boa sensibilidade para a criança que tem desnutrição, mas não capta quem não tem. Então é preciso ter cuidado para não fazer intervenções desnecessárias. Avaliação Nutricional Subjetiva em Pediatria ● Ferramenta de Avaliação Nutricional Subjetiva em Pediatria. ● Validada no Canadá por Secker e Jeejeebhoy (2007). ● Pacientes pediátricos (1 mês - 18 anos) submetidos a cirurgia, em um Hospital Universitário em Toronto. Classificação O estado nutricional é classificado em três diagnósticos: Normal ou Bem nutrido Moderadamente desnutrido Gravemente desnutrido NÃO APRESENTA PONTUAÇÃO EM SCORE! É baseada na experiência do profissional. Tem dados sobre a história clínica, sobre o exame físico, todos os domínios sobre o estresse metabólico da doença, capacidade funcional, ingestão alimentar, sobre a antropometria… A própria doença é classificada de acordo com os níveis de estresse sugerido e o exame físico, que irá avaliar perda de gordura subcutânea, muscular e edema. Ao final, são apresentadas algumas diretrizes para a pontuação, como normal ou bem nutrido, moderadamente desnutrido e gravemente desnutrido. Clínica ● Hipoatividade ● Alteração do desenvolvimento ● Irritabilidade ● Alteração de pele e fâneros ● Redução do subcutâneo ● Fácies senil ● Musculatura hipotrófica ● Hepatomegalia ● Edema Classificação Clínica Em relação às formas graves, marasmo, kwashiorkor e mista as características são marcantes. É uma classificação de acordo com o macronutriente predominante no déficit. Kwashiorkor (base proteica) Marasmo (base calórica) Kwashiorkor-Marasmático (Palma e Sarni, 2010; OMS, 2011; Welfort, 2017) Clínica do Marasmo ● Déficit de peso e crescimento ● Atrofia muscular e subcutânea ● Pele enrugada ● Fácies senil (simiesca) ● Emagrecida ● Baixa atividade ● Cabelos podem estar alterados ● Abdome pode estar distendido ou escavado com peristalse visível ● Pulso lento, temperatura axilar é subnormal ● Anemia Kwashiorkor ● Predomina deficiência proteica ● Causa: desmame precoce – “doença do primogênito quando nasce o 2o filho”. ● Mais frequente no 2o e 3o ano de vida Clínica do Kwashiorkor ● Hipoativa, desinteressada, apática ● Anorética ● Insuficiência de crescimento, consumida ● Atrofia muscular ● Edema, ascite, face de lua ● Hepatomegalia com esteatose ● Cabelos com discromia (sinal da bandeira) e quebradiços ● Despigmentação da pele da face ● Dermatose em área de atrito ● Áreas de hiperpigmentação que descamam ● Maior risco de infecções ● Anemia ● Aumento da mortalidade (Palma e Sarni, 2010; OMS, 2011; Welfort, 2017) Exame Físico de Crianças com Desnutrição Desidratação na Criança Grave Tratamento da DEP Passos do Tratamento ● Passo 8 – Fase de reabilitação ou de crescimento rápido. ● Passo 9 – Afetividade, estimulação, recreação e cuidado. ● Passo 10 – Preparar para alta e acompanhamento pós-alta. Esquema de procedimento para diagnóstico e tratamento hospitalar da criança com desnutrição grave Tratamento da DEP FASE I – INICIAL/ESTABILIZAÇÃO Esta fase compreende as ações descritas nos Passos 1 a 7 e objetiva: • Tratar os problemas que ocasionem risco de morte; • Corrigir as deficiências nutricionais específicas; • Reverter as anormalidades metabólicas; • Iniciar a alimentação. Não utilizar o ferro nas duas primeiras semanas de tratamento, já que é um micronutriente pró-oxidante e, diante de um quadro de infecção, é possível agravar o quadro. FASE I – Estabilização • Considerar uso de CNG (cateter nasogástrico) ou CNE (cateter nasoentérico) • Oferta hídrica : 80-130 ml/Kg • Oferta calórica: 80-100 Kcal/Kg • Oferta protéica: 1,5g/Kg/dia FASE II – REABILITAÇÃO Estas ações estão descritas nos Passos 8 e 9 e objetivam: • Dar a alimentação intensiva para assegurar o crescimento rápido visando recuperar grande parte do peso perdido, ainda quando a criança estiver hospitalizada; • Fazer estimulação emocional e física; • Orientar a mãe ou pessoa que cuida da criança para continuar os cuidados em casa; • Realizar a preparação para a alta da criança, incluindo o diagnóstico e o sumário do tratamento para seguimento e marcação de consulta, na contra-referência da alta hospitalar. • Considerar uso de CNG ou CNE • Oferta hídrica : 150- 200 ml/Kg • Oferta calórica: >150 Kcal/Kg (150 a 220 Kcal/Kg) • Oferta protéica: 4 a 6 g/Kg/dia FASE III – ACOMPANHAMENTO Compreende as ações descritas no Passo 10 e objetiva: • Após a alta, encaminhar para ambulatorial / centro de recuperação, acompanhamento nutricional / atenção básica / comunidade / família para prevenir a recaída e assegurar a continuidade do tratamento. • O Ministério da Saúde está desenvolvendo protocolos de atenção à saúde da criança com desnutrição nesses níveis de atenção. Síndrome da Realimentação (Gomes et al, 2019) Síndrome da Recuperação Nutricional ● Hepatomegalia ● Circulação colateral ● Distensão abdominal ● Ascite ● Fácies de lua cheia ● Sudorese intensa na cabeça ● Hipertricose ● Unhas com desnível transversal ● Cabelos com pontas mais claras ● Alterações laboratoriais Reposição de Micronutrientes Metas Terapia Nutricional Enteral Nutrição Trófica Fatores que devem ser avaliados para início da dieta enteral: ● Anormalidades gastrointestinais ● Estabilidade hemodinâmica (Taylor, 2019)Etapas da TNE ● Triagem e Avaliação nutricional detalhada ● Definir metas nutricionais do paciente ● Definir necessidades nutricionais: energéticas, proteínas, fluidos, etc ● Definir qual melhor suporte nutricional a ser usado: baseado na ingestão vs exigências clínicas ● Definir a via de TN ● Monitoramento, acompanhamento e Avaliação da TN instituída (Padilha et al, 2017; 2020) Estimativas das Necessidades Nutricionais Metabolismo Basal Médio da Infância até a Vida Adulta Fórmulas Utilizadas P: peso (kg); E: estatura (m). Utilizadas para crianças em TNE. Nível de Atividade Física Fator Estresse O fator estresse para desnutrição pode chegar até 2,0. Necessidades Energéticas em Crianças Saudáveis (FAO,2004) Necessidades Nutricionais Necessidades Proteicas de Acordo com a Idade Necessidades Hídricas Vias de Acesso Sonda ou cateter ● Cateter intragástrico (naso ou orogástrico); ● Cateter entérico (duodenal ou jejunal) e; ● Estomias (gastrostomia ou jejunostomia), realizadas por endoscopia ou cirurgia Volume Inicial da Dieta Enteral Pacientes DN ou longo período de jejum: 25% do VET; 1o dia =25 a 30% do VET 2o dia =50 a 60% do VET 3o dia =100% do VET Pacientes já alimentados: 50% das necessidades. 1o dia =50% do VET 2o dia =100% do VET Tipos de Dieta 1. Podem ser classificadas de acordo com: I. Preparo II. Indicação III. Composição nutricional IV. Complexidade dos macronutrientes V. Quanto a inclusão de elementos específicos Exemplo de Dietas para Uso em Sistema Aberto Exemplo de Dietas para Uso em Sistema Fechado II. QUANTO A INDICAÇÃO a. Padrão – É a dieta que fornece ao organismo os nutrientes que ele necessita. Similar a uma alimentação normal. Ex: dieta normocalórica ou hiperproteica. a. Especializada – É a dieta específica para uma situação clínica. Ex: dieta para nefropatia ou hepatopatia. III. QUANTO A INCLUSÃO ELEMENTOS ESPECÍFICOS Formulações específicas para atender as necessidades nutricionais diferenciadas de acordo com a doença de base. Ex: Doença inflamatória intestinal IV. QUANTO A HIDRÓLISE PROTÉICA - Polimérica - Oligomérica ou semi-elementar - Elementar Classificação das Fórmulas Segundo a Densidade Calórica EXEMPLO 1: Dieta polimérica DC: 1,2 kcal/ml Volume da dieta: 500ml de dieta Valor calórico da dieta = 600kcal Logo: 1ml = 1,2 kcal 500ml = x kcal 500 x 1,2 = 600 600 ÷ 1 = 600 kcal Manejo das Complicações Considerações Finais ● O papel do nutricionista na liderança da TNE ● Planejamento da TNE ● Atualização de condutas dos comitês nacionais sobre desnutrição
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