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COMPLICAÇÕES URINÁRIAS DA HAS PRIMÁRIA A principal causa de doença renal crônica no Brasil e na maioria dos países, é a HAS e principal causa de doença renal crônica que leva à diálise (5º estágio da doença). A segunda maior causa é o DM. Os pilares da HAS: ingesta excessiva de sódio > aumenta a volemia, obesidade > hiperinsulinemia, envelhecimento > diminuição da filtração renal (doença renal senil, é a esclerose dos glomérulos), estresse > aumenta a atividade simpática, que aumenta a reabsorção de sódio no túbulo proximal e aumenta a volemia, tabagismo > atua diretamente nos rins, álcool e fatores genéticos. A HAS tem grande prevalência acima dos 55 anos (50%). Nefroesclerose Hipertensiva: Paciente com HAS e sem evidência de nenhuma outra doença sistêmica ou glomerulonefrite. É uma doença renal progressiva causadora de doença renal crônica grave, mais prevalente em indivíduos masculinos e negros. A hipertensão arterial sistêmica de causa desconhecida resulta em desenvolvimento de lesões intrínsecas das arteríolas renais, com alterações patológicas que ocorrem predominantemente na microvasculatura pré-capilar e envolvem, secundariamente, o glomérulo e o interstício. Se as medidas adequadas não forem tomadas, a lesão pode ser transmitida para os glomérulos, túbulos e interstício, levando à necrose. A nefroesclerose benigna é a mais comum, ela pode levar à doença renal crônica do mesmo modo. A maligna é de instalação abrupta, pode levar o paciente à óbito. NEFROESCLEROSE BENIGNA A nefroesclerose arteriolar é vista em pacientes com hipertensão arterial (PA>150 x90 mmHg) de longa data. Se a pessoa não verificar sua PA rotineiramente, ela não saberá que tem HAS e poderá ter LOA por conta da demora do diagnóstico. Usualmente, o diagnóstico de NH baseia-se apenas em dados clínicos, sem biópsia renal (porque é totalmente inviável) ou qualquer evidência segura de que a hipertensão realmente precede o quadro. Embora a nefroesclerose benigna seja vista no envelhecimento normal (mesmo em pacientes sem hipertensão), a mesma é usualmente associada e claramente exacerbada pela hipertensão crônica. Outros fatores individuais também estão implicados, a citar: raça negra (risco oito vezes maior de doença renal em estádio terminal induzido pela hipertensão) e fatores genéticos. Epidemiologia Pelo fato de a população hipertensa ser enorme, mesmo ínfima parte de pacientes com doença “benigna” evoluiria para a DRC. Em virtude da evolução lenta da nefropatia, tempos curtos de seguimento, como 5 ou 7 anos, não seriam suficientes para detecção de um caso incidente. Mecanismos O rim possui um sistema de autorregulação, quando a PA aumenta, há compressão da arteríola aferente para que não haja lesão glomerular. Em algumas pessoas, esse mecanismo é ineficaz, aumentando a pressão no capilar glomerular e aumenta a filtração, porém lesando a parede capilar, o que causa proteinúria. IMAGEM: fenômeno de autorregulação. A excessiva é a nefroesclerose maligna. Manifestações Clínicas Por definição, o diagnóstico de NH deveria ser baseado nos achados histológicos; entretanto, o diagnóstico na maioria das vezes é clínico. Uma vez que a maioria dos pacientes são idosos, e com proteinúria frequentemente inferior a 0,5g/24h, biópsia renal raramente torna-se indicada. Pacientes com NH tipicamente apresentam-se com história de hipertensão de longa data, elevações lentamente progressivas nos níveis de ureia e creatinina, além de leve proteinúria. O exame de urina mostra poucas alterações, com poucas células e cilindros. Critérios clínicos · História familiar de hipertensão (parente de primeiro grau) · Hipertrofia ventricular esquerda ou presença de retinopatia hipertensiva · Proteinúria · Hipertensão de longa data precedendo qualquer evidência de doença renal · Ausência de exposição a nefrotoxinas · Ausência de doença renal intrínseca ou congênita · Ausência de doença sistêmica associada com doença renal Critérios patológicos · Hipertrofia miointimal, duplicação da lâmina elástica interna, hipertrofia da camada média · Depósitos eosinofílicos, hialinos, na parede arterial e arteriolar · Artério e arteríoloesclerose · Túbulos microcísticos atróficos contendo cilindros proteicos · Esclerose glomerular focal ou global · Espessamento das paredes capilares Do ponto de vista anátomo-patológico, na nefroesclerose benigna destacam-se alterações vasculares, glomerulares e túbulo-intersticiais. As alterações vasculares caracterizam-se por hialinose arteriolar e arterial, hipertrofia da média e fibrose intimal. Diagnóstico Anamnese e exame físico (PA e fundo de olho). Exames complementares: · Creatinina sérica · EAS – afastar outras causas · Clearence de creatinina · Microalbuminuria (quantidade muito pequena de proteinúria) · Proteinúria Tratamento · Controle da HAS – preferência pelos inibidores/bloqueadores do SRAA (IECA, BRA e inibidor de renina) · Controle da proteinúria · Dieta · Atividade física NEFROESCLEROSE MALIGNA Em relação a conceituação de hipertensão severa, vários autores fazem distinção entre hipertensão acelerada (que a fundoscopia mostra hemorragias e exsudatos, classificação de Keith-Wagner grau 3) e hipertensão maligna (fundoscopia com edema de papila, grau 4 de KW). Sabemos hoje que essas entidades são as mesmas e só denotam momentos diferentes do comprometimento vascular da doença. Causas · Primária – 20 a 30% em brancos e 82% em negros · Secundária – principalmente doença renal parenquimatosa e renovascular Idade: de crianças a idosos (mais elevada na HA essencial do que na HA secundária) Consequências: alta prevalência de comprometimento renal, cardíaco e encefálico. Características · Alterações vasculares proliferativas e necróticas · Instalação rápida · Evolução fulminante com encefalopatia, hematúria, proteinúria, disfunção cardíaca e renal · Alta mortalidade se não tratada Manifestações clínicas · Início abrupto de proteinúria · 1/3 dos pacientes pode evoluir com proteinúria 24h > 4g · Hematúria microscópica em 50 a 100% dos casos; hematúria macroscópica, em 20% · Insuficiência renal é comum. · Retinopatia grau III e IV · Alterações vasculares incluem: endarterite obliterante e necrose fibroide Terapia dialítica Indicação quando clearance menor que 10ml/minuto. Pode ser hemodiálise (geralmente 3 vezes na semana, mas depende de cada paciente) ou diálise peritoneal (diária). Transplante renal No Brasil é feito depois que o paciente já está na diálise, a menos que o paciente tenha um doador vivo disponível.
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