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AULA 4 GESTÃO POR PROCESSOS E A INTEGRAÇÃO ESTRATÉGICA Profª Aneli Maria Martins da Silva 2 TEMA 1 – CONHECIMENTO COMO FATOR DE PRODUÇÃO Pessoas e organizações, sejam elas públicas ou privadas, vivem um momento da história no qual determinadas premissas estão passando por profundas transformações. Wildauer (2015, p. 35) nos diz que o “conhecimento é um elemento inerente às pessoas. Ele não vem de máquinas, e sim de pessoas; por isso, deve ser considerado um fator essencial do processo de produção e de geração de riquezas”. Nesse aspecto, discussões com foco em novas possibilidades, como estratégias empresariais, gestão do conhecimento, gestão de processos, qualidade e inovação são necessárias para se manter a competitividade das organizações, seja mediante normas e regulações legais vigentes, pelo dinamismo do mercado ou por meio de novas possibilidades que possam garantir qualidade nos processos relacionados aos negócios. A preocupação com o trabalho bem feito já estava presente antes da Revolução Industrial, quando o artesão, ao criar um único produto sem importar o custo ou o esforço necessário para isso, conseguia satisfazer tanto a sua satisfação quanto a do cliente. Desde então, o conceito de qualidade tem percorrido um longo caminho, sobretudo durante o século XX, em que o termo foi se acomodando à evolução industrial, dando lugar a numerosas teorias, conceitos e técnicas. Conforme afirmado acima, a qualidade relaciona-se a inúmeros conceitos, de modo que vale a pena ressaltar alguns autores reconhecidos no tema. Juran (1992, p. 9) afirmava que a “qualidade é a ausência de deficiências”, enquanto (Crosby, 1986, p. 31) reforçou a ideia de que qualidade “é a conformidade do produto às suas especificações”. Para Ishikawa (1993, p. 43), “qualidade é desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto de qualidade que é mais econômico, mais útil e sempre satisfatório para o consumidor”. Enquanto Juran (1992) tinha seu foco nos erros, ou na ausência deles, para Crosby, (1986) foco era atender ao solicitado pelo cliente. Por fim, Ishikawa (1993) defendia o foco da qualidade nos processos e no próprio cliente. Assim, prevalece a melhoria dos processos como um dos requisitos essenciais para a qualidade e melhoria contínua, e também como um fator estratégico fundamental, do qual dependem a maior parte das organizações. 3 Cavalcanti e Gomes (2001, p. 55) afirmam que a gestão da organização deve “usar o conhecimento existente na organização para gerar melhores resultados. Os grandes ganhos de produtividade, daqui para frente, advirão das melhorias na gestão do Conhecimento”. Nesse sentido, a busca do aumento da produtividade, da competitividade por meio do conhecimento gerado e da inovação são fatores determinantes para o sucesso das organizações. Sem eles, as empresas não serão capazes de manter sua competitividade e perpetuidade. Ser competitiva, lucrativa, produtiva e perpetuar-se são fatores diretamente relacionados à inovação. Nesse contexto, vale ressaltar o significado de Inovação, que segundo o Dicionário Online de Português (Dicio), significa, Novidade; aquilo que é novo; o que apareceu recentemente... [Jurídica] Qualquer modificação ou alteração de fato ou de direito que desperta ou incita o interesse de uma avaliação judicial do caso. [Linguística] O que aparece de novo numa língua, não tendo surgido anteriormente. Ação ou efeito de inovar. Por sua vez, o dicionário on-line Michaelis reforça esta definição como sendo o “ato ou efeito de inovar”, e também “tudo que é novidade; coisa nova”. Validando as definições vistas acima, Possoli (2012, p. 16) defende que a Inovação é considerada a prática de explorar novas ideias de forma correta. Diante disso, a ideia de algo ser ou não bem-sucedido depende do objetivo e dos sujeitos ou organizações envolvidas. Uma inovação pertinente em determinada empresa privada, por exemplo, pode se referir ao incremento do faturamento, ao crescimento da margem de lucro, à abertura de novos mercados e ao lançamento de novos produtos ou serviços, entre outras vantagens. Ainda segundo o autor, inovações também podem, estar vinculadas a novas modelagens de negócio, a novos mercados, métodos, processos organizacionais e a novos tipos e fontes de suprimentos. Diante disso, é comum confundirmos inovação e processo de inovação com o aprimoramento constante de produtos, métodos, serviços, processos etc. Por isso, devemos saber que a inovação gera um impacto significativo para a organização ou para o conjunto de pessoas nela envolvidas, se considerarmos esse processo como um todo e não apenas em seus aspectos isolados. (Possoli, 2012 p. 17) Ao estudar a evolução do contexto organizacional, vimos as principais características de uma organização de gestão do conhecimento. Dessa forma, agora entendemos que não existe inovação sem conhecimento, uma vez que esses dois fatores são indissociáveis. 4 TEMA 2 – CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL COMO UM PROCESSO O conhecimento é a garantia de que conhecemos o que é feito, como é feito e o que podemos mudar. Com base nesse conhecimento e em sua gestão, podemos pensar em nosso futuro e onde queremos chegar. Possoli (2012, p. 96) afirma que “ao analisarmos o conhecimento organizacional como um processo, a gestão do conhecimento pode ser entendida como um conjunto de ações que sistematizam uma base de saberes em operação por iniciativas de aprendizagem organizacional”. Nonaka e Takeuchi (1997, p. 82) afirmam que a criação do conhecimento organizacional acontece por meio de um processo em espiral, que começa no nível pessoal e vai sendo ampliado para os grupos que integram as comunidades de integração. Essas comunidades, por sua vez, cruzam fronteiras entre as seções, os departamentos e as divisões, atingindo um nível superior da interorganização. Nesse modelo, o conhecimento é convertido de quatro formas: Socialização, Combinação, Internalização e Externalização. (1997, p. 82) Este modelo em “espiral” de conversão do conhecimento é conhecido como Modelo SECI, conforme demonstrado na figura 1. Figura 1 – Espiral do conhecimento/Modelo SECI Fonte: elaborado com base em Nonaka e Takeuchi, 1997. É importante que seja esclarecida a diferença entre conhecimento tácito e conhecimento explícito. Ao definir conhecimento explícito, Carvalho (2012, p. 26) defende que 5 podemos entendê-lo como conhecimento codificado em linguagem. Por isso ele apresenta uma estrutura formal e sistêmica, facilita a sua transmissão de um indivíduo para outro e confere a ele um caráter mais impessoal. Trata-se de um conhecimento cristalizado que pode ser transmitido por palavras, números, fórmulas etc., pode ser armazenado e transportado em artigos, manuais, livros, planilhas banco de dados etc. Pode, enfim, ser ministrado em aulas e palestras. Nesse sentido, o conhecimento explícito é mensurável, além de ser mais racional e teórico. Você pode visualizar melhor esse conceito entendendo que o conhecimento explícito necessário para fazer um bolo, por exemplo, está contido na receita desse bolo. (Carvalho, 2012, p. 26) Em relação ao conhecimento tácito, ele afirma que não é um conhecimento palpável, muito menos explicável. Ele é profundamente pessoal, e por isso muito mais difícil de ser compartilhado. Longe de intelectual e teórico, conhecimento Tácito é empírico e prático. Seu contexto é o daqui e agora. Sua configuração aborda as sensações e emoções do indivíduo, bem como suas crenças, intuições, habilidades e experiências informais, modelos mentais e percepções. Em linhas gerais, o conhecimento Tácito determina grande parte de nossa visão de mundo sem que nem ao menos percebamos e, muitas vezes, corresponde a um conhecimento que nós temos e ignoramos ou não sabemos explicar. (Carvalho, 2012, p. 26) Para auxiliarno entendimento do conteúdo referente à gestão do conhecimento e, mais especificamente, sobre a espiral do conhecimento, sugerimos os filmes Monstros SA e O Diabo Veste Prada, disponíveis no endereço: <https://www.youtube.com/watch?v=EMEy5929yqc>. Agora que já estamos familiarizados com conceitos e características do conhecimento como fator de produção e do conhecimento organizacional como um processo, vamos abordar a gestão por processos. TEMA 3 – ESTRUTURA FUNCIONAL X ESTRUTURA POR PROCESSOS X ESTRUTURA MATRICIAL A proposição deste tema é refletir acerca do gerenciamento das organizações por meio das três principais abordagens que têm contribuído para a discussão nos últimos anos. A primeira abordagem está relacionada aos departamentos e funções de uma organização; a segunda está direcionada aos processos da empresa, o que, segundo especialistas, permite que ela funcione de maneira mais eficaz; a terceira diz respeito ao gerenciamento por projetos, considerada uma das mais modernas e eficazes por proporcionar maior agilidade no processo de decisão em tempos de alta competitividade. I. Estrutura Funcional: em um enfoque "tradicional", baseado em hierarquias e organogramas, os diferentes setores (comercial, produção, 6 administração e finanças) antepõem suas necessidades à necessidade do cliente. Na estrutura funcional, por exemplo, o setor de produção pode adiantar ou atrasar o pedido em função de seu planejamento de produção. A administração pode atrasar a expedição ou a recepção das matérias-primas em função de minimizar os custos de transporte. O departamento comercial, ao ser perguntado pelo cliente sobre o atraso de seu pedido, pode não ter ideia de que houve um problema. Ainda, o setor de finanças poderá enviar a fatura antes mesmo do material ter sido entregue ao cliente. Apesar do exagero apresentado no exemplo acima, podemos afirmar que todos nós conhecemos empresas que funcionam assim, e que os resultados dessas ações transformam a estrutura da empresa em um “caos” absoluto, gerando uma crescente insatisfação por parte dos clientes e até a perda deles. II. Estrutura por Processos: a globalização dos mercados, as novas tecnologias e as exigências dos clientes estão propiciando uma concorrência cada vez mais concreta entre as organizações. A sobrevivência dessas organizações depende da entrega de produtos que atendam às necessidades e às expectativas dos clientes por meio de preços competitivos. Para isso, é fundamental garantir que diversas ferramentas e modelos relacionados à gestão da empresa a direcionem para o que podemos definir como "trabalhe sempre bem", ou seja, buscar a excelência em todas as suas áreas. A estrutura por processos tem como foco principal a melhoria contínua, o que irá permitir ganhos expressivos para a organização em termos de desempenho do produto e/ou do serviço oferecido, tornando-a mais eficiente e eficaz. III. Estrutura Matricial: a estrutura matricial não se caracteriza como uma estrutura clássica, mas sim por ser uma estrutura com foco em projetos. É uma estrutura mais flexível, mais eficaz, com decisão, responsabilidade e autoridade descentralizada, tornando-a, assim, menos burocrática. Na estrutura matricial há dois gerentes (de linha e de projetos). O gerente de linha tem como função controlar os recursos do projeto, dentro do prazo, com o custo inicialmente previsto e desempenho esperado; e o gerente do projeto tem por função “negociar” com o gerente de linha. 7 A equipe é composta por pessoas de diversas formações. O gerente de projetos pode ser também de produto, de serviço, de cliente etc. Vargas (2016, p. 11) define projeto como um empreendimento não repetitivo caracterizado por uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade. (Vargas, 2016, p. 11) Na estrutura matricial, cada membro da equipe terá dois gestores, um referente ao setor ao qual ele faz parte e outro relacionado ao projeto no qual está inserido. Na estrutura organizacional por processos, a questão central a ser destacada está associada à definição da estruturação organizacional por processos como uma alternativa que as organizações podem escolher para orientar a forma de seu projeto organizacional e priorizar ao máximo o eixo de processos. Por outro lado, uma gestão de processos pode ser, e frequentemente é, realizada em outros tipos de estrutura. A organização somente precisará de uma estrutura por processos se decidir ter um modelo de gestão por processos. Os demais tipos de estruturas podem ter orientação por processos. (Paim et al, 2009, p. 291) Esse modelo de estrutura organizacional é considerada uma alternativa moderna para as empresas, pois se pensarmos que para desenvolver determinado projeto é preciso manter relacionamentos, buscar informações e alinhar comunicação, ou seja, alinhar as necessidades do projeto com diferentes stakeholders, nada melhor que contar com dois líderes e, consequentemente, contar também com duas equipes, a de seu próprio setor e a equipe do projeto que está designado. TEMA 4 – GERENCIAMENTO DE PROJETOS Antes de adentramos no universo do gerenciamento de projetos, vamos conhecer brevemente algumas das mais importantes instituições e documentos relacionados a ele, entre eles: (PMI) Project Management Institute; (IPMA) International Project Management Association; (PMBOK) Project Management Body of Knowledge. O PMI nasceu em 1969 com sede nos Estados Unidos da América (EUA), na Filadélfia, estado da Pensilvânia. Segundo Valle (2007, p. 36-37), “é uma das principais associações mundiais em gerenciamento de projetos”. O PMI é uma associação composta de membros (profissionais de gerenciamento de projetos), 8 dividida em capítulos chamados de “chapter”, isso significa que cada profissional de projetos faz parte de um capítulo. O número de associados do PMI continuou crescendo, bem como os programas e serviços oferecidos pela associação. Um código de ética foi adotado para a profissão, foi criada a certificação Project Management Professional (PMP) e em seguida os primeiros profissionais foram certificados”. (Valle, 2012, p. 37) A certificação e a criação dos capítulos (chapter) nasceu com a intenção de gerar melhorias contínuas na gestão de projetos e o consequente reconhecimento dos profissionais da área. O PMI fornece também terminologia e glossário comum para a área de gerenciamento de projetos, conforme descrito no PMBOK® GUIDE. A definição estabelece 10 áreas de conhecimento, apresentadas na figura 2. Figura 2 – 10 áreas do conhecimento do PMBOK Fonte: elaborado com base em PMBOK®GUIDE. As áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos definidas pelo PMI e descritas no PMBOK são resumidas por Vargas (2016, p. 26): 9 Gerenciamento de integração: Engloba os processos requeridos para assegurar que todos os elementos do projeto sejam adequadamente coordenados e integrados, garantindo que o seu todo seja sempre beneficiado; Gerenciamento de escopo: engloba os processos necessários para assegurar que no projeto esteja todo o trabalho requerido, e somente o trabalho requerido, para concluí-lo de maneira bem-sucedida; Gerenciamento de tempo: engloba os processos necessários para assegurar a conclusão do projeto no prazo previsto. É uma das áreas mais visíveis do gerenciamento de projetos; Gerenciamento de custos: engloba os processos requeridos para assegurar que um projeto seja concluído de acordo com seu orçamento previsto; Gerenciamento da qualidade: engloba os processos requeridos para assegurar que os produtos e serviços do projeto estarão em conformidade com o solicitado pelo cliente ou contratante; Gerenciamentode recursos humanos: engloba os processos requeridos para fazer uso mais efetivo do pessoal envolvido com o projeto; Gerenciamento das comunicações: engloba os processos requeridos para assegurar que as informações do projeto sejam adequadamente obtidas e disseminadas; Gerenciamento de riscos: área que visa planejar, identificar, qualificar, quantificar, responder e monitorar os riscos do projeto; Gerenciamento de aquisições: engloba os processos requeridos para adquirir bens e serviços de fora da organização promotora. Também conhecido como gerenciamento de suprimentos e contratos; Gerenciamento das partes interessadas: área criada na 5ª edição do guia, engloba os processos requeridos para garantir que as partes interessadas no projeto (fornecedores, equipe, patrocinador, comunidade, etc.) sejam identificadas, avaliadas e estrategicamente gerenciadas. (Vargas, 2016, p. 26) O (PMBOK) Project Management Body of Knowledge, desenvolvido pelo PMI, está em sua 7ª edição. Vale salientar que essa edição traz novidades em relação a novas metodologias, mais ágeis e híbridas, enquanto as versões anteriores abordavam as já tradicionais 10 áreas do conhecimento, conforme demonstradas na figura 2. As metodologias mais ágeis vêm ao encontro de um mundo cada vez mais rápido, de mudanças aceleradas, em que nem sempre a metodologia tradicional com foco no processo “dá conta”. Isso não significa que vamos romper com metodologias tradicionais, nem com o “passado”, mas sim que podemos “lançar mão”1 de novas e modernas metodologias. Além da necessidade de metodologias híbridas e ágeis no gerenciamento de projetos, a 7ª edição do Guia PMBOK aponta a importância do papel do gerente de projeto e da equipe do projeto. Competências, habilidades e atitudes, como trabalho em equipe, pensamento holístico (sistêmico), entrega de valor, liderança, relacionamento com diversos stakeholders, análise de oportunidades e ameaças 1 Lançar mão no sentido de “utilizar”. 10 e abertura para mudança são algumas das necessidades indicadas nessa edição do PMBOK para o gerente de projeto. Nesse sentido, Carvalho Júnior (2012, p. 95) define que esse profissional deve conduzir com “mão firme” e ter: • Capacidade de organização até dos menores e mais insignificantes procedimentos; • Capacidade de diplomacia para gerir os eventuais conflitos envolvendo pessoas de diversos níveis hierárquicos; • Visão de conjunto para gerenciar os recursos, o tempo e o andamento das fases; • Capacidade de compreender a complexidade do projeto, o que ainda fornece subsídios para que o gerente trabalhe, em paralelo ao projeto geral, com vários projetos menores. Nas aulas anteriores, abordamos o conceito CHAVE: Conhecimento, Habilidade, Atitude, Valores e Ética. Fazer a gestão de projetos não é tarefa fácil. Vargas (2016, p. 11) define gerenciamento de projetos como um Conjunto de ferramentas que permitem que a empresa desenvolva um conjunto de habilidades, incluindo conhecimento e capacidades individuais, destinado ao controle de eventos não repetitivos, únicos e muitas vezes complexos, dentro de um cenário de tempo, custo e qualidade predeterminados. (Vargas, 2016, p. 11) É necessário que o profissional de projetos tenha algumas características técnicas e comportamentais essenciais, que possam gerar maior valor agregado às ações realizadas pelo gerente. Finalizando este tema, vamos explanar sobre a última, porém não menos importante instituição relacionada ao gerenciamento de projetos, o IPMA (International Project Management Association). Valle (2012, p. 37) esclarece que o IPMA é uma associação sem fins lucrativos, cujo objetivo é promover internacionalmente o gerenciamento de projetos. Foi criada em 1965 e sua primeira conferência ocorreu em 1967, em Viena, e desde então o IPMA tem se desenvolvido constantemente. Os membros do IPMA são principalmente as associações nacionais dedicadas ao gerenciamento de projetos. Essas associações atendem às necessidades dos profissionais de gerenciamento de projetos em seus respectivos países e idiomas. A IPMA atua dessa forma em nível internacional. (Valle, 2012, p. 37) Da mesma forma que o PMI, o IPMA atua internacionalmente, mas até o presente, a visão do PMI sempre foi mais voltada para a questão dos processos, conforme se verifica na descrição das áreas do conhecimento (embora a 7ª edição do PMBOK esteja revendo esta posição). Por sua vez, o IPMA possui uma 11 atuação em que leva em conta a cultura dos países e as competências comportamentais exigidas do gerente de projetos. TEMA 5 – FUNDAMENTOS DA GESTÃO POR PROCESSOS Quando o tema é a gestão por processos, a visão mais comum das empresas é a da estrutura hierárquica e departamental, ou seja, das relações de subordinação e das responsabilidades, visão essa que pouco esclarece em relação à geração de valor dos produtos e serviços. Já a visão por processos evidencia justamente como as atividades são realizadas, desde a obtenção da matéria-prima, até a entrega dos produtos finais. A prestação de serviços contribui para a geração e entrega de valor ao cliente. Nesse sentido, Silva (2015, p. 15) defende que “processo é uma sequência lógica de operações, atividades ou tarefas, que aplica recursos organizacionais para a geração de um produto ou serviço que atenda às necessidades de um cliente ou consumidor”. Ainda segundo o autor, essa é uma definição bastante prática e simples, como deve ser ao se tratar do tema. Por mais que hoje, no cenário empresarial, exista diversas variáveis – como a velocidade das mudanças de comportamento e requisitos de consumo; concorrência acirrada, avanços tecnológicos, surgimentos de novos modelos, visões e ferramentas de gestão –, se há uma “entrega” a ser feita, uma necessidade a ser atendida, isto ocorrerá por meio de um processo. (2015, p. 15) Podemos utilizar a definição de Wildauer (2015, p. 21), que define processo como um conjunto finito, sequencial e ordenado de passos que devem ser executados para transformar um insumo (uma entrada) em algo útil (uma saída), válido que atenda a especificações predefinidas (parâmetros, dimensões, prazos etc.). Nesse sentido, ele é repetido por pessoas ou máquinas e vai ao encontro de requisitos da organização previamente programados, de forma que seu desempenho possa ser avaliado diante do objetivo estabelecido. A responsabilidade da execução do processo cabe a cada ator a ele associado. Seja pessoa, seja máquina, respeitando o nível de suas atividades, sendo colaborativo e orientado ao cliente final, comum ao processo, ou ao produto, ou ao serviço. (2015, p. 21) Tudo ocorre por meio de um processo. É essencial saber gerenciar processos, o seu desempenho e a forma como ele está entregando o produto/serviço final ao cliente. A figura 3 mostra a representação gráfica de um processo. 12 Figura 3 – Representação gráfica de um processo Fonte: elaborado com base em Wildauer, 2015, p. 29. Os processos podem ser divididos de forma básica em processos primários, processos de suporte (ou apoio) e processos de gerenciamento. Os processos primários são chamados de processos essenciais, são esses que entregam e agregam valor ao cliente. O processo primário reflete a missão da empresa, ou seja, por meio da entrega desse processo, é possível verificar se a empresa cumpre com sua missão na entrega de um produto ou serviço. Então, lembre-se de que processos primários são aqueles que agregam valor ao cliente (pós-venda; entrega; qualidade etc.). Os processos de suporte, diferentemente dos processos primários, não entregam valor direto ao cliente, mas são eles que fornecem o suporte necessário para que o valor seja entregue ao cliente, por isso o nome “processo de suporte”. Esses processos estão diretamente ligados ao gerenciamento dos recursos humanos necessários para que as açõessejam efetivadas e ao gerenciamento dos recursos de infraestrutura (tecnologia, capacidade de produção, finanças, compras, engenharia etc.). Os processos de negócio da organização são considerados estratégicos, visto que maximizam a capacidade de que os processos primários sejam realizados efetivamente. Os processos de gerenciamento ou processos de controle são processos empregados para a medição, monitoramento e controle das atividades. Esses processos são realizados para assegurar que os processos primários e de suporte atinjam as metas, sejam elas operacionais, financeiras, de regulação ou mesmo legais. Esses processos, bem como os processos de suporte, também não agregam valor ao cliente, mas são eles que garantem que a empresa tenha sua operação com base na eficiência, efetividade e na eficácia. 13 É fato que, nos últimos anos, a ótica de como as organizações se enxergam foi alterada. Antes, ao se olhar para as empresas, as únicas coisas observadas eram as funções, agora se distinguem também seus processos. A figura 4 mostra a representação gráfica dos tipos de processos. Figura 4 – Representação dos tipos de processos Fonte: Martins, 2021. Portanto, a gestão por processos serve para gerenciar todos os processos de uma empresa, com o objetivo maior de promover a melhoria contínua. Vale lembrar que cada organização define os tipos e níveis de processos segundo a sua estrutura, desenhada para atender a sua missão, e que um processo pode ser apresentado por uma ou por várias etapas, o que forma uma sequência de atividades. Um dos fatores que podem definir a forma dessas estruturas está relacionado às definições hierárquicas, definidas na estrutura organizacional da empresa: estrutura funcional baseada nas funções organizacionais da empresa, estrutura por processos – como o próprio nome diz, baseada nos processos executados na empresa – ou ainda, na estrutura matricial com foco em projetos. 14 REFERÊNCIAS CARVALHO, F. C. A. de. Gestão do Conhecimento. São Paulo: Person, 2012. CAVALCANTI, M.; GOMES, E. Inteligência Empresarial: Um novo modelo de Gestão para a Nova Economia. Produção, v.10, n. 2, p. 53-64.maio 2001. CROSBY, P. B. Qualidade é investimento. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. ISHIKAWA, K. Controla da Qualidade Total: a maneira japonesa. Rio de Janeiro: Campus, 1993. INOVAÇÃO. In: Dicio – Dicionário Online de Português. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/inovacao/>. Acesso em: 12 mar. 2021. INOVAÇÃO. In: Michaelis. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues- brasileiro/inovação/>. Acesso em: 12 mar. 2021. JURAN, J. M. Controle da Qualidade Handbook. São Paulo: Makron Books, 1992. NONAKA, I. TEKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997. SILVA, L. C. da. Gestão e melhoria de processos: conceitos, técnicas e ferramentas. Rio de Janeiro: Brasport, 2015. PAIM, R.; CARDOSO, V.; CAULLIRAUX, H.; CLEMENTE, R. Gestão de Processo: Pensar, Agir e Aprender. Porto Alegre: Artmed, 2009. PMI. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos. Guia PMBOK®. 5. ed. 2013. POSSOLI, G. E. Gestão da Inovação e do Conhecimento (livro eletrônico). Curitiba: Intersaberes, 2012. VALLE, A. B. do; SOARES, C. A. P.; FINOCHIO, L. S. de. Fundamentos do Gerenciamento de Projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2007. VARGAS, R. V. Gerenciamento de Projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. Rio de Janeiro: Brasport, 2016. WILDAUER, E. W.; SELEME, L. D. B. Mapeamento de Processos: conceitos, técnicas e ferramentas. Curitiba: Intersaberes, 2015.
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