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Filosofia antiga - O surgimento da filosofia - Ens Médio

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2 Filosofia
 
FILOSOFIA
A FILOSOFIA ANTIGA 5
1. O surgimento da Filosofi a 5
1.1 A Pólis Grega 5
1.2 A valorização da palavra 5
1.3 A Vida pública 6
1.4 A escrita 6
1.5 Os códigos de lei 6
1.6 A isonomia 6
2. Os Pré-Socráticos 7
2.1 Heráclito de Éfeso (540-480 a.C.) 7
2.2 Parmênides de Eleia (530-445 a.C.) 8
3. O Período Socrático 11
3.1 Os Sofi stas 11
3.2 Sócrates (469-399 a.C.) 12
3.3 Platão (427-347 a.C.) 13
3.4 Aristóteles (384-322 a.C.) 16
SUMÁRIO DO VOLUME
3Filosofia
 
SUMÁRIO COMPLETO
VOLUME 1
 A FILOSOFIA ANTIGA
1. O surgimento da Filosofi a
2. Os pré-socráticos
3. O período socrático
VOLUME 2 
A FILOSOFIA MEDIEVAL
4. Aureliano Agostinho
5. Tomás de Aquino
6. A disputa dos universais
7. A Filosofi a Moderna
8. O racionalismo cartesiano
9. A fi losofi a política
10. O Empirismo
11. Emmanuel Kant
VOLUME 3
12. A fi losofi a contemporânea
13. Karl Marx
14. Jean-Paul Sartre
15. O Problema da ciência, conhecimento e método na fi losofi a
4 Filosofia
 
5Filosofia
O surgimento da Filosofia
A FILOSOFIA ANTIGA
1. O SURGIMENTO DA FILOSOFIA
Disponível em:<www.phiconnect.org>. Acesso em: 17 jul. 2007.
A Filoso� a surgiu na Grécia Antiga, por volta do 
século VI a.C. O seu aparecimento não deve ser 
entendido como fruto exclusivo da sabedoria povo 
grego, mas como resultado de uma aglutinação de 
fatores que a tornaram possível. O gênio grego 
encontrou ambiente favorável para superar a visão 
puramente mítica do mundo e introduzir o logos 
(a razão) como meio de compreensão da realidade.
 Se retornarmos ao século IX a.C., 
constataremos que, nesse ambiente, que mais 
tarde será denominado de mundo helênico 
(grego), predominava a organização tribal (genos). 
Nos gene, a leitura do mundo era feita através 
dos mitos. Alimentava-se o temor aos deuses, 
compreendia-se a realidade a partir da sua ação e, 
sobretudo, acreditava-se no destino inexorável: a 
Moira determinava a existência dos homens. Ela 
era a personi� cação do destino, do “quinhão” que 
cabe a cada um.
 O herói era o modelo. Sua virtude não 
residia na bondade moral ou no sentido de justiça 
efusiva, mas na coragem. Encarnava o ideal do 
guerreiro belo e bom. Bom porque ouvia os deuses 
e aceitava, sem hesitar, o seu destino.
 Os mitos a� rmavam-se como verdades 
inquestionáveis garantidas pela tradição de cada 
povo. A verdade estava na palavra do sacerdote ou 
do adivinho e não podia ser contestada.
1.1 A Pólis Grega
Num determinado momento, o predomínio 
absoluto dos mitos deixou de ocorrer. A superação 
da visão puramente mítica da realidade deveu-
se, particularmente, ao aparecimento das pólis 
(Cidades-Estado), a partir do século VIII a.C.
 Nesse período, a Grécia sofreu uma 
transformação socioeconômica considerável. 
 A atividade predominantemente agrícola 
foi sendo substituída pela atividade artesanal e 
pelo comércio, daí a necessidade de se fundarem 
centros de distribuição comercial. Tais centros 
apareceram, inicialmente, nas colônias gregas, em 
especial na Jônia e, posteriormente, em outros 
lugares que foram os germes das pólis.
Disponível em: <www.ffl ch.usp.br>. Acesso em: 17 jul. 2007.
 O surgimento da pólis trouxe consigo muitas 
inovações na forma de pensar e de agir do homem 
grego. Dentre elas, podem ser destacadas as que se 
veem a seguir.
1.2 A valorização da palavra
A palavra transformou-se no instrumento mais 
importante do poder, a chave de toda autoridade 
e o meio de comando e de domínio sobre o outro. 
Não se tratava mais da palavra mágica do ritual, da 
fórmula justa e adequada à invocação dos deuses, 
mas da palavra polêmica do debate. 
6 Filosofia
O surgimento da Filosofia
 O público ou o juiz, a quem era dirigida a palavra, passou a decidir sobre a sua força de convencimento; 
não era mais a palavra das invocações que espera por uma resposta dos deuses.
Disponível em: <www.proformar.org>. Acesso em: 17 jul. 2007.
1.3 A Vida pública
As manifestações mais importantes da vida social adquiriram caráter público. Estabeleceu-se uma 
diferenciação entre a esfera pública e a esfera privada. Aquilo que era secreto e favorecia a manutenção do 
poder por parte do governante tornou-se, ao menos em parte, conhecido de todos.
1.4 A escrita
Inventada pelos fenícios e cultivada até então como conhecimento esotérico, acessível a alguns poucos 
privilegiados na pólis, a escrita tornou-se exotérica. Uma vez pública, seu emprego foi sendo cada vez mais 
difundido em meio ao povo (demos).
1.5 Os códigos de lei
Aos poucos, a vida na pólis foi eliminando a idéia de que a lei se origina da vontade exclusiva do 
governante, guiado pela vontade dos deuses. A lei passou a ser escrita e, com isso, tornou-se mais humana, 
já que comum e superior a todos, � cou sujeita à discussão e tornou-se alterável somente por decreto. 
Foram redigidos códigos de leis, alguns famosos, como o de Drácon (� ns do século VII), o de Sólon 
(início do século VI) e o de Clístenes (510).
1.6 A isonomia 
Com a valorização da palavra e a comunhão da lei, criou-se o sentimento de igualdade entre os 
cidadãos. Por mais diferentes que fossem as origens ou as atividades exercidas, o cidadão foi adquirindo, 
primeiramente, o sentimento de semelhança e, em seguida, de igualdade (isonomia – isos/igual e nomos/
lei) perante a lei, e a amizade (philia) foi a consequência natural.
7Filosofia
Os Pré-Socráticos
2. OS PRÉ-SOCRÁTICOS
Como vimos, a Filoso� a apareceu no contexto do surgimento das cidades-estados, sendo que as primeiras 
dentre elas foram fundadas nas colônias gregas da Jônia. O que hoje denominamos Grécia Antiga era um 
conjunto de cidades e povoados distribuídos em três grandes regiões: a Grécia Continental, com as suas 
diversas ilhas, a Magna Grécia, localizada na parte sul da Itália atual, e a Jônia, local onde hoje se encontra 
a Turquia.
 Os primeiros � lósofos viveram na Jônia (Mileto, Éfeso, Clazômenas); em seguida, na Magna Grécia 
(Eleia, Crotona, Agrigento); e, só mais tarde, na Grécia Continental (Abdera, Atenas). São chamados de 
pré-socráticos os � lósofos que viveram antes de Sócrates e que desenvolveram suas atividades, sobretudo, 
nas colônias gregas.
 Seus escritos praticamente desapareceram, restando somente alguns fragmentos feitos por alguns 
comentadores ou historiadores antigos (doxogra� a). Embora as suas re� exões estejam voltadas sobretudo 
para a natureza (physis), desenvolvem, também, algumas ideias sobre o homem, sobre a sua natureza e 
sobre a sua alma.
ILÍRIA
MACEDÔNIA
TESSÁLIA
ÉPIRO
PELOPONESO
ATENAS
TRÁCIA
Messência
Helos
Lacônia
Dipéia
Arcádia
Élida
Olimpia
Acaia
Locris
Argólida
Delfos
Caónia
Córcira
Leucádia
Cefalônia
Zacintos
Esparta
Tera
Naxos
AtenasCorinto
Ática
Eretria
Skiros
Locris
Beócia
Tebas
FócidaDoris
Etólia
Acaia
Ftiótis
Ma
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Larissa
Magnésia
Dodona
Tesprócia
Molossis
Eliméia
Orestis
Aegae
Lincestis
Pela
Migdônia
Calcídica
Olinto
Estagira
Torone
Aenus
Abdera
Acarnânia
Quios
Lesbos
Clazomene
Eléia
Efeso
Eólia
Troas
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NAXOS
MIKONOS
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Mt. Athos
0 25 50 75 100 ml
0 40 80 120 160 ml
Disponível em: <www.tomgidwitz.com>. Acesso em: 17 jul. 2007.
2.1 Heráclito de Éfeso (540-480 a.C.)
Heráclito foi o mais importante � lósofo da Jônia. Diz a tradição que 
ele costumava tratar seus concidadãos com desprezo por considerá-los 
ignorantes. Escrevia de forma hermética, como que os desa� ando a 
compreendê-lo, por isso recebeu o apelido de “o obscuro”. As pesquisas 
atuais apontam 126 fragmentosde seus escritos como autênticos.
Seu pensamento pode ser assim resumido: 
a) Toda a realidade é dotada de dinamismo: todas as coisas estão em 
perene movimento. Nada é � xo, tudo se modi� ca. É nesse sentido que 
deve ser entendida esta a� rmação:
 “O ser é e não é ao mesmo tempo” ou a fórmula: “Tudo � ui”.
b) A força dos opostos: as coisas também estão em perene oposição 
entre si. Há um eterno con� ito de contrários. O con� ito, porém, é 
positivo. É no con� ito com as outras coisas que cada uma delas adquire 
realidade própria (noite x dia, frio x quente, vida x morte).
 “A guerra é mãe de todas as coisas e de todas as rainhas...” 
Heráclito, Peter Rubens. Observe que o artista 
retratou o � lósofo amargurado. Heráclito tinha 
uma certa desesperança na humanidade.
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8 Filosofia
Os Pré-Socráticos
(fragmento 53).
c) A síntese dos opostos e o con� ito entre todas 
as coisas revela-se, ao mesmo tempo, fonte de 
harmonia. Há uma perene paci� cação entre os 
beligerantes.
 “O que é oposição se concilia e, das coisas 
diferentes, nasce a harmonia mais bela, e tudo 
se gera por via do contraste” (fragmento 8).
d) O Deus do Heráclito: a harmonia dos opostos 
tem um princípio que está acima deles. Heráclito 
o identi� cou com o fogo, elemento uni� cador de 
todas as coisas. O fogo é o paradigma da perene 
mutação.
 “Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-
paz, saciedade-fome” (fragmento 67).
 No entanto, o fogo, enquanto elemento 
“divino”, não é dotado de inteligência no sentido 
de consciência pessoal capaz de criar e organizar 
intencionalmente a realidade, tal como acontece 
na concepção de Deus na tradição judaico-
cristã. No célebre fragmento 41, Heráclito 
parece sugerir ideia semelhante. Diz ele: “Só 
existe uma sabedoria: reconhecer a inteligência 
que governa tudo através de todas as coisas”. 
No entanto, tal inteligência – também chamada 
por ele de logos – deve ser entendida, sobretudo, 
como regra segundo a qual todas as coisas são 
ordenadas e que a todas as coisas governa. O logos 
heraclítico é imanente, ou seja, não transcende a 
physis. Por isso, tal como o dos outros jônicos, o 
seu pensamento é cosmocêntrico.
 Alguns de seus fragmentos são dedicados ao 
tratamento do tema da alma:
 “Limites da alma não os encontrarias 
nunca, mesmo percorrendo todos os caminhos; 
tão profundo é o seu logus” (fragmento 45).
 “Lutar contra o coração (desejo) é difícil; 
pois o que ele quer compra-se a preço de alma” 
(fragmento 85).
 O fragmento 45 indica que Heráclito percebia 
a natureza da alma como diversa da natureza das 
coisas do mundo físico.
 O fragmento 85 expressa a visão própria da 
moral ór� ca: o homem deve lutar para libertar a 
sua alma das cadeias do corpo, ideia que também 
se faz presente no fragmento 4:
 “Se a felicidade estivesse nos prazeres 
do corpo, diríamos felizes os bois, quando 
encontram ervilha para comer”.
2.2 Parmênides de Eleia (530-445 a.C.)
O Perí Physeos (Sobre a natureza), também 
conhecido como O Poema de Parmênides, é o único 
escrito restante de Parmênides. É composto de 
dezenove fragmentos, recolhidos da tradição 
dexográ� ca.
 Nele, o eleata apontou três possíveis caminhos 
na busca da verdade: o primeiro seria o caminho 
das opiniões falaciosas, baseadas nas aparências 
das coisas; o segundo seria o caminho das opiniões 
razoáveis; estas, ainda que baseadas no bom-senso 
das pessoas, não tocam a verdadeira natureza do 
ser; e o terceiro seria o da verdade absoluta, cuja 
única fonte é a razão.
 Tal verdade deve, necessariamente, assentar-
se no princípio da não contradição (A = A). 
Segundo Popper e outros estudiosos, Parmênides 
foi o primeiro a formular esse princípio, que 
determina que duas coisas contraditórias 
não podem ser a� rmadas ao mesmo tempo 
(Cf. Popper, K. O mundo de Parmênides).
 Baseado nesse princípio, ele tomou posição 
diferente da de Heráclito. O movimento perene 
de todas as coisas, apregoado pelo efésio, iria de 
encontro ao princípio da não contradição. A� rmar 
a realidade do movimento implica a a� rmação do 
não-ser. Ora, o não-ser é absurdo e ilógico. Assim, 
“necessário é o dizer e o pensar que o ser é; de 
fato, o ser é, e o nada não é; e isto eu te exorto 
a considerar” (fragmento 6).
 Portanto, a única realidade é a do ser: o ser 
é, e o não-ser não é. Para que o princípio da 
não contradição não seja ferido, é necessário 
considerar o ser como a única realidade, pois 
admitir qualquer outra realidade além do ser 
signi� ca, ao mesmo tempo, admitir o não-ser.
 Nos fragmentos 7 e 8, Parmênides apontou as 
seguintes características do ser: em primeiro lugar, 
ele é eterno, isto é, não teve começo nem terá � m. 
Se o ser tivesse início ou viesse a ter um � m, isso 
signi� caria um não-ser antes do seu nascimento 
ou um não-ser depois de sua extinção. Em segundo 
lugar, ele é imóvel. O movimento signi� ca carência; 
sendo pleno, o ser não precisa movimentar-se, até 
porque movimentar-se implica a necessidade de 
um não-ser dentro do qual o ser se moveria; mas 
o não-ser é absurdo. Em terceiro lugar, o ser é 
indivisível. Admitir a divisibilidade do ser signi� ca 
aceitar um não-ser como intermediário entre os 
9Filosofia
Os Pré-Socráticos
seres particulares, pois toda diferença implica o não-ser. Em quarto lugar, ser e pensamento identi� cam-
se. Não se pode pensar o não-ser; toda atividade do pensamento volta-se, necessariamente, para o ser: O 
mesmo é pensar e ser (fragmento 8).
Disponível em: <www.laerte.com.br>.Acesso em: 17 jul. 2007.
 Assim, o ser é eterno, imóvel, pleno, indivisível e única fonte do pensamento. Contudo, a realidade 
com a qual nos defrontamos nos induz a pensar que o ser é móvel, divisível, incompleto e perecível. 
Contrariando aquilo que os sentidos informam, Parmênides diz que as mudanças e a multiplicidade 
das coisas no mundo material não passam de ilusões dos sentidos. A verdadeira realidade não está na 
experiência, mas no plano do pensamento. Ele enfatizou o aspecto ilusório dos sentidos. Por isso, as ideias 
formadas a partir dos dados empíricos são destituídas do caráter de verdade.
Exercícios de sala
1 (UEL) “Tales foi o iniciador da Filosofi a da physis, pois foi o primeiro a afi rmar a existência de um princípio 
originário único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse princípio é a água. Essa 
proposta é importantíssima... podendo com boa dose de razão ser qualifi cada como a primeira proposta 
fi losófi ca daquilo que se costuma chamar civilização ocidental.”
 REALE, Giovanni, História da Filosofi a: Antiguidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1999
 A Filosofi a surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros fi lósofos foram os chamados pré-
socráticos. De acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema por eles 
investigados.
 a) A Ética, enquanto investigação racional do agir humano.
 b) A Estética, enquanto estudo sobre o belo na arte.
 c) A Epistemologia, como avaliação dos procedimentos científi cos.
 d) A Cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem do mundo.
 e) A Filosofi a política, enquanto análise do Estado e de sua legislação.
2 (UEL) Ainda sobre o mesmo tema, é correto afi rmar que a Filosofi a:
 a) surgiu como um discurso teórico, sem embasamento na realidade sensível, e em oposição aos mitos 
gregos.
 b) retomou os temas da mitologia grega, mas de forma racional, formulando hipóteses lógico-argumentativas.
 c) reafi rmou a aspiração ateísta dos gregos, vetando qualquer prova da existência de alguma força divina.
 d) desprezou os conhecimentos produzidos por outros povos, graças à supremacia cultural dos gregos.
 e) estabeleceu-se como um discurso acrítico e teve suas teses endossadas pela força da tradição.
3 (UEL) “Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está ordenado. Os deuses disputaram entre si, 
alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim nocéu etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro ou 
para a Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles? Quem são eles?”
 VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000
 O texto anterior é parte de uma narrativa mítica. Considerando que o mito pode ser uma força de conhecimento, 
assinale a alternativa correta.
 a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científi cos de comprovação.
 b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento lógico-analítico para estabelecer suas verdades.
 c) As explicações míticas constroem-se de maneira argumentativa e autocrítica.
 d) O mito busca explicações defi nitivas acerca do homem e do mundo, e sua verdade independe de provas.
 e) A verdade do mito obedece a regras universais do pensamento racional, tais como a lei de 
não contradição.
10 Filosofia
Os Pré-Socráticos
4 (UFU) Leia atentamente o seguinte verso do fragmento atribuído a Parmênides.
 “Assim ou totalmente é necessário ser ou não.”
SIMPLÍCIO, Física, 114, 29, Os Pré-Socráticos. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 2000, p. 123
 A partir do fragmento apresentado, escolha a alternativa que representa corretamente o princípio 
parmenideano da verdade.
 a) O Ser é e o Não-Ser é Não-Ser. Ambos podem ser pensados e afi rmados, pois é possível pensar e dizer 
falsidades e o que não existe.
 b) Somente o Ser é, pode ser pensado e afi rmado. O Ser coincide com o pensamento e com a verdade. O 
Não-Ser não é e não pode nem ser pensado, nem exprimido.
 c) O Ser é (existe) necessariamente na Natureza, mas pode não existir no pensamento, enquanto não é 
pensado. A relação entre o Ser e o pensamento não é necessária.
 d) O caminho da verdade é a via da opinião, que comporta ao mesmo tempo o Ser e o Não-Ser. Afi rmar 
totalmente o Ser e o Não-Ser implica a opinião verdadeira.
 
5 (UFU) A passagem abaixo, do diálogo platônico Protágoras, refere-se ao procedimento adotado por 
Sócrates.
 “[...] Meu objetivo é examinar a proposição, muito embora possa acontecer que tanto eu, que pergunto, 
como tu, que respondes, acabemos por ser examinados.”
 PLATÃO. Protágoras (333c). Trad.de Carlos Alberto Nunes. Belém: Edufpa, 2002, p. 82
 Escolha a alternativa que expressa corretamente o pensamento de Sócrates.
 a) A Filosofi a socrática consiste no exame de proposições, com o fi m de demonstrar que a virtude é relativa, pois o 
“homem é a medida de todas as coisas”.
 b) O exame socrático não é somente um exame de proposições, mas um modo de testar a vida e o modo de viver 
dos interlocutores.
 c) A Filosofi a socrática consiste em testar a verdade das proposições aduzidas pelos fi lósofos pré-socráticos que 
investigavam o princípio fundamental da Natureza.
 d) A Filosofi a socrática consiste no exame das proposições da arte retórica, que possibilita a prudência 
na administração da casa e na direção dos negócios da cidade.
6 (UFU) Considere o seguinte silogismo.
 1) Nenhuma abelha é formiga.
 2) Algumas criaturas gregárias* são abelhas.
 3) Algumas criaturas gregárias* não são formigas.
 * Criaturas gregárias: criaturas que vivem em colônias ou em comunidades.
 Tendo em conta o silogismo apresentado e os conceitos da lógica de Aristóteles, assinale a alternativa 
correta.
 a) Este silogismo não é válido, pois sua conclusão é particular.
 b) Este silogismo não é válido porque sua conclusão é negativa.
 c) As frases 1 e 2 são as premissas do silogismo.
 d) O termo médio, nesse silogismo, é o termo “criatura gregária”.
7 Platão (428 – 347 a.C.), discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, fundador da Academia, é até 
hoje um dos fi lósofos mais importantes da história da fi losofi a. Círculos culturais e intelectuais no mundo 
inteiro dedicam-se a estudar sua obra.
 Sobre o modo como Platão expressou seu pensamento, assinale a alternativa correta.
 a) Platão jamais escreveu textos fi losófi cos.
 b) Platão escreveu textos fi losófi cos na forma de romances.
 c) Platão escreveu textos fi losófi cos na forma de poesias.
 d) Platão escreveu textos fi losófi cos na forma de diálogos.
8 (UFU) Leia atentamente o trecho de Aristóteles, citado abaixo, e assinale a alternativa que o interpreta 
corretamenente.
 “Como já vimos, há duas espécies de excelência: a intelectual e a moral. Em grande parte, a 
excelência intelectual deve tanto o seu nascimento quanto o seu crescimento à instrução (por isto ela 
requer experiência e tempo); quanto à excelência moral, ela é o produto do hábito [...]”.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1996
 a) A excelência moral é superior à intelectual porque é resultado do nascimento.
 b) A excelência intelectual é positiva e a moral negativa.
 c) As excelências intelectual e moral anulam-se respectivamente.
 d) As excelências moral e intelectual possuem, respectivamente, origem no hábito e na instrução.
11Filosofia
O Período Socrático
3. O PERÍODO SOCRÁTICO
Entre as guerras dos gregos contra os persas, no início do século V, e o � m da guerra do Peloponeso (431 
– 404), Atenas impôs-se como a mais importante cidade de toda a Ásia Menor e do sul da Europa e, do 
ponto de vista cultural, de todo o Ocidente.
 Nesse período de supremacia ateniense, destacou-se, na política, a � gura de Péricles 
(495 – 429). Reeleito general superior por mais de quinze vezes e chefe de Estado nos últimos quinze anos 
de sua vida, tinha uma personalidade fascinante, ligada a uma impressionante habilidade retórica. 
 Realizou amplas reformas no âmbito da vida política, social, jurídica, econômica e artística de sua 
cidade. As reformas fortaleceram em seus cidadãos a ideia de que a pólis, com todas as suas produções, 
resulta da própria atividade humana, não da ação dos deuses.
 Péricles era dotado de espírito eclético. Incentivou as artes, embelezou a cidade e – o que aqui nos 
interessa – facilitou os caminhos para a Filoso� a. Esta, por sua vez, acompanhou o “espírito” de seu 
tempo, tratando de temas que interessavam aos cidadãos de Atenas.
 Os � lósofos anteriores preocuparam-se sobretudo com as questões relativas à natureza, à sua origem, 
ao movimento, etc. Em Atenas, ao contrário, o polo de convergência das disputas � losó� cas passou a ser 
o homem (ánthropos) e toda a sua problemática.
 Em meio às disputas que se diversi� caram devido ao clima democrático instalado na cidade, 
desenvolveram-se duas linhas ou orientações � losó� cas principais: de um lado os so� stas e, de outro, 
Sócrates e seus discípulos.
3.1 Os Sofistas
A questão é que a proposta teórico-democrática encontrava empecilhos de ordem prática. O povo, 
acostumado à tirania, não estava preparado para assumir o seu papel de cidadão, pois não existia uma 
consciência política. Em meio a essa situação, um grupo de � lósofos nômades chegou a Atenas: os 
so� stas, os quais introduziram um novo campo de estudo para a Filoso� a, a Política, e provocaram uma 
indagação sobre a teoria do conhecimento. Talvez em razão de seu nomadismo, a� rmavam que a verdade 
não existe. Segundo eles, existem tantas verdades quantas forem as mentes humanas: a verdade é relativa 
a quem a defende. Fundamentavam tal tese no fato de cada povo ter crenças e costumes próprios. Como 
consequência deste relativismo do conhecimento, não reconheciam o valor da Lei Escrita – surgida no 
século VII a. C. – como garantia de justiça.
 Essa posição, aliada ao fato de o homem não estar preparado para assumir a vida política, propiciou 
aos so� stas intitularem-se “mestres da arte de fazer política”, propondo-se a ensinar aos jovens esta 
“arte política”. Eram professores e cobravam pelos seus cursos e, enquanto professores, deram origem à 
Pedagogia.
 Os so� stas tentaram mostrar que, para além da lei escrita, existe a “lei do mais forte”, ou seja, a 
capacidade de persuadir o outro é a chave do sucesso na política, e a retórica, como arte de bem falar 
e convencer o ouvinteé a arma do político. Hoje ainda vemos a a� rmação dessa proposta nas defesas e 
acusações nos tribunais de justiça, nas salas de aula, nos templos, nas rodas de conversas entre amigos e, 
sobretudo, entre os nossos políticos: quem melhor se expressar leva. O conteúdo da fala é esquecido em 
favor da musicalidade do discurso.
 Entre os mais famosos da sofística, podem-se citar Protágoras de Abdera (481 – 410 a.C.); Górgias 
de Leontina, Sicília (485a.C); Pródico de Céos (470a.C); Hípias de Élida (séc. Va.C) e Antifonte (S/d).
12 Filosofia
O Período Socrático
3.2 Sócrates (469-399 a.C.)
Disponível em: <http://faculty.washington.edu>. Acesso em 17 jul. 2007.
Embora, em geral, Sócrates discordasse dos so� stas, num ponto concordava com eles: tal como Górgias 
ou Protágoras, entendia que a Filoso� a deveria ocupar-se particularmente do homem. Ele chegou a essa 
conclusão depois de ter, por longo período, frequentado e estudado os físicos eleatas. Desligou-se deles 
aos poucos, à medida que ia se convencendo da menor importância dos problemas da natureza diante do 
mistério do homem.
 A Filoso� a socrática foi marcada pela inabalável certeza de que o homem é capaz de atingir a verdade. 
As verdades ao alcance do homem não são aquelas relativas à natureza física, mas as de ordem metafísica 
(a ideia do bem, as virtudes e os valores em geral). Segundo ele, apesar das divergências sobre a moral, a 
política e os costumes, existem verdades universais à disposição daqueles que, humilde e sinceramente, se 
dispuserem a descobri-las.
 A humildade é o pressuposto básico para o acesso à verdade, e o método mais adequado para atingi-la é o 
do diálogo. Por isso, Sócrates preferia a palavra oral à escrita. O ambiente em que ele � losofava era o das ruas 
e das praças de Atenas. Mantinha um tom cordial com aqueles que se predispunham a conhecer a verdade e 
um tom in� amado e irônico com os que já se julgavam detentores dela, especialmente os so� stas.
 Ainda que criticasse os so� stas pela sua atitude de donos do saber, baseado em sua crença na 
preexistência da alma e na reencarnação, defendia as teses da existência de verdades absolutas e de um 
mundo puramente espiritual, no qual vivem tanto as almas humanas, quando desligadas do corpo, quanto 
as verdades absolutas.
 À pergunta: “Quem é o homem?” Sócrates respondia: “O homem é sua alma”. A alma é a sede da 
atividade racional, da atividade ética e do conhecimento. Para ter acesso aos conteúdos da alma, empregava 
o método da introspecção estimulada. Essa articulava-se em três momentos:
a) Ironia (do grego eíron/interrogante) – constituía-se numa forma de diálogo em que, diante da arrogância 
de seu interlocutor – geralmente um so� sta – através de perguntas � nas e dissimuladas, Sócrates assumia 
uma atitude de ataque, induzindo-o à contradição. Era o momento da destruição dos preconceitos, da 
falsa ciência e, sobretudo, da arrogância. A humildade em reconhecer a própria ignorância era tida como 
indispensável para se iniciar a caminhada rumo à verdade. Ao que parece, ironicamente, costumava ele 
mesmo a� rmar, e quase exigir, que o interlocutor com ele repetisse: “só sei que nada sei”.
13Filosofia
O Período Socrático
b) Maiêutica (do grego maiéu/partejar) – uma vez 
eliminados os obstáculos pela ironia, o interlocutor 
poderia, então, ser auxiliado a descobrir as verdades 
que possui dentro de sua alma. Nesse momento do 
diálogo, Sócrates não ensinava verdades prontas; 
por meio de uma série de perguntas, induzia o 
dialogante a trazer à luz concepções latentes em seu 
espírito. Segundo ele, tais concepções são inatas a 
todos os homens, daí ser ele defensor do direito 
natural e da universalidade de certas verdades. Tal 
qual as mães, Sócrates ajudava a dar à luz as ideias 
inscritas em suas almas, das quais, normalmente, 
não tinham consciência.
c) Conceito – momento em que a verdade, 
antes observada no mundo perfeito (teoria da 
reencarnação), a� ora na alma do sujeito. Conhecer 
é recordar, daí o adágio: conhece-te a ti mesmo 
(e recorda-te das verdades que possuis).
 Em Sócrates também podem ser encontradas 
as primeiras manifestações da Psicologia, 
enquanto ele entendia a alma como princípio da 
racionalidade e fonte da moralidade, propunha-
se a desvendar seus conteúdos, investigava suas 
relações com o corpo e discutia sua natureza. 
Segundo ele, essa seria eminentemente espiritual, 
daí a sua imortalidade.
3.3 Platão (427-347 a.C.)
Primeiro período – antes da primeira viagem 
(396): Apologia – defesa de Sócrates diante do 
tribunal; Críton – sobre os deveres cívicos e o perdão; 
Láques – sobre o valor militar e a demonstração da 
insu� ciência da retórica; Górgias – contraposição 
de retórica e verdadeira sabedoria; a cidade ideal; 
Hípias Menor – mentira e verdade; Alcebíades – 
justiça e necessidade da virtude; Ménon – sobre o 
ensino da virtude; o pitagorismo e a preexistência 
da alma; Íon – sobre a poesia; Hípias Maior – sobre 
a beleza; nela aparecem os primeiros elementos da 
Teoria das Ideias; Crátilo – sobre o valor da palavra: 
fala da insu� ciência da palavra para se chegar à 
verdade e à Teoria das Ideias; Eutifrón – sobre a 
piedade, sendo Sócrates seu modelo. Crítica a 
Eutifron; República I – sobre a justiça.
 Segundo período – depois da fundação 
da Academia (387): Protágoras – sobre a virtude 
em geral e sobre o ensino da virtude, ataque aos 
so� stas em geral; diferenças entre a retórica so� sta 
e a retórica dialética; Lísis/Eutidemo – crítica 
aos so� stas; Cármides – sobre a temperança 
(Sophrosyne); contra o intelectualismo socrático; 
Clitofón – insu� ciência da doutrina socrática para 
a virtude; Banquete – sobre o amor; Fédon – sobre 
a imortalidade da alma; República (II-X) – a utopia 
política e a teoria das Ideias na Alegoria da Caverna 
(VII); Menexeno – paródia burlesca sobre a oração 
fúnebre, em que ridicularizam os oradores; Fedre – 
sobre o amor e a beleza (belo compêndio de toda 
a sua � loso� a); Teeteto – sobre o conhecimento 
cientí� co; Parmênides – autocrítica da Teoria das 
Ideias e crítica à Filoso� a Pré-Socrática.
 Terceiro período – depois da segunda viagem 
(366): trilogia: So� sta – o ser e a Teoria das Idéias; 
Político – condições do governante; Filósofo – 
não-escrito.
 Quarto período – depois da terceira viagem 
(361): Filebo – sobre o prazer e o bem; Timeu 
– Cosmologia; Críticas – contraposição entre o 
estado agrário e o imperialismo marítimo; Mito de 
Atlântida; Carta VII – depois da morte de Dión. 
353 a.C.; As leis – revisão da República.
3.3.1 A Teoria das Ideias
 Partindo das ideias socráticas, Platão 
desenvolveu o primeiro grande sistema � losó� co 
do Ocidente. O sistema � losó� co de Platão 
assentou-se sobre a Teoria das Ideias. Segundo 
essa teoria, o mundo terreno, com todos os seus 
componentes, inclusive o homem, é constituído 
de cópias imperfeitas de um mundo perfeito, por 
ele chamado de Hiperurânio (mundo celeste). O 
mundo celeste é eterno e perfeito; nele, habitam 
ideias ou modelos perfeitos, plenos de ser, de todas 
as coisas. Lá, também, está a ideia suprema do 
bem.
 O mundo terreno, com todos os seus 
componentes, surgiu da atividade do Demiurgo. 
O Demiurgo não é um deus criador, da mesma 
forma que o Deus bíblico. Ele é um artí� ce que, 
contemplando o mundo das ideias, moldou todas 
as coisas terrenas. Antes de existir qualquer coisa 
terrena, existia um substrato material sem forma, 
uma extensão indeterminada, que Platão chamou 
de Khora.
14 Filosofia
O Período Socrático
Adaptado para o Acervo CNEC
 Para moldar as coisas terrenas, o Demiurgo inspirou-se nas ideias (essências) que habitam o mundo 
celeste. Assim, todas as coisas terrenas são cópias das essências celestes. Por isso, o mundo terreno é 
imperfeito, constituído de aparências e de sombras.
 A alma humana, como já havia a� rmado Sócrates, é imortal e liga-se ao corpo para expiar algum 
tipo de culpa. O corpo é a fonte de todos os males: dores, tristezas, insensatez,loucura, inimizades, etc. 
Prisioneira do corpo, a alma sofre sua in� uência negativa, enquanto este impede o contato direto com a 
essência das coisas. Tudo o que conhecemos no mundo terreno conhecemos por anamnese (reminiscência, 
recordação) das coisas que a alma contemplou enquanto esteve no mundo celeste.
 O conhecimento adquirido no mundo terreno ocorre em dois níveis: a doxa (opinião) e a epistéme (ciência). 
A doxa e a epistéme, por sua vez, dão-se em dois graus diferentes. A doxa pode ser a simples imaginação (eikasía) 
ou a crença (pístis). A imaginação refere-se às imagens das coisas sensíveis (sombras das sombras), e a crença 
refere-se às próprias coisas, ou seja, in� uenciada pelos sentidos, a nossa alma é levada a crer que as coisas do mundo 
terreno possuem realidade plena. A epistéme dá-se como ciência (dianóia) ou como intelecção pura (noésis). 
A dianóia desenvolve-se no âmbito das ciências geométrico-matemáticas, enquanto a noésis é a Filoso� a 
propriamente dita, ou seja, consiste na captação pura das ideias, é a visão intelectiva do mundo das ideias, 
regida pela ideia do bem.
 A grande maioria dos homens permanece no plano da dóxa; alguns poucos, os matemáticos, atingem 
a dianóia; somente os � lósofos chegam à noésis. Para chegar à noésis, Platão indicava a dialética como o 
caminho a ser seguido. A dialética consiste num lento processo de ascensão da alma que, aos poucos, 
vai-se libertando das in� luências das imagens do mundo terreno fornecidas pelos sentidos, até atingir o 
mundo das ideias.
 Os sentidos fornecem imagens diferenciadas, porque a sensibilidade não é igual em todas as pessoas; 
aquilo que é verdade para um não o é para outro. A grande massa dos homens apega-se a essas informações 
super� ciais, julgando-as como verdadeiras. Alguns poucos percebem as limitações da sensibilidade e 
procuram encontrar conceitos que se a� rmem sobre todas as opiniões particulares. São os cientistas, 
especialmente os matemáticos, que descobrem a validade universal de seus conceitos (dianóia). Contudo, 
o conhecimento cientí� co pode ser superado por aquele que, num esforço intelectual supremo, for capaz 
de vislumbrar uma única ideia, que abranja todas a demais ideias (noésis). Essa ideia é a do Bem Supremo.
 A partir dessas concepções, Platão tratou dos mais diversos problemas: ética, política, natureza, 
ciências, psicologia, mas se destacou, particularmente, pelas interessantes análises que fez da arte, dando 
início à estética � losó� ca.
15Filosofia
O Período Socrático
3.3.2 A política
 Embora a política platônica seja eminentemente 
normativa, podem também ser encontrados 
elementos de política descritiva, já que Platão 
não desconhecia algumas concepções tipicamente 
gregas relativas ao tema. Desse modo, estão 
presentes, em suas re� exões, as ideias de identidade 
entre indivíduo e Cidade-Estado como única 
forma possível de sociedade.
 Platão demonstrava um profundo interesse 
pelos acontecimentos políticos de seu tempo, 
em especial de sua cidade, e sonhava com a 
concretização de sua utopia política, como ocorreu 
em Siracusa.
 Contudo, o pensamento político de Platão 
só poderá ser verdadeiramente compreendido se 
forem levadas em consideração a sua metafísica e 
as suas re� exões e conclusões no campo da ética.
 Para ele, a política só realiza a sua verdadeira 
� nalidade se estiverem presentes as insu� ciências 
e limitações do mundo terreno e a permanente 
aspiração da alma pela plenitude própria do 
mundo das ideias. À política cabe uma tarefa 
superior, na medida em que o Estado, o verdadeiro 
Estado, deve fundar-se sobre os valores supremos 
do Bem e da Justiça e, ao mesmo tempo, tornar-
se instrumento facilitador da plena realização 
do indivíduo compreendido conforme a sua 
metafísica, sobretudo como alma.
3.3.3 A utopia ou o Estado ideal
 O pensamento político de Platão está espalhado 
por todas as suas obras, mas é nos diálogos Górgias 
e República que se torna explícito.
 No Górgias, defendeu a ideia de que a 
verdadeira arte política consiste na “cura da alma”, 
por isso também é a arte do � lósofo, especialmente 
a do rei-� lósofo.
 Já A República é a obra-prima de Platão, em 
que ele consegue harmonizar Política e Filoso� a, 
podendo ser considerada a suma do platonismo. 
Nessa obra, ele fez a exposição mais sistemática 
sobre o que considerava Estado ideal. Começando 
pela análise do sentido de justiça, investigou 
a posição e o papel do homem no Universo. 
Ele entendia o Estado como manifestação plural 
das individualidades humanas, daí a necessidade 
de se considerar o indivíduo isoladamente para, 
depois, analisar o convívio entre os indivíduos e, 
a partir dessa análise, melhorar o Estado no qual 
se vive.
 Em suas considerações sobre a origem 
do Estado, Platão falava de um sentido 
originariamente ético das sociedades humanas. 
Por que nasceu o Estado? Por que um homem 
precisa de outros homens para satisfazer suas 
necessidades materiais, suas necessidades de 
segurança e de autoridade? Para satisfazer tais 
necessidades, é indispensável que o Estado se 
componha de três classes. Platão considerava que 
o Estado seria a reprodução aumentada da alma 
humana. Assim como a alma humana exerce três 
funções: a apetitiva ou concupiscível, a irascível e 
a racional, assim também são três as classes sociais 
que exercem, no Estado, as funções que lhe são 
correspondentes.
3.3.4 As virtudes cardeais
 Segundo Platão, o Estado ideal é aquele no qual 
se realizam as virtudes que lhe são indispensáveis. 
São elas: justiça, temperança, coragem e sabedoria. 
A justiça consiste em cada cidadão realizar aquilo 
que lhe compete segundo a natureza de sua 
alma individual. A temperança dá-se quando o 
indivíduo consegue submeter as partes inferiores 
da alma às superiores. A coragem consiste em fazer 
prevalecer os ditames da razão, mesmo quando 
os fatos sejam adversos, e a sabedoria reside na 
adequada escolha dos bens que são úteis a todas as 
classes sociais.
3.3.5 A educação
 A perfeição do Estado é impossível sem uma 
profunda educação dos seus membros. Esta deve 
estar a cargo do governo e deve ser adequada a 
cada uma das classes do Estado: os artesãos não 
precisam de educação especial, a não ser do ensino 
das artes e dos ofícios; os guerreiros devem receber a 
educação clássica, realçando a ginástica e a música, 
para robustecer a parte da alma responsável pela 
coragem, e, aos governantes, é reservada uma 
educação especial, que se deve prolongar até os 
cinquenta anos e visar à preparação da alma para o 
conhecimento � losó� co: só aquele que contempla 
a Ideia do Bem pode ser digno de governar. Em 
suma, o rei deve ser � lósofo; o governo deve ser 
sofocrático.
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