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02 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

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FUNDAMENTOS	DA
EDUCAÇÃO	INFANTIL ZAYN
EMENTA: Grandes tendências do
pensamento filosófico e suas
implicações na Educação. Principais
correntes do pensamento pedagógico
a partir da modernidade. História da
Educação no Brasil a partir do século
XX.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
- Introdução: Fundamentos da
Educação Infantil;
1. A Educação nas Sociedades Tribais
e na Antiguidade Oriental;
2. A Educação na Idade Média – a
formação pela fé;
3. A Pedagogia Jesuítica no Brasil;
4. A Educação na Primeira República;
5. A Educação na Segunda
República;
6. A Educação na Ditadura Militar;
- Leitura Complementar;
- Referências.
 
 
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Olá!
 
É com grande satisfação que o ZAYN – Instituto Mineiro de Formação Continuada agradece por escolhê-lo para realizar e/ou dar
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Organização do conteúdo:
Prof.ª M.ª Thaís de Sousa e Souza
 
 
CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA
Disciplina: FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
 
 
EMENTA
Grandes tendências do pensamento filosófico e suas implicações na Educação. Principais correntes do pensamento pedagógico a partir da
modernidade. História da Educação no Brasil a partir do século XX.
 
OBJETIVOS
Promover a discussão sobre as principais tendências do pensamento filosófico e pedagógico e suas implicações na educação ao longo da
história. Possibilitar a compreensão da educação e de seu processo histórico desde a antiguidade até os dias atuais a partir dos condicionantes
sociais, culturais, políticos e econômicos que influenciam o processo educacional. Promover a reflexão crítica sobre as relações de poder e os
modos de produção da sociedade nos diferentes momentos históricos e suas implicações para a educação. Promover a reflexão sobre a
importância do estudo da história da educação para a compreensão do estado atual da educação brasileira.
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
- Introdução: Fundamentos da Educação Infantil
1. A Educação nas Sociedades Tribais e na Antiguidade Oriental
2. A Educação na Idade Média – a formação pela fé
3. A Pedagogia Jesuítica no Brasil
4. A Educação na Primeira República
5. A Educação na Segunda República
6. A Educação na Ditadura Militar
- Leitura Complementar
- Referências
 
 
SUMÁRIO
 
Introdução: Fundamentos da Educação Infantil 09
1. A Educação nas Sociedades Tribais e na Antiguidade Oriental 12
2. A Educação na Idade Média – a formação pela fé 14
3. A Pedagogia Jesuítica no Brasil 15
4. A Educação na Primeira República 17
5. A Educação na Segunda República 20
6. A Educação na Ditadura Militar 23
Leitura Complementar 24
Referências 25
 
 
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
 
Introdução:
 Ao considerarmos o percurso histórico da pedagogia à luz do pensamento de Cambi (1999), retomamos de suas ideias aquelas que
partem da Grécia antiga para chegar à era contemporânea, a fim de poder analisar o pensamento pedagógico, sua contribuição e sua
importância para a pedagogia atual.
Desde a Antiguidade, a educação é pensada por e para homens e mulheres, e dentre outras coisas se pode tomá-la como forma de garantir a
sobrevivência histórico-cultural da espécie humana, como as sociedades mais primitivas e as formas mais individualistas de educar crianças e
jovens. Um dos mediadores dessa sobrevivência é o paidagogo: o condutor da criança; isto é, o escravo que acompanhava crianças e jovens:
sua “ação” era guiá-las à escola (discaléia) ou ao gymnásion, onde se aprendiam as letras e o cultivo do corpo.
Se pudermos falar numa filosofia da educação, esta sem dúvida remonta a Platão (428/27–347 a.C.), a seu seguidor Aristóteles (384/3–322 a.
C.) e a Sócrates (470/69– 399 a. C.), mestre dos primeiros. Suas ideias ainda orientam a pedagogia e a educação: educadores e educadoras
carregam, em suas ações pedagógicas, nos conteúdos que aplicam, nas ideias e nas produções, influências desses pensadores e seus
seguidores. São marcas indeléveis na prática pedagógica, na organização escolar, na didática e nos currículos dos cursos de formação
pedagógica.
Com efeito, o caminhar da humanidade conduz a momentos de maior ou menor maturação de processos pedagógicos norteados pelo
pensamento desses filósofos e por suas concepções pioneiras relativas à educação ocidental. Tais concepções geraram embates pedagógicos
que ainda se mantêm: a educação “utilitária” — defendida pelos sofistas, para quem o “sucesso” é condição imprescindível à aprendizagem da
retórica — e as ideias de Sócrates — que defendia a “transmissão de conhecimento” de forma desinteressada, como condição para formar o
“homem” de virtudes e sabedoria. Pela obra de Platão e Aristóteles, o pensamento socrático fundamentou o pensamento ocidental. Nessa
ótica, se a educação platônica defende a “aptidão” como condição para se receber o conhecimento e fazer do “homem” um governante
verdadeiro, o modelo aristotélico, com o “sistema de ensino” grego, valoriza o físico e o intelecto; ao se voltar ao “idealismo” de ideias, à
vivência interior, ele se opõe ao mestre, pois as ideias de Platão se concentram no “realismo” em que coisas, objetos e formas são necessários
à experiência prática.
Os modelos aristotélicos e platônicos predominaram nas ideias sobre educação e pedagogia até a Idade Média. O cristianismo adota Platão
como base de sua filosofia oficial, e os ideais de perfeição e transcendência revelam a verdade divina como princípio e verdade absoluta,
subordinando a filosofia e o ensino cristão. Eis aí a base da escolástica, dominante na Idade Média. Várias correntes surgem com Santo
Agostinho, que privilegia a educação para nobres e religiosos pela alfabetização, pela lógica e pela retórica. Por oito séculos, a Europa abomina
e ignora o pensamento aristotélico, que retorna no fim da Idade Média, com o ressurgimento das cidades e da burguesia, composta por
comerciantes que não se identificam com a “espiritualização” agostiniana.
Outra ordem surgiria com São Tomás de Aquino (1214–1274, aproximadamente). O tomismo — a nova revolução — inaugura o pensamento
racionalista cristão, cuja fé se respalda no raciocínio e na lógica da crença como condição para o entendimento humano. Esse período foi
importante paraa educação, pois aí se principiam a intelectualidade embasada na razão e a ideia de conhecimento como condição para a
felicidade e a virtude humanas. Além de apresentar à humanidade a possibilidade de educar leigos, pobres, essa corrente cria as
universidades. Na cultura europeia, desponta-se a educação humanista, que prioriza o humano em detrimento do espiritual. Liberdade de ação,
pensamento e expressão ganham um cenário de amplitude e aprofundamento entre nobres e burgueses ricos. A criança passa a ser vista
como ser e natureza própria, e a “escola”, como local de aprendizado e expansão espiritual.
Outros movimentos vêm contestar o cristianismo, a exemplo do protestantismo de Lutero (1483–1546), que influencia a educação ao valorizar a
alfabetização e o aprendizado de línguas como conhecimento que deve ser acessível a todos. A educação passa a ser vista como utilidade
social. Do protestantismo, passa-se à Contrarreforma da igreja católica pelos jesuítas e, de forma ofensiva, com Inácio de Loyola (1491–1556)
e suas concepções de um rígido ensino intelectual e físico. No século 17, religião e racionalismo, cultura e educação passam a conviver. Na
filosofia, Descartes (1596–1650) se impõe; na educação, o racionalista Comênio (1592–1670) revoluciona o ensino ao recusar a severidade e
os castigos corporais contra a criança.
Fim de século. Desponta Locke (1632–1704), pensador que defende a educação como formação de caráter e do intelecto e preconiza o
liberalismo na economia, que influencia filósofos do século XVIII e inicia um novo tempo: a modernidade. Insinuam-se perspectivas de
mudanças e transformações na pedagogia e educação com as contribuições de Rousseau (1712–1778) como pai da pedagogia
contemporânea (CAMBI, 1999). Rousseau teoriza modelos educativos que se destinam ao homem e ao cidadão como alternativos e
complementares no que se refere a tornar o homem alienado em um novo homem, natural, centrado — como o modelo de Emílio. Portanto,
pedagogia e política se interligam em Rousseau, num esboço de reforma antropológico-social que reprovaria a artificialidade da educação
intelectualizada, livresca, autoritária e pedante dos aristocratas, ao formarem seus filhos e suas filhas com base nos modos de vida adulta.
Segundo Cambi (1999), além de Rousseau, Vico (1668–1744), Kant (1724–1804) e Dewey (1859– 1952), dentre outros pensadores,
contribuíram com marcos expressivos para inovar a educação: as ideias daqueles influenciaram a educação iluminista; as destes introduziram o
ativismo no debate filosófico sobre a educação.
No dizer de Cambi (1999), a contemporaneidade nasce em 1789, com a Revolução Francesa: evento detonador do desequilíbrio social,
econômico e político na sociedade europeia e que leva a uma convulsão e a transformações profundas na história. É a época da
industrialização, dos direitos, das massas, da democracia e dos movimentos sociais, que protagonizam sua própria história ao se rebelarem
contra a elite do poder, da cultura e do dinheiro. Diante dessas transformações, retomamos a educação e o crescimento “paralelo” da
pedagogia como núcleo de mediação da vida social e dos processos de “reequilíbrio” social, reconstrução e ruptura. A educação e a pedagogia
ocupam, assim, seus espaços e assumem a função de dar “substância” ao elemento político4 com novos modelos teóricos que integram
ciência e filosofia, experimentos e reflexões críticas, numa dimensão complexa e sutil — como diz Cambi (1999).
Dito isso, retomar o percurso histórico entre história da pedagogia e história da educação é reconstruir o trajeto dos cursos de Pedagogia, sua
diversidade e suas influências na formação pedagógica, que se traduzem em características e referências que intervêm na construção da
identidade profissional do pedagogo e da pedagoga, contrapõem-se a ela e a afirmam. Cabe ressaltar que a crise de identidade é universal e
convergente para a pluralidade das ciências da educação, que tratam da pedagogia. Por sua vez, a pedagogia precisa ser mais discutida e
contextualizada, para se aprofundar mais a compreensão dos processos sociohistóricos.
Segundo Nóvoa (2001), ainda digerimos a “bulimia intelectual” dos tempos de supremacia, quando a pedagogia era feita por discursos teóricos
ricos em conteúdos, mas era instável porque carecia de um “corpo científico” próprio; a instabilidade se mostrava, também, ante a filosofia e
ciências como sociologia e psicologia, que se apropriavam da educação como objeto de investigação e, por isso, podiam ser tomadas como
ciências da educação. E mais: ainda enfrentamos ansiedade e incompetência para lidar com fenômenos educacionais. Nesses termos, para a
educação passam a convergir várias áreas do conhecimento, que lhe atribuem como prioridade o ensino e a formação de docentes. Como
nessas áreas predominam diferentes visões de sociedade, de homem e de escola, abrem-se várias possibilidades de leitura da realidade,
marcadas pela desconfiança, por apostas, pela desqualificação, por exigências e por responsabilização. É como se a educação fosse, por um
lado, “[...] campo científico e profissional habitado por gente de pouco valor e, por outro, terreno social onde se jogam todas as perspectivas de
futuro das sociedades contemporâneas” (NÓVOA, 2001, p. 74–75). Por ora, deixamos a questão em suspenso para reflexões posteriores.
 
1. A Educação nas Sociedades Tribais e na Antiguidade Oriental
1.1 – A Educação nas Sociedades Tribais
As chamadas comunidades primitivas (antecedentes à invenção da escrita) utilizavam, quase que exclusivamente, a agricultura, o pastoreio, a
caça e a pesca para sua sobrevivência. Além disso, não possuíam divisões de classes sociais, logo não existia a relação mando-obediência, e
os padrões de comportamentos desenvolviam-se na base do consenso.
Diante desses aspectos, a educação nessas civilizações torna-se interessante, ainda mais pelo fato de não haver a escrita. Por esse motivo,
não existia a figura da escola e o processo educativo visava "preparar o indivíduo para a vida e ao mesmo tempo prepará-lo para poder
participar da vida do grupo, realidade indispensável, sob vários aspectos, para a sobrevivência" (GILES, Thomas Ransom, 1987, História da
Educação, p. 4).
Vale ressaltar que os mitos tinham forte presença na cultura desses povos e, portanto, a obediência aos ensinamentos míticos era algo de
extremo valor, haja vista o medo de ser prejudicado física e mentalmente pela desobediência ao totem (geralmente um animal e às vezes um
vegetal, o totem é o antepassado mítico de uma tribo que concede proteção a cada um de seus membros). Vemos então a presença de um
sistema educacional baseado na imitação, que não forma críticos, mas apenas repetidores de informações.
No processo de transmissão de conhecimentos, as tribos realizavam as chamadas cerimônias de iniciação, nas quais os jovens eram
submetidos a testes de resistências físicas e psicológicas. Esses testes eram aplicados pelos mais experientes das tribos, principalmente pelos
chamados feiticeiros e xamãs. É importante salientar que estes últimos, embora tivessem muito respeito e admiração dentro das tribos, não
eram vistos como chefes ou seres superiores. A cada uma dessas resistências, todos os jovens tinham acesso de forma igual aos mesmos
conhecimentos e adquiriam valores como "obediência, reverência, resistência à fome, confecção de enfeites, tratamento digno à esposa e aos
colegas, dentre outros" (MELATTI, Júlio Cezar, 1980).
Embora as civilizações tribais tenham algumas características negativas para o atual modelo de educação, como por exemplo, o conformismo
do aprendiz, podemos destacar algumas contribuições importantes, quais sejam: conhecimento universal e ensino de princípios éticos.
1.2 – A Educação nas Sociedades Orientais
As civilizações orientais tiveram início a partir do momento em que novas técnicas foram descobertas e ou aperfeiçoadas:
"[...] aprenderam a conhecer os regimes das chuvas e das estiagens, a drenar os pântanos para ampliar as áreas de cultivo, a construirdiques
para conter as enchentes e a abrir canais de irrigação. Desenvolveram-se novas técnicas de plantio com o aparecimento do arado-semeador. A
agricultura irrigada e os demais avanços tecnológicos e nos métodos de trabalho possibilitaram um aumento considerável na produção de
alimentos, gerando excedentes em maior escala" (MOTA, Myriam Becho, História: das cavernas ao terceiro milênio, 2005, p.30).
Como podemos perceber, essas inovações acarretaram na produção de alimentos em abundância, que, por conseguinte trouxe melhores
condições de vida que, por sua vez, implicou num acentuado crescimento populacional. Além disso, passou a existir a troca de excedentes,
dando-se início ao comércio. Paralelamente a isso, surgiram outras profissões seguidas da divisão do trabalho. Assim, devido às necessidades
surgidas com a diversificação das atividades econômicas e coordenação de obras de interesse coletivo, surge o Estado, o qual entendemos por
"conjunto organizado das instituições políticas, jurídicas, administrativas, econômicas, etc. sob um governo autônomo e ocupando um território
próprio e independente" (MARCONDES, Danilo, Dicionário básico de filosofia, 2001, p.90). Com o advento do Estado, surgem a escrita -
indispensável ao registro das funções administrativas - a figura dos governantes, e uma elite que passa a ter privilégios, como por exemplo,
apropriar-se de terras e de parte das colheitas feitas para todos. Como consequência intensifica-se as desigualdades sociais.
Notemos que até aqui, as sociedades orientais já diferem muito das sociedades tribais: surgem a escrita, o comércio, o Estado e a divisão de
classes sociais. Diante desses novos aspectos, a educação, que antes era para todos, passa a ser privilégio de uma minoria e tem "por alvo
recapitular o passado, resumir no indivíduo a vida do passado, de modo que ele não a possa modificar nem avançar além dela" (MONROE,
1974, p.23-26). Vale lembrar que a essa altura da história, a educação já passa a ser transmitida através das escolas. O processo educativo,
como notamos nas palavras de Monroe acima, ainda tem por base a memorização. Para que esta fosse realizada, usa-se a constante repetição
até que o hábito seja fixado com toda a exatidão. Com isso a escola pretendia preservar as instituições existentes na sociedade, sem
modificações ou alterações.
As sociedades orientais, assim como as tribais, trazem alguns aspectos negativos para o atual modelo de educação, como por exemplo, o fato
de se evitar sobremaneira a criatividade e a originalidade. Mas por outro lado, essa civilização nos deu uma importante contribuição no que diz
respeito aos primeiros questionamentos a respeito dos objetivos da educação.
 
2. A Educação na Idade Média – a formação pela fé
 Os parâmetros da educação na idade média se fundam na concepção do homem como criatura divina, de passagem pela Terra e que
deve cuidar, em primeiro lugar, da salvação da alma e da vida eterna. Tendo em vista as possíveis contradições entre fé e razão, recomenda-se
respeitar sempre o princípio da autoridade, que exige humildade para consultar os grandes sábios e intérpretes, autorizados pela igreja, sobre a
leitura dos clássicos e dos textos sagrados. Evita-se, assim, a pluralidade de interpretações e se mantém a coesão da igreja. Predomina a visão
teocêntrica, a de Deus como fundamento de toda a ação pedagógica e finalidade da formação do cristão. Quanto às técnicas de ensinar, a
maneira de pensar rigorosa e formal cada vez mais determina os passos do trabalho escolar.
A Educação na Idade Média é uma síntese da fundamentação da Educação Medieval, onde a religião surge como elemento singular,
que, exposto à racionalidade, acentua a preocupação apologética, ou seja, a defesa incontestável da fé cristã. Divide-se a educação
na Idade Média basicamente em duas tendências que aqui estão especificadas: a educação Patrística e a Escolástica, representadas
respectivamente e, principalmente, por Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino.
Com a queda do Império Romano (séc. V), deu-se a formação de inúmeros reinos bárbaros cujo os chefes pouco a pouco foram sendo
convertidos ao cristianismo, surgindo assim uma soberana influência da Igreja na educação do mundo ocidental.
O predomínio da temática religiosa, da defesa da fé cristã e do trabalho de conversão dos não cristãos, onde o “crer para compreender e
compreender para crer” fez com que a cultura greco-romana praticamente desaparecesse, principalmente no período feudal, salvo pelos
monges que conseguiram conservá-la nos mosteiros.
Pode-se dividir, simplistamente, a Idade Média em duas tendências fundamentais: a Educação Patrística, que auxilia a exposição racional da
doutrina religiosa, e a Escolástica, dominante nas escolas durante o Renascimento carolíngio, onde se pretende promover uma especulação
filosófico teológica.
 
3. A Pedagogia Jesuítica no Brasil
Os jesuítas são uma ordem fundada por Inácio de Loyola, em Paris (1534), com objetivos de levar o catolicismo a novos povos e de fazer frente
à expansão da reforma protestante. Os primeiros jesuítas chegaram ao território brasileiro em 1549 juntamente com o primeiro governador
geral, Tomé de Souza. À frente estava o famoso padre Manoel de Nóbrega. Contudo, o primeiro ‘professor’, no sentido da palavra, foi Vicente
Rodrigues, que na época tinha apenas 21 anos. Durante os próximos 50 anos dedicou-se ao ensino e a propagação da fé católica. Mas o mais
conhecido e (talvez) atuante foi o padre José de Anchieta.
Anchieta tornou-se mestre no Colégio de Piratininga. Além disso foi missionário em São Vicente (SP), onde escreveu na areia De beata virgine
Dei matre Maria, missionário em Piratininga, Rio de Janeiro e Espírito Santo; provincial da Companhia de Jesus de 1579 a 1586 e reitor do
Colégio do Espírito Santo. As rivalidades dos jesuítas com os protestantes também se apresentam em sua experiência - infelizmente participa
da condenação em 1559 de um refugiado huguenote, o alfaiate Jacques Le Balleur. Mas os aspectos positivos se sobressaem e é dele o
primeiro livro didático (e pedagógico) utilizado no Brasil: A Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil, impressa em Coimbra em
1595 por Antonio de Mariz. É a primeira gramática contendo os fundamentos da língua tupi.
Os jesuítas se dedicaram a propagação da fé católica e ao trabalho educativo. Dispuseram-se a ensinar aos índios a ler e escrever. De
Salvador a obra jesuítica estendeu-se para o sul e em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por cinco escolas de instrução
elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia).
Nas escolas jesuítas funcionavam alguns princípios que se mantiveram por mais de duzentos anos: unificação do método de ensino por todos
os professores, ênfase na concentração e na atenção silenciosa dos alunos e um processo de ensino ligado à repetição e memorização dos
conteúdos apresentados. Todos estes princípios se sobressaem na Ratio Studiorum (Ordem dos Estudos), síntese da experiência pedagógica
dos jesuítas, composta de normas e estratégias, que visavam à formação integral do homem, de acordo com a fé e a cultura católica daquele
tempo.
Os jesuítas não se limitaram à alfabetização; além do curso básico, eles ofereciam os cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e
o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes.
No curso de Letras estudava-se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava-se Lógica, Metafísica, Moral,
Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Quem pretendia avançar (e possuía influência ou recursos), ia estudar na Europa, na Universidade
de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no campo das ciências jurídicas e teológicas, ou na Universidade de Montpellier, na França, na época,
a mais procurada na área da medicina.
Para afastar os índios dos interesses dos colonizadores, os jesuítascriaram as missões, estas, mais afastadas, no interior do país. Nessas
missões, os índios, além de passarem pelo processo de catequização, também foram orientados no trabalho agrícola, que garantia a todos
(índios e jesuítas) uma fonte de renda. Essa ‘boa ideia’ acabou se transformando em uma armadilha: as missões transformaram os índios
nômades em agricultores de endereço fixo, o que contribuiu para facilitar a captura deles pelos colonos, que conseguiram, muitas vezes
capturar tribos inteiras nas missões.
Duzentos e dez anos de educação e influência dos jesuítas chegaram ao fim em 1759 (1760). Sebastião José de Carvalho, o Marquês de
Pombal (primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777), acusou-os de conspirarem contra o reino e os expulsou de todas as terras sob a
influência de Portugal. No momento da expulsão os jesuítas mantinham 36 missões e 17 colégios e seminários. Isso, além dos seminários
menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. Com a saída dos jesuítas, a
educação brasileira vivenciou uma grande ruptura histórica em seu processo educacional – afinal de contas, o modelo jesuítico era um
processo implantado e consolidado como modelo educacional em nosso país.
 
4. A Educação na Primeira República
 A República brasileira foi construída no interior dos movimentos sociais que desgastaram o 2º Império, tais como a questão militar, a
religiosa, aliada aos ventos da corrente positivista, a criação do Partido Republicano, dentre outros.
As transformações econômicas e sociais ocorridas na Europa influenciaram também o Brasil, com as novas ideias no campo da cultura, das
artes. Neste período, acentuou-se o desenvolvimento industrial, graças ao trabalho do Barão de Mauá; foi criada a 1ª estrada de ferro;
aumentou a produção cafeeira; fortaleceu-se o processo de urbanização, além da chegada dos imigrantes; o crescimento da população e a
sistematização do trabalho assalariado.
Os grandes centros da época apresentavam nova paisagem com os bondes elétricos, a iluminação a gás, os teatros, os casarões, etc. Os
barões do café tinham interesse na proclamação da República e, por isso, se aliaram aos militares, que também sonhavam com o novo regime
político, embora com interesses diferentes.
Com a proclamação da República foi elaborada a 1ª Constituição republicana, promulgada em 24 de fevereiro de 1891, de caráter democrático
e liberal, inspirada no modelo norte-americano. Foram adotados os princípios federalistas e, por isso, as antigas províncias passaram a estados
e o presidencialista, com regime de representatividade.
No que se refere à educação, a Constituição estabelecia em seu artigo 35: “Incumbe, outrossim, ao Congresso, mas não privativamente [...] 3º
criar instituições de ensino superior e secundário nos Estados; 4º prover a instrução secundária no Distrito Federal”.
Na realidade o que aconteceu foi que a União passou a criar e controlar o ensino em todo o país, bem como criar e controlar o ensino
secundário acadêmico e a instrução em todos os níveis na capital federal. Aos Estados coube a tarefa de criar e controlar o ensino primário e o
profissionalizante, que na época compreendia as escolas normais, para as mulheres, e as escolas técnicas, para os homens.
Essa dualidade de controle do ensino se revela claramente no fato de a União tomar para si a educação acadêmica no secundário e o ensino
superior, ou seja, nos níveis de ensino que só a elite tinha acesso. Os Estados, que nem sempre tinham recursos, cuidavam da educação
primária e profissionalizante.
A partir da promulgação desta Constituição, várias reformas foram empreendidas, no período de 1891 a 1925, para amenizar os conflitos
advindos dessa dualidade. Assim, a reforma Benjamim Constant, influenciada pela filosofia positivista, se pautou nos princípios da liberdade e
laicidade do ensino, bem como a gratuidade do ensino primário, observando a orientação da própria Constituição.
O objetivo da reforma era “Proporcionar à mocidade brasileira a instrução secundária e suficiente, assim para a matrícula nos cursos superiores
da República, como em geral para o bom desempenho dos deveres do cidadão na vida social”.
A reforma Benjamim Constant substituiu o currículo acadêmico, pelo enciclopédico, introduzindo disciplinas científicas, obedecendo à ordem
positivista, ou seja, a matemática, astronomia, física, química, biologia, sociologia e moral. Esta reforma só funcionou no Distrito Federal.
Em 1901, no governo de Campos Sales, por meio do Decreto 3914, de 26 de janeiro, ocorreu a reforma Epitácio Pessoa, com o objetivo de
“Proporcionar cultura intelectual necessária para a matrícula nos cursos de ensino superior e obtenção do grau de bacharel em ciências e
letras”.
Esta reforma se preocupou com o ensino superior voltado para as camadas mais ricas da população. Acentua o aspecto literário ao incluir a
lógica, retirando a biologia, a sociologia e a moral, disciplinas consideradas de caráter positivista.
A Reforma Rivadávia Correa, implantada em 1911, no governo de Hermes da Fonseca, por meio do Decreto 8660, de 05 de abril, com o
objetivo de “Proporcionar uma cultura geral de caráter essencialmente prático, aplicável a todas as exigências da vida, e difundir o ensino das
ciências e das letras, libertando-o da preocupação subalterna do curso preparatório”.
Esta reforma retomou a orientação positivista, defendendo a liberdade de ensino, com a possibilidade de oferta de ensino por escolas oficiais e
não oficiais.
No governo de Venceslau Brás, em 1915, foi proposta a reforma Carlos Maximiliano, com o objetivo de “Ministrar aos estudantes sólida
instrução fundamental, habilitando-os a prestar, em qualquer academia, rigoroso exame vestibular”. Esta reforma também se preocupou apenas
com os ensinos secundário e superior.
Finalmente, em 1925, no governo de Arthur Bernardes, foi proposta a reforma Rocha Vaz/Luis Alves, com o objetivo de garantir “Base
indispensável para a matrícula nos cursos superiores, preparo fundamental e geral para a vida e cultura média geral do País”.
Esta reforma reintroduziu o ensino de Moral e Cívica com a finalidade de conter os protestos estudantis contra Arthur Bernardes, que governou
de modo autoritário, antidemocrático e em permanente estado de sítio.
O País viveu intensos momentos de agitação política e cultural, Essas reformas, de um modo geral, fracassaram e mesmo se limitaram apenas
aos limites da cidade do Rio de Janeiro, que na época era a capital federal, portanto centro de todas as decisões políticas e palco das
movimentações culturais, sociais, congregando diferentes interesses de grupos que ocupavam o poder ou, pelo menos, aspiravam a ele.
Além dessas reformas, foram realizadas diversas outras, nos Estados, por educadores inspirados nos princípios da escola nova, tais como a de
Lourenço Filho, no Ceará, em 1923, a de Anísio Teixeira, na Bahia, em 1925, a de Francisco Campos e Mario Casassanta, em Minas, em 1927,
a de Fernando de Azevedo, no Rio de Janeiro, em 1928 e a de Carneiro Leão, em Pernambuco, em 1928.
Essas reformas serviram de base para o movimento da escola nova, nos idos de 1930, que contou com o apoio desses educadores.
 
5. A Educação na Segunda República
5.1 – Período da Segunda República (1930 - 1936)
A crise econômica mundial de 1929 afetou gravemente o Brasil. Esta crise repercutiu diretamente sobre as forças produtoras rurais que
perderam do governo os subsídios que garantiam a produção. A Revolução de 30 foi o marco referencial para a entrada do Brasil no mundo
capitalista de produção. A acumulação de capital, do período anterior, permitiu com que o Brasil pudesse investir no mercado interno e na
produção industrial.
A nova realidade brasileira passou a exigir uma mão de obra especializada e para tal era preciso investir na educação. Sendo assim, em 1930,
foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública e, em 1931, o governo provisório sanciona decretos organizando o ensino secundárioe as
universidades brasileiras ainda inexistentes. Estes Decretos ficaram conhecidos como "Reforma Francisco Campos": cria o Conselho Nacional
de Educação e os Conselhos Estaduais de Educação (que só vão começar a funcionar em 1934); institui o Estatuto das Universidades
Brasileiras que dispõe sobre a organização do ensino superior no Brasil e adota o regime universitário; dispõe sobre a organização da
Universidade do Rio de Janeiro; dispõe sobre a organização do ensino secundário; organiza o ensino comercial, regulamenta a profissão de
contador e dá outras providências e consolida as disposições sobre o ensino secundário.
Em 1932 um grupo de educadores lança à nação o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo e assinado
por outros conceituados educadores da época.
O Governo Provisório foi marcado por uma série de instabilidades, principalmente para exigir uma nova Constituição para o país. Em 1932
eclode a Revolução Constitucionalista de São Paulo.
Em 1934 a nova Constituição (a segunda da República) dispõe, pela primeira vez, que a educação é direito de todos, devendo ser ministrada
pela família e pelos Poderes Públicos.
Ainda em 1934, por iniciativa do governador Armando Salles Oliveira, foi criada a Universidade de São Paulo. A primeira a ser criada e
organizada segundo as normas do Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931.
Em 1935 o Secretário de Educação do Distrito Federal, Anísio Teixeira, cria a Universidade do Distrito Federal, com uma Faculdade de
Educação na qual se situava o Instituto de Educação.
Em função da instabilidade política deste período, Getúlio Vargas, num golpe de estado, instala o Estado Novo e proclama uma nova
Constituição, também conhecida como "Polaca".
5.2 – Trechos do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova
A Reconstrução Educacional no Brasil - Ao Povo e ao Governo (1932)
Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação. Nem mesmo os de caráter econômico
lhe podem disputar a primazia nos planos de reconstrução nacional (...).
No entanto, depois de 43 anos de regime republicano (...) se verificará que (...) todos os nossos esforços, sem unidade de plano e sem espírito
de continuidade, não lograram ainda criar um sistema de organização escolar, à altura das necessidades modernas e das necessidades do
país. Tudo fragmentário e desarticulado. A situação atual, criada pela sucessão periódica de reformas parciais e frequentemente arbitrárias,
lançadas sem solidez econômica e sem uma visão global do problema, em todos os seus aspectos, nos deixa antes a impressão desoladora de
construções isoladas, algumas já em ruína, outras abandonadas em seus alicerces, e as melhores, (estão) em termos de serem despojadas de
seus andaimes (...).
Onde se tem de procurar a causa principal desse estado antes de inorganização do que de desorganização do aparelho escolar, é na falta, em
quase todos os planos e iniciativas, da determinação dos fins de educação (aspecto filosófico e social) e da aplicação (aspecto técnico) dos
métodos científicos aos problemas de educação. Ou, em poucas palavras, na falta de espírito filosófico e científico, na resolução dos problemas
da administração escolar.
Esse empirismo grosseiro, que tem presidido ao estudo dos problemas pedagógicos, postos e discutidos numa atmosfera de horizontes
estreitos, tem as suas origens na ausência total de uma cultura universitária e na formação meramente literária de nossa cultura.
Nunca chegamos a possuir uma "cultura própria", nem mesmo uma "cultura geral" que nos convencesse da "existência de um problema sobre
objetivos e fins da educação".
Não se podia encontrar, por isto, unidade e continuidade de pensamento em planos de reformas, nos quais as instituições escolares, esparsas,
não traziam, para atraí-las e orientá-las para uma direção, o polo magnético de uma concepção da vida, nem se submetiam, na sua
organização e no seu funcionamento, a medidas objetivas com que o tratamento científico dos problemas da administração escolar nos ajuda a
descobrir, à luz dos fins estabelecidos, os processos mais eficazes para a realização da obra educacional (...).
(Daqui em diante ele coloca as principais mudanças que deveriam ocorrer no ensino brasileiro: gratuidade, laicismo, nível universitário para
várias profissões e não apenas as liberais (medicina, direito e engenharia), acesso das camadas mais pobres, acesso pelo mérito nas
universidades, o direito à educação como necessidade universal, valores mutáveis versus valores permanentes; autonomia dos educadores e
das universidades, o investimento público em educação e a função social que a escola representa).
5.3 – Movimento de Renovação Educacional
À luz dessas verdades e sob a inspiração de novos ideais de educação, é que se gerou, no Brasil, o movimento de reconstrução educacional,
com que, reagindo contra o empirismo dominante, pretendeu um grupo de educadores, nestes últimos doze anos, transferir do terreno
administrativo para os planos político-sociais a solução dos problemas escolares.
"O ideal da democracia que, - escrevia Gustave Belot em 1919, - parecia mecanismo político, torna-se princípio de vida moral e social, e o que
parecia coisa feita e realizada revelou-se como um caminho a seguir e como um programa de longos deveres". Mas, de todos os deveres que
incumbem ao Estado, o que exige maior capacidade de dedicação e justifica maior soma de sacrifícios; aquele com que não é possível transigir
sem a perda irreparável de algumas gerações; aquele em cujo cumprimento os erros praticados se projetam mais longe nas suas
consequências, agravando-se à medida que recuam no tempo; o dever mais alto, mais penoso e mais grave é, de certo, o da educação que,
dando ao povo a consciência de si mesmo e de seus destinos e a força para afirmar-se e realizá-los, entretém, cultiva e perpetua a identidade
da consciência nacional, na sua comunhão íntima com a consciência humana.
 
6. A Educação na Ditadura Militar
 O período de 1964 a 1985, período ditatorial do regime militar, foi um período marcado por uma intensa perseguição política e repressão
aos que eram contrários aos ideais militares. forças políticas e forças sociais se confrontavam, utilizando, ambos os lados, de recursos com
censurta, terrorismo, tortura e guerrilhas. Este período também foi um período de profundas mudanças na sociedade brasileira, inclusive na
educação.
O período que antecede a ditadura, que vai de 1946 a 1964, foi um período marcante para a educação brasileira, pois tivemos a participação e
atuação de educadores que deixaram seus nomes nos anais da historia da educação brasileira, como: Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo,
Lourenço Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Pachoal Leme, Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, Durmeval Trigueiro, entre outros.
Depois do golpe militar de 1964 muito educadores passaram a ser perseguidos em função de posicionamentos ideológicos. Muito foram
calados para sempre, alguns outros se exilaram, outros se recolheram a vida privada e outros, demitidos, trocaram de função.
No ano de 1964 diante do problema do analfabetismo (40% da população acima de 15 anos era analfabeta), dos resultados do censo escolar,
os especialistas em educação e dos altos índices de reprovação nas primeiras séries da educação fundamental, o Estado, sob o governo de
Humberto Castelo Branco (1964-1967), se viu obrigado a demonstrar sua preocupação com a situação. Para erradicar o analfabetismo foi
criado Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL.
Aproveitando-se, em sua didática, no expurgado Método Paulo Freire, o MOBRAL propunha erradicar o analfabetismo no Brasil… não
conseguiu. E entre denúncias de corrupção… foi extinto.
É no período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo era abafada, muitas vezes
pela violência física, que é instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1971. A característicamais marcante
desta Lei era tentar dar a formação educacional um cunho profissionalizante. Dentro do espírito dos “slogans” propostos pelo governo, como
“Brasil grande”, “ame-o ou deixe-o”, “milagre econômico”, etc., planejava-se fazer com que a educação contribuísse, de forma decisiva, para o
aumento da produção brasileira.
A ditadura militar se desfez por si só. Tamanha era a pressão popular, de vários setores da sociedade, que o processo de abertura política
tornou-se inevitável. Mesmo assim, os militares deixaram o governo através de uma eleição indireta, mesmo que concorressem somente dois
civis (Paulo Maluf e Tancredo Neves).
 
 
 
Leitura Complementar
A PEDAGOGIA NO SEU CONTEXTO HISTÓRICO ACERCA DA SUA IDENTIDADE
Alexsandro da Silva Souza
Pollyanna Cristina Costa Nascimento
Carlos José Costa Júnior
Apollo Kennedy Cardoso Sousa
Profª. Dra. Luciana Matias Cavalcante
Resumo: O presente artigo tem como objetivo investigar a identidade do pedagogo, formado no curso de Pedagogia de uma Instituição de
Ensino Superior (IES) na cidade de Parnaíba-PI, que nos propomos averiguar, caracterizando o perfil do profissional formado pela instituição.
Mas antes de analisarmos esse perfil de pedagogo faremos uma síntese sobre as discussões em torno da Pedagogia bem como sua história,
refletindo acerca dessa problemática que continua a ser debatido nos dias atuais. Para fazer esse trabalho usamos o estudo de caso do tipo
etnográfico, que permite um maior contato entre o pesquisador e objeto pesquisado, os resultados apresentado nesse trabalho ainda são
preliminares já que a pesquisa ainda encontra-se em andamento. Acreditamos que as contribuições do presente artigo estão no fato de que as
reflexões surgidas poderão direcionar debates sobre o curso de Pedagogia bem como a identidade do profissional que este se propõe a formar.
Palavras-chave: Identidade. Pedagogo. Curso de Pedagogia.
Disponível em:
<http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Trabalho_Comunicacao_oral_idinscrito_50_d45e054ee66ad2745fc50cb12ef6a77c.pdf>
Acesso em: 07/08/2017.
 
 
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Da História da Pedagogia a Historia da Educação: fatos e marcos em busca de (res)significação epistemológica. Disponível em:
<http://revistas.uniube.br/index.php/anais/article/viewFile/324/315> Acesso em: 07/08/2017.
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Finalidades da educação brasileira na Primeira República. Disponível em:
<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/pedagogia/finalidades-da-educacao-brasileira-na-primeira-republica/43445> Acesso em:
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MARCONDES, Daniel. DICIONÁRIO BÁSICO DE. FILOSOFIA terceira edição revista e ampliada. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro. 2001.
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Universidade Tecnológica Federal do Paraná. História da Educação. Disponível em:
<http://www.utfpr.edu.br/campomourao/cursos/licenciaturas/Ofertados-neste-Campus/licenciatura-em-quimica-
1/PlanodeensinoHistriadaEducao20141.pdf> Acesso em: 07/08/2017.

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