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TUTORIA 1- UC 13 Karolina Cabral Machado - P5 2021.2 fonte: Cap.12 (Dor:Princípios e prática), Cap. 49 (Guyton), Cap. 7 (Porto), https://consultaremedios.com.br/diclofenaco-sodico/bula TEMA CENTRAL: DOR SOMÁTICA 1-CONCEITUAR DOR E A CLASSIFICAÇÃO DA DOR DE ACORDO COM A FISIOPATOLOGIA, A DURAÇÃO, O SÍTIO DE ORIGEM E A INTENSIDADE: A dor é uma experiência vivenciada por quase todos os seres humanos, pois constitui um instrumento de proteção que possibilita a detecção de estímulos físicos e químicos nocivos, estabelece situações com limiares específicos e organizados, além de sensibilizar sistem as que protegem o indivíduo contra futuras lesões, de acordo com vários mecanismos. Para o comitê de taxonomia da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) conceitua dor como “experiência sensitiva e emocional desagradável decorrente ou descrita em termos de lesões teciduais reais ou potenciais”. Quanto à duração: A dor aguda apresenta valor biológico fundamental, pois constitui um alerta para a possibilidade de uma lesão tecidual vir a se instalar ou já estar instalada, além de induzir reações de defesa, fuga ou remoção do agente causal. A dor rápida (pontual, em agulhada, aguda) é sentida, dentro de 0,1 segundo, após a aplicação de estímulo doloroso, enquanto a dor lenta começa somente após 1 segundo ou mais, aumentando lentamente durante vários segundos e, algumas vezes, durante minutos. A dor pontual rápida não é sentida nos tecidos mais profundos do corpo. Por outro lado, a dor crônica despe-se desse valor biológico, pois é constituída especialmente por reações musculoesqueléticas e psicocomportamentais que induzem incapacidade e repercussões biopsicossociais desfavoráveis. A dor lenta também tem vários nomes, como dor em queimação, dor persistente, dor pulsátil, dor nauseante e dor crônica. Esse tipo de dor geralmente está associado à destruição tecidual. A dor lenta pode levar ao sofrimento prolongado e quase insuportável e pode ocorrer na pele e em quase todos os órgãos ou tecidos profundos. Quanto ao sítio de origem: A dor somática superficial é a forma de dor nociceptiva decorrente da estimulação de nociceptores do tegumento. Tenda ser bem localizada e se apresentar de maneira bem distinta (picada, pontada, rasgando, queimor), de acordo com o estímulo aplicado. Sua intensidade é variável e, de certa maneira, proporcional à intensidade do estímulo. Decorre, em geral, de trauma, queimadura e processo inflamatório. A dor somática profunda é a modalidade de dor nociceptiva consequente à ativação de nociceptores dos músculos, fáscias, tendões, ligamentos e articulações. Suas principais causas são: estiramento muscular, contração muscular isquêmica (exercício exaustivo prolongado), contusão, ruptura tendinosa e ligamentar, síndrome miofascial, artrite e artrose. É mais difusa que a dor somática superficial, apresenta localização imprecisa, sendo em geral descrita como dolorimento (aching pain), dor surda, dor profunda e, no caso da contração muscular isquêmica, como cãibra. Sua intensidade é proporcional à do estímulo causal, mas comumente vai de leve à moderada. Às vezes, pode manifestar-se como dor referida. https://consultaremedios.com.br/diclofenaco-sodico/bula TUTORIA 1- UC 13 Karolina Cabral Machado - P5 2021.2 A dor irradiada caracteriza-se por ser sentida à distância de sua origem, porém ocorre obrigatoriamente em estruturas inervadas pela raiz nervosa ou em nervo cuja estimulação nóxica é responsável pela dor. Um exemplo clássico é a ciatalgia, provocada pela compressão de uma raiz nervosa por uma hérnia de disco lombar. A dor referida ramos das fibras para a dor visceral fazem sinapse na medula espinal, nos mesmos neurônios de segunda ordem (1 e 2) que recebem os sinais dolorosos da pele. Quando as fibras viscerais para a dor são estimuladas, os sinais dolorosos das vísceras são conduzidos pelo menos por alguns dos mesmos neurônios que conduzem os sinais dolorosos da pele, e a pessoa tem a impressão de que as sensações se originam na pele. Na dor visceral as vísceras têm receptores sensoriais exclusivos para a dor. Essencialmente, qualquer dor que se origine nas cavidades torácica ou abdominal é transmitida pelas fibras delgadas do tipo C e, portanto, só podem transmitir o tipo crônico-persistente de dor. A isquemia causa dor visceral da mesma forma que causa dor em outros tecidos, presumivelmente, devido à formação de produtos finais metabólicos ácidos ou produtos degenerativos dos tecidos, como a bradicinina, enzimas proteolíticas ou outras que estimulem as terminações nervosas para dor. Substâncias nocivas escapam do TGI para a cavidade peritoneal e podem estimular amplas áreas de fibras dolorosas. A dor costuma ser excruciante e grave. O espasmo de qualquer outra víscera oca pode causar dor, possivelmente, pela estimulação mecânica das terminações nervosas da dor. Outra possibilidade é a de que o espasmo pode acarretar diminuição do fluxo sanguíneo. A dor de víscera em espasmo ocorre na forma de cólicas, com a dor chegando a alto grau de gravidade e depois diminuindo. Esse processo continua de modo intermitente, uma vez a cada poucos minutos. Os ciclos intermitentes resultam de períodos de contração da musculatura lisa. O preenchimento excessivo de víscera oca também pode resultar em dor, por isquemia, devido à distensão excessiva dos tecidos propriamente ditos. Quando a doença afeta a víscera, o processo doloroso geralmente se dissemina para o peritônio, a pleura ou o pericárdio parietal. Essas superfícies parietais, como a pele, são supridas com extensa inervação dolorosa. Portanto, a dor da parede parietal sobre a víscera é, muitas vezes, aguda. A dor oriunda das vísceras normalmente é de difícil localização. Primeiro, o sistema nervoso do paciente não reconhece de experiência anterior, a existência dos diferentes órgãos internos; portanto, qualquer dor que se origine internamente pode apenas ser localizada com imprecisão. Segundo, as sensações do abdome e do tórax são transmitidas por meio das duas vias para o SNC — a via visceral verdadeira e a via parietal. A dor visceral verdadeira é transmitida pelas fibras sensoriais para dor, nos feixes nervosos autônomos, e as sensações são referidas para as áreas da superfície do corpo, geralmente longe do órgão doloroso. Inversamente, as sensações parietais são conduzidas diretamente para os nervos espinais locais do peritônio parietal, da pleura ou do pericárdio, e essas sensações geralmente se localizam diretamente sobre a área dolorosa. Quando a dor visceral é referida para a superfície do corpo, a pessoa, em geral, a localiza no segmento dermatômico de origem do órgão visceral no embrião, e não necessariamente no local atual do TUTORIA 1- UC 13 Karolina Cabral Machado - P5 2021.2 órgão visceral. A dor oriunda de vísceras frequentemente se localiza em duas áreas na superfície do corpo ao mesmo tempo, por causa da dupla transmissão da dor pela via visceral referida e a via parietal direta. No apêndice inflamado a dor é referida para a área ao redor do umbigo e é do tipo persistente e espasmódica. Além dessa, a dor parietal do tipo pontual diretamente sobre o peritônio irritado, no quadrante inferior direito do abdome. A dor neuropática também denominada dor por lesão neural, por desaferentação (privação de um neurônio de suas aferências), ou central (quando secundária às lesões do SNC). Decorre de lesão de qualquer tipo infligida ao SNP ou SNC, e pode apresentar-se de 3 formas: constante, intermitente e evocada. Esse tipo de dor é gerado dentro do sistema nervoso, independentemente de qualquer estímulo externo ou interno (componente constante). A secção do trato neoespinotalâmico, tão eficaz em eliminar a dor nociceptiva, agrava a neuropática (componente constante). Quando um neurônio é privado de suas aferências (desaferentação), aparecem diversas alterações: degeneração dos terminais pré-sinápticos, reinervação do sítio desaferentado por axônios vizinhos (brotamento ou sprouting), substituição de sinapsesinibitórias por outras excitatórias, ativação de sinapses anteriormente inativas e aumento da eficácia de sinapses antes pouco eficazes. A ocorrência dessas alterações acaba por tornar as células desaferentadas hipersensíveis (células explosivas). Sua hiperatividade espontânea, visto que são integrantes das vias nociceptivas, seria o substrato fisiopatológico para a dor constante (em queimação ou formigamento) da qual se queixam esses pacientes. A dor neuropática apresenta mais dois componentes, podendo ser intermitente ou evocada (alodínia e hiperpatia). A intermitente decorre da ativação das vias nociceptivas pela cicatriz formada no foco lesional ou por efapse (impulsos motores descendentes cruzam para as vias nociceptivas no sítio de lesão do sistema nervoso). A secção cirúrgica completa da via neoespinotalâmica (ou neotrigeminotalâmica, na dor facial) elimina essa modalidade de dor. A dor evocada, por sua vez, se deve aos rearranjos sinápticos decorrentes da desaferentação. A reinervação de células nociceptivas desaferentadas por aferentes táteis, por exemplo, faria com que a estimulação tátil, ao ativar neurônios nociceptivos, produzisse uma sensação dolorosa, desagradável (alodínia). A substituição de sinapses inibitórias por excitatórias, o aumento da eficácia de sinapses outrora pouco efetivas e a ativação das anteriormente inativas, por outro lado, poderiam tomar tais células hiper-responsivas aos estímulos dolorosos, manifestando-se clinicamente sob a forma de hiperpatia. Como a dor evocada depende da estimulação dos receptores e do tráfego dos impulsos pelas vias nociceptivas, ela pode ser aliviada pela secção cirúrgica da via neoespinotalâmica. São exemplos de dores neuropática as que ocorrem: (1) nas polineuropatias, (2) na neuralgia pós-herpética, (3) no membro fantasma, (4) por avulsão do plexo braquial, (5) pós-trauma raquimedular e (6) pós-acidente vascular encefálico ("dor talâmica"). Seu início pode coincidir com a atuação do fator causal, porém, mais comumente, ocorre após dias, semanas, meses ou até anos. Em geral, o fator causal não pode ser removido, por ter deixado de agir ou por ser impossível interrompê-lo. Quanto à intensidade: A dor constante ocorre em praticamente 100% dos casos, sendo, em geral, descrita como dor em queimação ou dormente ou em formigamento, ou como um mero dolorimento. Trata-se de uma disestesia (sensação anormal desagradável) normalmente nunca experimentada pelo paciente. TUTORIA 1- UC 13 Karolina Cabral Machado - P5 2021.2 A dor intermitente é mais frequente nas lesões nervosas periféricas e da medula espinal, sendo rara nas lesões encefálicas, e relatada como dor em choque, aguda. Lembra a dor da ciatalgia, mas, diferentemente desta, seu trajeto não segue o de qualquer nervo. A dor evocada, mais comum nas lesões encefálicas, é também frequente nas lesões medulares e do sistema nervoso periférico, podendo manifestar-se sob a forma de alodínia ou de hiperpatia. A dor mista ocorre com os dois mecanismos anteriores (nociceptiva e neuropática), em certos casos de dor por neoplasia maligna, quando ela se deve tanto ao excessivo estímulo dos nociceptores quanto à destruição das fibras nociceptivas. Toda dor tem um componente emocional associado, o que varia é sua magnitude. A dor psicogênica, porém, é uma condição inteiramente distinta, para a qual não há qualquer substrato orgânico, sendo gerada por mecanismos puramente psíquicos. Tende a ser difusa, generalizada, imprecisa. Algumas vezes, pode ser localizada e, nesse caso, em geral, sua topografia corresponde à da imagem corporal que o paciente tem da estrutura que julga doente. A dor psicogênica muda de localização sem qualquer razão aparente. Quando irradiada, não segue o trajeto de qualquer nervo. Sua intensidade é variável, sendo agravada pelas condições emocionais do paciente, o que, em geral, é contestado por ele. Pode ser relatada como muito intensa, excruciante, lancinante, incapacitante. A utilização inadequada e abusiva de medicamentos é comumente observada. 2- REVISAR AS VIAS DA DOR, ÁREAS ENCEFÁLICAS, RECEPTORES: 3-ENTENDER A FISIOPATOLOGIA DA DOR SOMÁTICA: No fenômeno sensitivo doloroso, o primeiro passo é a transformação (transdução) dos estímulos ambientais, físicos ou químicos intensos em potenciais de ação, que são transferidos, das fibras nervosas do SNP para o SNC. As moléculas do meio ambiente atuam via segundos mensageiros ou ligam-se aos canais iônicos ou aos receptores. Estímulos químicos (radicais ácidos, capsaicina, bradicinina), mecânicos (pressão) ou térmicos (calor ou frio) intensos alteram as propriedades da membrana dos nociceptores e deflagram potenciais de geração, quando esses são somados, deflagram os potenciais de ação. Os neurônios aferentes são classificados em três classes, de acordo com a dimensão do corpo celular e seus axônios: fibras de pequeno diâmetro, amielinizadas e com velocidade de condução inferior a 2 m/s (fibras C); fibras de médio diâmetro, discretamente mielinizadas e com velocidade de condução de 25 a 50 m/s (fibras A-delta); ou fibras de grande diâmetro, intensamente mielinizadas e com elevada velocidade de condução (fibras A-beta e A-alfa). Aproximadamente 20% das fibras A-alfa e A-beta são nociceptivas, enquanto a maior parte das fibras C e A-delta também é nociceptiva. Os nociceptores podem ser classificados com o terminações nervosas livres das fibras A-delta e C, terminações nervosas das fibras A-delta e C sensibilizadas por processos inflamatórios e terminações das aferentes A-beta e de limiar reduzido quando ocorre sensibilização neuronal. Os nociceptores relacionados às fibras C respondem à estimulação mecânica, térmica e química. A maioria dos receptores não-algogênicos dos aferentes C são interoceptores apropriados para detectar os mediadores intrínsecos da inflamação. Os nociceptores relacionados às fibras A-delta reagem tanto à estimulação mecânica quanto TUTORIA 1- UC 13 Karolina Cabral Machado - P5 2021.2 à térmica. Observa-se que 46% das fibras amielinizadas do SNP reage à estimulação mecânica e térmica não-nociva, e 54%, à estimulação mecânica, térmica e/ou polimodal. Os mecanorreceptores do grupo C reagem à estimulação tátil substancialmente inferior ao limiar de dor; os nociceptores do grupo C, mecanicamente insensíveis, são heterogêneos em relação à estimulação química e térmica; e alguns respondem somente aos estímulos mecânicos de elevada intensidade. Muitas fibras A-delta reagem à estimulação mecânica nociva de elevada intensidade e à estimulação térmica e, em menor número, à estimulação mecânica de baixo limiar dos folículos pilosos. Os nociceptores A-delta podem ser divididos em dois tipos: no tipo I estão os que reagem à estimulação térmica intensa (cerca de 52°C), mas não à capsaicina e são sensibilizados pela lesão térmica do tegumento; os que pertencem ao tipo II não são sensibilizados pelo calor intenso e reagem apenas ao calor moderado ( ± 43°C) e à capsaicina. Essas fibras medeiam a dor primária, que é bem delineada, rapidamente induzida e precisamente descrita com o picada. As fibras A-beta relacionadas aos receptores táteis, como os de Merkel, os corpúsculos de Meissner e os folículos pilosos, apesar de mediarem as sensações mecânicas de baixo limiar, podem também veicular informações nociceptivas em condições normais ou após a ocorrência de lesão tecidual ou sensibilização dos mecanorreceptores por substâncias inflamatórias. Em geral, a dor rápida é desencadeada por tipos de estímulos mecânicos e térmicos, enquanto a dor crônica pode ser desencadeada pelos três tipos de estímulo. Algumas das substâncias que excitam o tipo químico de dor são: bradicinina, serotonina, histamina, íons potássio, ácidos, acetilcolina e enzimas proteolíticas. Além disso, as prostaglandinas e a substância P aumentam a sensibilidade das terminações nervosas. A bradicinina é uma substância que parece induzir a dor de modo mais acentuado do que as outras substâncias. Pesquisas indicam que seja a principal responsávelpela dor. Além disso, a intensidade da dor se relaciona ao aumento local da concentração do íon potássio ou à elevação da concentração de enzimas proteolíticas, que atacam diretamente as terminações nervosas e estimulam a dor por fazer as membranas nervosas mais permeáveis aos íons. Durante a isquemia é o acúmulo de grande quantidade de ácido lático nos tecidos, formada em consequência do metabolismo anaeróbico (isto é, metabolismo sem oxigênio). Também é provável que outros agentes químicos, como a bradicinina e as enzimas proteolíticas, sejam formados nos tecidos por causa do dano celular, e que a presença desses agentes, com o ácido lático, estimula as terminações nervosas para a dor. A dor é efeito direto do espasmo muscular na estimulação de receptores mecanossensíveis, mas também pode resultar de efeito indireto do espasmo muscular comprimindo vasos sanguíneos e levando à isquemia. Além disso, o espasmo aumenta a intensidade do metabolismo do tecido muscular, tornando a isquemia relativa ainda maior e criando condições ideais para a liberação de substâncias químicas indutoras da dor. Os receptores para dor se adaptam muito pouco e algumas vezes não se adaptam. De fato, em certas circunstâncias, a excitação das fibras dolorosas fica progressivamente maior, à medida que o estímulo persiste, em especial para a dor lenta persistente nauseante. Esse aumento da sensibilidade dos receptores para dor é chamado hiperalgesia. (Explica a importância da dor como sinal de alerta no organismo!) As duas vias correspondem principalmente aos dois tipos de dor — uma via para a dor pontual rápida e uma via para a dor lenta crônica. Os estímulos da dor pontual são transmitidos pelos nervos periféricos para a medula espinal por meio de fibras Ad do tipo TUTORIA 1- UC 13 Karolina Cabral Machado - P5 2021.2 pequeno, com velocidade entre 6 e 30 m/s. Inversamente, o tipo de dor lenta crônica é desencadeado principalmente por estímulos químicos, mas, algumas vezes, por estímulos mecânicos ou térmicos persistentes. Essa dor lenta crônica é transmitida para a medula espinal por fibras tipo C, com velocidades entre 0,5 e 2 m/s. A dor pontual avisa a pessoa rapidamente sobre o perigo e, portanto, desempenha papel importante na reação imediata do indivíduo para se afastar do estímulo doloroso. A dor lenta tende a aumentar com o passar do tempo. Essa sensação, por fim, produz dor intolerável e faz com que a pessoa continue tentando aliviar a causa da dor. Ao entrarem na medula espinal, vindas pelas raízes espinais dorsais, as fibras da dor terminam em neurônios-relé nos cornos dorsais. Aí novamente existem dois sistemas para o processamento dos sinais dolorosos em seu caminho para o encéfalo. NEOESPINOTALÂMICA As fibras dolorosas Ad do tipo rápido transmitem principalmente as dores mecânica e térmica agudas. Elas terminam, em sua maioria, na lâmina I (lâmina marginal) dos cornos dorsais e excitam os neurônios de 2ª ordem do trato neoespinotalâmico. Esses neurônios de 2ª ordem dão origem às fibras longas que cruzam imediatamente para o lado oposto da medula espinal pela comissura anterior e depois ascendem para o encéfalo nas colunas anterolaterais. Algumas fibras do trato neoespinotalâmico terminam nas áreas reticulares do tronco cerebral, mas a maioria segue até o tálamo sem interrupção, terminando no complexo ventrobasal com o trato da coluna dorsal–lemnisco medial para sensações táteis. Algumas fibras terminam também no grupo nuclear posterior do tálamo. Dessas áreas talâmicas, os sinais são transmitidos para outras áreas basais do encéfalo, bem como para o córtex somatossensorial. A dor pontual rápida pode ser localizada com muito mais precisão nas diferentes partes do corpo do que a dor crônica lenta. Entretanto, quando somente são estimulados os receptores para dor, sem a estimulação simultânea dos receptores táteis, mesmo a dor rápida pode ser mal localizada. Acredita-se que o glutamato seja a substância neurotransmissora secretada nas terminações nervosas para a dor do tipo Ad da medula espinal. PALEOESPINOTALÂMICA A via paleoespinotalâmica é um sistema muito mais antigo e transmite dor sobretudo por fibras periféricas crônicas lentas do tipo C, apesar de transmitir alguns sinais das fibras do tipo Ad também. Nessa via, as fibras periféricas terminam na medula espinal quase inteiramente nas lâminas II e III dos cornos dorsais, que, em conjunto, são referidas como substância gelatinosa pelas fibras da raiz dorsal do tipo C mais laterais. Em seguida, a maior parte dos sinais TUTORIA 1- UC 13 Karolina Cabral Machado - P5 2021.2 passa por um ou mais neurônios de fibra curta, dentro dos cornos dorsais propriamente ditos, antes de entrar principalmente na lâmina V, também no corno dorsal. Aí, os últimos neurônios da série dão origem a axônios longos que se unem, em sua maioria, às fibras da via de dor rápida, passando primeiro pela comissura anterior para o lado oposto da medula e depois para cima, em direção do encéfalo, pela via anterolateral. Os terminais de fibras para dor do tipo C que entram na medula espinal liberam tanto o neurotransmissor glutamato quanto a substância P. O glutamato atua instantaneamente e persiste apenas por alguns milissegundos. A substância P é liberada muito mais lentamente. Sugere-se que a sensação “dupla” de dor, sentida após agulhada, resulte parcialmente do fato do neurotransmissor glutamato gerar sensação de dor rápida, enquanto o neurotransmissor substância P gera sensação mais duradoura. A via paleoespinotalâmica crônica lenta termina, de modo difuso, no tronco cerebral. A maioria das fibras termina em uma entre três áreas: (1) nos núcleos reticulares do bulbo, da ponte e do mesencéfalo; (2) na área tectal do mesencéfalo profundamente até os colículos superior e inferior; ou (3) na região cinzenta periaquedutal, que circunda o aqueduto de Sylvius. A localização da dor transmitida pela via paleoespinotalâmica é imprecisa. Por exemplo, a dor crônica lenta em geral só pode ser localizada em uma parte principal do corpo, como no braço ou na perna. Isso se deve à conectividade multissináptica difusa dessa via. É provável que os impulsos dolorosos que chegam à formação reticular do tronco cerebral, do tálamo e outras regiões inferiores do encéfalo causem percepção consciente de dor. A estimulação elétrica das áreas reticulares do tronco cerebral e dos núcleos intralaminares do tálamo, áreas onde terminam os sinais da dor lenta, tem forte efeito de alerta sobre a atividade neural de todo o encéfalo (por isso não consegue dormir com dor grave). Acredita-se que o córtex desempenhe papel especialmente importante na interpretação da qualidade da dor, mesmo que a percepção da dor seja função principalmente dos centros inferiores. 4-CARACTERIZAR AS ESCALAS DE DOR MAIS UTILIZADAS: Quando comparada às escalas de categorias numéricas ou verbais, a EAV tem a vantagem de reduzir a influência das respostas prévias (efeito de antecipação) quando muitas e repetidas respostas são solicitadas a um mesmo. TUTORIA 1- UC 13 Karolina Cabral Machado - P5 2021.2 5-DESCREVER OS MECANISMOS DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS E DOS AINES: ● AINES (anti-inflamatórios não esteroidais): São conhecidos como coxibes, pois sua função é a inibição das enzimas cicloxigenases COX1 e COX2, importantes para a quebra do ácido araquidônico e posterior produção de mediadores de inflamação como a prostaglandina. A COX1 está presente em quase todos os tecidos (vasos sanguíneos, plaquetas, estômago, intestino, rins) e é, por isso, denominada de enzima constitutiva. A COX1 está associada à produção de prostaglandinas e resulta em diversos efeitos fisiológicos, como proteção gástrica, agregação plaquetária, homeostase vascular e manutenção do fluxo sanguíneo renal. A COX2 está presente nos locais de inflamação, sendo, por isso, denominada de enzima indutiva. Ela é expressa primariamente por células envolvidas no processo inflamatório, como macrófagos, monócitos e sinoviócitos. Entretanto, se sabe que elatambém se encontra em outros tecidos e órgãos, como rins, cérebro, ovário, útero, cartilagem, ossos e endotélio vascular. Existem antiinflamatórios que inibem de forma mais seletiva ou específica a COX1 ou a COX2. A inibição da COX1 está associada ao aumento do risco de sangramentos e a danos no TGI. Os inibidores seletivos e específicos de COX2 foram desenvolvidos na tentativa de diminuir a incidência dos efeitos adversos da inflamação persistente. O uso de AINES é eficiente no alívio de dores, principalmente, em pacientes com processos inflamatórios persistentes. Exemplos: ibuprofeno, naproxeno e cetoprofeno. Em situações de úlcera péptica, efeitos que são mediados principalmente pela inibição da COX1, acreditava-se que os inibidores seletivos da COX2 seriam uma alternativa mais segura. Entretanto, apesar de alguns estudos terem referido menor frequência de complicações gastrintestinais com os inibidores da COX2 do que com os AINES tradicionais, a recente preocupação com a segurança cardiovascular tem limitado a utilização dessas medicações. Diclofenaco é um AINE, inibidor da COX-1.
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