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Lívia Mendes – UNIFG 2019.1 ABORDAGEM AO PACIENTE COM DISPEPSIA Sintomas referidos em andar superior do abdome • Empachamento, saciedade precoce, dor, queimação • Grande prevalência e alta morbidade AVALIAÇÃO CLÍNICA Anamnese: idade, tempo de evolução, fatores agravantes e atenuantes (alimentação), uso de medicações, presença de sintomas noturnos, sintomas associados (vômitos, pirose, disfagia, sangramentos), ansiedade, estresse, ganho ou perda de peso, HF de doenças gastrointestinais Exame físico: emagrecimento, hipocorado, taquicardia, icterícia, dor, irritação peritoneal, massa abdominal palpável HD: Dispepsia não investigada SÍNDROMES DISPÉPTICAS • Dispepsia funcional (70% das queixas) – sem lesão estrutural que justifique Orgânica: Fator etiológico evidente, alteração no exame • Câncer gástrico ou esofágico • Doença ulcerosa péptica • Infecção pelo H. Pylori • Doença de refluxo gastresofágica • Doenças hepatobiliares • Parasitoses intestinais • Intolerâncias alimentares • Doença celíaca OBS: Lembrar da possibilidade de sobreposição de doenças, ex: doença de refluxo + DF EXAMES COMPLEMENTARES • Exames laboratoriais: Hemograma, VHS, PCR, glicemia, provas de função tireoidiana, função renal, íons, perfil lipídico, sorologia para doença celíaca, testes de tolerância a lactose o Outros: enzimas hepatobiliares e pancreáticas, se história clinica; • EPF o Tratamento empírico de parasitoses • US de abdome: na suspeita de doenças hepatobiliares ou pancreáticas • Pesquisa de H. pylori: teste respiratório, antígeno fecal, sorologia, teste de urease e biopsias gástricas • Endoscopia Digestiva Alta (EDA)? o Esôfago, estômago, e duas porções iniciais duodenais o Mandatório: Sintomas dispépticos + sinais de alarme (suspeita de doença orgânica) ▪ Idade > 40 anos; perda de peso significativa, não intencional; massa palpável; disfagia; vômitos; sangramentos; anemias; HF de neoplasia gastrointestinal ou doença ulcero péptica o Recomendável: Paciente sem investigação previa, paciente refratário a terapia empírica o Permite a pesquisa de H. Pylori DISPEPSIA FUNCIONAL Presença de um ou mais dos seguintes sintomas: o Empachamento pós prandial o Saciedade precoce o Dor epigástrica Lívia Mendes – UNIFG 2019.1 o Queimação epigástrica ✓ Ausência de lesões estruturais que possam justificar os sintomas ✓ Sintomas presentes nos últimos três meses, com início, no mínimo, seis meses antes do diagnostico (crônico e recorrente) Fisiopatologia: • Hipersensibilidade visceral: paciente com dor a um estimulo ácido normal • Diminuição do acomodamento gástrico: não tem relaxamento para receber de forma adequada o alimento • Retardo do esvaziamento gástrico: Antro mais lento que demora de “empurrar” o alimento para o intestino • Fatores genéticos e ambientais Classificação: Síndrome da dor epigástrica: • Dor ou queimação epigástrica predominam • Sintomas presentes pelo menos 1x/semana Síndrome do desconforto pós prandial • Empachamento ou saciedade precoce predominam • Sintomas presentes pelo menos 3x na semana OBS: Frequentemente há sobreposição dos sintomas Tratamento Medidas não farmacológicas • Orientações: benignidade, cronicidade, resultado de exames • Dieta fracionada, com volumes menores, evitando refeições antes de deitar • Evitar cafeína e alimentos gordurosas • Cessar o tabagismo • Reduzir o consumo de álcool • Atividade física regular • Perda de peso (maior impacto) Medidas farmacológicas: O corpo e o fundo são responsáveis pela acomodação gástrica e produção de ácido, mediada pela célula parietal que respondem a três estímulos: histaminas, acetilcolina (nervo vago) e gastrina • Procinéticos (estimulam a contração antral): Domperidona, Metoclopramida, Bromoprida • Inibidores da bomba de prótons: prazóis • Bloqueadores H2 (BH2): Famotidina, Ranitidina o O bloqueador H2 produz uma das vias da produção de acido, então um efeito a longo prazo seria um superfuncionamento dos outros modos. • Neuromoduladores: Antidepressivos tricíclicos (ADTs) Síndrome do Desconforto pós-prandial • Procinéticos por 4 a 8 semanas • Metoclopramida: uso limitado a longo prazo pelos efeitos colaterais em SNC: síndrome extra-piramidal • Domperidona: o 10mg 30 minutos antes do café, antes do almoço, antes do jantar o Alteram o intervalo QT pode causar arritmias (solicitar ECG antes de iniciar) Lívia Mendes – UNIFG 2019.1 • Se não melhora: associar IBP • Se não melhora: acupuntura, psicoterapia Síndrome da Dor Epigástrica: • IBPs em dose padrão, por 4-8 semanas • Dose padrão: o Omeprazol 20mg o Pantoprazol 40mg o Lanzoprazol 30mg o Esomeprazol 20mg o Rabeprazol 20mg • Idealmente pela manhã, em jejum, pois o momento máximo de ativação das bombas de prótons ocorre após a primeira refeição • Aumento de doses não implica em melhora de resposta • Possibilidade de associação com BH2 • Avaliar descontinuação do uso de medicação após termino do tempo de tratamento • Se não melhorar: associar neuromodulador o Amitriptilina/Nortriptilina 10-75 mg/noite o Se melhorar após o inicio do neuromodulador, quando acabar o tempo do IBP (4-8 semanas), retira- se o IBP e deixa só o neuromodulador por 3-6 meses. RISCO DE USO DE IBPs Curto prazo: baixo índice de efeitos colaterais Uso prolongado: o Supressão acida prolongada poderia levar a redução da absorção de alguns elementos: ferro, B12, cálcio e Mg o Disbiose, infecção pelo C. difficile, peritonite bacteriana espotanea o Câncer e demência (carece de evidencias cientificas) H. PYLORI • Bactéria gram-negativa, flagelada, capaz de habitar o estomago e o duodeno humano • Causa de gastrite crônica ativa • Associação com ulceras gástricas e duodenais o Ulceras gástricas (70%) e duodenais (90%) • Fator carcinógeno tipo I pela OMS, para câncer gastrico • Transmissão: ainda em estudo, mas habitualmente na infância por via fecal-oral ou oral-oral • Epidemiologia: 90% dos adultos em países subdesenvolvidos terão contato com a bacteria em algum momento da vida • Melhora sustentada dos sintomas de dispepsia funcional após a erradicação • NÃO causa doença do refluxo Métodos diagnósticos: • Teste respiratório (padrão-ouro) • Teste da uréase (EDA) • Biopsias de antro e corpo gástrico (EDA) o Em nosso meio é mais utilizado o teste de urease e biopsias pela Endoscopia Digestiva Alta. • Antigeno fecal • Teste sorológico o Teste sorológico não faz controle de cura, e é feito pelo método ELISA igG Lívia Mendes – UNIFG 2019.1 o IBP ou antibióticos podem dar falsos-negativos Tratamento • H. pylori sempre deve ser tratada pois é fator oncogênico, possível causa de sintomas dispépticos e associada com possíveis extremidades extra-gástricas como Purpura Trombocitopênica Idiopática (PTI), Anemia ferropriva e deficiência de B12 • Primeira linha: Amoxicilina 1000mg BID + Claritromicina 500mg BID + IBP dose padrão BID, por 14 dias • Falhas do primeiro tratamento o Principal mecanismo: resistência da cepa à Claritromicina o Substituir Claritromicina por Levofloxacina 500mg MID • Controle de cura: mandatória para ulcera gástrica, e neoplasia. O exame de escolha é o teste respiratório ou mais comumente, em nosso meio, nova endoscopia com teste da urease e biopsia, com intervalo de mais ou menos 1 mês após o final do tratamento. o Se paciente melhorar dos sintomas, não precisa novo exame o Qualquer um positivo, indica presença da bactéria DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO • Condição em que o conteúdo gastroduodenal reflui pelo esfíncter esofágico inferior (EEI), gerando sintomas esofágicos (e/ou extra-esofagicos), ou complicações • Sintomas típicos: Pirose (azia) e regurgitação • Sintomas atípicos: tosse, IVAS, rouquidão, dor torácica, desgaste de esmalte dentário, halitose etc. DRGE X DISPEPSIA FUNCIONAL • Sintomas podem se confundir,detalhar a “azia” do paciente • Podem coexistir • Metodos diagnósticos e tratamentos com algumas diferenças: o Procinéticos não tem eficácia no tratamento da DRGE e IBPs podem ser uteis em doses dobradas o Para diagnostico da DRGE pode ser necessária pHmetria
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