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O QUE É AVALIAR? Avaliar é essencialmente questionar. É observar e promover experiências educativas que signifiquem provocações intelectuais significativas no sentido do desenvolvimento do aluno. Dessa forma, as tarefas e testes mudam radicalmente de lugar e de importância no contexto escolar. Enquanto na avaliação classificatória esses instrumentos ocupam o lugar de verificar, comprovar o alcance de um objetivo ao final de um estudo, de um determinado tempo, na visão mediadora, ao contrário, elas assumem o caráter permanente de mobilização, de provocação. Observação, reflexão e mediação Observação: o educador a estende o olhar mais profundo para outros alunos, para todos os alunos. Mais do que reunir dados ou fatos que expliquem o seu desempenho atual, trata-se de uma reconstrução permanente de hipóteses à medida que o professor interage com o aluno e efetiva sua mediação numa cadeia de ações flexíveis e de complexidade crescente. Prática para se aprender a observar, registrar, reunir dados, analisar tarefas, escutar os alunos lendo, acompanhando brincadeiras, conversando com as famílias, ouvindo outros professores. - Reflexão: a avaliação em educação infantil precisa resgatar urgentemente o sentido essencial de acompanhamento do desenvolvimento e de reflexão permanente sobre as crianças em seu cotidiano, como elo na continuidade da ação pedagógica. Mediação: envolvimento do professor com os alunos e no seu comprometimento com o progresso deles em termos de aprendizagens. 3 princípios essenciais orientam a prática mediadora: a) princípio dialógico/interpretativo da avaliação; b) princípio da reflexão prospectiva; c) princípio da reflexão-na-ação. AVALIAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL O olhar sensível e reflexivo: o que se diz sobre as crianças, as verdades que são enunciadas, precisam ser sempre repensadas, transformando-se em hipóteses a serem permanentemente investigadas por meio da observação e diálogo com as crianças, o que exige estudo e reflexão teórica. (O conhecimento de uma criança é construído lentamente, pela sua própria ação e por suas próprias ideias que se desenvolvem numa direção: para maior coerência, maior riqueza e maior precisão). AVALIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL Piaget: a criança constrói conhecimento na sua interação com o objeto, entendido como o seu próprio corpo, as pessoas, os animais, a natureza, os fenômenos do mundo físico em geral. Ao nascer cada criança apresenta processos internos que lhe possibilitam a aprendizagem, mas que resultam em desenvolvimento a partir, essencialmente, AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO INFANTIL Jussara Hoffmann da sua experiência sobre o meio e das condições que o meio lhe oferecer para isso. Vygotsky: a ação da criança é essencial para o seu desenvolvimento. Ela atribui significados aos objetos, não a partir de sua herança genética ou a partir dos estímulos do meio ambiente, mas pela interação com os elementos de sua cultura e do seu meio social. O curso do seu desenvolvimento cognitivo é influenciado pelo meio sociocultural da criança, e as referências semânticas apresentadas pelas palavras e conceitos vigentes no grupo social determinam o conteúdo e a forma, tanto das estruturas linguísticas quanto das estruturas do seu pensamento. Avaliar para julgar ou para desafiar? O espaço pedagógico que respeita e valoriza a criança no seu próprio tempo é, inicialmente, um ambiente espontâneo, seguro e desafiador. O que as crianças querem aprender e o que precisam aprender? Convencionalmente, o planejamento na educação infantil organiza-se em unidades temáticas o que reproduz, de certa forma, a organização disciplinar do ensino fundamental. Projetos pedagógicos e avaliação mediadora Nesse tipo de atividade que mobiliza todas as crianças, e em que cada uma é mobilizada como totalidade, não é apenas o seu aspecto cognitivo que está envolvido, são a sua emoção, o eu sentimento e o seu prazer, são as duas intuições que se materializam na realização do projeto. O tempo todo, a criação, o individual e o coletivo estão presentes, pois falar em criação coletiva não significa anular o ser único que é cada criança. Realização do projeto: importante que se dê a articulação entre o conhecimento científico e a realidade espontânea da criança, promovendo a cooperação e a interdisciplinaridade num contexto de jogo, trabalho e lazer. É necessário além do olhar observador do professor, a compreensão de que uma única e pontual forma de avaliar, não abrange as diferentes construções de aprendizagem vivenciadas por cada criança de uma sala de aula. A concepção de avaliação que se dá a partir da observação das crianças considerando seus interesses e da reflexão sobre a prática é denominada “avaliação mediadora”. Práticas de elaboração de relatórios de avaliação numa perspectiva mediadora: Os objetivos norteadores da análise do desenvolvimento da criança transparecem nos relatórios? Evidencia-se a inter-relação entre objetivos (socioafetivos e cognitivos) a serem alcançados, áreas temáticas trabalhadas e realização de atividades pela criança? Percebe-se o caráter mediador do processo avaliativo? Privilegia-se, ao longo do relatório, o caráter evolutivo do processo de desenvolvimento da criança? Percebe-se o caráter individualizado no acompanhamento da criança? Procedimentos didáticos: Hoffmann define a avaliação como “um conjunto de procedimentos didáticos que se estendem por um longo tempo e em vários espaços escolares”, realizando assim um processo de acompanhamento do desenvolvimento da criança, podendo utilizar-se de instrumentos como: pareceres descritivos, fichas de avaliação, portfólio, relatórios, dossiês ou qualquer outra forma de registros ou anotações. Relatórios Avaliativos Individuais: instrumento socializador de conquistas históricas, favorecendo o surgimento de outros olhares reflexivos sobre a história da criança, tornando-a singular para muitas outras pessoas, e, ao mesmo tempo, contextualizando o seu processo evolutivo e natural de desenvolvimento. Dossiê/Portfólio: dá relevância e visibilidade ao processo formativo de aquisição, treino e desenvolvimento de competências. Seu caráter compreensivo, de registro longitudinal, permite detectar dificuldades e agir em tempo hábil, ajudando o aluno a melhorar. Possibilita, ainda, a compreensão tanto da complexidade como das dinâmicas de crescimento do saber pessoal, proporcionando ao professor a ressignificação contínua de sua prática. Fichas de Avaliação: apresentam-se como prática típica de avaliação infantil que se dá a partir do preenchimento dos instrumentos de avaliação, ao final de algum período (semestre, bimestre, trimestre), com anotações de aspectos e características uniformes sobre crianças em idades diferentes, frequentemente com termos vagos e imprecisos que enfatizam somente as atividades e áreas do desenvolvimento das crianças que, muitas vezes, ainda não foram instigadas pelo professor.
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