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3º ANO - PET 03 FILOSOFIA 2021

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187
PLANO DE ESTUDO TUTORADO
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS
TURNO:
TOTAL DE SEMANAS: 
NÚMERO DE AULAS POR MÊS: 
COMPONENTE CURRICULAR: FILOSOFIA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 03/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA:
BIMESTRE: 3º
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: 
SEMANA 1
EIXO TEMÁTICO: 
Agir e Poder.
TEMA/TÓPICO: 
Indivíduo e Comunidade.
HABILIDADE(S): 
Compreender as diferentes formas de poder nas sociedades humanas.
CONTEÚDOS RELACIONADOS: 
Teoria política de Platão e Aristóteles.
TEMA: Teoria política de Platão e Aristóteles
Olá, estudante! Esta semana você será convidado a pensar a política a partir de dois pensadores clás-
sicos: Platão e Aristóteles. Estes filósofos pensaram as bases filosóficas das relações de poder de seu 
tempo. Em meio a profundas transformações sociais e políticas, as cidades gregas no período clássico 
(pólis), experimentaram formas diversas de governo como a monarquia, a oligarquia, a tirania e a demo-
cracia. Aproveite esta viagem para compreender o fundamento das relações políticas tanto do ponto de 
vista macro (governos), quanto do ponto de vista micro (relações interpessoais cotidianas). 
Através da escrita muito bem articulada de Gilberto Cotrim e de Mirna Fernandes, nas próximas sema-
nas você fará uma viagem pela história do pensamento político-filosófico.
TEORIA POLÍTICA DE PLATÃO
O filósofo grego Platão (428-347 a.c.), em seu livro A República, explica que o indivíduo possui três al-
mas: a concupiscente, a irascível e a racional. Pela educação, o indivíduo deveria alcançar um equilíbrio 
entre esses três princípios, mas um equilíbrio hierárquico, pois, para o filósofo, a alma racional deve 
preponderar.
Depois, fazendo uma analogia entre o indivíduo e a cidade (pólis), Platão também a dividiu em três gru-
pos sociais: 
188
• produtores – responsáveis pela produção econômica, como os artesãos e agricultores, criado-
res de animais etc. Esse grupo corresponderia à alma concupiscente; 
• guardiões – responsáveis pela defesa da cidade, como os soldados. Esse grupo corresponderia 
à alma irascível; 
• governantes – responsáveis pelo governo da cidade. Esse grupo corresponderia à alma racional.
A justiça na cidade dependeria do equilíbrio entre esses três grupos sociais, ou seja, cada qual cumprin-
do sua função, uma vez que se trata de aspectos necessários à vida da cidade. Assim, a cidade é como 
o corpo do indivíduo que estabelece:
[...] um acordo perfeito entre os três elementos da sua alma, assim como entre 
os três tons extremos de uma harmonia – o mais agudo, o mais grave, o médio, e 
os intermédios, se os houver –, e que, ligando-os uns aos outros se transforme, de 
múltiplo que era, em uso, moderado e harmonioso; [...] e que em todas essas oca-
siões considere justa e honesta a ação que salvaguarda e contribui para completar 
a ordem que implantou em si mesmo [...].(Platão, A República, p. 145).
E, da mesma forma que a alma racional prepondera no indivíduo, a esfera preponderante na cidade 
deve ser, para Platão, a dos governantes. Mas quem deve ser o governante? O filósofo propõe um mo-
delo educativo que possibilitaria a todos os indivíduos igual acesso à educação, independentemente 
do grupo social a que pertencessem por nascimento. Em sua formação, as crianças iriam passando por 
processos de seleção, ao longo dos quais seriam destinados a um dos três grupos sociais que formam 
a cidade. Os mais aptos continuariam seus estudos até o ponto mais alto desse processo – a filosofia –, 
a fim de se tornarem sábios e, assim, habilitados a administrar a cidade. Dizemos, portanto, que a con-
cepção política de Platão é aristocrática, pois supõe que a grande massa de pessoas é incapaz de dirigir 
a cidade; apenas uma pequena parcela de sábios está apta a exercer o poder político.
Aristocracia (do grego aristoi, “melhores”, e cracia,“poder”) é a forma de governo em que o poder é exer-
cido pelos “melhores”, os quais, na proposta de Platão, constituem uma elite (do latim eligere, = “esco-
lhido”) que se distinguiria pelo saber. Trata-se, portanto, de uma “aristocracia do espírito”, isto é, não 
está baseada no poder econômico. Isso significa também que Platão não propunha a democracia como 
a forma ideal de governo. A justificativa para essa posição está em sua alegoria da caverna. Para ele, 
o filósofo é aquele que, saindo do mundo das trevas e da ilusão, busca o conhecimento e a verdade no 
mundo das ideias. Depois deve voltar para dirigir as pessoas que não alcançaram esse ponto. Ele se 
constituiria, assim, no que ficou popularizado como rei-filósofo, pois aquele que, pela contemplação 
das ideias, conheceu a essência do bem e da justiça deve governar a cidade.
TEORIA POLÍTICA DE ARISTÓTELES
O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.c.) afirmava que o ser humano é por natureza um ser social, pois, 
para sobreviver, não pode ficar completamente isolado de seus semelhantes. Assim, constituída por 
um impulso natural do ser humano, a sociedade deve ser organizada conforme essa mesma natureza 
humana. O que deve guiar, então, a organização de uma sociedade? A busca de determinado bem, cor-
responde aos anseios dos indivíduos que a organizam.
Para Aristóteles, a organização social adequada à natureza humana é a pólis: “a cidade (pólis) encontra-
-se entre as realidades que existem naturalmente, e o homem é por natureza um animal político”. A pólis 
grega, portanto, é vista pelo filósofo como um fenômeno natural. Por isso, o ser humano em seu sentido 
pleno é um animal político, isto é, envolvido na vida da pólis. Assim, Aristóteles toma um fenômeno so-
cial característico da Grécia como modelo natural de todo o gênero humano.
Aristóteles também entende que a cidade tem precedência sobre cada um dos indivíduos, pois, iso-
ladamente, o indivíduo não é autossuficiente, e a falta de um indivíduo não destrói a cidade. Assim, 
afirmou: “o todo deve necessariamente ter precedência sobre as partes” (Política, p. 15). É por isso que, 
para o filósofo, conforme vimos, a política é uma continuidade da ética, ou melhor, a ética é entendida 
como uma parte da política. A ética dirige-se ao bem individual, enquanto a política volta-se para o bem 
comum, constituindo-se também em meio necessário ao bem-estar pessoal.
189
REFERÊNCIAS:
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de filosofia. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2016.
PARA SABER MAIS: 
POLÍTICA EM PLATÃO. Video: <https://www.youtube.com/watch?v=RTzKatSM5HE>. Acesso em: 16 
maio 2021.
POLÍTICA EM ARISTÓTELES. Video: <https://www.youtube.com/watch?v=zb5ICcV2Qgc>. Acesso 
em: 16 maio 2021.
ATIVIDADES
1 – Analise o excerto seguinte: 
“Não menos estranho seria fazer do homem feliz um solitário, pois ninguém escolheria a posse do mun-
do inteiro sob a condição de viver só, já que o homem é um ser político e está em sua natureza o viver em 
sociedade. Por isso, mesmo o homem bom viverá em companhia de outros, visto possuir ele as coisas 
que são boas por natureza” 
(Aristóteles, Política.1973, IX, 9, 1169 b 18/20)
A partir do excerto acima, explique porque, para Aristóteles o ser humano é um animal político.
2 – Leia a tirinha e o texto a seguir
 
Disponível em: https://profdotmarcosmelo.wordpress.com/platao. Acesso em 16/05/2021.
190
“Exercita-te primeiro, caro amigo, e aprende o que é preciso conhecer para iniciares na política; antes, 
não. Então, primeiro precisamos adquirir virtude, tu ou quem quer que se disponha a governar ou a ad-
ministrar não só a sua pessoa e seus interesses particulares, como a cidade e as coisas a ela pertinen-
tes. Assim, o que precisas alcançar não é o poder absoluto para fazeres o que bem entenderes contigo 
ou com a cidade, porém justiça e sabedoria”.
(PLATÃO, O primeiro Alcibíades. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2004. p.281-285).
A partir de seu conhecimento acerca da teoria política de Platão, explique porque para Platão apenas o 
filósofo é capaz de governar com justiça.
3 – “– Mas escuta, a ver se eudigo bem. O princípio que de entrada estabelecemos que devia observar-se 
em todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou 
uma das suas formas, a justiça. Ora nós estabelecemos, segundo suponho, e repeti-lo muitas vezes, se 
bem te lembras, que cada um deve ocupar-se de uma função na cidade, aquela para qual a sua natureza 
é mais adequada.”
PLATÃO. A República. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7 ed. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 2001, p. 185.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção platônica de justiça, na cidade ideal, assi-
nale a alternativa correta.
a) Para Platão, a cidade ideal é a cidade justa, ou seja, a que respeita o princípio de igualdade natu-
ral entre todos os seres humanos, concedendo a todos os indivíduos os mesmos direitos perante 
a lei. 
b) Platão defende que a democracia é fundamento essencial para a justiça, uma vez que permite a 
todos os cidadãos o exercício direto do poder. 
c) Na cidade ideal platônica, a justiça é o resultado natural das ações de cada indivíduo na perse-
guição de seus interesses pessoais, desde que esses interesses também contribuam para o bem 
comum. 
d) Para Platão, a formação de uma cidade justa só é possível se cada cidadão executar, da melhor 
maneira possível, a sua função própria, ou seja, se cada um fizer bem aquilo que lhe compete, 
segundo suas aptidões. 
e) Platão acredita que a cidade só é justa se cada membro do organismo social tiver condições de 
perseguir seus ideais, exercendo funções que promovam sua ascensão econômica e social. 
191
SEMANA 2
EIXO TEMÁTICO: 
Agir e Poder. 
TEMA/TÓPICO: 
Indivíduo e comunidade: Lei e Justiça
HABILIDADE(S): 
Compreender as diferentes formas de poder nas sociedades humanas 
CONTEÚDOS RELACIONADOS: 
O pensamento político de Maquiavel.
TEMA: O pensamento político de Maquiavel
Olá Estudante!
As relações humanas costumeiramente são relações de poder. As pessoas influenciam e são influen-
ciadas. Quando influenciam exercem poder, quando são influenciadas estão sob o exercício de poder 
de outro (s). Maquiavel é pioneiro em compreender a política a partir das relações de poder. Para ele as 
pessoas não possuem uma natureza política conforme pensou Aristóteles. As relações humanas envol-
vem interesses egoístas e a convivência humana exige um Estado forte; um governante que inspira res-
peito e confiança para estabelecer a ordem e promover o bem comum. Maquiavel tira a política da tutela 
da moral tradicional, da ética cristã para pensá-la de forma realista, técnica. Compreender Maquiavel é 
compreender a espinha dorsal das sociedades humanas: os jogos de poder.
O DIREITO DIVINO DE GOVERNAR
Na idade média, com o desenvolvimento do cristianismo e o esfacelamento do império romano, a igreja 
consolidou-se primeiramente como um poder extra-político. Santo Agostinho (354-430), por exemplo, 
separava a Cidade de Deus – a comunidade cristã – da cidade dos homens – a comunidade política. 
Depois, ao longo da idade média e em parte da idade moderna, ocorreu uma aliança entre o poder ecle-
siástico e o poder político. E como a igreja católica entendia que todo poder pertence a Deus, surgiu a 
ideia de que os governantes seriam representantes de Deus na Terra. O rei passou, então, a ter o direito 
divino de governar. Assim, embora a relação entre o poder temporal dos reis e o poder espiritual da igre-
ja tenha sido um grande problema durante a idade média, de forma geral persiste a ideia do governante 
como representante de Deus, bem como a concepção de monarquia como a forma política mais natural 
e adequada à realização do bem comum. 
TEORIA POLÍTICA DE NICOLAU MAQUIAVEL
As influências de Platão e Aristóteles no terreno da reflexão política foram marcantes tanto na Antigui-
dade como na idade média. A ideia de que a política tem como objetivo o bem comum, que em Platão 
seria a justiça e em Aristóteles a vida boa e feliz, orientaria grande parte da reflexão política. Entre os 
filósofos da roma antiga (como Cícero e Sêneca), a teoria política passou a privilegiar a formação do 
bom príncipe, educado de acordo com as virtudes necessárias ao bom desempenho da função admi-
nistrativa. na prática, porém, essa tendência revelou-se muitas vezes catastrófica, predominando até 
o período medieval. 
O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469- -1527) é considerado o fundador do pensamento político mo-
derno, uma vez que desenvolveu sua filosofia política em um quadro teórico completamente diferente 
192
do que se tinha até então. Como vimos, no pensamento antigo a política estava relacionada com a ética 
e, na idade média, essa ideia permaneceu, acrescida dos valores cristãos. Ou seja, o bom governante 
seria aquele que possuísse as virtudes cristãs e as implementasse no exercício do poder político. Ma-
quiavel observou, porém, que havia uma distância entre o ideal de política e a realidade política de sua 
época. Escreveu então o livro O Príncipe (1513-1515), com o propósito de tratar da política tal como ela se 
dá, isto é, sem pretender fazer uma teoria da política ideal, mas, ao contrário, compreendendo e escla-
recendo a política real. Dessa forma, o filósofo afastou-se da concepção idealizada de política. Centrou 
sua reflexão na constatação de que o poder político tem como função regular as lutas e tensões entre 
os grupos sociais, os quais, em seu entendimento, eram basicamente dois: o grupo dos poderosos e 
o povo. Essas lutas e tensões existiriam sempre, de tal forma que seria ilusão buscar um bem comum 
para todos. Mas se a política não tem como objetivo o bem comum, qual seria então seu objetivo? Ma-
quiavel respondeu: a política tem como objetivo a manutenção do poder do Estado. E, para manter o 
poder, o governante deve lutar com todas as armas possíveis, sempre atento às correlações de forças 
que se mostram a cada instante. Isso significa que a ação política não cabe nos limites do juízo moral. O 
governante deve fazer aquilo que, a cada momento, se mostra interessante para conservar seu poder. 
não se trata, portanto, de uma decisão moral, mas sim de uma decisão que atende à lógica do poder.
Para Maquiavel, na ação política não são os princípios morais que contam, mas os resultados. É por isso 
que, segundo ele, os fins justificam os meios. Desse modo, escreveu em O príncipe: 
“Não pode e não deve um príncipe prudente manter a palavra empenhada quando 
tal observância se volte contra ele e hajam desaparecido as razões que a motiva-
ram. [...] Nas ações de todos os homens, especialmente os príncipes, [...] os fins é 
que contam. Faça, pois, o príncipe tudo para alcançar e manter o poder; os meios 
de que se valer serão sempre julgados honrosos e louvados por todos, porque o 
vulgo [o povo, a maioria das pessoas] atenta sempre para aquilo que parece ser e 
para os resultados.” (O príncipe, p. 112-113.)
PARA SABER MAIS:
Vídeo do “Se liga na educação” sobre o pensamento político de Maquiavel. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=uP7g-1GTK6s&t=155s>. Acesso em: 16 maio 2021.
Paródia sobre o pensamento político de Maquiavel. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=O2zigsMsQZs>. Acesso em: 16 maio 2021.
REFERÊNCIAS
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 
2016.
193
ATIVIDADES
1 – Leia os textos a seguir.
Texto 1
Todos concordam que é muito louvável um príncipe respeitar a sua palavra e viver com integridade, sem 
astúcias nem embustes. Contudo, a experiência do nosso tempo mostra-nos que se tornaram grandes 
príncipes que não ligaram muita importância à fé dada e que souberam cativar, pela manhã, o espírito 
dos homens e, no fim, ultrapassar aqueles que se basearam na lealdade.
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: DPL Editora, 2008.
Texto 2
Ao separar completamente a lógica da ação política dos fundamentos da moral, ele diz que “o Príncipe 
não é nem um livro moral, nem imoral; é apenas um livro técnico.
CASSIRER, Ernst. O mitodo Estado. Lisboa: Publicações Europa-América, 1961.
A ética cristã medieval, as atitudes dos governantes e os Estados estão, todos, subordinados a uma lei 
superior e transcendente. A ética, sob a visão de Maquiavel, contrapõe-se a essa concepção afirmando 
que uma atitude não pode ser chamada de boa ou de má a não ser sob uma perspectiva histórica.
Relacione os textos e explique em que consiste a separação entre ética e política no pensamento filo-
sófico de Maquiavel. 
2 – Maquiavel denominou fortuna a metade da vida humana que não pode ser controlada pelo homem. E 
identificou-a não a algo terrível, mas a uma bondosa deusa, possuidora da honra, da riqueza, da glória, 
do poder, ou seja, possuidora de todos aqueles bens aos quais os homens naturalmente almejam. 
Destarte, por ser mulher, a fortuna precisava ser seduzida, e, para tanto, bastaria que se apresentasse 
um homem de virilidade e coragem inquestionáveis. Um homem possuidor de virtú. O homem de virtú é 
capaz de seduzir a deusa fortuna, porque sabe o momento exato, criado por esta, para agir com sucesso 
[...]
JUNIOR, Antonio de Freitas. O pensamento político de Maquiavel. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/
id/141333/R174-10.pdf?sequence=4>. Acesso em: 23 mar. 2015.
Com base no texto, explique a relação entre virtú e fortuna, segundo o pensamento político de Maquiavel?
194
3 – Vilão ou herói, o certo é que com O Príncipe, Maquiavel funda a Ciência Política e cria o emprego 
moderno do termo “Estado”, “universalmente consagrada pela terminologia dos tempos modernos e da 
idade contemporânea”.
BONAVIDES, Paulo. Ciência política. São Paulo: Malheiros, 1995.
Para indicar o que os gregos tinham chamado de pólis, os romanos de res publica, e que um grande pen-
sador político, o francês Jean Bodin, meio século depois de Maquiavel, chama de república.
BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo. Brasília: Universidade de Brasília, 1994.
A novidade no estudo da política, consagrada pela teoria de Maquiavel em relação a concepções ante-
riores, baseia-se na:
a) Afirmação da crueldade humana e da necessidade da lei para bloquear as paixões.
b) Compreensão da natureza humana como recurso de manipulação política.
c) Concepção da política como objeto humano, separado da ética e da religião.
d) Concepção paternalista do governo como zelador do patrimônio coletivo e do bem comum.
e) Impotência do povo perante o poder político, impossibilitado de interferir na história.
4 – Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus 
e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, 
e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar 
inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos 
atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
Em “O Príncipe”, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor 
demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao:
a) Valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.
b) Rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
c) Afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
d) Romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.
e) Redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.
195
SEMANA 3
EIXO TEMÁTICO: 
Agir e Poder.
TEMA/TÓPICO: 
Indivíduo e comunidade.
HABILIDADE(S): 
Delimitar as esferas do indivíduo, do social e do político.
CONTEÚDOS RELACIONADOS: 
O contratualismo de Thomas Hobbes.
TEMA: O contratualismo de Thomas Hobbes
Olá, estudante! Para você, como deve ser a relação ideal entre o ser humano e o Estado? O Estado deve 
ser grande, digo, deve estar presente em todos âmbitos da vida das pessoas? Garantir a harmonia e o 
bem estar de todos os membros que compõem uma sociedade? Ou o Estado deve ser pequeno, ou até 
mínimo, não interferir na economia e deixar que as pessoas alcancem seus objetivos, sejam quais fo-
rem, por mérito próprio?
Qualquer alternativa de Estado que você tenha escolhido oferecerá desafios. Um Estado grande pode 
ser um limite para as liberdades individuais. Em nome da segurança as pessoas podem ter a liberdade 
reduzida. Por outro lado, um Estado mínimo, que garanta os direitos essenciais (como a vida, a liberda-
de….) pode não ser eficiente em sociedades em que a desigualdade é crônica. A meritocracia, princípio 
fundamental do Estado mínimo, parece não ser um princípio justo em uma sociedade desigual. Na cor-
rida da vida nem todos partem do mesmo ponto. Alguns nascem com acesso a muitas oportunidades, 
outros nascem em condições de pobreza extrema. Apenas o esforço pessoal seria suficiente para equi-
librar as oportunidades?
Dois filósofos nos ajudarão a pensar estas questões. Sob o comentário de Cotrim e Fernandes você 
acessará o pensamento de Thomas Hobbes e John Locke. Boa leitura!
O CONTRATUALISMO DE THOMAS HOBBES
O primeiro grande contratualista foi o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679). Em sua investigação, 
concluiu que o ser humano, embora vivendo em sociedade, não possui o instinto natural de sociabili-
dade, como afirmou Aristóteles. Para Hobbes, cada indivíduo sempre encara seu semelhante como um 
concorrente que precisa ser dominado. Segundo o filósofo, onde não houver o domínio de um indivíduo 
sobre outro, existirá sempre uma competição intensa até que esse domínio seja alcançado. Tal tese 
está vinculada à concepção materialista e mecanicista da realidade proposta por Hobbes. 
A consequência óbvia dessa disputa infindável entre os seres humanos em estado de natureza teria 
sido o surgimento de um estado de guerra e de matança permanente nas comunidades primitivas. Por 
isso, nas palavras de Hobbes, “o homem é o lobo do próprio homem” (da expressão latina homo homini 
lupus).
Vejamos, nas palavras do próprio Hobbes, como ele imaginou o estabelecimento do contrato social que 
deu origem ao Estado (Leviatã). Para o filósofo, a única maneira que os indivíduos tinham para instituir, 
entre si, um poder comum 
196
era [...] conferir toda sua força e poder a um homem, ou a uma assembleia de ho-
mens, que possa reduzir suas diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma 
só vontade [...] é como se cada homem dissesse a cada homem [...] transfiro meu 
direito de governar-me a mim mesmo a este Homem, ou a esta Assembleia de ho-
mens, com a condição de transferirem a ele teu direito, autorizando de maneira 
semelhante todas as suas ações. Feito isto, à multidão assim unida numa só pes-
soa se chama Estado [...] É esta a geração daquele grande Leviatã [...] ao qual 
devemos [...] nossa paz e defesa. Pois graças a esta autoridade que lhe é dada por 
cada indivíduo no Estado, é-lhe conferido o uso de tamanho poder e força que o 
terror assim inspirado o torna capaz de conformar as vontades de todos eles, no 
sentido da paz em seu próprio país, e da ajuda mútua contra os inimigos estrangei-
ros. É nele que consiste a essência do Estado, a qual pode ser assim definida: uma 
pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com 
os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar a força 
e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a 
paz e a defesa comum. Àquele que é portador dessa pessoa se chama Soberano, e 
dele se diz que possui poder soberano. Todos os restantes são súditos. 
(Leviatã, p. 105-106). 
DIFERENÇA ENTRE O CONTRATUALISMO DE HOBBES E LOCKE
Assim como Hobbes, o filósofo inglês John Locke (1632-1704) também refletiu sobre a origem do po-
der político e sua necessidade de congregar os seres humanos, que, em estado de natureza, viviam 
isolados. No entanto, enquanto Hobbes imaginaum estado de natureza marcado pela violência e pela 
“guerra de todos contra todos”, Locke faz uma reflexão mais moderada. Refere-se ao estado de nature-
za como uma condição na qual, pela falta de uma normatização geral, cada um seria juiz de sua própria 
causa, o que levaria ao surgimento de problemas nas relações entre os indivíduos. 
Para evitar esses problemas é que o Estado teria sido criado. Sua função seria a de garantir a segurança 
dos indivíduos e de seus direitos naturais, como a liberdade e a propriedade, conforme expõe Locke 
em sua obra Segundo Tratado sobre o Governo. Diferentemente de Hobbes, portanto, Locke concebe 
a sociedade política como um meio de assegurar os direitos naturais e não como o resultado de uma 
transferência dos direitos dos indivíduos para o governante e as instituições de governo. Assim nasce 
a concepção de Estado liberal, segundo a qual o Estado deve regular as relações entre os indivíduos 
e atuar como juiz nos conflitos sociais. Mas deve fazer isso garantindo aquilo que precede a própria 
criação do Estado: as liberdades e os direitos individuais, tanto no que se refere ao pensamento e à sua 
expressão quanto à propriedade e à atividade econômica. 
PARA SABER MAIS: 
LIBERALISMO POLÍTICO: Vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SPI9oTr-
76Ww>. Acesso em: 17 maio 2021.
CONTRATUALISMO DE THOMAS HOBBES: Vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/wat-
ch?v=jnrzUx5xVac>. Acesso em: 17 maio 2021.
REFERÊNCIAS
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 
2016.
197
ATIVIDADES
1 – (ENEM, 2000) O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas características de uma 
determinada corrente de pensamento:
Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua pró-
pria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por 
que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que 
é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é mui-
to incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto 
quanto ele, todo o homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o 
proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstân-
cias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos cons-
tantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já 
unidos, ou pretendem unir-se para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo 
de propriedade. 
(Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991.)
Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justificar:
a) A existência do governo como um poder oriundo da natureza.
b) A origem do governo como uma propriedade do rei.
c) O absolutismo monárquico como uma imposição da natureza humana.
d) A origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos.
e) O poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da propriedade.
2 – (UFU 1/1999) Para John Locke, filósofo político inglês, os direitos naturais do homem eram:
a) família, propriedade e religião.
b) liberdade, propriedade e servidão.
c) propriedade, servidão e família.
d) liberdade, igualdade e propriedade.
e) família, religião e pátria.
198
3 – “A única maneira pela qual uma pessoa qualquer renuncia à liberdade natural e se reveste dos laços da 
sociedade civil consiste em concordar com outras pessoas, em juntar-se e unir-se numa comunidade, 
para viverem com segurança, conforto e paz.” 
LOCKE, John. Segundo Tratado Sobre o Governo. São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 71. 
Para John Locke, o homem abre mão da liberdade natural em função da
a) valorização do bem comum para o fortalecimento da sociedade.
b) possibilidade de aumentar seus lucros e seu poder de transação comercial.
c) garantia legal dos direitos naturais: vida, liberdade e propriedade privada.
d) possibilidade do seu instinto, ultrapassar aquilo que limita sua liberdade.
e) sensibilidade altruística, seu objetivo é ajudar o outro homem.
4 – Leia a tirinha a seguir. 
 
De acordo com algumas teorias políticas, a formação do Estado é explicada pela renúncia que os indiví-
duos fazem de sua liberdade natural quando, em troca da garantia de direitos individuais, transferem a 
um terceiro o monopólio do exercício da força. O conjunto dessas teorias é denominado de 
a) liberalismo. 
b) despotismo. 
c) socialismo. 
d) anarquismo. 
e) contratualismo. 
199
5 – Leia o texto abaixo e assinale a alternativa correta.
“É evidente que, durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum que os
mantenha subjugados, eles se encontram naquela condição que é chamada de guerra; e essa
guerra é uma guerra de cada homem contra cada outro homem.”
Hobbes in BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1991. p. 35.
a) Para Hobbes, a guerra é uma situação anterior ao estado de natureza.
b) Hobbes associa, compreende a guerra de todos contra todos como característica do Estado de 
Natureza.
c) Um poder comum, segundo Hobbes, mantém os homens no estado de natureza.
d) Em Hobbes, a guerra de todos contra todos é compatível com um poder comum.
e) Hobbes acredita que no Estado de Natureza o homem é bom e se corrompe quando vive em 
sociedade.
200
SEMANA 4
EIXO TEMÁTICO: 
Ser e agir.
TEMA/TÓPICO:
 Indivíduo e comunidade. 
HABILIDADE(S): 
Refletir sobre o sentido do conflito nas relações humanas.
CONTEÚDOS RELACIONADOS: 
Liberalismo, Estado mínimo.
TEMA: John Locke: Teoria política
Olá, estudante! Com quais direitos você nasceu e que ninguém pode tirar de você? Caso você tenha 
pensado na sua vida, na sua liberdade, você pensou da mesma forma que o filósofo liberal John Locke. 
Esta semana você conhecerá mais sobre este filósofo e sua teoria política. O objetivo deste conteúdo é 
te ajudar refletir sobre o conflito entre interesses pessoais e a necessidade do Estado. Através de duas 
historiadoras consagradas da Filosofia Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins, acessaremos a teo-
ria política de John Locke de forma mais aprofundada.
RETOMANDO JOHN LOCKE: BREVE BIOGRAFIA
John Locke (1632-1704), filósofo inglês, era médico e descendia de burgueses comerciantes. Refugiado 
na Holanda por ter-se envolvido com acusados de conspirar contra a Coroa, retornou à Inglaterra no 
mesmo navio em que viajava Guilherme de Orange, símbolo da consolidação da monarquia parlamentar 
inglesa. 
Com a obra Dois tratados sobre o governo civil, tornou-se o teórico da revolução liberal inglesa. Suas 
ideias políticas fecundaram todo o século XVIII, dando o fundamento filosófico das revoluções liberais 
ocorridas na Europa e nas Américas.
ESTADO DE NATUREZA E CONTRATO SOCIAL
Assim como Hobbes e posteriormente Rousseau, Locke partiu da concepção pela qual os indivíduos 
isolados no estado de natureza unem-se mediante contrato social para constituir a sociedade civil. 
Segundo essa teoria, apenas o pacto torna legítimo o poder do Estado. 
Diferentemente de Hobbes, porém, Locke não descreve o estado de natureza como um ambiente de 
guerra e egoísmo. O que então levaria os indivíduos a abandonar essa situação, delegando o poder a 
outrem? Para Locke, no estado natural cada um é juiz em causa própria; portanto, os riscos das paixões 
e da parcialidade são muito grandes e podem desestabilizar as relações entre os indivíduos. Por isso, 
visando à segurança e à tranquilidade necessárias ao gozo da propriedade, todos consentem em insti-
tuir o corpo político. 
Locke segue a tendência jusnaturalista e, nesse sentido, está convencido de que os direitos naturais 
humanos não desaparecem em consequência desse consentimento, mas subsistem para limitar o po-
der do Estado. Justifica, em última instância, odireito à insurreição: o poder é um trust, um depósito 
confiado aos governantes - trata-se de uma relação de confiança-, e, se estes não visam ao bem pú-
blico, é permitido aos governados retirar essa confiança e oferecê-la a outrem, posição que distingue 
Locke de Hobbes.
201
LEGITIMAÇÃO DE PODER
Na Idade Média transmitia-se por herança tanto a propriedade como o poder político: o herdeiro do rei, 
do conde, do marquês recebia não só os bens como também o poder sobre aqueles que viviam nas ter-
ras herdadas. Locke estabelece a distinção entre o público e o privado, âmbitos que devem ser regidos 
por leis diferentes. 
Assim, o poder político não deve, em tese, ser determinado pelas condições de nascimento, bem como 
o Estado não deve intervir, mas garantir e tutelar o livre exercício da propriedade, da palavra e da inicia-
tiva econômica. Desse modo, um aspecto progressista do pensamento liberal é a concepção parlamen-
tar do poder político, que se acha nas instituições políticas, e não no arbítrio dos indivíduos. 
Enquanto para Hobbes o pacto concede o poder absoluto e indivisível ao soberano, para Locke o poder 
legislativo é o poder supremo, ao qual deve se subordinar tanto o executivo quanto o poder federativo 
(encarregado das relações exteriores). 
A PROPRIEDADE SEGUNDO LOCKE
Como representante dos ideais burgueses, Locke enfatiza que os indivíduos abandonam o estado de 
natureza para preservar a propriedade. Mas o que ele entende por propriedade? Em um sentido muito 
amplo, é “tudo o que pertence” a cada indivíduo, ou seja, sua vida, sua liberdade e seus bens. A primeira 
coisa que a pessoa possui, portanto, é o seu corpo: todo indivíduo é proprietário de si mesmo e de suas 
capacidades. O trabalho de seu corpo é propriamente dele; portanto, o trabalho dá início ao direito de 
propriedade em sentido estrito (bens, patrimônio). Isso significa que, na concepção de Locke, todos 
são proprietários: mesmo quem não possui bens é proprietário de sua vida, seu corpo, seu trabalho e, 
portanto, dos frutos do seu trabalho. 
PARA SABER MAIS: 
ASSISTA AO VÍDEO SOBRE O PENSAMENTO POLÍTICO DE JOHN LOCKE. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=zWvQJ9Uj6MA>. Acesso em: 17 maio 2021.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando – Introdução à Filosofia. 
São Paulo: Moderna.
202
ATIVIDADES
1 – (UFMG - 2007) Leia este trecho: 
“Embora todos os frutos que a terra produz naturalmente e todos os animais que alimenta pertençam 
à humanidade em comum [...] cada homem tem a propriedade de sua própria pessoa; a esta ninguém 
tem qualquer direito senão ele mesmo. O trabalho de seu corpo e a obra de suas mãos, pode dizer-se, 
são propriamente dele. A qualquer coisa que ele retirasse do estado no qual a natureza a deixou, ele 
misturou o próprio trabalho, acrescentando algo que pertence a ele, e, por isso mesmo, tornou-a sua 
propriedade. Retirando-a do estado comum em que a natureza a colocou, anexou-lhe por esse trabalho 
algo que a exclui do direito comum de outros homens.”
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo V, 25-26. 
Com base na leitura desse trecho e considerando outros conhecimentos sobre o assunto, REDIJA um 
texto, explicando como o jusnaturalismo, corrente de que Locke é um representante, justifica a norma 
moral: “Não se deve roubar”.
2 – (UEL/2020) Leia o texto a seguir.
Tendo o homem nascido com um direito à liberdade perfeita e em pleno gozo de todos os direitos e pri-
vilégios da lei da natureza, da mesma forma que qualquer outro homem ou grupo de homens no mundo; 
tem ele por natureza o poder não apenas de preservar sua propriedade – ou seja, sua vida, sua liberda-
de, seus bens – contra as depredações e intentos de outros homens, como também de julgar e punir as 
violações dessa lei por outros. […] Sempre que qualquer número de homens se reúne em uma socieda-
de de modo que cada um renuncie ao poder executivo da lei da natureza e o confie ao público, então, e 
somente então, haverá uma sociedade política ou civil.
Adaptado de LOCKE, J. Segundo Tratado sobre o Governo: ensaio referente à verdadeira origem, extensão e objetivo do governo civil. §§ 
87- 88. In: LOCKE, John. Dois Tratados sobre o Governo. Tradução de Júlio Fischer. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Com base na leitura do texto, discorre sobre como Locke fundamenta a formação da sociedade política.
203
3 – (UFSJ-MG) Os pensadores.
O motivo que leva os homens a entrarem em sociedade é a preservação da propriedade; e o objetivo 
para o qual escolhem e autorizam um poder legislativo é tornar possível a existência de leis e regras 
estabelecidas como guarda e proteção às propriedades de todos os membros da sociedade, a fim de 
limitar o poder e moderar o domínio de cada parte e de cada membro da comunidade; pois não se po-
derá nunca supor seja vontade da sociedade que o legislativo possua o poder de destruir o que todos 
intentam assegurar-se entrando em sociedade e para o que o povo se submeteu a legisladores por ele 
mesmo criados. Sempre que os legisladores tentam tirar e destruir a propriedade do povo, ou redu-
zi-lo à escravidão sob poder arbitrário, entra em estado de guerra com ele, que fica assim absolvido 
de qualquer obediência, mas abandonado ao refúgio comum que Deus providenciou para todos os ho-
mens contra a força e violência. Sempre que, portanto, o legislativo transgredir esta regra fundamental 
da sociedade, e por ambição, temor, loucura ou corrupção, procurar apoderar-se ou entregar às mãos 
de terceiros o poder absoluto sobre a vida, liberdade e propriedade do povo, perde, por esta infração 
ao encargo, o poder que o povo lhe entregou para fins completamente diferentes, fazendo-o voltar ao 
povo, que tem o direito de retomar a liberdade originária e, pela instituição de novo legislativo, confor-
me achar conveniente, prover à própria segurança e garantia, o que constitui o objetivo da sociedade.
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. Tradução de: MONTEIRO, E. Jacy. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 121.
Analise as afirmativas a seguir.
I) A presença da propriedade originou a organização da sociedade.
II) O Poder Legislativo pode tirar e destruir a propriedade.
III) O Legislativo perde o poder quando transgride as regras da sociedade.
IV) O Poder Legislativo cria leis e regras para proteger as propriedades.
V) O Poder Legislativo tem poder absoluto sobre a vida, liberdade e propriedade.
Estão corretas as afirmativas
a) I, II e V. 
b) II, IV e V. 
c) I, III e IV. 
d) II, III e IV. 
e) Somente II e IV.
4 – Leia o enunciado abaixo:
[...] esforçar-me-ei por mostrar de que maneira os homens podem vir a ter uma propriedade em di-
versas partes daquilo que Deus deu em comum à humanidade, e isso sem nenhum pacto expresso por 
parte de todos os membros da comunidade. 
LOCKE, J. Dois Tratados sobre o Governo. Tradução de Julio Fisher. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 406.– grifo do autor.
Assinale a alternativa que apresenta o fundamento natural da propriedade privada segundo Locke.
204
a) A propriedade privada surgiu com o pacto de consentimento em que alguns abdicam da posse 
do que é comum, dando-o como bem de um indivíduo pelo seu mérito.
b) A propriedade privada é antes de tudo uma dádiva divina que alguns obtêm e outros não, por isso 
não resulta do trabalho do indivíduo e sim da bondade de Deus.
c) O fundamento da propriedade privada é o poder estatal que, em última instância, é o verdadeiro 
proprietário, e que no uso de seu poder redistribui o bem público.
d) O fundamento da propriedade privada consiste essencialmente na propriedade de si mesmo; 
cada pessoa tem como direito inalienável à propriedade de si mesma.
e) Todas as alternativas anteriores estão incorretas.
5 – “Através dos princípios de um direito natural preexistente ao Estado, de um Estado baseado no 
consenso, de subordinação do poder executivo ao poder legislativo, de um poder limitado, de direito de 
resistência, Locke expôs as diretrizesfundamentais do Estado liberal.” Bobbio. 
Considerando o texto citado e o pensamento político de Locke, seguem as afirmativas abaixo:
I) A passagem do estado de natureza para a sociedade política ou civil, segundo Locke, é realizada 
mediante um contrato social, através do qual os indivíduos singulares, livres e iguais dão seu 
consentimento para ingressar no Estado civil.
II) O livre consentimento dos indivíduos para formar a sociedade, a proteção dos direitos naturais 
pelo governo, a subordinação dos poderes, a limitação do poder e o direito à resistência são prin-
cípios fundamentais do liberalismo político de Locke.
III) A violação deliberada e sistemática dos direitos naturais e o uso contínuo da força sem amparo 
legal, segundo Locke, não são suficientes para conferir legitimidade ao direito de resistência, 
pois o exercício de tal direito causaria a dissolução do Estado civil e, em consequência, o retorno 
ao estado de natureza.
IV) Os indivíduos consentem livremente, segundo Locke, em constituir a sociedade política com a 
finalidade de preservar e proteger, com o amparo da lei, do arbítrio e da força comum de um 
corpo político unitário, os seus inalienáveis direitos naturais à vida, à liberdade e à propriedade.
V) Da dissolução do poder legislativo, que é o poder no qual “se unem os membros de uma comu-
nidade para formar um corpo vivo e coerente”, decorre, como consequência, a dissolução do 
estado de natureza.
Das afirmativas feitas acima:
a) Somente a afirmação I está correta.
b) As afirmações I e III estão corretas.
c) As afirmações III e IV estão corretas.
d) As afirmações II e III estão corretas.
e) As afirmações III e V estão incorretas.
205
SEMANA 5
EIXO TEMÁTICO: 
Ser e agir.
TEMA/TÓPICO:
Indivíduo e comunidade.
HABILIDADE(S): 
Refletir sobre o sentido do conflito nas relações humanas.
CONTEÚDOS RELACIONADOS: 
Soberania, vontade popular, Estado.
INTERDISCIPLINARIDADE: 
História, Sociologia.
TEMA: Rousseau: Teoria política
Olá Estudante! 
O homem nasce bom? Nasce mal? É corrompido pela sociedade ou já possui uma natureza corrupta. A 
resposta a esta pergunta implica na construção de um tipo determinado de Estado. O filósofo Rousseau 
partiu do pressuposto de que o homem possui uma natureza boa para construir uma teoria política so-
bre o Estado. Nesta semana você acessa as principais ideias de Rousseau sobre a política através da 
excelente explanação de Gilberto Cotrim e de Mirna Fernandes. 
ROUSSEAU: ESTADO DE NATUREZA
Rousseau aborda um tema clássico, o ser humano em estado de natureza – isto é, antes de viver em 
sociedade –, e critica seus predecessores – como Hobbes e Locke – por imaginarem um estado natural 
que lhes convinha para justificar seus modelos prediletos de governo: a monarquia absolutista, no caso 
do primeiro; o estado liberal, no caso do segundo. Assim, para Rousseau, propuseram um estado de 
guerra ou de proprietários, respectivamente, pintando o “homem natural” com as cores da sociedade 
desigual e injusta que todos conhecemos. O filósofo franco-suíço afirma, em contrapartida, que é pos-
sível conjecturar sobre um estado de natureza totalmente distinto, adotando, para isso, outro método 
de descoberta: uma meditação interior nas profundezas da floresta. Por meio dela, Rousseau chega 
a uma imagem do estado de natureza que reconhece ser apenas uma hipótese, não um fato histórico, 
mas uma hipótese plausível e não menos verossímil do que as outras existentes.
De acordo com sua descrição, o ser humano em estado natural vivia isolado, livre e feliz, guiado por 
bons sentimentos e em harmonia com seu hábitat. Ligado a sua natureza animal, tinha os sentidos mais 
desenvolvidos que o intelecto, e suas únicas paixões eram o amor de si (entendido como uma paixão 
inata que leva cada animal à autopreservação) e a piedade (definida como uma repugnância inata por 
ver o sofrimento alheio). Rousseau reviveu, assim, o mito do bom selvagem, presente em vários relatos 
de viagem de exploradores daquela época e que seria tema de várias obras literárias. 
Apesar de sua proximidade dos outros animais, o ser humano se distinguiria destes, segundo o filósofo, 
por ser um pouco mais livre em relação aos instintos e por apresentar uma característica fundamental: 
a capacidade ou potencialidade de mudar seu estado ou condição para melhor (aperfeiçoar-se) ou pior 
(como foi o caso da vida em sociedade), o que não ocorre com os outros animais, pois estes se mantêm 
sempre iguais. trata-se da chamada perfectibilidade humana. a primeira desigualdade 
206
ORIGEM DA DESIGUALDADE SEGUNDO ROUSSEAU
Segundo o filósofo, a desigualdade surgiu por um encadeamento de circunstâncias funestas, iniciadas 
no momento em que alguém cercou um terreno e disse que era seu, dando origem à propriedade priva-
da, era a primeira desigualdade, a desigualdade de posses ou fortuna. Daí surgiram disputas e guerras. 
os ricos, buscando garantir suas posses, e os demais, acreditando estar mais seguros assim, chegaram 
a um acordo para formar a sociedade civil e estabelecer leis de convivência (o chamado contrato social). 
Foi aí que despontaram todos os tipos de desigualdade social. Eleitos inicialmente, os primeiros diri-
gentes impuseram-se como governantes hereditários, acumulando cada vez mais privilégios, poder 
e fortuna, e o resto da história já conhecemos. Portanto, podemos dizer resumidamente que, com o 
surgimento da sociedade e de todas as suas instituições, desapareceu a bondade natural, própria dos 
selvagens, bem como sua liberdade. e que a tese de Rousseau é a de que o estado social não é natural 
no ser humano e o corrompe, mas se tornou indispensável a partir de certo momento. 
O contrato social reconhecendo que não é possível uma volta atrás, o problema para Rousseau tornou-
-se, então, o seguinte: que tipo de convenção ou forma de organização política pode conservar a liber-
dade característica do estado de natureza? No livro Do contrato social, Rousseau empenhou- -se em 
fornecer uma resposta a essa questão. Nele sua tarefa não era mais, como no discurso, a de fornecer 
conjecturas sobre eventos históricos, e sim apresentar uma tese normativa, isto é, que argumentasse 
sobre como deveria ser o estado para que fosse legítimo. Em outras palavras, procurou estabelecer 
instrumentos pelos quais o indivíduo “natural” se transformasse no cidadão do “convívio social”. 
Rousseau defendeu, então, a ideia de que o soberano deve conduzir o estado segundo a vontade geral 
de seu povo, sempre tendo em vista o atendimento do bem comum. Somente esse estado, de bases 
democráticas, teria condições de oferecer a todos os cidadãos um regime de igualdade jurídica. Por 
essa e outras ideias, rousseau tornou-se célebre como defensor da pequena burguesia e inspirador dos 
ideais presentes na revolução francesa, ocorrida onze anos após a sua morte
PARA SABER MAIS: 
VÍDEO RÁPIDO SOBRE CONTRATUALISMO. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-
sAmUnHVE5dI>. Acesso em: 17 maio 2021.
REFERÊNCIAS
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 
2016.
207
ATIVIDADES
1 – No pensamento político de Rousseau, o verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, 
tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples 
para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero 
humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: 
‘Defendei Vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos da terra são de 
todos e que a terra não pertence a ninguém!’. Grande é a possibilidade, porém, de que as coisas já então 
tivessem chegado ao ponto de não poder mais permanecer como eram, pois essa ideia de propriedade, 
dependendo de muitas ideias anteriores que só poderiam ter nascido sucessivamente, não se formou 
repentinamente no espírito humano”. 
(ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discursosobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 
1978, p.2265. Coleção Os Pensadores). 
A este respeito, assinale a alternativa CORRETA a respeito da teoria contratualista de Rousseau.
a) Rousseau afirma que no Estado de Natureza há liberdade ilimitada, resultando como premis-
sa a inexistência da propriedade privada e do direito de alguns sobre aquilo que é de todos os 
homens.
b) Rousseau define que no Estado de Natureza o homem possuía o direito irrevogável sobre a pro-
priedade constituindo a posse da terra, portanto, um direito particular.
c) Rousseau adverte que no Estado de Natureza a liberdade é limitada, tornando-se necessário o 
de ver de subordinação dos homens ao poder político do mais forte.
d) Rousseau não admite que no Estado de Natureza o homem tenha o direito ilimitado sobre todas 
as coisas, mas apenas que a propriedade pertence coletivamente a todos.
e) Rousseau busca estabelecer que no Estado Civil o direito deve preservar a propriedade privada, 
uma vez que o Estado de Natureza é formado pela guerra de todos contra todos.
2 – Rousseau, no texto Sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (1755), 
estabelece que:
a) A invenção da propriedade privada, das sociedades e das leis foram acontecimentos que deram 
origem, diversificaram e aprofundaram as formas de desigualdade.
b) A desigualdade natural entre os homens é a principal razão da desigualdade social e política.
c) A desigualdade econômica se deve, sobretudo, à inteligência mais aguçada dos ricos.
d) A invenção da sociedade e das leis nasceu para garantir os direitos naturais da vida e da 
propriedade.
e) A invenção da política marcou o fim da desigualdade entre senhores e escravos.
208
3 – O filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi um atento observador da sociedade de sua época. 
Em um de seus livros, publicado em 1755, Rousseau escreveu:
“O primeiro que, tendo cercado um pedaço de terra, se apressou em dizer isso me pertence, e encon-
trou pessoas muito ingênuas para crer no que ele dizia, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil.”
Segundo este argumento, a sociedade civil
a) Alcançou níveis de felicidade social desconhecidos dos homens naturais.
b) Estabeleceu uma condição de prolongada paz social entre os homens.
c) Resultou de uma situação de desigualdade social entre os homens.
d) Promoveu a compreensão entre os homens por meio da divisão das riquezas.
e) Transformou os homens em seres indolentes e incapazes para o trabalho.
4 – (PUC-PR) De acordo com O discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade, de Jean-
Jacques Rousseau (1712-1778), é correto afirmar que:
a) No estado de natureza – fundamento do direito político –, o homem natural era um ser livre, po-
rém sem direitos iguais.
b) No estado de natureza – fundamento do direito político –, o homem natural era um ser de direitos 
iguais, porém não era livre.
c) No estado de natureza, os direitos fundamentais do homem eram: igualdade, liberdade e 
propriedade.
d) No estado de natureza, já existe o direito de propriedade.
e) No estado de natureza, os direitos fundamentais do homem eram: igualdade e liberdade.
209
SEMANA 6
EIXO TEMÁTICO: 
Ser e agir.
TEMA/TÓPICO:
Indivíduo e comunidade. 
HABILIDADE(S):
Compreender as diferentes formas de poder nas sociedades humanas.
CONTEÚDOS RELACIONADOS: 
Soberania, vontade popular, Estado.
INTERDISCIPLINARIDADE: 
História, Sociologia.
TEMA: Michel Foucault 
Olá, Estudante!
Esta semana você compreenderá a política a partir do ponto de vista contemporâneo. Para Foucault o 
poder não se estabelece de forma macro, mas de forma micro. O poder está em todo lugar; cria subje-
tividades. Para Foucault o poder não é negativo, é positivo pois é criador de realidades. Mais uma vez 
vamos utilizar a boa escrita de Gilberto Cotrim e de Mirna Fernandes para aprofundarmos o tema.
FOUCAULT: O PODER
Foucault nasceu em Poitiers, na França. Buscando explicar as zonas culturais e institucionais que in-
fluem diretamente nas atividades e nos pensamentos cotidianos das pessoas, produziu uma crítica his-
tórica da modernidade, na qual a ideia-chave é o poder. 
Um dos principais pensadores da pós-modernidade foi o filósofo francês Michel Foucault (1926-1984), 
que centrou sua investigação em temas como certas instituições sociais (notadamente as educati-
vas, psiquiátricas e carcerárias), a sexualidade e, principalmente, o poder. De acordo com Foucault, as 
sociedades modernas apresentaram uma nova organização do poder que se desenvolveu a partir do 
século XVIII. 
Nessa nova organização, o poder não se concentra apenas no setor político e em suas formas de repres-
são, mas está disseminado pelos vários âmbitos da vida social. Para esse filósofo, o poder fragmentou-
-se em micropoderes e tornou-se muito mais eficaz. em seu livro Microfísica do poder, Foucault (1978, 
p.181), explica: 
Por dominação eu não entendo o fato de uma dominação global de um sobre os 
outros, ou de um grupo sobre outro, mas as múltiplas formas de dominação que se 
podem exercer na sociedade.
Assim, sem se deter apenas no macro poder concentrado no Estado, Foucault analisou esses micro-
poderes que se espalham pelas mais diversas instituições da vida social, isto é, os poderes exercidos 
por uma rede imensa de pessoas que interiorizam e cumprem as normas estabelecidas pela discipli-
na social – pais, porteiros, enfermeiros, professores, secretárias, guardas, fiscais etc. adotando essa 
perspectiva de análise, conhecida como microfísica do poder, ele afirma que “o poder está em toda 
parte, não porque englobe tudo” e sim “porque provém de todos os lugares”. Na vida cotidiana, segundo 
210
o filósofo, esbarramos mais com os guardiões dos micropoderes – os pequenos donos dos poderes pe-
riféricos – do que com os detentores dos macro poderes. 
Seu objetivo, como filósofo, foi o de colocar à mostra estruturas veladas de poder, tendo Nietzsche por 
inspiração. tanto quanto este, Foucault afirmou a relação entre saber e poder: 
Vivemos em uma sociedade que em grande parte marcha “ao compasso da verdade” – ou 
seja, que produz e faz circular discursos que funcionam como verdade, que passam por tal 
e que detêm, por esse motivo, poderes específicos (FOUCAULT, 1978, p. 231).
A ORIGEM DO PODER
Foucault também desenvolveu seu método de pesquisa à maneira de uma genealogia, inspirado em 
Nietzsche. Como o filósofo alemão, adotou como ponto de partida a noção de que os valores – o bem e o 
mal, o verdadeiro e o falso, o certo e o errado, o sadio e o doente etc. – são consagrados historicamente 
em função de interesses relativos ao poder dentro da sociedade. 
Em outras palavras, a definição do que é bom, verdadeiro ou sadio depende das instâncias nas quais o 
poder se encontra. Na visão de Foucault, esse poder não seria essencialmente de repressão ou de cen-
sura, mas antes um poder criador, no sentido de que produz a realidade e seus conceitos. em seu livro 
Vigiar e punir: uma genealogia do poder, ele explica esse seu entendimento do que é o poder: 
É preciso cessar de sempre descrever os efeitos do poder em termos negativos: ele “ex-
clui”, “reprime”, “recalca”, “censura”, “discrimina”, “máscara”, “esconde”. Na verdade, o poder 
produz: produz o real; produz os domínios de objetos e os rituais de verdade (FOUCAULT, 
1975, p. 110).
Nessa mesma obra, Foucault acompanha a evolução dos mecanismos de controle social e de punição, 
que se tornaram cada vez menos visíveis e mais racionalizados. Caracteriza a sociedade contemporâ-
nea como uma sociedade disciplinar, na qual prevalece a produção de práticas disciplinares de vigilân-
cia e controles constantes, que se estendem a todos os âmbitos da vida dos indivíduos. 
Uma das formas mais eficientes dessa vigilância e disciplina se dá, no seu entender, por meio de dis-
cursos e práticas científicas aparentemente neutras e racionais, que procuram normatizar o com-
portamento dos indivíduos. Exemplo disso seriao tratamento científico dado à sexualidade, no qual 
o comportamento sexual é normatizado por meio do convencimento racional dos indivíduos sobre os 
cuidados necessários à sua vida nesse âmbito. 
Desse modo, assumindo a face do saber, o poder, segundo Foucault, atinge os indivíduos em seu corpo, 
em seu comportamento e em seus sentimentos. Assim, como o poder encontra-se em múltiplos espa-
ços, a resistência a esse estado de coisas não caberia, para o filósofo, a um partido ou classe revolucio-
nária, pois estes se dirigiriam a um único foco de poder. Seria necessária, portanto, a ação de múltiplos 
pontos de resistência. 
PARA SABER MAIS: 
Vídeo aula de Foucault sobre poder e política. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?-
v=qnifuzWogY8>. Acesso em: 17 maio 2021.
REFERÊNCIAS
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2016.
 
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ATIVIDADES
1 – Gilberto Cotrim (2006. p. 212), ao tratar da pós-modernidade, comenta as ideias de Michel Foucault, 
nas quais “[...] as sociedades modernas apresentam uma nova organização do poder que se desenvolveu 
a partir do século XVIII. Nessa nova organização, o poder não se concentra apenas no setor político e 
nas suas formas de repressão, pois está disseminado pelos vários âmbitos da vida social [...] [e] o poder 
fragmentou-se em micropoderes e tornou-se muito mais eficaz. Assim, em vez de se deter apenas no 
macro poder concentrado no Estado, [os] micropoderes se espalham pelas mais diversas instituições 
da vida social. Isto é, os poderes exercidos por uma rede imensa de pessoas, por exemplo: os pais, os 
porteiros, os enfermeiros, os professores, as secretarias, os guardas, os fiscais etc.”
Fonte: COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2006. (adaptado)
Pelo exposto por Gilberto Cotrim sobre as ideias de Foucault, a principal função dos micropoderes no 
corpo social é interiorizar e fazer cumprir:
a) O ideal de igualdade entre os homens.
b) O total direito político de acordo com as etnias.
c) As normas estabelecidas pela disciplina social.
d) A repressão exercida pelos menos instruídos.
e) O ideal de liberdade individual.
2 – Na sua obra Vigiar e Punir, Foucault tematiza as relações de poder a partir de uma contraposição 
entre as formas de punição dos regimes absolutistas europeus e aquelas utilizadas pelas sociedades 
democráticas a partir do século XVIII. Essa análise tem como foco principal o tratamento dedicado ao 
criminoso nesses períodos.
Sobre esse estudo, é CORRETO afirmar que:
I) Enquanto no direito monárquico o tratamento do criminoso era feito a partir do exercício da 
punição, nos regimes posteriores ao século XVIII cria-se uma sociedade na qual o poder de vigi-
lância é usado como mecanismo de disciplina.
II) O espetáculo do suplício não tinha por objetivo restituir o poder do rei, já que se tratava de um 
mecanismo sem nenhum efeito sobre os súditos. O único efeito do suplício seria a dor sobre o 
corpo, e isso explicaria por que os crimes continuavam ocorrendo mesmo num regime tão inten-
so de punição.
III) Nos regimes marcados pelo suplício, todo ato criminoso é tratado como uma afronta ao poder 
do rei, que teria o suplício como instrumento de exercício do poder que fora ofendido pelo crime.
IV) O suplício é considerado por Foucault como uma iniciativa de punição sobre o corpo do indivíduo, 
ou seja, uma pena dolorosa e atroz contra o corpo do criminoso. O grau da pena variaria segundo 
o grau do delito. O suplício seria um grande espetáculo que pretendia mostrar aos demais o que 
ocorreria com eles caso afrontassem o poder central.
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Analise as proposições, acima, e marque a opção CORRETA:
a) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
b) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.
c) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
d) Todas as assertivas estão corretas.
e) Apenas a assertiva IV está correta.

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