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CRISE HIPERGLICÊMICA CASO CLÍNICO: M.A.T., sexo feminino, 59 anos, apresenta diagnóstico de DM tipo 2 e faz uso irregular de insulina NPH e regular. Paciente vem à UBS para consulta de rotina e encontra-se assintomática. Durante avaliação inicial a equipe de enfermagem aferiu seus sinais vitais e constatou glicemia capilar com valor elevado. M: PA 126X82 mmHg; FC 84 bpm, FR 16 irpm, SatO2 98%, Glicemia capilar: 500 mg/dL e ECG anexo (normal). O: não há necessidade de suplementação de O2, SatO2 > 94% V: punção, se necessário de 2 acessos venosos periféricos de grosso calibre (jelco 18) E: peso 80 kg, sistema cardiovascular com bulhas normofonéticas rítmicas e em dois tempos, sem sopro. Sistema respiratório: murmúrio vesicular presente bilateralmente sem ruídos adventícios. Medicações prescritas/utilizadas: - NPH: 16-14-9 (efeito lento) → uso irregular - Regular: 3-5-3 (efeito rápido - serve até para resgate) → uso irregular Diagnóstico: hiperglicemia assintomática ★ Poderia ser oligossintomática com polidipsia, poliúria, polifagia e perda de peso CRISE HIPERGLICÊMICA ASSINTOMÁTICA OU OLIGOSSINTOMÁTICA ● Glicemia capilar acima de 250 mg/dL + sem sintomas, para crise hiperglicêmica assintomática. ● Glicemia capilar > 250 mg/dL + polidipsia, polifagia, poliúria e perda de peso na hiperglicemia oligossintomática. ● Cetoacidose diabética = glicemia capilar > 250 mg/dl + cetonemia (cetonas totais > 3 mmol/L) ou cetona + acidemia (pH arterial < 7,3 e bicarbonato < 15 mEq/L) - Suspeita-se em pacientes com hiperglicemia e sinais e sintomas como fadiga, náuseas, hálito cetônico, vômitos, polidipsia, poliúria, desidratação, hipotensão, taquipneia, estupor mental até estado comatoso - Complicação aguda hiperglicêmica mais relacionado ao DM tipo 1 ● Estado hiperglicêmico hiperosmolar = glicemia capilar > 600 mg/dL + osmolaridade sérica efetiva estimada > 320 mOsm/kg (pH arterial > 7,3 e BIC > 15 mEq/L ★ O QUE FAZER? - Glicemia > 250mg/dL ➔ Avaliar se é assintomático ou oligossintomático ➔ Sendo oligo ou assintomático → avaliar hipocalemia no ECG ➔ Sem hipocalemia: realizar insulinoterapia conforme o cálculo do fator de sensibilidade e do fator de correção (dose insulina) *Valores normais de K: 3,5 a 5 mg/dL *Quando está baixo (< 3,5) há aparecimento da onda U (depois da onda T) no ECG e possibilidade de infra de ST, se estiver < 2,5 a onda T fica achatada e a onda U começa crescer, com potássio ainda mais baixo < 1,5, a onda U sobrepõe a onda T, ficando grande, e há alargamento do QRS além do infra de ST SEMPRE AVALIAR DEPOIS DO USO DE INSULINA Cálculo do fator de sensibilidade e de correção para determinação de conduta com insulina: - Insulina ultrarrápida (aspart e Lispro): - FS = 1800 / total de insulina usada por dia → O fator de sensibilidade é o quanto uma unidade de insulina consegue abaixar de glicemia. - FC = (glicemia atual - meta glicêmica) / FS - Insulina regular: - FS = 1500 / total de insulina usada por dia - FC = (glicemia atual - meta glicêmica) / FS - No caso exposto, o fator de sensibilidade da paciente será de 30 e dessa forma, o fator de correção será com 10 UI de insulina, já que temos uma glicemia capilar de 500 mg/dL e queremos atingir a meta de 200 mg/dL. Não se tendo sinais de gravidade, o médico assistente deverá rever as medicações em uso, indicar o uso de insulina NPH e/ou regular. A equipe deverá observar a adesão ao tratamento, uso correto de medicação, alimentação, apoio familiar, atividade física, dificuldades socioculturais que passam a influenciar na compensação do quadro de diabetes e marcar retorno breve para acompanhamento. INSULINA A medição de glicemia capilar deve ser feita, após alta, com a frequência de 6x por dia, 3x por semana, por 2 semanas: pré-prandiais (antes do café da manhã, do almoço e do jantar), pós-prandial (2 horas após o café, do almoço e do jantar). Para pacientes em uso de insulina com DM 1 ou 2, ainda faz-se antes de dormir e de madrugada. Essa necessidade maior de teste deve ser feita no início do tratamento, no ajuste da dose do medicamento, mudança de medicação, estresse clínico e cirúrgico (infecções, cirurgias etc), terapias com drogas diabetogênicas (corticosteróides), episódios de hipoglicemia graves e A1c elevada com glicemia de jejum normal. ● Insulina regular: uso pré prandial - Unidades: 3 - 5 - 3 ● Insulina NPH: tomar ao deitar, antes do café e pode-se fazer uma dose antes do almoço para controle da glicemia no período noturno - Unidades: 16 - 14 - 9 Medição de dextro e ajuste de doses: ● Manhã em jejum → uso de NPH ao deitar para fazer efeito de manhã e o uso de manhã cobrir a hiperglicemia do jantar. ● 2 horas pós-café → uso de R antes do café ● Antes do almoço → uso de NPH antes do café e R antes do café ● 2 horas pós-almoço → uso de R antes do almoço ● Antes do jantar → NPH que cuida do antes do café ● 2 horas pós-jantar → R antes do jantar ● Adicional S/N hora de dormir e 3h da madrugada → NPH antes do almoço, R antes do jantar e NPH ao deitar Meta terapêutica: ● Glicemia em jejum: < 100 mg/dL ● Glicemia pós-prandial: < 160 mg/dL Níveis toleráveis: ● Glicemia de jejum: < 130 mg/dL ● Glicemia pós-prandial: < 180 mg/dL CRISE HIPERGLICÊMICA SINTOMÁTICA - ESTADO HIPERGLICÊMICO HIPEROSMOLAR ● Glicemia capilar > 600 mg/dL ● Sinais de desidratação ● Hipotensão ● Sonolência Estado hiperosmolar hiperglicêmico: glicemia capilar > 600 mg/dL + osmolalidade sérica eletiva estimada > 320 mOsm/kg (pH arterial > 7m3 e bicarbonato > 15 mEq/L) - Suspeita-se em pacientes com hiperglicemia acompanhada de alteração variável no nível de consciência (variando desde confusão mental leve a coma) e sinais de desidratação severa - Complicação aguda hiperglicêmica mais relacionada ao DM 2. Achados clínicos no estado hiperglicêmico hiperosmolar: ● Normalmente > 40 anos ● Evolução progressiva, durante dias ● 4P ● Rebaixamento do nível de consciência ● Profunda desidratação ★ Suspeita de hipocalemia: antes da administração de insulina é fundamental realizar ECG, pois a insulina conduz o potássio junto à glicose para dentro das células, reduzindo sua concentração sérica. Portanto deve-se estar alerta para sinais de hipocalemia, uma vez que o disturbio pode evoluir com arritmias e parada cardíaca → presença de onda U no ECG pode indicar hipocalemia Tratamento: ● Insulina regular 0,1 U/kg subcutânea em região abdominal (via de administração mais segura na APS já que a insulina EV depleta muito mais potássio). ● Na ausência de contraindicação, hidratação venosa com soro fisiológico 0,9% 20mL/kg no intervalo de 2 a 4h, não pode ser rápido devido risco de edema cerebral e herniação do bulbo - Contraindicação: IC, congestão pulmonar CRISE HIPERGLICÊMICA EM PACIENTES COM DM 1 - CETOACIDOSE ● Glicemia capilar > 250 mg/dL ● Náuseas, vômitos, dor abdominal com defesa ● Fraqueza muscular ● Taquipneia (Kussmaul) ● Hálito cetônico Na unidade básica não é possível colher gasometria, mas se estiver em um serviço em que isso esteja disponível, o pH arterial provavelmente se encontrará < 7,3. Na unidade básica, é possível medir a cetonúria. O nível de consciência rebaixado nesse caso, é exceção. Achados clínicos: ● População mais jovem 20-19 anos ● Rápida, muitas vezes evolui em horas ● 4P, pode haver rebaixamento de consciência ● Hálito cetônico, taquipneia, respiração Kussmaul ● Náuseas, vômitos, e dor abdominal (quadro rico) Conduta: ● Dosagem de potássio ● Insulina regular 0,1-0,15 UI/kg intramuscular em região glútea ● Iniciar a hidratação venosa com soro fisiológico 0,9% - correr aproximadamente 2 soros de 250 mL em 20 minutos por 3 vezes (4 gotas/s) ● Adultos: 20-30 ml/kg na primeira hora. ● Crianças: 10-20ml/kg/h ● Monitorar a glicemia a cada hora, caso mantenha-se acima de 350 mg/dL recomenda-se repetir a dose de insulina
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