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GCCA487 - FISIOLOGIA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS MEDICINA VETRINÁRIA Docente: Prof. Drª Evani Strada Monitor: Ruan Carlos Sampaio FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO INTRODUÇÃO Todo organismo vivo, para sobreviver, deve ser capaz de reagir adequadamente a alterações em seu ambiente, isso é fundamental para a vida e para a manutenção da espécie. A regulação dessas reações é de responsabilidade do sistema nervoso, incomparavelmente o mais complexo dos sistemas corpóreos. Ele atua em conjunto com os sistemas endócrino, imune e órgãos sensoriais. Em organismos mais complexos, como é o caso do homem e dos animais domésticos, os órgãos receptores de informações e efetuadores de ações estão separados, mas conectados por neurônios, os quais transmitem a informação de uma célula para outra. A divisão do sistema nervoso pode ser realizada com base na topografia, assim teremos o Sistema Nervoso Central (SNC) composto pelo encéfalo e medula espinal, e Sistema Nervoso Periférico (SNP) , composto por nervos (espinais e cranianos), gânglios e terminações nervosas (sensoriais e motoras). Os nervos podem ser aferentes/sensitivos, cuja função é transmitir ao SNC os estímulos, eferentes/motores responsáveis por encaminhar os estímulos do SNC aos órgãos efetuadores e mistos que são aqueles que apresentam fibras aferentes e eferentes. Todos os nervos espinais são mistos. F I S I O L O G I A D O S I S T E M A N E R V O S O Esquema 1: Divisões do sistema nervoso, porção central, porção periférica e as respectivas estruturas anatômicas que os compõe. Com base na função o sistema periférico pode ser classificado em sistema nervoso somático , cujas fibras motoras inervam a musculatura estriada esquelética e o responsável por inervar musculatura lisa (órgãos e vasos), estriada cardíaca e as glândulas. O sistema nervoso autônomo pode ser dividido em sistema nervoso simpático, o qual regula as ações e respostas fisiológicas em situações de “luta ou fuga” e o sistema nervoso parassimpático que regula respostas fisiológicas referentes ao estado de “digestão e repouso”. TECIDO NERVOSO O tecido nervoso tem origem no ectoderma embrionário e sua principal função é receber e processar informações, ao qual costumamos denominar “estímulos”, oriundas do ambiente externo e também do próprio organismo (ambiente interno). Estes estímulos chegam ao SNC, são processados, e respostas são enviadas aos órgãos efetores e glândulas. O tecido nervoso é composto basicamente por dois tipos celulares, os neurônios e as células da glia ou neuróglia. NEURÔNIOS A principal unidade funcional do sistema nervoso. Estas células são especializadas no processamento e condução da informação, isto porque são capazes de transferir mensagens elétricas para outros neurônios por meio de sinapses. Formados por dendritos, corpo celular, axônio, bainha de mielina e terminação pré-sináptica. Estas estruturas designam a coloração observada no tecido nervoso fresco, por exemplo: áreas com alta população de pericários (nome dado ao citoplasma presente no corpo celular) apresentam cor mais acinzentada, ao passo em que, as áreas constituídas principalmente por axônios mielinizados são brancas, devido à presença de lipídios na mielina. Esquema 2: Componentes funcionais do sistema nervoso, com ênfase no sistema nervoso periférico. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DOS NEURÔNIOS Baseia-se no número de prolongamentos celulares que emergem do corpo celular. São classificados em três tipos: Imagem adaptada de: http://logicasbiologicas.blogspot.com/2009/11/tecido-nervoso.html Fonte das imagens: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-neuronio.htm http://logicasbiologicas.blogspot.com/2009/11/tecido-nervoso.html http://logicasbiologicas.blogspot.com/2009/11/tecido-nervoso.html http://logicasbiologicas.blogspot.com/2009/11/tecido-nervoso.html https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-neuronio.htm https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-neuronio.htm https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-neuronio.htm CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DOS NEURÔNIOS Normalmente, os neurônios se organizam de modo que fiquem várias células juntas, assim, se faz importante saber que a depender de onde estão localizados estes agrupamentos recebem uma nomenclatura diferente. Então temos: Gânglios: Os acúmulos de corpos de neurônios localizados fora do sistema nervoso central são chamados de gânglios nervosos. Em sua maior parte, os gânglios são órgãos esféricos, protegidos por cápsulas conjuntivas associados a nervos. Núcleos: Nada mais é do que grupos de neurônios (corpos) no SNC. Fibras nervosas: são constituídas por axônios e suas bainhas envoltórias. Tratos: Agrupamento de fibras nervosas no SNC. Nervos: No sistema nervoso periférico (SNP) as fibras nervosas também se agrupam em feixes, este agrupamento recebe o nome de nervos. NERVOS PERIFÉRICOS O sistema nervoso central, comunica-se bidireccionalmente com todos os tecidos corpóreos através de um sistema de ramificações de nervos. São compostos de fibras aferentes (sensitivas), que transportam a informação de receptores periféricos para o sistema nervoso central, e fibras eferentes (motoras), que transportam as instruções do sistema nervoso central para os órgãos efetores periféricos. Os nervos podem ser classificados em: MEDULA ESPINHAL Na face dorsolateral da medula espinhal está a raiz dorsal, composta por neurônios sensoriais que penetram a medula espinal. Estas fibras também são chamadas de fibras nervosas aferentes, pois chegam ao SNC trazendo informações de estímulos captados nas demais regiões do corpo ou até mesmo do ambiente externo. Ao passo em que, na face ventrolateral encontramos a raiz ventral, com neurônios motores deixando a medula espinal, assim, são consideradas fibras nervosas eferentes, pois, deixam o SNC levando comandos para os tecidos e órgãos que irão efetuá-los. As raízes dorsal e ventral se unem para formar os nervos espinhais e cada par de nervos é responsável pela inervação de um segmento corporal. Os neurônios da medula espinal podem ser caracterizados como interneurônios. Estes, se interpõem entre os neurônios aferentes e os eferentes, possibilitando assim uma comunicação completa, entre estímulo e resposta resultante da medula espinal. Fonte da imagem: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/medula-espinhal.htm Ver seção medula espinhal para entender melhor https://brasilescola.uol.com.br/biologia/medula-espinhal.htm https://brasilescola.uol.com.br/biologia/medula-espinhal.htm https://brasilescola.uol.com.br/biologia/medula-espinhal.htm https://brasilescola.uol.com.br/biologia/medula-espinhal.htm Fonte da imagem: https://www.todoestudo.com.br/biologia/nervos-cranianos https://www.todoestudo.com.br/biologia/nervos-cranianos https://www.todoestudo.com.br/biologia/nervos-cranianos https://www.todoestudo.com.br/biologia/nervos-cranianos https://www.todoestudo.com.br/biologia/nervos-cranianos VIAS SENSORIAIS Os sistemas sensoriais recebem informações do ambiente pelos receptores especializados (maioria deles consiste em terminações de axônios dos neurônios sensoriais primários), presentes na periferia. A informação sensorial é obtida nos segmentos terminais das fibras nervosas sensitivas craniais e espinais e é transmitida ao sistema nervoso central (SNC) para processamento. Parte da informação sensorial é detectável conscientemente, por exemplo, permitindo que os animais sintam dor, toque, temperatura e distensão da bexiga. Outras informações como pressão arterial e níveis de oxigênio e dióxido de carbono no sangue não chegam aos níveis conscientes. A função básica dos receptores é a mesma: converter um estímulo (ex., ondas sonoras, pressão) em energia eletroquímica. Esse processo de conversão, denominado transdução sensorial , é mediado pela abertura ou fechamento de canais iônicos específicos, que provoca a variação do potencial de membrana, Após a transdução e ageração do potencial, a informação é transmitida para o SNC por meio de uma cadeia de neurônios sensoriais aferentes, designados neurônios de primeira ordem (os mais próximos ao receptor sensorial), segunda, terceira e quarta ordem (no SNC, formam tratos e núcleos). CÉLULAS DA GLIA Também chamadas de neuróglia (do grego glia = cola), as células gliais desempenham um papel importante na produção da bainha de mielina dos axônios. São as células mais abundantes do tecido nervoso (mais de 90%), preenchendo essencialmente todos os espaços no sistema nervoso não ocupados por neurônios e vasos sanguíneos. A neuróglia fornece o suporte estrutural, metabólico e protetor para os neurônios. Células de Schwann: Formam as bainhas de mielina e sustentam os axônios do SNP, envolvendo concentricamente sua membrana plasmática ao redor de um axônio, formando até 50 ou mais camadas sobre eles. Oligodendrócitos: Possuem prolongamentos celulares, que se estendem até axônios adjacentes, formando bainhas de mielina nos neurônios do SNC. Cada oligodendrócito forma a de bainha de mielina para muitos axônios. Micróglia: São os macrófagos do SNC, atuam como primeira linha de defesa contra lesões ou infecções teciduais, fagocitando removem os resíduos e invasores, e também liberam óxido nítrico, que impede a replicação viral. Astrócitos: São células em forma de estrela que nutrem (são capazes de efetuar a troca de íons e glicose com neurônios) e sustentam interligando os neurônios com os capilares. Apresentam numerosos e longos prolongamentos celulares que recobrem os neurônios, as sinapses, os capilares e áreas internodais entre as bainhas de mielina. Este revestimento pode impedir a interferência de sinais indesejados oriundos de sinapses e axônios adjacentes. Liberam fatores neurotróficos (p. ex., fator de crescimento do nervo) e moléculas que são importantes para a sobrevivência dos neurônios. Impedem o acúmulo de substâncias potencialmente neurotóxicas. (por ex. o glutamato, neurotransmissor que excita os neurônios pós-sinápticos, metabolizando-o a glutamina. A glutamina dos astrócitos é usada pelos neurônios na síntese de novo glutamato que é recondicionado em vesículas sinápticas para uso como neurotransmissor). Células ependimárias: São células epiteliais colunares que revestem os ventrículos do cérebro e o canal central da medula espinal (SNC). Secretam e fazem circular o Líquido Cérebro Espinhal (LCS) além disso, formam uma barreira seletiva entre o tecido nervoso e o LCS. SINAPSES Do grego, “junção” ou “ligar fortemente” a sinapse é um local especial de contato , onde um neurônio se comunica com outros ou com órgãos efetores, como é o caso do músculo esquelético e glândulas. Existem dois tipos de sinapses: Sinapses elétricas: Canais iônicos conectam o citoplasma das células pré-sináptica e pós- sináptica formando uma junção comunicante, por onde ocorre a passagem de uma corrente iônica de um neurônio para outro. Sinapses químicas: Neste tipo de sinapse não há junções comunicantes, a transmissão sináptica se dá por meio de um mensageiro químico (neurotransmissores) que é liberado pelas terminações pré-sinápticas em um espaço estreito, denominado fenda sináptica. O terminal axonal pré-sináptico contém numerosas vesículas sinápticas repletas de neurotransmissores, e a membrana pós-sináptica possui receptores específicos para esses neurotransmissores. Os receptores presentes na membrana do axônio pós-sináptico, responde a ligação do neurotransmissor abrindo canais iônicos específicos, que levam a mudanças no potencial de membrana celular (discutiremos a seguir). A maior parte das sinapses encontradas no sistema nervoso dos mamíferos consiste em sinapses químicas. Imagem adaptada de: https://sinapsaprender.wordpress.com/2014/02/24/sobre-sinapses-e-aprendizagem/ Este tipo de sinapse ocorre apenas entre neurônios (interneuronal), e a transmissão da mensagem pode ser bidirecional. Este tipo de sinapse ocorre tanto entre neurônios como também entre o neurônio e o órgão efetor (neuroefetoras). A transmissão da mensagem sempre será unidirecional Fonte da imagem: https://rwu.pressbooks.pub/bio103/chapter/cell-communication/ https://sinapsaprender.wordpress.com/2014/02/24/sobre-sinapses-e-aprendizagem/ https://sinapsaprender.wordpress.com/2014/02/24/sobre-sinapses-e-aprendizagem/ https://sinapsaprender.wordpress.com/2014/02/24/sobre-sinapses-e-aprendizagem/ TRANSMISSÃO DO IMPULSO NERVOSO Como já vimos, uma das maiores características do sistema nervoso é que os neurônios possuem a capacidade de estabelecer comunicações entre si e entre outros tecidos. Para isso, é necessário atividades químicas e elétricas que alteram o potencial de repouso da membrana. A membrana neuronal é formada por uma bicamada lipídica com inúmeras proteínas presentes. A permeabilidade seletiva da membrana do neurônio se dá pela presença de canais iônicos que possibilitam a passagem de íons (Na+, K+, Ca2+ e Cl-) através da membrana, sempre a favor de seus gradientes de concentração. Assim, temos canais iônicos sem comportas, canais iônicos voltagem dependente e canais iônicos quimicamente dependente. A constante entrada e saída de íons da célula gera carga negativa ou positiva, desencadeando alterações transitórias no potencial de membrana. Estudaremos a seguir o passo a passo destes potenciais e suas consequências para a célula nervosa. POTENCIAL DE REPOUSO DA MEMBRANA Corresponde a uma distribuição assimétrica de determinados íons (K+, Na+). A membrana dos neurônios em repouso é seletivamente permeável ao K+, devido à presença de um grande número de canais de K+ sem comporta. Íons Na+ são impelidos para dentro da célula através da membrana pelo gradiente eletroquímico, mas a quantidade que entra é muito pequena se comparada ao K+, mantendo assim a diferença de carga, muito negativa (– 70 mV) no interior da célula e mais positiva no exterior. A distribuição assimétrica do K+ e do Na+ é mantida pela bomba de Na+ /K+ na membrana, que move estes íons contra seus gradientes eletroquímicos, removendo o Na+ do neurônio e levando o K+ para dentro do neurônio. POTENCIAL DE AÇÃO Mudanças explosivas no potencial de membrana, são conhecidas como potencial de ação. Primeiro ocorre uma abertura dos canais de Na+ voltagem dependente, a entrada de íons Na+ leva a uma despolarização rápida, na qual o interior da célula fica mais carregado positivamente (+30 mV). Em seguida, os canais de K+ voltagem dependentes se abrem (a entrada de Na+ fez com que esta voltagem fosse atingida) e começam a permitir uma saída maior de íons K+, levando a uma interrupção na despolarização pois tal saída torna o meio intracelular cada vez mais negativo, permitindo que ocorra a repolarização, até que a célula alcance novamente o potencial de repouso. O potencial de ação é frequentemente designado como fenômeno do tudo ou nada (ou excita ou inibe). Nas sinalizações sinápticas, um neurotransmissor é liberado de uma terminação do axônio pré- sináptico e liga-se aos receptores na membrana pós-sináptica, resultando na abertura ou fechamento de canais iônicos seletivos, causando alterações locais de curta duração no potencial de repouso da célula pós sináptica. Essas alterações são designadas como potenciais graduados (potencial pós-sináptico). Cada sítio sináptico gera potenciais graduados, de modo que ocorrem milhares de potenciais graduados ao mesmo tempo nos corpos celulares e nos dendritos, estes potenciais gerados devem ser fortes o suficiente para alcançarem a região inicial do axônio, chamada cone axônico (local onde os potenciais graduados são integrados para gerar potenciais de ação) e só então, despolarizar a membrana até o nível a voltagem de –55 mV e gerar potencial de ação (então temos um potencial pós-sináptico excitatório). Fonte da imagem: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/impulso-nervoso.htm https://brasilescola.uol.com.br/biologia/impulso-nervoso.htm https://brasilescola.uol.com.br/biologia/impulso-nervoso.htmPotencial pós-sináptico excitatório (PPSE) “Excitatório” porque aumenta as chances de que o limiar para o desencadeamento de um potencial de ação seja atingido. Se a interação do transmissor químico com seu receptor na membrana pós- sináptica provocar a abertura de canais de Na+ (quimicamente dependente), o resultado poderá ser a despolarização da mesma. Potencial pós-sináptico inibitório (PPSI) Se a interação entre o neurotransmissor pré-sináptico e o receptor pós sináptico resultar na abertura dos canais de Cl- ou K+ quimicamente dependentes, a entrada destes íons no neurônio deixará o meio intracelular cada vez mais negativo, ultrapassando o potencial de repouso, ocorrendo assim o que chamamos hiperpolarização. O que esperar do PPSE e do PPSI? Caso ocorra o Potencial pós-sináptico excitatório, a voltagem intracelular do axônio, será alterada pelo processo de despolarização, quando esta alteração alcança a zona terminal do axônio ativa canais voltagem depende que irá permitir a entrada de íons Ca+ e desencadear mecanismos para liberação de neurotransmissores, ou seja, o PPSE leva a respostas celulares. O PPSI, não é capaz de excitar a célula nervosa, por isso, não esperamos nenhuma resposta celular efetiva. O QUE É CONDUÇÃO SALTATÓRIA? A mielina é o isolante de axônios que aumenta a resistência da membrana e diminui sua capacitância. Ao aumentar a resistência da membrana, a corrente é forçada a seguir pelo interior do axônio e, assim, menos corrente é perdida pela membrana da célula; uma vez que mais corrente segue pelo axônio, a velocidade de condução aumenta. Ao diminuir a capacitância da membrana, as correntes locais a despolarizam com maior rapidez, o que também aumenta a velocidade de condução. Para que os potenciais de ação sejam conduzidos em nervos mielinizados, devem existir interrupções periódicas na bainha de mielina (nos nodos de Ranvier), onde existe concentração de canais de Na+ e K+. Assim, nos nodos, as correntes iônicas necessárias ao potencial de ação podem fluir pela membrana (p. ex., a corrente interna de Na+ necessária ao aumento do potencial de ação). Entre os nodos, a resistência da membrana é muito alta e a corrente é forçada a fluir rapidamente, pelo axônio, até o nodo seguinte, onde o próximo potencial de ação pode ser gerado. Assim, o potencial de ação parece “saltar” de um nodo de Ranvier até o outro. Isso é denominado condução saltatória. NEUROTRANSMISSORES Os neurotransmissores são compostos químicos sintetizados e secretados pelos neurônios com a finalidade de favorecer a transmissão da informação nas sinapses químicas. O tipo de neurotransmissor e seu receptor específico determinam que íons irão entrar ou sair das células. As substâncias neurotransmissoras podem ser agrupadas nas seguintes categorias: Os principais neurotransmissores presentes no sistema nervoso periférico (SNP) são a acetilcolina (ACh), a norepinefrina e a epinefrina, entretanto, alguns peptídeos também são encontrados no sistema nervoso periférico, especificamente no TGI. No sistema nervoso central (SNC), diversas substâncias químicas atuam como neurotransmissores, incluindo ACh, aminas, serotonina, dopamina, norepinefrina, epinefrina, glutamato, aspartato, glicina, ácido γ- aminobutírico (GABA), peptídios e óxido nítrico. CICLO BIOLÓGICO DOS NEUROTRANSMISSORES Síntese: Os neuropeptídeos são sintetizados no corpo celular, pois, são moléculas grandes e precisam de um aparato celular mais especializado para sua produção. Os neurotransmissores originados a partir das aminas biogênicas e dos aminoácidos são moléculas mais simples, de menor tamanho, por isso, as reações de síntese ocorrem próximo aos botões sinápticos. Armazenamento: Após sintetizados todos os neurotransmissores são armazenados em compartimentos próprios denominados vesículas sinápticas, até que sejam requisitados. Estas vesículas ficam ancoradas no citoesqueleto celular. Liberação: é um processo que envolve uma série de reações que envolve basicamente o influxo de Ca+ para o interior da célula. Inativação dos neurotransmissores: Após interagirem com seus devidos receptores, os neurotransmissores são removidos rapidamente da fenda sináptica. este processo envolve alguns mecanismos de degradação enzimática, difusão e recaptação. . ETAPAS DE LIBERAÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES Os neurotransmissores liberados dos locais pré-sinápticos ligam-se a receptores na membrana pós-sináptica. Estes receptores nada mais são do que proteínas especiais de reconhecimento de sinais. Receptor ionotrópico: São canais iônicos. O sítio de ligação do neurotransmissor faz parte do canal iônico, e a ligação do neurotransmissor resulta em uma mudança de conformação, que leva à abertura do canal. Ex: Receptores nicotínicos da acetilcolina (ACh) Receptores metabotrópicos: São mais complexos, compostos por uma proteína que atravessa a membrana. A ligação de neurotransmissores aos receptores metabotrópicos ativa a proteína G (Proteina de ligação de guanosina 5’-trifosfato) ou ativa direto uma atividade enzimática. A proteína G ativa um sistema de segundo mensageiro que vai diretamente e abre o canal iônico ou ativa uma enzima que abre o canal por meio de fosforilação da proteína do canal. Ex: Receptores muscarínicos da acetilcolina (ACh). INATIVAÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES Os neurotransmissores são removidos rapidamente da fenda sináptica após se desprender de seus receptores. Isso envolve alguns processos: Inativação enzimática: Na fenda sináptica enzimas ali presentes promovem a quebra dos neurotransmissores, em seguida ocorre a captação dos constituintes pelo terminal pré- sináptico para síntese de novos neurotransmissores. Difusão: O neurotransmissor sai da fenda sináptica e segue para a circulação ou outros tecidos. Recaptação: Os neurotransmissores são transportados de volta ao neurônio ou podem também ser captados pelos astrócitos. SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO O SNP é a parte do sistema nervoso formada pelos nervos, gânglios e terminações nervosas. Sua função é basicamente levar informações via impulsos nervosos dos órgãos periféricos até o SNC (divisão aferente) e trazer as respostas desse sistema novamente para os órgãos (porção eferente). Este sistema subdivide-se em sistema nervoso somático e autônomo/visceral. SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO Está relacionado a todas as funções inerentes aos movimentos conscientes dos músculos estriados esquelético, sendo assim, este sistema é responsável por executar funções, como se locomover, latir, comer, morder etc. No sistema nervoso somático a estimulação sempre será do tipo excitatória. Este sistema tem uma estimulação monosináptica, o que significa que suas fibras nervosas se estendem intermitentemente do SNC até o músculo, onde existe a sinapse neuroefetora. Os neurônios motores são classificados em superiores e inferiores/alfa com base em sua localização e nos tecidos que eles inervam. Os primeiros não inervam diretamente os músculos esqueléticos, mas exercem influência sobre os neurônios motores inferiores uma vez que enviam axônios, que descem pela medula espinhal ou para o tronco cerebral, para controlar os neurônios motores inferiores. Fonte da imagem: https://www.vetprofissional.com.br/artigos/medula-espinhal-ponto-chave-na-fisioterapia-veterinaria https://www.vetprofissional.com.br/artigos/medula-espinhal-ponto-chave-na-fisioterapia-veterinaria https://www.vetprofissional.com.br/artigos/medula-espinhal-ponto-chave-na-fisioterapia-veterinaria https://www.vetprofissional.com.br/artigos/medula-espinhal-ponto-chave-na-fisioterapia-veterinaria Imagem adaptada de: https://slideplayer.com.br/slide/1625770/ O sistema nervoso somático é um sistema motor voluntário que age sob controle consciente, mas também é acionado involuntariamente, de forma reflexa. Quando estimulado por um nervo motor, um músculo esquelético só pode encurtar-se (contração). A maioria das articulações tem um ou mais músculos em ambos os lados, para diminuir (flexão) ou aumentar seu ângulo(extensão) e assim, trabalhando em sinergia produzir os movimentos requeridos. Para estimular a fibra muscular, o neurônio motor libera na sinapse a ACh, que começa a despolarização das fibras musculares ao interagir com receptores nicotínicos localizados no sarcolema, aumentando a permeabilidade deste aos íons Na+. Este mecanismo inicia a propagação do potencial de ação que segue em todas as direções da fibra muscular. SISTEMA AUTÔNOMO/VISCERAL É a divisão do sistema nervoso responsável por lidar com o ambiente interno, mantendo a homeostase do organismo. A regulação se faz de forma involuntária e comanda o sistema vascular e a frequência cardíaca, a atividade dos órgãos viscerais, glândulas e também dos processos digestivos. O sistema nervoso autônomo tem duas divisões principais, simpática e parassimpática. O sistema nervoso entérico pode ser considerado uma terceira subdivisão do SNA, e corresponde a uma extensa rede nervosa no trato gastrointestinal (TGI), que pode controlar a função dos intestinos independentemente do SNC. Entretanto, esses neurônios também podem ser influenciados pelo SNC por meio da entrada de subdivisões simpáticas e parassimpáticas. Os termos simpático e parassimpático são, estritamente, anatômicos e se referem à origem anatômica dos neurônios pré-ganglionares no SNC. Os neurônios pré-ganglionares da divisão simpática se originam na porção toracolombar da medula espinal. Os neurônios pré- ganglionares da divisão parassimpática são originários do tronco encefálico e da medula espinal sacra, outra diferenciação se dá pelos transmissores sinápticos utilizados no órgão- alvo de cada repartição. Tipos de neurotransmissores presentes no SNA Os neurotransmissores secretados pelo SNA geralmente estimulam seu órgão-alvo ligando-se a um receptor pós-sináptico. Esses receptores são proteínas na membrana celular. Os neurônios são classificados quanto o tipo de neurotransmissores que liberam, assim temos o sistema colinérgico, o sistema adrenérgico e o sistema não colinérgico e não adrenérgico. https://slideplayer.com.br/slide/1625770/ https://slideplayer.com.br/slide/1625770/ https://slideplayer.com.br/slide/1625770/ Tipos de receptores presentes no SNA Os neurotransmissores secretados pelo SNA geralmente estimulam seu órgão-alvo ligando-se a um receptor pós-sináptico. Esses receptores são proteínas presentes na membrana celular pós-sináptica, por serem ativados ou inibidos por diferentes substancias, são classificados da seguinte forma: SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO A função principal do sistema nervoso simpático é mobilizar o corpo para a atividades extremas, quando o animal é submetido à situação estressante, o sistema nervoso simpático é ativado pela resposta conhecida como “luta ou fuga”. O sistema nervoso simpático é, em sua maior parte, composto por axônios pré-ganglionares curtos e pós-ganglionares longos. Os axônios pré-ganglionares do sistema nervoso simpático deixam a medula espinhal através das raízes ventrais dos nervos espinhais, iniciando no primeiro nervo torácico e indo até o terceiro ou quarto nervo lombar. Por este motivo, é comum referir-se ao sistema nervoso simpático como o sistema toracolombar. Devido as fibras pré-ganglionares serem curtas, forma-se uma cadeia de gânglios próximo a coluna vertebral (cadeia paravertebral). Nos gânglios, os neurônios pré-ganglionares fazem sinapse com os neurônios pós-ganglionares que cursam para a periferia e inervam os órgãos efetores. Neurotransmissores e receptores Os neurônios pré-ganglionares , da divisão simpática, são sempre colinérgicos, ou seja, liberam ACh , que interage com receptores nicotínicos nos corpos celulares dos neurônios pós- ganglionares, e os neurônios pós-ganglionares são adrenérgicos, pois liberam NA (noradrenalina) em todos os órgãos efetores. Exceto nas glândulas sudoríparas termorreguladoras da pele humana, nos coxins plantares de cães e gatos e nos vasos sanguíneos dos músculos esqueléticos, onde liberam ACh. A NA interage com receptores α e β, os quais podem desenvolver respostas excitatórias ou inibitórias. SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO A função geral do sistema nervoso parassimpático está ligada a ações que visam restaurar e conservar energia. Por exemplo, para conservar a energia, essa divisão diminui a pressão arterial por meio da redução da frequência cardíaca. Para restaurar as fontes de energia, a divisão parassimpática aumenta a atividade digestiva por meio de aumento do fluxo sanguíneo para o trato intestinal, aumento da motilidade intestinal e estimulação da secreção das enzimas digestivas. Por atuar de tal forma, dizemos que este sistema está relacionado a “digestão e repouso”. Os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares da divisão parassimpática se localizam no tronco encefálico (núcleos parassimpáticos dos nervos oculomotor (III), facial (VII), glossofaríngeo (IX) e vago (X)) e na medula espinal sacra (segmentos espinais S2 e S3 nos cães e S1–S3 nos gatos). Simplificamos esta informação dizendo que o sistema parassimpático possui origem craniosacral, mas apesar disso, ele é capaz de inervar órgãos nas regiões torácica e lombar, através do nervo vago (X). Os axônios pré-ganglionares se projetam para vários gânglios situados nos órgãos efetores ou próximos a eles, isto indica que as fibras pré-ganglionares possuem um comprimento longo, enquanto as fibras pós são curtas. Neurotransmissores e receptores Como na divisão simpática, todos os neurônios pré-ganglionares são colinérgicos e liberam ACh que interage com receptores nicotínicos localizados nos corpos celulares dos neurônios pós-ganglionares. A maioria dos neurônios pós-ganglionares da divisão parassimpática também são colinérgicos. Porém, os receptores de ACh, nos órgãos efetores, são muscarínicos e não nicotínicos. Assim, a ACh liberada por neurônios pré-ganglionares ativa receptores nicotínicos, enquanto a ACh liberada por neurônios pós-ganglionares ativa receptores muscarínicos, os quais podem promover respostas excitatórias ou inibitórias. RESPOSTA DE LUTA OU FUGA A resposta de luta ou fuga estimulada pelo SN simpático, garante ao corpo ativação de mecanismos que possibilitam ao organismo reagir adequadamente à situação estressante. A resposta aumenta a frequência cardíaca, o débito cardíaco e a pressão sanguínea; redistribui o fluxo sanguíneo (vasoconstrição) da pele, dos rins e das regiões esplâncnicas para a musculatura esquelética; aumenta a ventilação, dilatando as vias aéreas; diminui a motilidade e secreções gastrointestinais, e eleva a concentração de glicose no sangue. Fonte da imagem: https://www.anatomiadocorpo.com/sistema-nervoso/autonomo-simpatico-parassimpatio/ Fonte da imagem: Dukes fisiologia dos animais domésticos https://www.anatomiadocorpo.com/sistema-nervoso/autonomo-simpatico-parassimpatio/ https://www.anatomiadocorpo.com/sistema-nervoso/autonomo-simpatico-parassimpatio/ https://www.anatomiadocorpo.com/sistema-nervoso/autonomo-simpatico-parassimpatio/ REFERÊNCIAS COSTANZO, Linda S. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2014. COSTANZO, Linda S. Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan Ltda, 2015. JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa; CARNEIRO, José. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan Ltda, 2013. KLEIN, Bradley G. Cunningham tratado de fisiologia veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2014. REECE, William O. Dukes fisiologia dos animais domésticos. 13. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan Ltda, 2017.
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