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TURMA 109 UFMA segunda-feira, 08 de fevereiro de 2021 Fisiologia do Ciclo Menstrual Ciclo ovariano • O ciclo ovariano é essencialmente composto por três fases: 1. Fase folicular: Inicia no 1° dia da menstruação e dura em média 12 dias (fase de recrutamento dos folículos) - O recrutamento dos folículos para a ovulação ocorre a partir da maior secreção de estrogênio 2. Fase da ovulação: Após esses 12 dias, inicia-se a chamada fase ovulátória que dura em média 8 dias - Seu pico é atingido no 14° dia, a partir do início da menstruação (fase em que ocorre a extrusão do óvulo) 3. Fase do corpo amarelo: O ciclo menstrual termina com a fase lútea, que dura 14 dias (duração fixa) e prepara o endométrio para a recepção do óvulo fecundado - Fase em que o útero se prepara para o início da próxima menstruação • Portanto, o ciclo inicia no 1° dia da menstruação e vai até o 1° dia da próxima menstruação Duração • A maioria das pacientes tem um ciclo que dura entre 26–28 dias - Oligomenorreia representa 3 a 6 ciclos por ano com intervalos superiores a 36 dias - Amenorreia são ciclos com intervalos superiores a 90 dias • Em geral, a fase que regula o tempo de duração do ciclo é a fase folicular, uma vez que, 14 dias após a ovulação, não havendo fecundação, irá ocorrer a menstruação - Pacientes com ciclo longo (ex: 45 dias) experienciam uma fase folicular mais longa Ovário • Órgão completamente intraperitoneal — as células descamam diretamente na cavidade pélvica • Unidade funcional do ovário: - Folículo — responsável pela secreção de estrogênio - Corpo lúteo — responsável pela secreção de progesterona - Estroma — responsável pela secreção de androgênio (onde se encontram as células da teca) Hormônios • FSH — hormônio folículo estimulante (produzido na hipófise) - O FSH atua na fase de recrutamento dos folículo e na fase de epitelização do endométrio • LH — hormônio luteinizante (produzido na hipófise) - O LH atua na fase de ruptura folicular • Estrogênio (produzido pelo ovário) - Promove o crescimento dos folículos e o desenvolvimento do endométrio de 1 4 MARIA FERNANDA DANTAS E AMANDA CAMPOS Ginecologia e Obstetrícia quarta-feira, 09 de junho de 2021 TURMA 109 UFMA segunda-feira, 08 de fevereiro de 2021 • Progesterona (produzido pelos ovários, corpo lúteo e placenta) - Liberada após a ovulação, irá atuar na preparação do endométrio para a gravidez Mudanças envolvidas • Útero e os ovários são os dois órgãos que mais sofrem mudanças durante todo o ciclo menstrual • O ovário é um órgão dinâmico que nunca se encontra em repouso absoluto - 20ª semana de vida intrauterina — 6 a 7 milhões de células germinativas, com redução drástica até o nascimento - Ao nascer — perda de cerca de 80% dessas células, restando cerca de 1,5 milhões de folículos - Menarca — 300 a 500.000 folículos - Menacme — depleção folicular com média de 1000 folículos/mês (por apoptose) - Somente 400 folículos atingirão maturação completa e consequente ovulação Eixo hipotálamo-hipófise • O eixo torna-se funcionalmente ativo durante o 2º trimestre de gestação, possibilitando secreção das gonadotrofinas fetais sob comando do GnRH • Próximo ao termo da gestação, o feedback negativo dos esteróides torna-se operante, causando diminuição da secreção de gonadotrofinas • Após o parto, o efeito supressivo dos esteróides placentários é removido e a secreção de gonadotrofinas é novamente ativada • Do primeiro ao quarto mês após o nascimento tem-se LH baixo e FSH elevado, em níveis semelhantes a vida reprodutiva feminina, ocorrendo ativação da gônada e consequente elevação de esteroides ovarianos - Após esse período os níveis caem drasticamente e a secreção de estradiol é suprimida • Na adolescência ocorre a amplitude da pulsatilidade das gonadotrofinas e a secreção de hormônios esteróides aumenta, ocorrendo avanço na maturação folicular • O estradiol sempre exercerá um feedback negativo sobre o FSH, mas condiciona uma ação bifásica em relação ao LH - Negativo em baixos níveis - Positivo em níveis elevados • O desenvolvimento dessa ação positiva sinaliza a maturação do eixo córtex-hipotálamo-hipófise-ovário • Trabalhos com dosagem de progesterona mostram que: - Só 15% dos ciclos são ovulatórios no 1º ano pós-menarca - 41% são ovulatórios somente no terceiro ano - 25% dos ciclos ainda são anovulatórios até o sexto ano • Na menacme, a maturação completa do folículo leva pelo menos 85 dias - Os folículos são selecionados aleatoriamente • Fatores que levam o folículo primordial ao desenvolvimento (seja ovulação ou atresia) permanecem desconhecidos • Nas fases mais avançadas do desenvolvimento folicular, as células da granulosa se tornam sensíveis ao FSH, sendo aptas a converter androstenediona e testosterona (produzidas pelas células da teca) em estradiol - Essa conversão ocorre pela ação das aromatases • Teoria da dupla célula: FSH estimula a formação de aromatase, induzindo a síntese de receptores de LH e FSH e estimulando a produção de DNA para síntese de receptores de esteroides sexuais intracelular de 2 4 MARIA FERNANDA DANTAS E AMANDA CAMPOS TURMA 109 UFMA segunda-feira, 08 de fevereiro de 2021 Ciclo ovariano normal • O folículo continua crescendo apesar da queda do FSH no plasma, pois há uma grande sensibilidade pelo número aumentado de receptores de FSH nas células da granulosa do folículo dominante, enquanto os demais folículos entram em atresia • Janela de FSH — a duração da elevação do FSH tem papel crucial na determinação do número de folículos dominantes • Na fase de ovulação, o pico de LH provoca digestão das fibras colágenas em torno do folículo, e os níveis mais altos de prostaglandinas causam contração da parede ovariana, o que provoca a extrusão do ovócito II - Sem o pico de LH, não há ovulação • O corpo lúteo produz estrógeno e progesterona, e a alta dos dois inibe a hipófise, produzindo menos LH e FSH - A progesterona é termogênica, o que causa o aumento da temperatura durante a fase lútea • O corpo lúteo então regride por falta de LH e posteriormente ocorre queda na taxa de estrógeno e progesterona • Por fim, não ocorrendo a implantação do ovo fecundado, têm-se a menstruação Anamnese ginecológica • Identificação — nome, idade, raça, estado civil, profissão, grau de escolaridade, naturalidade, procedência, religião • Queixa principal e duração • HDA — início dos sintomas, características (duração, localização, intensidade, frequência, tipo, etc), fatores e melhora e piora, relação com outras queixas, evolução, uso de medicamentos - Importante investigar negativas (nega queixa na mama, dor abdominal, corrimento, etc) • Antecedentes familiares e pessoais - Investigar histórico de câncer de mama familiar, síndrome de Lynch, HAS, DM, etc • Antecedentes menstruais: - Idade da menarca, ciclo menstrual (duração e fluxo), sintomas associados, DUM, idade da menopausa, sintoma de hipoestrogenismo (ressecamento vaginal, diminuiçãoda libido, insônia, etc), sangramentos pós-menopausa, terapia hormonal • Antecedentes sexuais: - Idade da primeira relação sexual, número de parceiros, frequência, métodos anticoncepcionais, dispareunia e sinusorragia (sangramento relacionado à atividade sexual), orgasmos, libido • Antecedentes obstétricos: - Número de gestações, idade do primeiro e último parto, abortos, tipo de parto, local dos partos, peso dos recém- nascidos, lactação, intercorrências na gestação ou no parto • Interrogatório sobre os diversos aparelhos • Os três problemas mais comuns em ginecologia são: a) Corrimento - Há quanto tempo? Varia com o período do mês? Em que período do mês ocorre? Consistência? Odor? Prurido? b) Dor pélvica - Hábito intestinal? Hábito urinário? - Dor durante o ato sexual (dispareunia) — seu parceiro tem alguma ferida ou coceira? É usuária de anti- hipertensivo oral (reduzem a lubrificação vaginal)? Fez algum tratamento? Seu parceiro também fez? c) Alterações menstruais de 3 4 MARIA FERNANDA DANTAS E AMANDA CAMPOS TURMA 109 UFMA segunda-feira, 08 de fevereiro de 2021 Exame físico geral • Estado geral da paciente, mucosas, biotipo, anorexia ou obesidade, distribuição regional do tecido adiposo • Distruibuição e crescimento anormal dos pelos devem ser anotados • Peso, altura • Ausculta cardíaca e pulmonar, pulso, PA • Palpar tireoide, gânglios cervicais, abdome, etc • Avaliar trânsito intestinal Exame das mamas • Inspeção estática — simetria, volume, cicatrizes, abaulamentos ou retrações, eritema ou edema (aspecto de casca de laranja), ulcerações - Complexo aureolo-papilar — desvios, achatamento ou retração dos mamilos, mamilos hiperpigmentados (comum em multíparas), cicatrizes cirúrgicas em T invertido (mamoplastia redutora) • Inspeção dinâmica — manobra da contratura peitoral, manobra de elevação dos MMSS, manobra da mama pendente - Enquanto se realizam essas manobras, é importante observar a existência de alterações na forma, contorno, mobilidade, desvios e retração do mamilo • Palpação das axilas e regiões supraclaviculares para pesquisa de linfonodos - Linfonodos supra e infraclaviculares — avaliar presença de gânglios, sua consistência e mobilidade - Linfonodos axilares — devem ser localizados quanto ao número, localização, sensibilidade, mobilidade e fixação aos planos superficiais ou profundos ↳ Técnica de Bailey • Palpação do tecido mamário — paciente em decúbito dorsal com as mãos sob a região da nuca - Manobra de blood-good (dedilha-se a mama com as pontas dos dedos) ou de Velpeau (mão espalmada) - Expressão mamilar — verificar possível descarga mamilar (aspecto aquoso, seroso, citrino, serossanguíneo, lácteo, purulento, etc) - Importante realizar a comparação com mama contralateral • Dividindo-se o seio em quatro partes, observa-se que a maior quantidade de ductos está localizada no quadrante superior externo da mama - É neste local que ocorre a maioria dos tumores malignos da mama (aproximadamente 50%) • Localização do câncer de mama nos quatro quadrantes: Avaliação dos órgãos genitais externos • Inspeção — tipo de distribuição de pelos, desenvolvimento do clitóris e pequenos lábios, integridade do períneo ou grau de sua rotura, cicatrizes de episiotomia ou perineoplastia - Anormalidades anatômicas ou patológicas - Aspecto, quantidade, coloração e cheiro da secreção vaginal • Inspeção do ânus — presença ou não de hemorroidas, plicomas, fissuras, fístulas, prolapso de mucosa ou malformações • Palpação — glândula de Skenes (peri-uretral) e Bartholin Avaliação dos órgãos genitais internos • Introduz-se o espéculo vaginal (oblíquo — 45º de inclinação) • Vagina — trofismo, parede vaginal (em geral rugosa), umidade, coloração, elasticidade, presença e aspecto de secreções • Colo — volume, coloração, epitelização, forma do orifício externo, lacerações, tumores, ulcerações, pólipos, aspecto do muco • Coleta do preventivo — secreção para citologia oncológica - Teste de Schiller — negativo (normal) ou positivo (anormal) - Importante para rastreamento do câncer de colo uterino • Toque vaginal — toque bidigital (avaliar paredes vaginais, fundo de saco vaginal e colo uterino) e bimanual (avaliação da posição uterina, tamanho, superfície, consistência e mobilidade) • Toque retal — quando houver dificuldade de avaliação pelo toque vaginal ou queixas direcionadas ao ânus e reto de 4 4 MARIA FERNANDA DANTAS E AMANDA CAMPOS