Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FARMÁCIA HOSPITALAR Caroline Faria O farmacêutico no controle da infecção hospitalar Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer a importância do controle de infecção no ambiente hospitalar. � Identificar as funções da comissão de controle de infecção hospitalar. � Sintetizar as atribuições do farmacêutico no controle de infecção hospitalar. Introdução Neste capítulo, você vai estudar as nuances de um desafio para a saúde pública mundial: o controle das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), isto é, das infecções adquiridas durante o processo de cui- dado à saúde. Essas infecções agravam o risco de morbimortalidade e, por isso, são consideradas um problema de segurança do paciente. De modo a reduzir tais riscos, comissões de controle de infecção hospitalar (CCIHs) devem desenvolver atividades vigilantes e consistentes. Para tal, lança-se mão de um trabalho multidisciplinar que inclui o profissional farmacêutico que, por sua vez, contribui para o gerenciamento de sane- antes, educação em saúde dos colaboradores e pacientes da instituição e, destacadamente, para o uso racional de antimicrobianos. Em razão da sua importância no contexto da garantia da segurança do paciente, a compreensão dos mecanismos de prevenção dessas infecções é imprescindível para uma prática profissional conscienciosa. Nesse sentido, estudar a constituição e as atribuições da CCIH auxiliará no dimensionamento do problema e dos progressos que vêm sendo realizados sobre o assunto. Além disso, será possível conhecer as respon- sabilidades do profissional farmacêutico de modo a vislumbrar possíveis áreas de interesse para atuação. 1 Infecções relacionadas à assistência à saúde: riscos e importância do controle Em meados do século XIX, em um hospital de Viena, na Áustria, Ignaz Philipp Semmelweis, médico assistente, deu início às investigações sobre a necessidade de assepsia durante o cuidado à saúde. Naquele contexto, mu- lheres em trabalho de parto sofriam de febre puerperal, infecção que findava a vida de muitas parturientes. Por meio de investigação científica, o médico conclui que a higienização das mãos dos profissionais de saúde assistentes (médicos e enfermeiras) reduzia os índices de mortalidade daquelas mulheres e passou a orientar a prática antes da manipulação das pacientes (CARSON; TOODAYAN, 2018). De lá para cá, evidentemente, muitos avanços tecnológicos foram realizados nas áreas de microbiologia e infectologia (vide, por exemplo, o advento dos antibióticos). Todavia, as IRAS ainda continuam a causar agravos à saúde de muitos pacientes ao redor do mundo. Logo, torna-se imprescindível a compreensão sobre os aspectos conceituais e sobre a necessidade do controle desses acometimentos. As IRAs caracterizam-se como infecções adquiridas durante o cuidado recebido em estabelecimentos de saúde. Em se tratando de hospitais, essas infecções podem ser denominadas “hospitalares” ou “nosocomiais”. Tais infecções não estavam incubadas no momento da admissão ou consulta do paciente, tampouco estavam presentes com manifestações de sinais e/ou sintomas. Incluem-se nessa classificação as infecções manifestadas após alta hospitalar, desde que possam ser relacionadas com a internação ou com procedimentos hospitalares (CAVALCANTE et al., 2019). No caso de neo- natos, as IRAS podem ser categorizadas em: infecções transmitidas por via transplacentária e acometimento intrauterino (por exemplo, sífilis); infecções precoces de provável origem materna (por exemplo, infecções associadas à bolsa rota superior a 18 horas); e infecções tardias de origem hospitalar (por exemplo, infecção de sítio cirúrgico) (BRASIL, 2017). Diferentemente das infecções nosocomiais, as infecções comunitárias, como o próprio nome sugere, são infecções adquiridas fora dos ambientes de cuidado à saúde, porém, muitas vezes tratadas dentro desses mesmos ambientes. O farmacêutico no controle da infecção hospitalar2 Mas, afinal, o que são infecções? Define-se como infecção a presença de micro-organismo em um hospedeiro com sinais de invasão no tecido acompa- nhada ou não de produção de toxinas. Há, naturalmente, resposta imunológica e inflamatória do hospedeiro (SALOMÃO, 2017). Isso posto, afirma-se que a abordagem das IRAS é de extrema relevância porque estas aumentam a morbimortalidade dos pacientes, prolongam o tempo de internação, oneram os sistemas de saúde e elevam o risco ocupacional de trabalhadores da saúde. Entretanto, esses agravos não ocorrem de forma homogênea entre pacientes, hospitais, regiões e países. Os fatores de risco explicam essas diferenças de frequência das IRAS e, portanto, devem ser explicitados, conforme consta no Quadro 1. É válido elucidar as diferenças entre infecções nosocomiais e comunitárias por meio de exemplos. Atente-se aos casos clínicos a seguir e ao comentário quanto à origem da infecção. Caso 1: idoso robusto, sexo masculino, 70 anos, admitido no hospital com sintomas de pneumonia. Diagnosticado com pneumonia não grave e internado para tratamento. � Comentário: evidencia-se que a pneumonia foi desenvolvida fora do ambiente hospitalar e, portanto, trata-se de um caso de pneumonia adquirida na comunidade. Caso 2: idoso frágil, sexo masculino, 70 anos, admitido no hospital em razão de aci- dente vascular encefálico. Durante a internação, foi submetido à ventilação mecânica. Posteriormente, foi diagnosticado com pneumonia e submetido ao tratamento. � Comentário: evidencia-se uma clara associação entre o procedimento de ventilação mecânica e o favorecimento do desenvolvimento de pneumonia, portanto, trata-se de infecção nosocomial associada à ventilação mecânica. Ademais, tais infecções estão diretamente relacionadas com o desenvolvi- mento de resistência aos antimicrobianos, que já se apresenta como uma ameaça tangível à prosperidade da humanidade. Isso ocorre porque, nos hospitais, pacientes imunocomprometidos e/ou debilitados, procedimentos invasivos e uso intenso de antimicrobianos exercem pressão seletiva, favorecendo a per- manência, no ambiente, de micro-organismos resistentes aos antimicrobianos. 3O farmacêutico no controle da infecção hospitalar Diante do exposto, urge a necessidade de controle de IRAS, de modo a garantir a redução dos agravos à saúde dos pacientes e a prevenção da disse- minação de micro-organismos resistentes a antimicrobianos. Esses podem ser considerados objetivos das CCIHs, próximo tema a ser abordado. Fonte: Adaptado de World Health Organization (2011). Países desenvolvidos Países em desenvolvimento � Idade superior a 65 anos � Admissão na emergência ou terapia intensiva � Tempo de internação superior a sete dias � Uso de cateter venoso central � Uso de cateter vesical de demora � Entubação orotraqueal � Pós-cirurgia � Imunossupressão induzida por trauma � Neutropenia � Comprometimento funcional ou coma � Resultados insatisfatórios dos programas de educação em saúde em controle de IRAS � Idade superior a 65 anos � Admissão na emergência ou terapia intensiva � Tempo de internação superior a sete dias � Uso de cateter venoso central � Uso de cateter vesical de demora � Entubação orotraqueal � Pós-cirurgia � Imunossupressão induzida por trauma � Neutropenia � Comprometimento funcional ou coma � Resultados insatisfatórios dos programas de educação em saúde em controle de IRAS � Desnutrição infantil e baixo peso ao nascer � Falta de saneamento básico � Duas ou mais doenças subjacentes Quadro 1. Fatores de risco para IRAS A resistência adquirida aos antimicrobianos ocorre naturalmente, geralmente por alterações no material genético dos micro-organismos. Porém, o uso irracional de antimicrobianos tem acelerado esse processo, favorecendo, por exemplo, o “surgi- mento” das “superbactérias”. O farmacêutico no controle da infecção hospitalar4 2 Infecções relacionadas à assistênciaà saúde: como prevenir e controlar esse problema? Breve histórico das políticas nacionais de controle de infecções relacionadas à assistência à saúde no Brasil Ainda que notificações de IRAS ocorressem pelo Brasil já a partir da década de 1950, a primeira ação governamental efetiva, de certa forma, ocorreu apenas em 1983 com a Portaria do Ministério da Saúde nº 196. Esse dispositivo legal previa a obrigatoriedade em todos os hospitais de CCIHs, todavia, pautadas em um método passivo que determinava subnotificações (DANTAS, 2011). Em 1985, ainda durante o lento processo de redemocratização do país, ocorreu a morte do recém-eleito chefe do executivo, Tancredo Neves, cuja causa foi relacionada a uma infecção de sítio cirúrgico. Dado o momento histórico, esse fato fez aumentar a demanda por políticas mais eficientes de controle de infecção hospitalar, culminando no ano de 1987 com a instauração do Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) pela Portaria nº 232 do Ministério da Saúde, transformado posteriormente em Divisão de Controle de Infecção Hospitalar (OLIVEIRA; SILVA; LACERDA, 2016). Mais tarde, em 1988, a promulgação da Constituição Federal instituiu a garantia do acesso à saúde como dever do Estado e direito da população. No decorrer dos anos subsequentes, leis orgânicas regulamentaram o modus operandi do Sistema Único de Saúde e determinaram diretrizes, dentre as quais a descentralização gerando grande impacto na política de controle de IRAS. Por fim, em 1998, por meio da Portaria nº 2.616, ainda em vigência, o Ministério da Saúde determinou a criação e as atribuições do PCIH operacio- nalizado por meio da CCIH e pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) (BRASIL, 1998). Em 1999, a partir da criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o gerenciamento das políticas de controle e prevenção de IRAS no país passou a ser responsabilidade dessa autarquia. Isso permitiu, dentre outros progressos, o aprofundamento na coleta e na análise de informações sobre IRAS no país. Ressalta-se que outras iniciativas públicas, não necessariamente veicula- das ao PCIH, também vão ao encontro do controle das IRAS. É o caso, por exemplo, do Programa Nacional de Segurança do Paciente, instituído em 2013 pelo Ministério da Saúde. O projeto, criado para contribuir com a qualificação dos serviços de saúde, prevê a higienização das mãos como um protocolo 5O farmacêutico no controle da infecção hospitalar básico para a melhoria da segurança do paciente. A meta em comum desses programas é a correta higienização das mãos e sinaliza para a possibilidade de parcerias no intuito de somar esforços para a redução das IRAS no Brasil (CAVALCANTE et al., 2019). A comissão de controle de infecção hospitalar e suas atribuições Em primeiro plano, salienta-se a diferença entre CCIH, PCIH e SCIH. O PCIH é um conjunto de ações a serem realizadas sistematicamente para a redução máxima possível de IRAS. Para tal, o PCIH dispõe de duas “ferramentas” complementares: a CCIH e o SCIH. A CCIH, de caráter deliberativo, tem funções coordenativas e estabelece as diretrizes a serem cumpridas. O SCIH, ao seu turno, coloca em prática as proposições da CCIH e, portanto, tem caráter executivo. Enquanto “ferramentas”, a CCIH e o SCIH devem ser operacionalizadas por profissionais competentes. Estes podem ser membros consultores, no caso da CCIH, ou membros executores, no caso do SCIH. O número de membros executores e consultores é determinado conforme o porte e a natureza do hospital, por exemplo, quanto à prestação de serviços a pacientes críticos. Os profissionais envolvidos nessas atividades devem ter formação superior e atuação nas seguintes áreas: � administração hospitalar; � enfermagem; � farmácia; � medicina; � microbiologia clínica. Essa equipe multidisciplinar, no uso de suas atribuições, dentre outras funções, é encarregada de: � Implementar sistema de vigilância epidemiológica das Infecções Hos- pitalares, avaliar e compartilhar os dados disponibilizados por esse sistema. � Adequar as normas operacionais (por exemplo, os procedimentos operacionais padrão) de todos os setores, objetivando a prevenção e controle de IRAS. O farmacêutico no controle da infecção hospitalar6 � Capacitar o quadro de colaboradores sobre a prevenção e o controle de IRAS por meio de treinamentos e outras ações de educação continuada. � Promover o uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares. � Padronizar, junto à comissão de farmácia e terapêutica (CFT), os antimicrobianos e germicidas que atenderão de forma racional o perfil nosocomial da instituição. � Criação e/ou atualização de protocolos de tratamento e de profilaxia cirúrgica com antimicrobianos. � Criação e instrução sobre protocolos de medidas de precaução e isolamento. Dentre os treinamentos a serem promovidos pela equipe da CCIH, desta- cam-se os relacionados à higienização das mãos. Isso ocorre porque as mãos, conforme constatou há mais de um século o já mencionado Ignaz Philipp Semmelweis, são os principais veículos de transmissão da fonte microbioló- gica para o potencial hospedeiro. Logo, a promoção da correta higienização destas deve ser prioritária. Essa prática pode ser feita, corriqueiramente, com uso de sabonete e água corrente ou preparação alcoólica. A fricção das mãos com preparação alcoólica, maneira mais eficaz de garantir ótima higiene das mãos, é indicada na ausência de sujidade visível. Ao contrário, a lavagem das mãos com água e sabonete deve ser feita sempre quando há fluidos visíveis, por exemplo, sangue, e na suspeita e/ou comprovação de exposição a micro- -organismos formadores de esporos e após o uso do banheiro (BRASIL, 2013). Por meio da análise das atribuições da CCIH listadas anteriormente, nota- -se a complexidade dos meios para controle e prevenção de IRAS. Logo, conclui-se que o trabalho multidisciplinar é, de fato, imperativo. Nesse sentido, o profissional farmacêutico apresenta-se com valiosas contribuições a serem abordadas adiante. Apesar de aparentemente simples, a higienização das mãos deve ser realizada de forma padronizada e completa. Acesse, a seguir, o protocolo da Anvisa e confira o passo a passo da fricção das mãos com solução alcoólica e da lavagem com água e sabonete. https://qrgo.page.link/5c37K 7O farmacêutico no controle da infecção hospitalar 3 Relação dos farmacêuticos com as infecções relacionadas à assistência à saúde O cuidado farmacêutico em âmbito hospitalar se materializa como um sistema complexo e de extrema relevância tanto na gestão quanto no suporte clínico. Em relação ao controle das IRAS, as atribuições desse profissional são igual- mente complexas, permeando questões administrativas, instrucionais e clínicas. De uma forma geral e sintética, as responsabilidades do farmacêutico no controle das IRAS podem ser agrupadas em três grandes categorias descritas a seguir. Todavia, é interessante observar que essas abordagens coexistem fazendo-se necessária a compreensão de sua interdependência (DANTAS, 2011; AMERICAN SOCIETY OF HEALTH-SYSTEM PHARMACISTS, 2010). Uso racional de antimicrobianos e saneantes Dentre as funções relacionadas a essa responsabilidade, é possível destacar as litadas a seguir. � Aquisição, armazenamento, preparo e dispensação de saneantes, isto é, produtos de limpeza a serem utilizadas no estabelecimento de saúde. Cabe ao farmacêutico, juntamente à CCIH e ao Serviço de Hotelaria Hospitalar, aconselhar sobre os critérios de escolha dos saneantes uti- lizados na instituição. Ademais, é importante supervisionar o preparo desses agentes de modo a garantir a qualidade, a assepsia e as concen- trações indicadas. � Padronização, em trabalho conjunto com a CFT e CCIH, dos antimi- crobianos a serem utilizados na instituição. � Elaboração e atualização de protocolos, baseados em evidências cien- tíficas e em conjunto comcomissões competentes, de tratamento com antimicrobianos e antibioticoprofilaxia. � Implementação de dispositivos que auxiliem no controle e na segurança da dispensação de antimicrobianos, tais como “fichas de registro de dispensação de antimicrobianos”. � Cuidado farmacêutico centrado no paciente, que inclui: avaliação da indicação, da posologia, da via de administração, das interações me- dicamentosas, das reações adversas, dos parâmetros farmacocinéticos (especialmente quando da necessidade de monitoramento sérico), dos critérios de descalonamento (alteração da terapia empírica para terapia O farmacêutico no controle da infecção hospitalar8 guiada após resultado de cultura microbiológica) e da possibilidade de substituição de via intravenosa para via oral (swicth therapy) dos antimicrobianos em uso. � Trabalho em parceria com o laboratório de microbiologia. � Desenvolvimento e/ou cooperação com pesquisas farmacoepidemioló- gicas e de farmacovigilância relacionadas ao uso de antimicrobianos. Programas de gerenciamento de antimicrobianos ou antimicrobial stewar- dship, genericamente baseados nessas funções, objetivam aperfeiçoar a pres- crição desse grupo de fármacos, garantir efeitos terapêuticos máximos, reduzir eventos adversos, além de prevenir a resistência bacteriana (BRASIL, 2019; GILCHRIST et al., 2015). Swicth therapy consiste na alteração, quando há estabilidade clínica, das formulações endovenosas de antimicrobianos para formulações de uso oral. Dessa forma, há maior comodidade para o paciente, menor risco de contaminação em razão da retirada do cateter de acesso periférico e maiores possibilidades de viabilização de alta (CHAN- DRASEKAR, 2018). Educação em saúde para colaboradores e pacientes Em se tratando dessa responsabilidade, destacam-se as funções elencadas a seguir. � Provimento de instruções sobre uso correto de antimicrobianos e sa- neantes por intermédio do Centro de Informação de Medicamentos, da organização e exposição em simpósios e palestras e das demais atividades clínico-administrativas. � Participação e/ou suporte aos treinamentos desenvolvidos pela CCIH. � Orientação sobre adesão à terapia prescrita e cuidados na manipulação de medicamentos aos pacientes, especialmente para aqueles em processo de alta hospitalar e continuação dos cuidados em domicílio. 9O farmacêutico no controle da infecção hospitalar Redução da transmissão de infecções Sobre essa responsabilidade, ressaltam-se as funções listadas a seguir. � Estabelecimento e fiscalização de programas e protocolos de garantia da qualidade dos medicamentos e correlatos preparados e dispensados pela farmácia hospitalar com intuito de evitar contaminações. � Treinamentos e fiscalização dos colaboradores que compõem o quadro de recursos humanos da farmácia hospitalar sobre a importância da prevenção das IRAS. Diante do exposto, é possível concluir que os profissionais farmacêuticos têm importantes atribuições no contexto do controle e da prevenção das infec- ções hospitalares. É notório, porém, dado ao processo de consolidação desse profissional como provedor de cuidado, que esforços devem ser acentuados no intuito tanto de aperfeiçoar tecnicamente esses agentes quanto de garantir um número de profissionais apropriado para dar diligência no cumprimento dessas funções. Sem embargo, afirma-se que o envolvimento do farmacêutico nessa área, em atuação multiprofissional, pode contribuir substancialmente para a redução dos agravos à saúde provenientes de IRAS, para prevenção de resistência aos antimicrobianos, para a redução dos gastos institucionais e, em última instância, para a garantia da segurança do paciente e da qualidade do cuidado em saúde. Caso clínico: paciente masculino, 70 anos, parcialmente dependente para atividades básicas de vida diária, com mobilidade reduzida, internado há 15 dias em razão de queda e piora do estado geral. Foi diagnosticado com infecção urinária e iniciado tratamento empírico com meropenem full dose endovenoso. Após o resultado da urocultura, foi observada maior sensibilidade à fluorquinolona, procedendo-se, assim, o descalonamento da antibioticoterapia: suspensão do tratamento com carbapenêmico e início do tratamento com fluorquinolona. O farmacêutico no controle da infecção hospitalar10 AMERICAN SOCIETY OF HEALTH-SYSTEM PHARMACISTS. ASHP statement on the pharmacist’s role in antimicrobial stewardship and infection prevention and control. American Journal of Health-System Pharmacy, v. 67, n. 7, p. 575–577, 2010. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Avaliação nacional dos programas de gerenciamento de antimicrobianos em unidade de terapia intensiva adulto dos hospitais brasileiros. Brasília, DF: ANVISA, 2019. Disponível em: http://portal.anvisa.gov. br/documents/33852/271855/Projeto+Stewardship+Brasil/435012dc-4709-4796-ba78- a0235895d901. Acesso em: 19 jan. 2020. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Critérios diagnósticos de infecção as- sociada à assistência à saúde neonatologia. Brasília, DF: ANVISA, 2017. (Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde, 3). Disponível em: http://portal.anvisa. gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+3+-+Crit%C3%A9rios+Diagn%C3%B3st icos+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Associada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3% A0+Sa%C3%BAde+Neonatologia/9fa7d9be-6d35-42ea-ab48-bb1e068e5a7d. Acesso em: 19 jan. 2020. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Protocolo para a prática de higiene das mãos em serviços de saúde. Brasília, DF: ANVISA; FIOCRUZ, 2013. Disponível em: http:// www.hospitalsantalucinda.com.br/downloads/prot_higiene_das_maos.pdf. Acesso em: 19 jan. 2020. BRASIL. Portaria n. 2.616, de 12 de maio de 1998. Brasília, DF, 1998. Disponível em: http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt2616_12_05_1998.html. Acesso em: 19 jan. 2020. CARSON, E. A.; TOODAYAN, N. Ignaz philipp semmelweis (1818-1865): Herald of hygienic medicine. Medical Journal of Australia, v. 209, n. 11, p. 480–482, 2018. CAVALCANTE, E. F. de O. et al. Implementação dos núcleos de segurança do paciente e as infecções relacionadas à assistência à saúde. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 40, nesp., e20180306, 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v40nspe/1983- 1447-rgenf-40-spe-e20180306.pdf. Acesso em: 19 jan. 2020. CHANDRASEKAR, P. H. Intravenous-to-oral switch therapy (diagnosis). Medscape, p. 13–16, 2018. DANTAS, S. C. C. Farmácia e controle das infecções hospitalares. Pharmacia Brasileira, n. 80, p. 1–20, fev./mar. 2011. Disponível em: http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/ pdf/130/encarte_farmacia_hospitalar.pdf. Acesso em: 19 jan. 2020. 11O farmacêutico no controle da infecção hospitalar GILCHRIST, M. et al. Antimicrobial stewardship from policy to practice: experiences from uk antimicrobial pharmacists. Infectious Diseases and Therapy, v. 4, n. 1, p. 51–64, 2015. OLIVEIRA, H. M.; SILVA, C. P. R.; LACERDA, R. A. Policies for control and prevention of in- fections related to healthcare assistance in Brazil: a conceptual analysis. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 50, n. 3, p. 502–508, 2016. Disponível em: http://www.scielo. br/pdf/reeusp/v50n3/pt_0080-6234-reeusp-50-03-0505.pdf. Acesso em: 19 jan. 2020. SALOMÃO, R. Infectologia: bases clínicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO guidelines on hand hygiene in health care: first global patiente safety challenge clean care is safer care. Report on the Burden of Endemic Health Care-Associated Infection Worldwide Clean Care is Safer Care, v. 3, 2011. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/80135/9789241501507_eng.pdf;js essionid=FA6D786D57093574104466844306F45F?sequence=1. Acesso em: 19 jan. 2020. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica;suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. O farmacêutico no controle da infecção hospitalar12
Compartilhar