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Atribuição Causal Teoria da Causalidade A descrição da forma como as pessoas explicam as causas do seu comportamento e do comportamento dos outros Explicar os outros… - Como é que as pessoas explicam o comportamento das outras? - A teoria da atribuição analisa como explicamos o comportamento das outras pessoas: “As pessoas tendem a atribuir o comportamento de alguém a causas internas ou a causas externas.” - Por norma quando desconhecemos algo tendemos a fazer a comparação com algo que nos seja familiar. Assim ao tentarmos explicar asa possíveis causas do comportamento dos outros recorremos também a nós mesmos e ao que é de nosso conhecimento - Utilizamo-nos a nós mesmos e aos outros como modelos de compreensão de todas as causas - Todos nós temos necessidade de atribuir causas aos fenómenos que observamos Contribuindo para a nossa necessidade de vivermos num mundo estável e previsível - No relacionamento interpessoal tendemos a proceder a inferências de comportamentos, utilizando as informações disponíveis - Não só atribuímos causalidade aos comportamentos do outro, mas também aos nossos próprios comportamentos HEIDER - Psicologia ingénua Tentativa de reunir a informação disponível de modo a chegar a uma explicação possível das causas de determinado comportamento, para a explicação do ambiente que nos rodeia A dicotomia foi uma das suas grandes contribuições Atribuição pessoal/interna Atribuição situacional/externa ROTTER (1966) – Locus de Controlo - Locus de controlo interno: O sujeito crê que o que pode alcançar depende do seu esforço e competência - Quando acreditamos que os resultados são altamente contingentes ao nosso comportamento (são consequências das suas ações) -> LOCUS DE CONTROLO INTERNO - Locus de controlo externo: O sujeito acredita o que pode alcançar depende de outro fator que não ele próprio - Quando acreditamos que os resultados ocorrem independentemente dos nossos comportamentos (consequências independentes da ação) -> LOCUS DE CONTROLO EXTERNO Crenças de controlo influenciam o comportamento de realização… Weiner et al. (1971) começaram por identificar quatro principais causas a que os estudantes tendem a atribuir o (in)sucesso: - Capacidade - Esforço - Grau de dificuldade da tarefa - Sorte/Azar (acaso) EXEMPLOS: Investigações subsequentes identificaram outras atribuições: - Outras pessoas (professores, estudantes) - Humor, fadiga, doença - Personalidade, aparência física Weiner propôs 3 dimensões para a atribuição de causalidade: - Locus de controlo/causalidade: As causas são classificadas como internas, quando se referem às características do individuo (ex: esforço) ou externas, se não remetem para ele (ex: dificuldade da atividade) - Estabilidade As causas são consideradas estáveis quando se mantêm ao longo do tempo (ex: capacidade) e instáveis quando se alteram (ex: humor) - Controlabilidade As causas são qualificadas como controláveis (ex: dedicação) ou incontroláveis (ex: sorte) pela pessoa JONES E DAVIS – Principio das inferências correspondentes - Para uma determinada ação revelar alguma coisa do ator é necessário que se consiga estabelecer uma ligação direta com uma intenção, que medeia a relação entre o comportamento e uma disposição do ator. - O sujeito procura aferir intenção do ator, concluindo uma predisposição para o comportamento: ESCOLHAS VS. ALTERNATIVAS - Para se considerar que uma ação revela o ator, o observador tem de conseguir achar uma correspondência entre a ação, uma intenção e uma disposição - A intenção pode (ou não) ser consciente, mas tem de se referir a algum aspeto relativo ao livre arbítrio do ator (e não apenas repetir pressões situacionais) - A disposição é concebida como algo interno que faz o ator comportar- se de determinada maneira mais frequente ou intensamente do que a maioria das pessoas - O estabelecimento da inferência correspondente (ação – disposição) decorre, segundo este modelo, de uma observação das consequências dessa ação NOTAS: - O sujeito identifica as opções do ator num determinado momento - Considera as possíveis razões que poderiam ter levado o sujeito a uma das opções - Elimina as razões que poderiam ter motivado a seleção de outros comportamentos que não o escolhido - Determina a importância das razões possíveis do ator Consequências menos comuns da escolha de um comportamento Atribuição interna mais provável Refletindo assim as intenções e consequentemente sendo inferidas as disposições que as subordinam Características inferidas - Frequentemente inferimos que as características de uma pessoa correspondem às suas ações “Se observo alguém a ter um comentário sarcástico, deduzo que essa pessoa é hostil” Modelo da Covariação (KELLEY) Como é que as pessoas decidem se fazem uma atribuição interna (disposicional) ou externa (situacional)? - Examinamos os múltiplos comportamentos, que ocorreram em tempos diferentes - Analisamos a forma como o comportamento dessa pessoa varia no tempo, nas diferentes situações, e os diferentes tipos de comportamento exibidos - Chegamos assim a um julgamento sobre a causa de determinado comportamento “Quando fazemos a atribuição que tipo de informação analisamos para a covariação?” Kelley, refere três fatores que influenciam a atribuição interna ou externa: - Constância/Consistência: A pessoa normalmente comporta-se desta forma? Se sim, tem alta consist1ência (atribuição interna) - Distinção: A pessoa comporta-se de forma diferentes em situações diferentes com outras entidades? Se sim, tem alta distintividade (atribuição externa) - Consenso: Outras pessoas comportar-se-iam da mesma forma na mesma situação? Se sim, tem alto consenso (atribuição externa) Propõe ainda dois princípios referentes ao processo de atribuição de causalidade: Princípio do desconto e o princípio do aumento KELLEY VS. WEINER - Não existe uma única teoria da atribuição causal mas sim diversos modelos - O modelo de Weiner é utilizado para atribuições de realização - O modelo de Kelley pretende demonstrar as dimensões informacionais subjacentes às atribuições sociais Serão estes modelos incompatíveis? As dimensões de Consenso, Distintividade e Consistência fornecem a base para as atribuições interna/externa, estável/instável, controlável/não controlável do modelo de Weiner Sugere que os modelos descrevem aspetos COMPLEMENTARES, mas COMPATÍVEIS, dos mesmos processos atribucionais Tendenciosidades no processo de atribuição causal - Erro fundamental de atribuição * Tendência para, enquanto observador, subestimar os fatores situacionais e sobrestimarem o impacto dos fatores pessoais no controlo do comportamento Ex: Desempenho de papéis sociais Influência Social - Alguém é influenciado socialmente quando o seu comportamento se altera na presença real ou imaginada de outrem - É o efeito que palavras, ações ou a presença de outras pessoas têm nos nossos pensamentos, sentimentos, atitudes ou comportamentos - Processos de Influência Social: Normalização Conformismo Obediência Inovação Normalização – Musafer Sherif - Conceito central: Quadro de referência - Tendência generalizada que os indivíduos apresentam para organizar as suas experiências, estabelecendo relações, em cada momento, entre estímulos internos ou externos, criando unidades funcionais que fornecem limites e significado àquilo que é experimentado - Experiência Exemplos: Colocar uma mão em água fria e depois mergulharmos em água morna -> A água morna parecer-nos.-á estar quente PORQUÊ? As sensações não dependem apenas das qualidades da estimulação mas também, em muito, da situação num dado quadro de referência subjetivo, onde se relaciona com outras experiências relevantes para o indivíduo. Qual o objetivo das suas experiências? - Estudar a formação de quadros de referência - Compreender o modo como as crenças e atitudes (quadros de referências individuais) se interrelacionam com as normas grupais e culturais. Laboratório às escuras: - Sujeitos viam, numa sala escura, um ponto luminoso, a 5m de distância, através de um pequeno orifício de uma caixa de metal - Carregavam uma tecla quando o estimulo aparecia e desaparecia, dando uma estimativa de que distância o ponto luminoso tinha percorrido - Após cem estimativas eram feitas algumas questões ao participante CONCLUSÕES PRINCIPAIS: Expressão implícita; Surge, sobretudo, quando o contexto é ambíguo; Influência recíproca na ausência de um juízo ou norma prévia; Criação de quadros de referência Conformismo – Asch Experiência apresentada como estudo de perceção - Tarefa: discriminação do comprimento de linha em relação a uma linha-padrão (5m) - Cada participante deveria dizer o número da linha que é igual à linha padrão - O participante estava num grupo com outros 6 participantes - Os 18 ensaios foram divididos em ensaios neutros e ensaios críticos - Nos ensaios críticos os participantes colaboradores apresentavam respostas com diversos graus de erro - O participante critico sentava-se sempre em penúltimo lugar - Após a experiência existia uma entrevista – 1º em grupo e depois individual O QUE FARIAM???? Seria impossível ignorar as respostas do grupo Esforço para estabelecer o equilíbrio (“percebi mal as instruções ou questionar o colega do lado” Atribuição da divergência a si próprio (porque é que a minha resposta é diferente do grupo e não ao contrário) Esforço para uma solução (Talvez seja devido a ilusão de ótica) Total concentração no objeto e talvez vontade de ir medir Dúvidas sobre si mesmo Resultados: - Maior percentagem de erros na condição experimental: influência da maioria - Apenas 24% dos sujeitos realizaram a sucessão sem erros - A magnitude do erro não teve impacto estatisticamente significativo – no entanto o erro moderado só se verificou em situações de erro externo da maioria Em sujeitos independentes: - Verdadeiramente independentes (abalados pela maioria, mas inabaláveis na sua resposta – indicaram ter preferido ceder mas acharam importante a sua própria opinião porque se não estariam a errar) - Falsos independentes (admitam estar errados e maioria correta, apenas não a seguiram para cumprir à risca as indicações do experimentador – conformismo ao experimentador) Sujeitos conformistas: - Conformistas a nível percetivo (não reconheciam nada como estranho e que tinham respondido ao que tinham visto – pouco frequentes) - Conformistas ao nível do julgamento (respostas em desacordo com o que tinham visto – se todos respondiam outra coisa, ele é que estava a realizar um julgamento errado) categoria + frequente - Conformistas a nível comportamental (sabiam que estavam certos e maioria errada, mas não queriam “sobressair”) Variações ao paradigma de Asch Nº de alternativa de respostas - 2 alternativas - Resultados: aumentou o número de independentes e aumentou o número de erros nos conformistas - Conclusão: tanto os potenciais independentes como as potenciais conformistas recorrem a uma estratégia de compromissa quando tal é possível CONCLUSÕES PRINCIPAIS: - A minoria submete-se à norma da maioria - Adaptação de juízos ou normas pré-existentes no sujeito às normas de outros indivíduos ou grupos - Pressão real ou simbólica exercida sobre o indivíduo Obediência – Milgram - Conclusões principais: - Poder explícito de influência no sujeito - Obediência à autoridade - Desresponsabilização do autor dos comportamentos - O sujeito adota comportamentos sugeridos por outros Inovação – Moscovici - 3ª Alternativa: fazer o grupo mudar - O alvo de influência social poderá tornar-se num emissor bem- sucedido - Inovação: mudança das normas de um grupo promovidas por uma minoria Conformismo (comparação) Inovação (validação) - Reinterpretação da experiência de Asch (“maioria de laboratório” VS. representante de “maioria de facto”) - Validade duvidosa apesar da originalidade - Experiência das cores - Conclusões principais: * Influência e pressão social de uma minoria sobre a maioria * Existência de uma minoria consistente e com uma imagem flexível pode ter impacto na maioria * Criação de novas normas por influência de uma minoria, com o objetivo de substituir as normas existentes * O impacto de uma minoria é determinado conjuntamente pela consistência percebida do seu comportamento e pela autoconfiança percebida nas suas respostas Influência Social informativa e normativa - Deutsch e Gerard (1955) defendem que o grau de influência que um emissor terá sobre um alvo é mediado pela relação de dependência que se estabelece entre o primeiro e o segundo. Influência Social Informativa Influência Social Normativa - Ocorre quando o individuo procura outra pessoa ou grupo para obter informação correta - O comportamento dos outros é aceite como prova de verdade - Tendência em aceitar a informação dada pelos como prova de realidade objetiva - O comportamento do grupo é aceite porque parece correto - Ocorre quando uma pessoa se conforma, condescende ou obedece no sentido de ganhar recompensas ou evitar punições de outro grupo ou pessoa -Tentativa de evitar a rejeição do grupo - Será uma tendência em se conformar às expetativas dos outros o que será tanto maior quanto for a coesão do grupo - O comportamento do grupo é aceite porque há necessidade de identificação ao grupo Influência Social Indireta - Manifesta-se quando uma mudança de atitudes ou crenças se verifica não sobre o objeto focal da mensagem persuasiva (e.g., a interrupção voluntária da gravidez), mas sobre outro objeto com ele relacionado no sistema de crenças ou atitudes dos recipientes da mensagem persuasiva (e.g., a educação sexual nas escolas) A influência social caracteriza-se por ser um processo complexo e múltiplo, com impacto em diferentes áreas da vida humana: desde a política ao relacionamento interpessoal e grupal Estereótipos - Origem grega: Stereós (sólido, firme, rígido) + Tupos (tipo, traço, modelo, exemplo) Estereótipos Construção Social - São utilizados para categorizar pessoas - Resultam de uma correspondência entre “etiquetas psicológicas” e índices perceptualmente salientes - No entanto, os índices estereótipos do tipo percetivo associam-se a outros índices marcados por valores sociais Re laç ão in te rp es so al O que vemos O que ouvimos Conhecimento prévio Nosso grupo social Outros grupos sociais Exemplos de resultados de um estudo realizado por Katz e Braly (1935): - Chineses são supersticiosos - Turcos – cruéis - Japoneses – inteligentes NOTA: - As crenças que são transmitidas pelos agentes de socialização, através dos pais, escola, media… Segundo alguns autores estes juízos de valor são transmitidos no inicio do desenvolvimento moral e cognitivo, cristalizando-se e perdurando na vida adulta - É nesta fase que: - Aceitamos como dados objetivos esses juízos de valor - Atribuímos a veracidade da mensagem mais em função do estatuto do emissor do que em função do seu conteúdo - Estamos expostos a menor número de informações Estereótipos surgem… Quando o contacto é escasso para formar uma opinião que corresponda à realidade Crenças socialmente transmitidas sobre o grupo estereotipado - Pensamento heurístico - Permeável às mudanças sociais Sustentam-se em teorias implícitas sobre os fatores que determinam os padrões de conduta dos indivíduos Suposições sobre a existência de caraterísticas/traços psicológicos partilhados pelos membros de uma mesma categoria social (Categorização) Preconceito (pessoal) Estereótipo (social) Exemplo: Estereótipo: Conjunto de crenças Preconceito: Avaliação negativa Discriminação: Falta de igualdade no tratamento 1. Teoria do Conflito Realista (Sherif, Campbell) - O estereótipo surge do conflito de interesses entre grupos e da ameaça do exogrupo dando origem ao etnocentrismo e deterioração da imagem do outro grupo 2. Identidade Social (Tajfel) - A categorização em grupos distintos conduz a uma acentuação nas diferenças dos estereótipos entre grupos - Favorecimento dos endogrupo e visão negativa do exogrupo 3. Teoria da Aprendizagem Social - Os estereótipos são uma resposta a determinados estímulos sociais Como a perceção de diferenças reais e a influência de agentes sociais 4. Orientação cognitiva - É social - Refere-se à caraterização de grupos - É uma cognição do grupo a respeito de indivíduos identificados sob categorias sociais genéricas - Papel particularmente importante na memória construtiva “Normalidade dos Estereótipos” – Para Allport (1954), os estereótipos resultam do funcionamento normal da mente humana, e nomeadamente de um processo de categorização, em termos do qual o individuo se adapta ao meio natural e social que o cerca - A categorização, segundo este autor, apresenta 5 características: 1. Fornece-nos expetativa: sobre pessoas, objetivos e acontecimentos, cuja a inclusão numa determinada categoria nos permite adotar comportamentos adequados às diferentes situações 2. Economizar esforços de interpretação de novas informações: permite-nos resumir ao máximo uma grande variedade de pessoas, objetos e acontecimentos 3. Identificar rapidamente: objetos relacionados entre si 4. Associação entre crenças e certos valores sociais: tornando assim as categorias dotadas de um conteúdo emocional associado a todos esses objetos, que decorrem da assimilação de valores que nos são socialmente transmitidos 5. Continuum de racionalidade: as generalizações podem variar ao longo de um continuum de racionalidade desde leis cientificas até estereótipos - As representações do conhecimento organizam-se de modo a permitir que uma grande quantidade de informação possa ser acedida com o mínimo esforço Orientação cognitiva - Reduz a diversidade do real e permite processos de inferência e juízos sociais - Reorganização e simplificação de informação complexa - Correlações ilusórias: sobrevalorização do número de vezes em que dois acontecimentos ocorrem em conjunto Quais os critérios que nos permitem incluir alguém em determinada categoria? 1. Estatuto primitivo de certas categorias 2. Normatividade das categorias (diferenciação em relação à norma) 3. Clareza das fronteiras categoriais (princípio do metacontraste) 1. O recurso a categorias primitivas - Género, idade, raça - Forma mais geral de estereótipo - Requer pouco esforço cognitivo 2. A diferenciação em relação à norma As características mais evidentes são aquelas que se desviam da norma Preponderância numérica Dominação sócio-política Percetivamente salientamos a característica menos frequente ou menos dominante para caraterizar alguém 3. O principio do metacontraste - Categorizamos as pessoas da forma mais heurística possível que nos permita dar sentido à situação - Tentamos que as diferenças grupais se tornem claras por forma a compreender a situação - Influenciam a nossa perceção da realidade - Prestamos mais atenção aos indícios consistentes com as expetativas que definem os estereótipos do que a outros indícios - Auxiliam o tratamento da informação o que pode conduzir a seleção e armazenamento enviesados - Favorecimento do endogrupo - A natureza construtiva da memória é influenciada pela base de conhecimentos e expetativas do individuo (esquemas) - Quanto maior a familiaridade com o grupo ou sujeito mais facilmente se codifica a informação disponível Mudança de estereótipos - Associação a acontecimentos históricos e sociais - Mudança dos processos cognitivos individuais “Quando o individuo é confrontado com informação que não confirma o estereótipo” Conclusões: - Estereótipo Crença socialmente partilhada a respeito dos membros de um grupo social Suposição sobre homogeneidade grupal e padrões comuns de comportamento dos membros de um mesmo grupo Funções dos estereótipos Funções individuais Sistematização e simplificação dos estímulos sociais Funções sociais Explicar acontecimentos em grande escala Estruturas cognitivas que contém os nossos conhecimentos e expetativas, e que determinam os nossos julgamentos e avaliações acerca de grupos humanos e dos seus membros Relações grupais e a influência do grupo Grupo “Uma unidade social que consiste num número de indivíduos que têm uma relação definida e estável entre si, com um conjunto de valores e normas que regulam o seu comportamento e as suas atitudes e que partilham sentimentos, aspirações e objetivos.” - Membros de um grupo: Interagem com alguma frequência Partilham de normas e valores comuns têm objetivos comuns Reconhecem-se e são reconhecidos como membros desse grupo Porque é que as pessoas se juntam a grupos? - Funções do Grupo Cumpre necessidades gregárias: estabelecer relações preenche algumas das necessidades psicológicas e sociais básicas do indivíduo, tais como, pertença, afiliação, dar e receber atenção, obter reconhecimento, satisfação e recompensa, aumento da autoestima, exercício do poder. - Transmissão de informação e aquisição de conhecimento – características também importantes em termos evolucionários - Ajudam-nos a alcançar objetivos que, sozinhos, não conseguiríamos atingir - Contribuem para o estabelecimento de uma identidade social positiva, bem como para o reforço de perceções - Estão na base da construção da personalidade/identidade Necessidade de pertença - Leary (1995) defendeu que esta necessidade é inata e universal Contudo os estudos parecem demonstrar que esta tendência é socialmente construída Tipos de Grupo - Grupos PRIMÁRIOS (aqueles em que ocorre contacto pessoal – ex: família, amigos próximos, gangs) * Função primária de socialização dos seus elementos, contribuindo para a modelação de atitudes e valores * Frequentemente espontâneo, definido mais por motivações afetivas do que utilitárias * Tamanho reduzido * Elevada durabilidade * Elevada coesão * Elevados níveis de envolvimento pessoal * Proteção dos membros e prestação de cuidados - O grupo primário, tendo objetivos coletivos comuns, desenvolve interações próximas, ocorrendo fenómenos específicos (Mucchielli, 1971) - Estrutura informal - Emergência de normas - Emoções e sentimentos coletivos comuns - Existência de um inconsciente coletivo - Equilíbrio interno e sistema de relações estáveis com o meio ambiente - Grupos SECUNDÁRIOS (o contacto é mais formal e menos pessoal – tendem a substituir os grupos primários nas sociedades complexas) * Tamanho reduzido, embora maiores que os grupos primários * Período de vida longo mas mais reduzido que nos grupos primários * Interações frequentes entre membros, mas menor envolvimento emocional do que nos grupos primários * Tendem a ser orientados para a realização de tarefas Grupos FORMAIS vs. Grupos INFORMAIS Deliberadamente constituídos - Resultam da combinação permanentes ou temporários – para de fatores formais e informais desempenhar atividades relacionadas com e baseiam-se no desenv- a missão; regras e hierarquias explicitas e olvimento de relações reconhecidas pelos seus membros, que espontâneas; podem emergir podem existir antes do grupo. progressivamente das interações. - Institucionais (dependem diretamente da organização social) - Espontâneos (provêm da junção de um conjunto de projetos particulares) - Homogéneos/Heterogéneos - Permanentes/Temporários - Pequenos (Microgrupos) - Grandes (macrogrupos; autores consideram a partir de 30 elementos) - De contacto direito / De contacto indireito - De pertença (aqueles grupos sociais em que o individuo está “automaticamente” incluído) - De referência (grupos que o próprio individuo seleciona e aos quais escolhe pertencer) - Endogrupo – grupo próprio ou grupo de pertença - Exogrupo – o grupo dos outros Zavalloni (1972) - é caraterizado pelo conjunto de elementos que participam na identificação dos seus membros Kurt Lewin (1948) - realizou estudos sobre intergrupos (ex: judeus) - salienta a origem social do anti-semitismo, situando-a em forças externas ao grupo discriminado e independentes do comportamento e características dos seus membros - preocupou-se em ajudar os judeus a enfrentar o anti-semitismo - afirma existirem nas interações sociais relações de dominação - grupo dominado Entidade subjetivamente construída que reúne os seus membros sob um destino comum Transforma os indivíduos abrangidos por ela em invisíveis quanto à sua distintividade individual Dinâmica de grupo: - Kurt Lewin fundou uma escola de dinâmica de grupo onde desenvolve uma proposição geral de que: - O grupo é visto como um instrumento de mudança e, nesta perspetiva aparece como fonte de influência sobre os seus membros - Os esforços para mudar o comportamento podem encontrar apoio ou resistência do grupo sobre cada um dos seus membros Desenvolvimento do grupo: - Os grupos mudam/evoluem no tempo à semelhança do que acontece com todos os seres vivos - Alguns grupos são formados com uma determinada finalidade: - grupos de terapia - grupos de estudantes num curso - equipas desportivas - A interação entre os momentos deste grupo proporcionará o seu crescimento Normas - São regras, muitas vezes implícitas, partilhadas pelos membros de um grupo que prescrevem as atitudes, comportamentos e crenças que são ou não apropriadas no contexto do grupo - Possuem uma função reguladora importante: ajudam a regular a interação do grupo O comportamento, as atitudes, as crenças e os valores do individuo têm por base os grupos aos quais pertence. - As aceitações das normas do grupo ilustram o comprometimento ao grupo – quando existe desvio poderá existir sanção ou mesmo exclusão As normas podem variar ao longo do tempo devido: - As condições ambientais podem ser alteradas - As relações entre os membros podem alterar-se - Novos elementos do grupo podem introduzir mudanças Os membros de um grupo tendem a conformar-se às suas normas O Eu e o Grupo Identidade: - ligação psicológico/sociológico - derivada da dialética individuo/sociedade - O auto-conceito da pessoa deriva do seu conhecimento de pertença a um grupo social, juntamente com o valor e emoções relacionados - A identidade social está associada ao conhecimento de pertença aos grupos sociais e ao significado emocional e avaliativo dessa pertença Porque as normas do grupo estão internalizadas – os sujeitos acreditam e valorizam o sistema Porque as normas reforçadas pela antecipação da reação de outros membros do grupo perante comportamentos normativos ou desviantes Festinger, 1954 - As pessoas tendem a manter a sua visão do mundo por comparação com os outros - Viram-se para os outros sobretudo para suportar crenças para as quais não há evidência física Exemplo: Gosto desta música, será que os meus amigos também gostam? Turner, 1982 - Auto-definição em termos de diferenças interpessoais ou intergrupais - As pessoas tendem a definir-se parcialmente em termos de pertença a um grupo Esta auto-definição (e definição do outro) em termos de pertença a um grupo ajuda-nos a reduzir a incerteza e a dar sentido ao mundo A presença de outras pessoas afeta o desempenho - Os estudos de Tripllet (1898) * Numa corrida de bicicleta o sujeito tem maior velocidade quando corre com um adversário ou com uma equipa do que sozinho * Crianças enrolam mais depressa fio de pesca quando estão com outras crianças do que quando fazem sozinhas Aumento de atividade na presença de outros co-atores ocorre devido a dois fatos: Rivalidade: aumento de motivação e de esforço por causa da competição Facilitação social: estimulação que ocorre devido a se ver movimentos semelhantes Na facilitação social há tendência para fazer melhor em tarefas simples e pior em tarefas mais complicadas na presença de outros ou onde a sua prestação individual vai ser avaliada Zajonc, 1969 - Concluiu que quando as tarefas são mais complexas o desempenho do individuo em grupo não é melhor que o individual - As pessoas fazem pior na presença de outros quando a tarefa é complexa A presença de outros influencia o desempenho… - Existem 3 fatores que explicam estes resultados: * Ficamos particularmente alerta e vigilantes * Ficamos apreensivos com a possibilidade de avaliação * Facilmente nos distraímos da tarefa Social Loafing - tendência para, na presença de outros, o desempenho ser pior em tarefas simples e melhor em tarefas complicadas quando o desempenho individual não pode ser avaliado - o sujeito sente que pode passar despercebido no seio do grupo - tarefa simples: a pessoa insere-se grupo, passando o seu desempenho despercebido. Exemplo: bater palmas - tarefa complexa: o relaxamento, de algum modo, melhora o desempenho nas tarefas complexas O anónimo no seio do grupo Desindividuação: - No seio de uma multidão podem perder-se os constrangimentos que normalmente nos caraterizam no relacionamento com os outros - Isto pode conduzir a comportamentos que um sujeito nunca sunhou fazer sozinho - Quanto mais pessoas estão na multidão mais selvagens podem ser os atos Festinger, Pepitone e Newcombe (1952) e Zimbardo (1970) - As pessoas passam por um processo de perda de restrições morais e comportamentais quando inseridas em grupos com os quais se identificam - Tornar-se parte da massa - Anonimato responsabilidade individual difusa entre os membros da multidão - Relação proporcional entre tamanho do grupo e a sensação de anonimato maior desinibição e impulsividade Robert Watson, 1973: - Soldados que usam pinturas e outras formas de esconder a identidade são mais mortíferos que os outros - A desindividualização de alguma modo desresponsabiliza as pessoas Incrementa a obediência às normas do grupo Mas não conduz sempre à violência e agressividade: depende das normas do grupo Liderança - Jonestwon e Hitler - Liderança - A liderança pode ser vista como um fenómeno da influência interpessoal no cumprimento de determinados objetivos - O líder pode ser percebido como aquele que decide o que deve ser feito e faz com que as pessoas executem essa decisão - Podemos apontar duas grandes áreas de pesquisa: - Fenómenos de liderança emergente - Processos com líder formalmente designado - Estilos de liderança: - Autocrático - Democrático - Premissivo Relações Intergrupais Génese dos conflitos - A formação de preconceitos Preconceito: “Julgamento prévio negativo dos membros de uma raça ou de uma religião, ou dos que desempenhar qualquer papel social significante, que se mantém mesmo que os factos o desconfirmem” Descriminação: “Comportamentos associado ao preconceito” Ações negativas face a membros de um grupo resultantes da situações de pertença a esse grupo, negligenciando aspetos individuais A natureza do preconceito - Allport, 1954: Atitudes adversas ou hostis em relação a uma pessoa que pertence a um grupo, presumindo-se que ela possui as caraterísticas atribuídas a esse grupo Causa do preconceito: generalização (através da categorização) e hostilidades erróneas Allport, 1954 - Generalização – através da categorização * Faz parte do processamento cognitivo normal * Categorias mais importantes para os indivíduos e que mais facilmente geram preconceitos são os valores - Hostilidade – capacidade relativa aprendida Graus de intensidade Verbalização negativa Evitamento Discriminação Ataque físico Exterminação Hostilidade - Verbalização negativa Ex: Verbalizar preconceitos com os amigos - Evitamento Ex: A pessoa evita contacto com membros do grupo que hostiliza - Discriminação Ex: Membros do grupo hostilizado são excluídos de certos postos em empresas, de determinados bairros habitacionais, escolas… - Ataque físico Ex: violência nos estádios, violência étnico-política dos “skin-heads” - Exterminação Ex: linchamentos, massacres De que DEPENDE a intensidade do preconceito? - Crianças educadas num ambiente de rejeição, expostas a preconceitos, estão predispostas a funcionar de forma preconceituosa nas suas relações sociais - A formação de preconceitos simplifica a realidade e dá uma sensação de segurança Micro-teorias, conflitos preconceitos, diferenciação e descriminação social - A personalidade autoritária (Adorno, 1950) Defende que o preconceito é uma característica especifica de um tipo de personalidade: - Uma educação rígida e padrões severos de disciplina estariam mais suscetíveis a desenvolver impulsos de agressão contra os seus pais deslocando-os para outros alvos – grupos percebidos como mais fracos ou como inferiores - Elevada submissão a figuras de autoridade e existência de um respeito pela autoridade; obsessão pela hierarquia - Intolerância face à ambiguidade e incerteza - Tendência a dicotomizar e extremar a forma de ver o mundo social Críticas: negligência situacional e sócio-cultural Estudos evidenciaram que nem todos os sujeitos racistas, por exemplo, revelam caraterísticas autoritárias O espírito fechado (Rockeach, 1960) - Pessoas com um estilo cognitivo mais rígido e intolerante têm maior predisposição para o preconceito - Forma aprendida de raciocínio - Simplificação e rigidez do pensamento - Foca-se mais nos aspetos cognitivos Teoria da frustração-agressão - A ocorrência do comportamento agressivo pressupõe sempre a existência de frustração - Qualquer interferência real ou simbólica nos objetivos ou necessidades do individuo gera frustração o que vai desencadear uma forma de energia que constitui na investigação à agressão - A expressão desta agressão é socialmente controlada existindo um deslocamento para alvos “socialmente aceitáveis” – as minorias, grupos desviantes - Os autores são os grupos sociais com dificuldades em atingir os seus objetivos partilhados e não as personalidades autoritárias A procura de justiça social - A privação relativa * Emergência de crenças de injustiça social * Conflitos entre grupos na busca de uma maior justiça social * Privação fraterna – níveis mais elevados de inequidade na comparação entre o seu grupo e outro do que na comparação de si mesmos com os membros do seu grupo * Privação egoísta – níveis mais elevados de inequidade na comparação de si mesmos com os membros do seu grupo do que na comparação entre o seu grupo e outro grupo Sentimento de injustiça potencia conflito Grupo dominante ao perceber a sua situação de dominância ameaçada reage para reforçar a sua dominância Discriminação não tem origem em caraterísticas individuais mas na relação entre grupos A oposição de interesses e a competição - Incompatibilidade dos objetivos de diferentes grupos ou recursos limitados Conflito - Quando os interesses e objetivos dos dois grupos são semelhantes e há recursos suficientes para todos Cooperação Gestão de conflitos Conflito - Nem sempre é fácil trabalhar em equipa. Por vezes, os conflitos de opiniões ou a incapacidade de partilhar ideias podem diminuir o desempenho do grupo Visão positiva do conflito - Fonte de novas ideias - Pode levar a discussões abertas sobre determinado assunto - Permite a expressão de diferentes pontos de vista, interesses e valores - Por vezes é necessário para não haver estagnação Possíveis causas do conflito - Frustração - Diferenças de personalidade - Metas diferentes A gestão de conflitos consiste na escolha e implementação das estratégias mais adequadas para se lidar com cada tipo de situação Resolução de conflitos 1. Criar uma atmosfera afetiva. 2. Esclarecer posições 3. Avaliar as necessidades individuais e partilhadas 4. Desenvolver passos para a concretização 5. Acordo com benefícios mútuos Negociação Implica: - Divergências em pelo menos um aspeto - Partilha de aspetos comuns - Solução partilhada
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