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CONCEITOS: NEOPLASIA - Principal característica proliferação celular descontrolada - Em neoplasias, em geral ocorre, paralelamente ao aumento da proliferação celular, perda diferenciação celular, como resultado disso, as células neoplásicas progressivamente sofrem perda de diferenciação e se tornam atípicas - A célula neoplásica sofre alteração nos seus mecanismos regulatórios de multiplicação, adquire autonomia de crescimento e torna-se independente de estímulos fisiológicos - Neoplasia pode ser entendida como a lesão constituída por proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma, em geral com perda ou redução de diferenciação, em consequência de alterações em genes ou proteínas que regulam a multiplicação e a diferenciação das células - O que diferencia uma neoplasia de uma displasia e hiperplasia é exatamente a autonomia de proliferação - Quando ocorre em um órgão sólido, o maior número de células de uma neoplasia forma um tumor - As neoplasias são divididas em benignas e malignas Benignas geralmente são não letais e nem causam sérios transtornos para o hospedeiro, podem evoluir durante muito tempo e não colocam em risco a vida de seu portador Malignas em geral tem crescimento rápido e muitas provocam perturbações homeostáticas graves que acabam levando o indivíduo à morte - As neoplasias benignas e malignas tem 2 componentes: 1. Células neoplásicas clonais (parênquima tumoral) 2. Estroma conjuntivovascular (feito de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e números variáveis de células do sistema imune inato e adaptativo) Neoplasia X Hiperplasia Neoplasia há mutação gênica Hiperplasia não há mutação gênica ONCOLOGIA - Cancerologia ou oncologia é a parte da Medicina que estuda os tumores - Cancerígeno ou oncogênico é o estímulo ou agente causador de câncer TUMOR - Na prática, as neoplasias são chamadas de tumores - Tumor significa qualquer lesão expansiva ou intumescimento localizado, podendo ser causado por muitas lesões (inflamações, hematomas, etc) - Os tumores podem ser classificados de acordo com vários critérios: (1) pelo comportamento clínico (benignos ou malignos); (2) pelo aspecto microscópico (critério histomorfológico); (3) pela origem da neoplasia (critério histogenético) - Nem sempre esses elementos são usados na denominação da lesão, sendo comuns alguns epônimos, como tumor de Wilms, linfoma de Hodgkin, tumor de Burkitt etc. ONCOGENES - São genes relacionados com o aparecimento do câncer - O câncer surge a partir de uma mutação genética, ou seja, de uma alteração no DNA da célula, que passa a receber instruções erradas para as suas atividades - As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados proto-oncogenes, que a princípio são inativos em células normais. Quando ativados, os protooncogenes tornam-se oncogenes, responsáveis por transformar as células normais em células cancerosas CÂNCER - O termo câncer é a tradução latina da palavra grega carcinoma (de karkinos = crustáceo, caranguejo) - Foi usado pela primeira vez por Galeno (aproximadamente 138 a 201 d.C.) para indicar um tumor maligno da mama no qual as veias superficiais do órgão eram túrgidas e ramificadas, lembrando as patas de um caranguejo NEOPLASIAS BENIGNAS - Bem diferenciado - Estrutura algumas vezes típica do tecido de origem - Normalmente seu crescimento é progressivo e lento, pode chegar a uma paralisação ou regredir, figuras mitóticas raras e normais - Normalmente forma uma massa coesa, expansiva, bem demarcada que não invade ou se infiltra em tecidos normais circundantes - Metástase ausente NEOPLASIAS MALIGNAS - Possui alguma falta de diferenciação (anaplasia) - Estrutura muitas vezes atípica - Taxa de crescimento irregular, pode ser de lento a rápido; figuras mitóticas podem ser numerosas e anormais - É localmente invasivo, infiltrando tecido circundante; as vezes pode ser enganosamente coeso e expansivo - Metástases são frequentes; mais provável com grandes tumores primários indiferenciados - As neoplasias malignas têm estroma com vários tipos celulares: células endoteliais, pericitos, fibroblastos, mastócitos e células originadas da medula óssea, incluindo leucócitos, precursores de células dendríticas, células-tronco mesenquimais e células supressoras mieloides - As células das neoplasias malignas têm propriedades bioquímicas, morfológicas e funcionais diferentes. Como nelas a taxa de multiplicação é elevada (alto índice mitótico), em geral seu crescimento é rápido; o mesmo não acontece com o estroma e os vasos sanguíneos, que se desenvolvem mais lentamente, resultando muitas vezes em degenerações, necrose, hemorragia e ulceração: as neoplasias malignas frequentemente sangram e apresentam áreas de necrose. Também devido ao crescimento infiltrativo, não apresentam cápsula - As propriedades e as características fenotípicas mais importantes das células malignas são: autonomia de proliferação: autonomia de sobrevivência instabilidade genômica capacidade de recrutar células inflamatórias capacidade de evasão do sistema imunitário adaptações metabólicas, que permitem sobrevivência em ambiente menos oxigenado capacidade de invadir capacidade de metastatizar NOMENCLATURA DAS NEOPLASIAS - A uniformização da nomenclatura das neoplasias é importante para que os dados de frequência, evolução, tratamento e prevenção obtidos em regiões geográficas diferentes possam ser comparados - A Organização Mundial da Saúde (OMS) edita periodicamente, com a participação de especialistas de vários países, publicações sobre a nomenclatura e a classificação dos tumores dos diferentes setores do organismo - O critério mais adotado para se dar nome a um tumor é o histomorfológico, pelo qual a neoplasia é identificada pelo tecido ou célula proliferante. Algumas regras são importantes: (1) o sufixo -oma é empregado na denominação de qualquer neoplasia, benigna ou maligna; (2) a palavra carcinoma indica tumor maligno que reproduz epitélio de revestimento; quando usada como sufixo, também indica malignidade (p. ex., adenocarcinoma, hepatocarcinoma); (3) o termo sarcoma refere-se a uma neoplasia maligna mesenquimal; usado como sufixo, indica tumor maligno de determinado tecido (p. ex., fibrossarcoma, lipossarcoma etc.); (4) a palavra blastoma pode ser usada como sinônimo de neoplasia e, quando empregada como sufixo, indica que o tumor reproduz estruturas com características embrionárias (nefroblastoma, neuroblastoma etc.) DIFERENCIAÇÃO - O termo diferenciação se refere à extensão com que as células do parênquima neoplásico se assemelham às células parenquimatosas normais correspondentes, tanto morfológica quanto funcionalmente - Em geral, os tumores benignos são bem diferenciados - A célula neoplásica em um tumor benigno de adipócitos – um lipoma assemelha-se tanto à célula normal que pode ser impossível reconhecer o tumor através da análise microscópica das células individuais. Somente o crescimento de tais células formando uma massa distinta revela a natureza neoplásica da lesão - Em tumores bem diferenciados benignos, as mitoses são geralmente raras e apresentam configuração normal - Neoplasias benignas são compostas por células bem diferenciadas que se assemelham estreitamente a suas contrapartes normais. Em tumores benignos bem diferenciados, normalmente as mitoses são raras e sua configuração é normal - Neoplasias malignas possuem ampla gama de diferenciações celulares parenquimatosas, desde as bem diferenciadas até as completamenteindiferenciadas ANAPLASIA - É a falta de diferenciação - Neoplasias malignas que são compostas por células pouco diferenciadas são denominadas anaplásicas - É considerada uma marca da malignidade - O termo anaplasia significa “formar-se para trás”, indicando uma reversão da diferenciação para um nível mais primitivo - A falta de diferenciação, ou anaplasia, frequentemente está associada a muitas outras alterações morfológicas - As células anaplásias mostram acentuado pleomorfismo - Quanto mais rápido o crescimento do tumor e maior a anaplasia, menor a probabilidade de haver uma atividade funcional especializada (Exemplo: produção de hormônio, creatina, etc.) PLEOMORFISMO: - Variação o tamanho e forma das células - Mitoses mais intensas e atípicas - As células dentro do mesmo tumor não são uniformes, mas variam desde células pequenas com um aspecto indiferenciado, até células tumorais gigantes, muitas vezes maiores do que as suas vizinhas - Algumas células tumorais gigantes possuem apenas um único núcleo gigante polimórfico, enquanto outras apresentam dois ou mais grandes núcleos hipercromáticos. Essas células gigantes não devem ser confundidas com as células de Langhans ou células gigantes tipo corpo estranho inflamatórias, que são derivadas dos macrófagos e contêm muitos núcleos pequenos de aspecto normal MORFOLOGIA NUCLEAR ANORMAL: - Caracteristicamente, os núcleos são desproporcionalmente grandes para a célula, com uma razão núcleo-citoplasma que pode chegar a 1:1, em vez da relação normal de 1:4 ou 1:6 - A forma do núcleo é variável e muitas vezes irregular, e a cromatina está normalmente agrupada de forma desordenada e distribuída pela membrana nuclear, ou com uma coloração mais escura que o normal (hipercromática) - Nucléolos anormais grandes também são comumente observados MITOSES: - Diferentemente dos tumores benignos e de algumas neoplasias malignas bem diferenciadas, nos tumores indiferenciados, muitas células estão na mitose, refletindo atividade proliferativa maior das células parenquimatosas - A presença de mitoses não indica, necessariamente, que um tumor seja maligno ou que o tecido seja neoplásico - As mitoses são indicativas de crescimento celular rápido. Desse modo, as células em mitose são muitas vezes observadas em tecidos normais que apresentam rápida renovação, como o revestimento epitelial do intestino e as proliferações não neoplásicastais como as hiperplasias - Mais importante como característica morfológica de malignidade são as figuras mitóticas atípicas, bizarras, algumas vezes com fusos tripolares, quadripolares ou multipolares PERDA DE POLARIDADE: - Além das anormalidades citológicas, a orientação das células anaplásias é significativamente alterada - Lençóis ou grandes massas de células tumorais crescem de maneira anárquica e desorganizada OUTRAS ALTERAÇÕES: - Células tumorais em crescimento obviamente requererem um suprimento sanguíneo mas, frequentemente, o estroma vascular é escasso e, como resultado grandes áreas centrais de necrose isquêmica desenvolvem-se em vários tumores malignos de crescimento rápido METAPLASIA - Substituição de um tipo celular por outro tipo celular - Quase sempre é encontrada em associação com os processos de dano, reparo e regeneração teciduais - Frequentemente, o tipo celular é mais adaptado a alguma alteração do ambiente. Por exemplo, o refluxo gastresofágico danifica o epitélio escamoso do esôfago, levando à sua substituição por epitélio glandular (gástrico ou intestinal), mais adaptado a um ambiente ácido DISPLASIA - Significa “crescimento desordenado” - Pode ser encontrada principalmente em epitélios - É caracterizada por uma constelação de alterações que incluem a perda da uniformidade das células individuais e a perda de sua orientação arquitetal - As células displásicas podem exibir pleomorfismo considerável e frequentemente contêm núcleos hipercromáticos grandes com uma grande razão núcleo-citoplasma - A arquitetura do tecido pode ser desordenada. Por exemplo, no epitélio escamoso displásico, a maturação progressiva normal das células altas pertencentes à camada basal em células escamosas achatadas da superfície pode ser perdida parcial ou completamente, levando à substituição do epitélio por células de aspecto basal com núcleos hipercromáticos - As figuras mitóticas são mais abundantes do que no tecido normal e, ao invés de estarem confinadas à camada basal, elas podem ser observadas em todos os níveis, incluindo células da superfície - Quando as alterações displásicas são marcantes e envolvem toda a espessura do epitélio, porém a lesão não penetra na membrana basal, ela é considerada como uma neoplasia pré-invasiva e é denominada carcinoma in situ - Uma vez que as células tumorais tenham rompido a membrana basal, diz-se que o tumor é invasivo - As alterações displásicas são frequentemente encontradas adjacentes a focos de carcinoma invasivo e em algumas situações, tais como em tabagistas de longa data e em pessoas com esôfago de Barrett, a displasia epitelial grave comumente antecede o aparecimento do câncer - Com a remoção das causas agressoras, displasias leves a moderadas que não envolvem toda a espessura do epitélio podem ser completamente reversíveis. Até mesmo o carcinoma in situ pode persistir por anos antes de se tornar invasivo - Mesmo que a displasia ocorra com frequência no epitélio metaplásico, nem todos epitélios metaplásicos são displásicos EVOLUÇÃO MICROSCÓPICA DO CÂNCER CICLO CELULAR: - A vida da célula compreende uma sequência de eventos de 5 fases: FASE G1: - Nessa fase há preparação para a síntese de ADN, mediante a mobilização de bases púricas e pirimídicas, fosfatos e riboses, para a síntese dos nucleotídeos, e de aminoácidos, para a síntese de proteínas, inclusive de enzimas - Tanto a síntese de ARN como a de proteínas são indispensáveis para que a célula passe de G1 para a fase seguinte - A fase G1 precede à síntese, daí ser chamada pré-sintética - Células que apresentam baixo índice de duplicação apresentam uma duração de G1 longa, correspondente à G0, aí persistindo (células como as do sistema nervoso) ou voltando à G1, quando necessário (células do fígado, por exemplo, quando em processo de regeneração) - Células como as da pele, das mucosas e da medula óssea, como apresentam-se em constante divisão, têm G1 muito curto, podendo- se dizer que o seu ciclo não inclui a fase G0 FASE S: - Nessa fase, uma proteína desencadeante é produzida para fazer a interação entre o ADN e a enzima duplicase de ADN - Ocorrendo essa reação, todo o ADN é duplicado FASE G2: - Período pré-mitótico - Nessa fase, a síntese de ADN está completa e os cromossomos, em dobro, rearranjam-se, preparando o núcleo para a divisão celular FASE M: - A fase M é curta e corresponde à mitose - Ocorrem movimentações cromossômicas e clivagem da célula, cujo resultado é a distribuição de pares de cromossomos para as duas células- filhas. Estas, dependendo da sua função, podem morrer, entrar novamente no ciclo celular (Fase G1) ou passar para a fase do estado de G0 FASE GO: - Durante a fase G0, as células apresentam menor atividade metabólica - G0 descreve um período prolongado de repouso, durante o qual as células não respondem aos estímulos que normalmente iniciam a síntese de ADN - As células em G0 são sempre derivadas de células em G1, mas não fazem parte do ciclo celular proliferativo - A duração do ciclo celular da maioria das células humanas normais é de 24 a 48 horas, enquanto que das células dos tumores malignos humanos mais comuns é de 72 a 120 horas CRESCIMENTO TECIDUAL: - As célulascancerosas e as normais se dividem mais rapidamente quando os volumes teciduais ou tumorais são menores e, mais lentamente, se esses volumes são maiores. Isto leva a um crescimento exponencial com curtos tempos de duplicação em tumores de menor volume - A fração proliferativa do tumor decresce à proporção que o mesmo cresce, aumentando seu tempo de duplicação. Assim, um tumor apresenta tempos diferentes de duplicação em momentos diferentes de sua história natural - 3 aplicações práticas derivam destes conhecimentos sobre a cinética celular: Quanto menor o tumor, maior a sua fração proliferativa, portanto mais sensível será aos medicamentos antiblásticos e às radiações ionizantes Quanto mais precoce for a aplicação de quimioterapia ou radioterapia após o tratamento cirúrgico do tumor, mais eficazes elas serão, pois maior será o número de células em fase proliferativa Os tecidos normais que apresentam alta fração de crescimento são os que sofrem a ação da quimio e radioterapia, neles eles concentrando-se os efeitos colaterais agudos desses tratamentos (naúsea e vômitos, diarréia, leucopenia, alopecia etc.) - Quando um tumor maligno alcança cerca de 1 cm de diâmetro, torna-se detectável pelos métodos diagnósticos disponíveis e contém cerca de 109 células. Acredita-se que é necessário um longo período de tempo para o tumor alcançar este tamanho, talvez alguns anos. Ele apresenta tempos diferentes de duplicação em momentos diferentes de sua história natural e, em alguns deles, bem antes desta detecção provavelmente já ocorreu a metastatização hematogênica A EVOLUÇÃO: Célula geneticamente alterada Hiperplasia Displasia Ca in situ Ca invasivo metástases ALTERAÇÃO MALIGNA NA CÉLULA-ALVO PLEOMORFISMO - Células cancerígenas sempre mostram pleomorfismo – uma variação no tamanho e na forma - As células dentro do mesmo tumor não são uniformes, mas variam desde células pequenas com um aspecto indiferenciado, até células tumorais gigantes, muitas vezes maiores do que as suas vizinhas - Algumas células tumorais gigantes possuem apenas um único núcleo gigante polimórfico, enquanto outras apresentam dois ou mais grandes núcleos hipercromáticos MORFOLOGIA NUCLEAR ANORMAL - Caracteristicamente, os núcleos são desproporcionalmente grandes para a célula, com uma razão núcleo-citoplasma que pode chegar a 1:1, em vez da relação normal de 1:4 ou 1:6 - A forma do núcleo é variável e muitas vezes irregular, e a cromatina está normalmente agrupada de forma desordenada e distribuída pela membrana nuclear, ou com uma coloração mais escura que o normal (hipercromática) - Nucléolos anormais grandes também são comumente observados MITOSES - Diferentemente dos tumores benignos e de algumas neoplasias malignas bem diferenciadas, nos tumores indiferenciados, muitas células estão na mitose, refletindo atividade proliferativa maior das células parenquimatosas - A presença de mitoses não indica, necessariamente, que um tumor seja maligno ou que o tecido seja neoplásico. As mitoses são indicativas de crescimento celular rápido PERDA DE POLARIDADE - Além das anormalidades citológicas, a orientação das células anaplásicas é significativamente alterada - Lençóis ou grandes massas de células tumorais crescem de maneira anárquica e desorganizada OUTRAS ALTERAÇÕES: - Células tumorais em crescimento obviamente requererem um suprimento sanguíneo, mas, frequentemente, o estroma vascular é escasso e, como resultado grandes áreas centrais de necrose isquêmica desenvolvem-se em vários tumores malignos de crescimento rápido CRESCIMENTO DAS CÉLULAS ALTERADAS FRAÇÃO DE CRESCIMENTO: - Refere-se à população de células neoplásicas dentro do tumor que está se multiplicando em determinado período - Pode ser avaliada com precisão pelo índice de marcação e pela citometria de fluxo TEMPO DE DUPLICAÇÃO: - Consiste no tempo necessário para que o tumor duplique seu volume se não há destruição celular - Como em qualquer parte do organismo, o número de células existentes em um tumor depende do número de células que são formadas e da quantidade de perdas (morte celular) por unidade de tempo - A duração do ciclo celular nos tumores em geral não é menor do que em tecidos normais; em células leucêmicas, é até um pouco maior do que nas células hematopoéticas normais - As células-filhas originadas de células tumorais proliferantes podem seguir vários caminhos: 1) continuam fazendo parte da fração de crescimento, ou seja, em proliferação contínua; 2) deixam temporariamente o ciclo proliferativo e entram no compartimento G0 ; 3) sofrem diferenciação e perdem a capacidade de multiplicação; 4) parcela considerável pode ser destruída por apoptose ou por fatores imunitários, vasculares, metabólicos etc. - Nas fases iniciais de formação de uma neoplasia, a maioria de suas células está em multiplicação (na fração de crescimento). Com o evoluir do processo, o número de células que se dividem diminui progressivamente, de modo que, nos cânceres clínicos (diagnosticados clinicamente porque atingiram certo volume e deram manifestações), a maioria das células está no compartimento não replicativo - Como regra geral, neoplasias com grande fração de crescimento têm evolução clínica rápida - A maneira mais simples de avaliar a taxa de crescimento de um tumor é por meio da contagem do número de mitoses, que é um indicador muito bom do seu ritmo de crescimento - O conhecimento da fração de crescimento tem interesse também para a conduta terapêutica Tumores com grande fração de crescimento (p. ex., alguns linfomas e leucemias, carcinoma de células pequenas do pulmão) respondem bem ao tratamento com medicamentos ativos contra células proliferantes (fármacos citostáticos), enquanto neoplasias que crescem mais lentamente (p. ex., neoplasias do cólon) não são muito suscetíveis aos efeitos desse tipo de tratamento - Além do índice mitótico, pode-se determinar também o índice apoptótico; a proporção de células que estão sendo destruídas tem naturalmente importância na dinâmica do crescimento tumoral. Para alguns tumores, a relação entre o índice mitótico e o índice apoptótico fornece informações prognósticas valiosas - Em geral, o ritmo de crescimento é inversamente proporcional à diferenciação das células Neoplasias pouco diferenciadas crescem mais rapidamente do que tumores bem diferenciados - Também como regra geral, as neoplasias malignas crescem mais depressa do que as benignas INVASÃO LOCAL - O crescimento dos cânceres é acompanhado por infiltração progressiva, invasão e destruição do tecido circundante, ao passo que quase todos os tumores benignos crescem como massas expansivas coesas que permanecem em seu local de origem e não possuem capacidade para se infiltrar, invadir ou formar metástase em áreas distantes - Como os tumores benignos crescem e se expandem lentamente, geralmente eles desenvolvem um contorno de tecido fibroso comprimido, algumas vezes referido como uma cápsula que os separam do tecido hospedeiro. Esta cápsula é constituída em grande parte de matriz extracelular depositada pelas células estromáticas, tais como fibroblastos, que são ativados por danos hipóxicos resultantes da pressão do tumor em expansão. Essa encapsulação não evita que o tumor cresça, mas cria um plano tecidual que torna o tumor bem definido, facilmente palpável, móvel (não fixo), e facilmente excisável por enucleação cirúrgica - Por outro lado, os tumores malignos são, no geral, pouco demarcados em relação ao tecido normal ao seu redor e não há um plano de clivagem bem definido. Os tumores malignos de expansão lenta, contudo, podem propiciar o desenvolvimentode uma cápsula fibrosa aparente, que pode empurrar uma ampla frente tumoral em direção às estruturas normais adjacentes. O exame histológico de tais massas “pseudoencapsuladas” quase sempre mostra fileiras de células penetrando na margem e infiltrando as estruturas adjacentes, um padrão de crescimento em forma de caranguejo que constitui a imagem popular do câncer - Juntamente com o desenvolvimento de metástases, a capacidade de invasão é a característica mais confiável para diferenciar os tumores malignos dos benignos A maioria dos tumores malignos não reconhece os limites normais anatômicos e espera-se que eles penetrem a parede do cólon ou do útero, por exemplo, ou perfurem a superfície cutânea. Tal capacidade torna sua ressecção cirúrgica difícil ou impossível, e mesmo quando o tumor parece bem circunscrito é necessário remover uma margem considerável de tecidos aparentemente normais adjacentes à neoplasia infiltrante, a fim de garantir a excisão local completa METÁSTASES - A metástase é definida pela propagação de um tumor para áreas que são fisicamente descontínuas com o tumor primário e de forma inequívoca marca um tumor como maligno, pois, por definição, neoplasias benignas não formam metástases - A invasividade dos tumores malignos permite que eles penetrem nos vasos sanguíneos, linfáticos e cavidades corpóreas, provendo a oportunidade para a disseminação - Todos os tumores malignos podem formar metástase, mas alguns o fazem muito raramente - Em geral, a probabilidade de um tumor primário formar metástase está correlacionada à falta de diferenciação, invasão local agressiva, crescimento rápido e tamanho grande - A propagação metastática reduz fortemente a possibilidade de cura; portanto, dessa forma, na ausência da prevenção do câncer, nada apresentaria maior benefício para os pacientes do que um meio eficaz para bloquear as metástases, com a ressalva importante de que muitos tumores destinados a matar o paciente já se espalharam no momento do diagnóstico inicial - Cânceres do sangue (leucemias e linfomas, às vezes chamados de tumores líquidos) são derivados de células formadoras de sangue que normalmente possuem a capacidade de entrar na corrente sanguínea e se deslocar para áreas distantes; como resultado, as leucemias e linfomas são frequentemente disseminadas ao diagnóstico e são sempre consideradas malignas VIAS DE DISSEMINAÇÃO: - A disseminação dos cânceres pode ocorrer através de 3 vias: (1) Implante direto nas cavidades ou superfícies corpóreas (2) Disseminação linfática (3) Disseminação hematológica LINFONODO-SENTINELA: - É o primeiro linfonodo regional que recebe o fluxo linfático de um tumor primário - A biópsia do linfonodo sentinela permite a determinação da extensão da disseminação do tumor e pode ser usada para planejar o tratamento LÂMINAS DA AULA:
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