O ECG registra uma onda positiva afastando-se na linha de base. 2. Quando toda a fibra foi despolarizada (B), os eletrodos direito e esquerdo esto sobre uma rea negativa, sem DDP, retornando a onda de despolarizao para a linha de base. O ECG, nesse momento, registra uma onda positiva retornando linha de base. ONDAS DE REPOLARIZAÇÃO 1. O potencial de ao retornar ao potencial de repouso, tornando a clula negativa no interior e positiva no exterior. Metade direita da fibra (C) fica repolarizada e metade esquerda continua despolarizada. O eletrodo direito est sobre uma rea positiva e o eletrodo esquerdo sobre uma rea negativa, causando uma DDP. O ECG registra uma onda negativa afastando-se da linha de base. 2. Quando toda a fibra for repolarizada (D), os eletrodos direito e esquerdo estaro sobre uma rea positiva, sem DDP entre eles, fazendo com que a onda da despolarizao retorne linha de base. O ECG registra, nesse momento, uma onda negativa retornando linha de base. RELAO ENTRE O POTENCIAL DE AO MONOF SICO E AS ONDAS QRS E T Antes que a contrao do msculo possa ocorrer, a despolarizao deve se propagar pelo msculo, para iniciar os processos qumicos da contrao. Por tanto, a onda P ocorre no incio da contrao dos trios, e o complexo QRS ocorre no inicio da contrao dos ventrculos. Os ventrculos permanecem contrados durante alguns milissegundos ap s ter percorrido a repolarizao, isto , depois do termino da onda T. Os trios repolarizam cerca 0,2s ap s a onda P. Isso ocorre no instante preciso que o complexo QRS comea a ser registrado no ECG. A onda P no representada no potencial de ao monofsico pois a massa ventricular e sua atividade eltrica bem maior que a atrial, a ponto de mascar-la. A onda de repolarizao ventricular a onda T do ECG normal. Fase ascendente do Potencial de Ao – Despolarizao – QRS; Fase descendente do Potencial de Ao – Repolarizao – segmento ST e onda T. PAPEL DE REGISTRO DO ECG E CALIBRAO DO ELETROCARDIGRAFO Todos os registros do ECG so feitos com linhas de calibrao apropriadas, no papel de registro. Estas linhas de calibrao j esto impressas no papel. O papel milimetrado, contendo quadrados pequenos (1mm x 1mm) inseridos em quadrados grandes (5mm x 5mm), contendo 25 quadrados pequenos cada quadrado grande. Cada milmetro na horizontal equivale 0,04s e cada milmetro da vertical equivale a 0,1mv. As linhas verticais de calibrao esto dispostas de modo que 10 divises pequenas, para cima e para baixo, no eletrocardiograma padro representam 1mV com positividade para cima e negatividade para baixo. As linhas horizontais no eletrocardiograma so linhas de calibrao do tempo. OBS1: Ao calibrar o aparelho ao papel, registrado um grfico de padro como representado na figura a cima, de forma que ela atinja o espao equivalente a dois quadrados grandes. Isso mostra que o ECG deve ser calibrado em 10 mm (N calibrao normal), isto , 1 mV. OBS²: A velocidade padro de impresso do registro de 25 mm/s. Arlindo Ugulino Netto – CARDIOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 5 REGISTROS DO ELETROCARDIOGRAMA NORMAL medida que o impulso eltrico se difunde ao longo das fibras musculares cardacas, os eletrodos de superfcie cutnea realizam o registro grfico desta atividade eltrica do corao na forma de ondas, complexos (conjunto de vrias ondas), segmentos (linhas isoeltricas) e intervalos (conjunto de segmentos e ondas). Onda P: devida aos potenciais eltricos gerados durante a despolarizao dos trios antes de se contrair. Intervalo PR: do incio da contrao atrial ao incio da contrao ventricular (0,12 a 0,20 s). Segmento PR: fim da contrao atrial ao incio da contrao ventricular. No se estende at a onda R, mas at a onda Q. Convencionou- se esta denominao pela simples questo da existncia da onda R em qualquer derivao. Complexo QRS: potenciais eltricos gerados na despolarizao dos ventrculos. Segmento ST: fim da contrao ventricular ao incio da repolarizao ventricular. Onda T: potenciais eltricos gerados na repolarizao dos ventrculos. Intervalo QT: mesma durao da contrao ventricular (0,30 a 0,46s). Onda U: presente em casos de hipopotassemia, por exemplo. Intervalo RR: intervalo entre duas contraes ventriculares. Pode ser chamada de intervalo RR ou Ciclo RR. o intervalo entre duas ondas R. Corresponde a frequncia de despolarizao ventricular, ou simplesmente freqncia ventricular. RELAÇÃO ENTRE A CONTRAÇÃO MUSCULAR E AS ONDAS DO ELETROCARDIOGRAMA Onda P – incio da contrao atrial. Complexo QRS – incio da contrao ventricular Onda T – onda de repolarizao ventricular (0,20 a 0,35s ap s o incio da despolarizao ventricular). Onda T atrial – 0,15 a 0,20s ap s a contrao atrial (obscurecida pelo QRS). RELAÇÃO ENTRE O POTENCIAL DE AÇÃO E AS ONDAS QRS E T Complexo QRS – aparece no incio do PA monofsico (despolarizao). Onda T – aparece no final do potencial de ao monofsico (repolarizao). Linha isoeltrica – ausncia de potencial no ventrculo totalmente despolarizado e totalmente polarizado. Arlindo Ugulino Netto – CARDIOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 6 Sero definidas e detalhadas agora cada onda, complexo, intervalo e segmento do ECG normal. ONDA P A onda P devida aos potenciais eltricos gerados durante a despolarização dos dois átrios, antes de se contrair. A sua primeira metade representa a despolarizao do trio direito e a segunda metade, do trio esquerdo. A amplitude da onda P , em mdia, de 0.25 mV, apresentando um tamanho normal de 2,5mm de altura. Duração: em DII, de 0,08 a 0,10 segundos (2 quadradinhos e meio). Morfologia: onda arredonda e monofsica, podendo apresentar pequenos entalhes (depresso pr ximo ao seu vrtice) devido diferena relativamente normal da contrao dos dois trios. Na taquicardia, apresenta-se pontiaguda. Amplitude: em DII, de 2,5 a 3,0 mm (0,25 a 0,3mV). Polaridade: Positiva em DI, DII e DIII. Negativa em aVR. Como vimos, cada metade da onda P representa um trio. Por esta razo, algumas patologias envolvendo os trios de forma isolada podem ser facilmente detectadas no ECG. A estenose mitral (reduo do dimetro da valva atriovetrnciular esquerda) pode ser causada pela cardite p s-estreptoc cica, como manifestao tardia da febre reumtica. Esta condio faz com que se acumule cada vez mais sangue no atrio esquerdo, aumentando a sua sobrecarga e, a longo prazo, o seu tamanho. A hipertrofia atrial esquerda produz um alongando a onda P no ECG. A hipertrofia atrial direita pode ocorrer em casos de hipertenso pulmonar, que reflete na insuficincia ventricular direita e, tardiamente, na insuficincia atrial direita, a qual cursa com uma hipertrofia atrial que se mostra, no ECG, na forma de uma onda P espiculada na sua primeira metade. Na estenose aortica, devido pouca sada de sangue do ventrculo, h um refluxo do mesmo para o trio, o que tambm aumenta as suas fibras. Isso ocorre por exemplo em pacientes hipertensos (PA maior que 140/90). Nesse caso, haver alterao tambm na onda QRS. Em casos de comunicação interatrial (CIA) – doena congnita em que no h a ocluso do forame oval embrionrio – a onda P prolongada devido ao aumento de carga sangunea a ser bombeada pelos atrios. Em resumo, devemos considerar os seguintes parmetros da onda P: Onda P negativa em DI, DII e/ou DIII representa dextrocardia (corao do lado direito) ou mau posicionamento dos eletrodos (causa mais comum). Quando o trio direito est crescido (devido a estenose tricspide ou estenose pulmonar), faz a onda P crescer em amplitude. Quando o trio esquerdo est crescido faz com que a onda P cresa em durao. Arlindo Ugulino