Universidade Estácio de Sá Professora Antonia de La Cruz Apostila elaborada por Antonia de La Cruz – Curso de Direito AULA 1 Introdução ao estudo da Psicologia: Psicologia científica e senso comum. Objetos de estudo da Psicologia. Fenômenos psicológicos. Científico => Conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Deve ser obtido de maneira programática, sistemática e controlado, para que se permita a verificação de sua validade. Psicologia do senso comum => se adquire informalmente - não proporciona diretrizes para a avaliação de questões complexas. As pessoas geralmente confiam muito na intuição, na lembrança de experiências pessoais ou nas palavras de alguma autoridade. Psicologia: origens e objetos Origem => Surgiu enquanto ciência a partir do 1º laboratório criado por Wilhelm Wundt. Objetos => comportamento e processos mentais. Comportamento => toda forma de resposta ou atividade observável realizada por um ser vivo. Por ser um dado objetivo, possibilita observações, mensurações, análises e interpretações quantitativas e qualitativas – observações diretas. Processos mentais => experiências subjetivas – sensações, percepções, sonhos, pensamentos, crenças, sentimentos - não são passíveis à observação direta. Como então pesquisar e estudar dados subjetivos? 1º Como já dito anteriormente, pela observação de determinados comportamentos – estes últimos entendidos como conseqüências ou manifestações dos processos mentais; Ex: medo 2º Pela análise e interpretação do desempenho em algum instrumento psicológico de mensuração (os testes psicológicos são exemplos) e; 3º Pela associação dessas duas primeiras formas. “Ciências Psicológicas” A partir de uma reflexão epistemológica (Epistemologia ou Filosofia do conhecimento – caracteriza-se por ser uma reflexão filosófica da ciência) mais precisa, verifica-se que a Psicologia possuiria, de fato, diferentes objetos de pesquisa e, por conta disto, diferentes métodos e técnicas de pesquisa. Nas palavras de Japiassu: “Por isso, talvez fosse preferível falarmos, ao invés de “Psicologia”, em “Ciências Psicológicas.” (1983 p.24-6)” A Psicologia possui diferentes objetos de pesquisa. Ao longo do processo histórico de desenvolvimento do pensamento e da pesquisa psicológica, várias escolas (ou, correntes) da psicologia foram surgindo. Escola behaviorista - Psicólogo John Watson (1878-1958) => Dedica-se ao estudo das interações entre o individuo e o ambiente, entre as ações do individuo (suas respostas) e o ambiente (as estimulações). S ―> R Para os behavioristas o comportamento é um conjunto de respostas adquiridas que visa permitir ao organismo uma melhor adaptação ao mundo exterior. Skinner (1904-1990) => Suas pesquisas com cobaias levaram-no ao desenvolvimento de uma teoria da aprendizagem conhecida como modelagem. Quando as conseqüências de um comportamento aumentam a freqüência desse mesmo comportamento diante do estímulo que o eliciou, Skinner chamou tais conseqüências de reforços. De forma contrária, quando as conseqüências diminuem a freqüência do comportamento diante do estímulo que o eliciou, chamou de punições. Esquemas de reforços e punições são, segundo ele, as forças modeladoras de quaisquer comportamentos. Analise o esquema abaixo: Esquema simplificado do processo de modelagem de comportamentos, segundo Skinner: Escola psicanalítica - Sigmund Freud (1856-1939) => comportamento anormal e suas injunções inconscientes. A principal tese psicanalítica é a da existência de processos inconscientes na mente. O inconsciente, segundo Freud, estaria dissociado da realidade e seria regido pelo que ele chamou de princípio do prazer. Em 1900, em seu livro A interpretação do sonho, Freud propôs a sua primeira teoria (ou, tópica) sobre a estrutura da mente. Nela a mente foi dividida em três sistemas: o inconsciente (como já dito, regido pelo princípio do prazer); o pré-consciente e a consciência (estes últimos regidos pelo princípio da realidade). Entre esses sistemas, as censuras que impediriam que conteúdos indesejados do inconsciente e do pré-consciente chegassem à consciência. Analise a figura abaixo: 1ª Tópica do aparelho psíquico de Freud (1900) Em 1920, Freud propôs um aperfeiçoamento de sua primeira teoria, incluindo processos dinâmicos da mente: o id, o ego e o superego. Analise a figura abaixo: 2ª Tópica do aparelho psíquico de Freud (1920) Segundo LAPLANCHE e PONTALIS (1986, p.660) Id => pólo pulsional (força impelidora ou uma pressão inconsciente) da personalidade. Estaria nas pulsões a origem de nossas vontades, impulsos e desejos. Tais forças, que teriam suas origens nos processos biológicos, produziriam necessidades (tensões) a serem realizadas (descarregadas). Na consciência tais pressões se associariam, por algum motivo histórico, a representações (objetos) que possibilitassem sua real ou imaginária descarga (e, a partir daí, as sensações de prazer). Ego => instância que se situa como representante dos interesses da totalidade da pessoa e que como tal é investido de libido (corresponderia a um tipo de energia oriunda das transformações das pulsões sexuais) narcísica (investimentos libidinosos que um indivíduo faria em si próprio e ao seu próprio corpo. Ou seja, a posição narcísica pressupõe como objetos da libido o próprio sujeito e seu corpo). Superego => instância que julga e critica, constituída por interiorização das exigências e das interdições parentais. Para Freud a consciência seria largamente influenciada pelas pressões oriundas do inconsciente. “Ela [a psicanálise] nos ensinou, ainda, que nosso intelecto é algo débil e dependente, um joguete e um instrumento de nossos instintos e afetos, e que todos nós somos compelidos a nos comportar inteligente ou estupidamente, de acordo com as ordens de nossas atitudes [emocionais] e resistências internas.” (FREUD, 1914) Defenderá a tese de que a personalidade será moldada pelas primeiras experiências de vida, a partir de fases do desenvolvimento da sexualidade (ou, desenvolvimento psicossexual). O termo sexualidade em Freud “não designa apenas as atividades e o prazer que dependem do funcionamento do aparelho genital, mas toda uma série de excitações e de atividades presentes desde a infância” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1986, p´. 619). Desta forma, então, a libido (ou, “pressão sexual”), ao longo da vida, investiria uma série de objetos (pessoas, situações, coisas etc.) que representassem possibilidades de descarga da tensão por ela gerada, em face o seu acúmulo. Tais descargas possibilitariam ao sujeito a sensação de prazer. Um mecanismo cíclico do prazer, portanto, estaria criado. Analise a figurar abaixo: Os ciclos do prazer A personalidade, portanto, se organizaria segundo as formas regulares de investimentos da libido (investimentos construtivos ou destrutivos, tanto para o próprio sujeito quanto para o mundo externo com o qual ele lida). Tais formas de investimentos da libido se estruturariam, principalmente, durante a infância e se “atualizariam”, se “repetiriam”, inconscientemente, ao longo de toda a vida. Por fim a “Psicologia Jurídica” => seu objeto de estudo localiza-se nas relações e interações entre o indivíduo, o Direito e o Judiciário. (psicossocial) Institucionalizou-se, a partir das possibilidades (e, concretamente, das demandas) interdisciplinares� entre o Direito, o Judiciário Brasileiro e a Psicologia, esse novo e vasto campo de pesquisa; uma nova prática para o psicólogo. Na busca pelo ideal de Justiça e pela promoção dos direitos humanos, o psicólogo surge, portanto, como um ator importante, contribuindo, a partir do seu saber e da sua prática, para a afirmação da dignidade humana. � Interdisciplinaridade: Segundo Japiassu (1976, p. 75) é “a colaboração entre as diversas disciplinas ou entre os setores heterogêneos de uma mesma ciência [que] conduz a interações