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TOXOPLASMOSE CONGÊNITA ⇒ Uma zoonose causada pelo Toxoplasma gondii (parasita intracelular obrigatório) ⇒ Ocorrerá após infecção materna primária durante a gestação. ⇒ Alta incidência no Brasil ⇒ taxa estimada de 1:3.000 nascidos vivos. ⇒ Quando adquire a infecção, a gestante pode infectar o seu feto pela via transplacentária em 17-65% das vezes. #Quanto menor a idade gestacional, menor é a probabilidade de transmissão, porém mais grave é a infecção. # 50% dos bebês de mães infectadas durante a gravidez, não apresentaram manifestação clínica. # 10% apresentará uma forma clínica grave. # 34% manifestações leves. ⇒ Quadro clínico ⇒ Na gestante podemos encontrar sinais inespecíficos como febre, mialgia, linfadenopatia, odinofagia, exantema maculopapular e hepatoesplenomegalia. Bem como se apresenta assintomática. ⇒ Nos RNs infectados 80 a 90% são assintomáticos. Quando sintomático , didaticamente dividimos as manifestações em duas formas, neurológica e generalizada. ⇒ Na forma neurológica (resultante de uma infecção nas fases iniciais da gestação) ⇒ ocorre alterações liquóricas, calcificações intracranianas, hidrocefalia (tipo obstrutiva - manifestação clássica da toxo) , convulsões, microcefalia e retinocoroidite, retardo do crescimento, opistótono, dificuldade de deglutição, e paralisia de membros. ⇒ Forma generalizada (geralmente quando infecção é mais tardia) ⇒ pode ocorrer retinocoroidite, alterações liquóricas, hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, icterícia, trombocitopenia, anemia, pneumonite, miocardite, síndrome nefrótica e alterações ósseas. Nas sequelas tardias, o RN pode apresentar lesões são localizadas na retina e na coróide, podendo complicar com iridociclite, catarata, glaucoma, estrabismo, nistagmo e descolamento de retina. # Tétrade de Sabin ⇒ Coriorretinite, calcificações intracranianas difusas, hidrocefalia ou microcefalia e retardo mental. # A coriorretinite (retinocoroidite) é o comprometimento clássico mais frequente na toxoplasmose congênita, sendo bilateral em 60 a 80% dos casos. As lesões ativas podem se curar sem tratamento em poucas semanas ou meses, porém tendem a recidivar e podem levar a sequelas graves. ⇒ Nos exames de imagem: ⇒ Na radiografia simples de crânio ⇒ as calcificações intracranianas difusas, sem localização específica são o achado característico da toxoplasmose congênita (aparecem a partir do terceiro mês de vida em aproximadamente 30%). ⇒ Na tomografia computadorizada de crânio e USG ⇒ Podem evidenciar ( de forma precoce) a atrofia cortical e as dilatações ventriculares, além de revelarem calcificações não diagnosticadas na radiografia. ⇒ Podem ser encontrados nódulos calcificados em vísceras ( fígado e baço), além de alterações inespecíficas de ossos longos (zonas transversais e/ou estrias transversais radiotransparentes nas metáfises e irregularidades na linha de calcificação provisória). ⇒ Diagnóstico ⇒ Deve ser realizado na 1° consulta de pré natal ⇒ sorologia materna, tanto IgG quanto IgM (métodos ELISA, imunofluorescência indireta ou teste imunoenzimático de micropartículas). # O IgM se eleva após uma ou duas semanas da infecção aguda. # O IgG se eleva uma ou duas semanas após a infecção aguda (atingindo um pico em três a seis meses) seguindo queda lenta (sempre positiva pelo resto da vida). # Teste de avidez IgG ⇒ avidez >60%⇒ infecção ocorreu há mais de três meses. ⇒ Caso a gestante estiver agudamente infectada ⇒ realizar investigação da doença fetal: # Ultrassonografia fetal ⇒ pode revelar alargamento dos ventrículos cerebrais, calcificações intracranianas, calcificações de plexo coroide, aumento da espessura da placenta, ascite e hepatoesplenomegalia; ⇒ No RN a alteração mais comuns (embora inespecífica) é a linfocitose com eosinofilia (até 20%). também pode ocorrer anemia, trombocitopenia, elevação de bilirrubina direta e níveis mais baixos de proteínas totais e albumina. # No USG transfontanela ou Tomografia de crânio encontramos dilatações ventriculares ou calcificações intracranianas. # A coleta do líquor auxilia no diagnóstico ⇒ aspecto xantocrômico, com elevados valores de proteínas, baixos níveis de glicose, citometria com pleocitose a custas de células linfomonocitárias e elevada contagem de eosinófilos. Pode estar presente anticorpos IgM para toxoplasmose. # O exame de fundo de olho (caso de toxo confirmado - realizar a cada 6 meses) ⇒ podemos encontrar coriorretinite e neurites. #### A confirmação de toxoplasmose congênita é feita com a presença de IgM (pelo método ELISA - sensibilidade de 75%) ou IgA nos primeiros seis meses de vida, persistência de IgG após os 12 meses ou demonstração de aumento da afinidade de IgG no teste de avidez nos primeiros meses de vida. # Um resultado de IgG negativa com um ano de idade exclui o diagnóstico de infecção congênita. # RNs devem passar por avaliação neurológica ( liquor,USG e TC de crânio) + avaliação audiométrica e oftalmológica. Caso suspeito: -RN de mãe com infecção suspeita ou confirmada durante a gestação. -Mãe com soroconversão de IgG ao longo da gestação. -Mãe com IgG e IgM reagentes na gestação (com avidez de IGG baixa ou não coletada). -RN com sintomas sugestivos de toxoplasmose congênita. Não há indicação de investigar RN quando: -Mãe com IgG e IgM reagentes na gestação, mas com avidez alta até 12 semanas de idade gestacional -Mãe com IgG reagente e IgM não reagente no primeiro trimestre -Mãe com histórico confirmado de toxoplasmose em gestação anterior -Mãe com IgM reagente em mais de um exame na gestação sem soroconversão de IGG com diferença de mais de 4 semanas entre os exames. ⇒ Tratamento⇒ Todos os neonatos com toxoplasmose congênita confirmada ou nos filhos de mães com toxoplasmose comprovada ou provável deverão receber tratamento por 12 meses, independente de apresentarem ou não sinais/sintomas da doença. ⇒ RN assintomáticos e/ou sintomáticos com exames confirmatórios de infecção devem ser tratados preferencialmente a partir da primeira semana de vida: - Sulfadiazina - 100mg/kg/dia via oral (VO) de 12/12 horas. - Pirimetamina - 2mg/kg/dia, VO por dois dias, cada 12 horas e posteriormente - 1mg/kg/dia, dose única diária. - Ácido folínico (para combater a ação antifólica da pirimetamina, com supressão medular) -5 a 10mg 3x/semana. Manter por uma semana após a retirada da pirimetamina. - A sulfadiazina e a pirimetamina associadas ao ácido folínico são usados por seis meses sob monitoração hematológica semanal no primeiro mês e posteriormente a cada 30 dias. - Após seis meses: sulfadiazina diariamente e pirimetamina 3x/semana. - Quando há comprometimento do SNC (proteína > 1g/dl) e/ou ocular, associa-se ao tratamento a prednisona: 0,5mg/kg/dose a cada 12 horas, via oral, até redução do processo inflamatório, em olhos e sistema nervoso central, geralmente por quatro semanas. # As crianças adequadamente tratadas são aquelas que têm negativação do título de IgG ou queda comprovada após seis meses da suspensão dos medicamentos. # RNs assintomáticos, filhos de mães com diagnóstico possível ou inconclusivo ⇒ devem realizar sorologias a cada dois meses, com fundo de olho, USG de fontanela e hemograma: ⇒ Caso estabilização ou aumento comprovado dos títulos ao longo do acompanhamento⇒ deve-se solicitar TC de crânio, avaliação de liquor, avaliação da função hepática e avaliação auditiva e iniciar o tratamento e mantê-lo durante 12 meses. # A criança não infectada é aquela que possui duas sorologias consecutivas (com intervalo de 2-3 meses) negativas.
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