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Laís de Campos Bento – Medicina Unicid Definição: Implantação do ovo fecundado fora da superfície endometrial da cavidade uterina. Pode ser tubária, abdominal, cervical ou intersticial. Representam 1% das gestações e está entre as principais causas de morte materna no primeiro tri. Gestação tubária representa 98,3% dos casos (79,6% ampulares, 12,3% ístmicas, 6,2% fimbriais e 1,9% intersticiais). Gestação ovárica representa 0,15 dos casos. Rotura tubária costuma ocorrer mais no istmo. *Prenhez heterotópica: gravidez na tuba uterina e na cavidade endometrial, costuma ocorrer em pcte que foi submetida a inseminação. Etiologia e patogênese: Fatores que dificultem ou impeçam o trânsito do ovo para o útero ou antecipe sua implantação podem levar À gravidez ectópica. Fatores: ✓ Infecções genitais: por C. trachomatis e N. gonorrhoeoae →possível obstrução tubária, diminuição de número e movimento ciliar, aglutinação das dobras da mucosa, estreitamento de luz tubária e formação de micro divertículos e a destruição de fimbrias. o Antecedentes de doença inflamatória pélvica →aumento do risco em 2-7,5x. ✓ DIU →quando há falha no método. ✓ Cirurgias tubárias prévias →salpingectomia, reanastomose tubária, fimbrioplastia e aderências conferem maior risco; sendo que após cirurgia tubária a chance de gravidez nas tubas é de 4-5x maior. ✓ Gestações ectópicas prévias →risco de 6-8x maior em desenvolver gestação ectópica. ✓ Técnicas de fertilização assistida: tais pctes submetidas possuem tubas anormais com movimento insuficientes para impulsionar o ovo ao local correto. Além disso, o uso de altas doses de estrogênio e progestógeno também influenciam a motilidade tubária. ✓ Endometriose. ✓ Falha na contracepção de emergência com uso de progestogênicos, início de atividade sexual precoce, múltiplos parceiros sexuais e tabagismo conferem risco aumentado para gravidez ectópica. Fisiopatologia: Gestação ectópica primaria: a nidação ocorre em único sítio do aparelho genital. Gestação ectópica secundária: ovo se desprende do local de implantação e se desenvolve em outro local. →Gestação ovariana: Implantação superficial(ovo na periferia da gônada) ou profunda(ovo circundado pela gônada). Costuma ocorrer rotura precoce, ovo passa para cavidade abdominal, sucedendo hemorragia, que não costuma se grave; pode permanecer envolto em coágulo sanguíneo ou até ocorrer reabsorção total deste. Gravidez não é viabilizada. →Gestação intersticial: Nidação que ocorre em um dos ângulos superiores do útero. Tem evolução normal, exceto nas primeiras 10-12 semanas. Sua implantação ocorre no local onde as trompas se abrem na cavidade uterina. Dor localizada, pequenas perdas sanguíneas levam a distensão do ângulo uterino. Pode haver retardo do crescimento com formação de divertículo cavitário e consequente abortamento e rotura uterina. →Gestação cervical: Ovo implantado no canal cervical. A endocérvice é consumida pelo trofoblasto e a gravidez se desenvolve na parede fibrosa do canal cervical. Quanto mais alta for a implantação, maiores as chances de se desenvolver e causar hemorragia. Laís de Campos Bento – Medicina Unicid Raramente ultrapassa 20 semanas e costuma necessitar de intervenção cirúrgica por conta de sangramento genital. →Gestação abdominal: Ovo se implanta inicialmente na superfície serosa peritoneal e após pode ter rotura ou abortamento ou após desprendimento da superfície ovariana. Tem causas como migração anômala do óvulo, defeito de captação e aspiração pelo pavilhão tubário. O ovo costuma se localizar no fundo de saco de Douglas ou áreas adjacentes. É alta a incidência de malformações congênitas por quantidade insuficiente de líquido amniótico e raramente os fetos evoluem até serem termos. Tratamento: conservador com hospitalização. Pode-se usar MTX se gravidez íntegra e pcte estável. Planejar a técnica cirúrgica a fim de proporcionar mais segurança a gestante e se próximo à 34semanas →dar corticoide, faz laparotomia e retira feto. *Se retirar placenta a depender da localização = hemorragia intensa, então não costuma retirar. →Gestação tubária: A maioria dos casos ocorre na área ístmica e ampular. Sendo assim o ovo influencia todo o sistema genital com aumento do útero, amolecimento, reação decidual e modificações idênticas a gestação uterina normal. A tuba aumenta de volume, fica amolecida, assim como útero também aumenta de volume. O tecido trofoblástico pode romper vasos e provocar hemorragia. A morte embrionária acontece precocemente. Após 2 meses iniciais de sua evolução a gestação tubária pode terminar em rotura (intensa hemorragia interna)uterina (mais provável de ocorrer no istmo) ou abortamento.(ovo na cavidade abdominal com hemorragia discreta). Quadro clínico: Pode variar entre assintomático ou com leve dor abdominal, que acompanha ou não sangramento vaginal até hemorrágico grave, com instabilidade hemodinâmica. A tríade consiste em dor abdominal (lancinante/ tipo cólica), sangramento vaginal (por descamação do endométrio por queda de concentrações hormonais) e atraso menstrual. Outros sintomas incluem náuseas, vômitos e aumento e volume e sensibilidade de mamas. Fenômeno de arias stella: deciduação sem a presença de trofoblasto Exame físico: Em rotura tubária → variações da PA e FC, possível choque hemorrágico Abdome: dor a palpação, localizada ou generalizada, pode haver sinais de irritação peritoneal, distensão abdominal, DB positivo e diminuição ou ausência de RH e sinal de Lafon (sinal de irritação peritoneal com dor em ombro direito). Laís de Campos Bento – Medicina Unicid Exame ginecológico: sangramento vaginal (fundo de saco), amolecimento uterino (ao toque). Massa anexial dolorosa pode ser palpada, e se houver sangramento intracavitário pode haver sinais de peritonite. Diagnóstico: Anamnese e exame físico são capazes de diagnosticar quadros agudos de rotura tubária em pcte com sintomatologia característica; contudo gestações ectópicas iniciais costumam apresentar quadros subagudos e necessitam de investigação mais apurada. Dosar B-HCG em gestação ectópica significa valores menores do que os comumente observados na gestação normal em mesma IG. Em gestação norma, BHCG costuma duplicar entre 37-72h e se em 2 dosagens consecutivas o aumento for menor que 54%, trata-se de gestação ectópica em 85% das vezes. O USG vaginal é essencial ao identificar sinais característicos da gravidez ectópica tais como: saco gestacional extrauterino, embrião com ou sem batimentos cardíacos, saco gestacional extrauterino com vesícula vitelínica, anel tubário, massa solida ou complexa na pelve. Doppler transvaginal auxilia no diagnostico ao identificar fluxo vascular na artéria tubária de velocidade relativamente alta e resistência baixa. Possível anel tubário que indica gravidez ectópica tubária O uso de BHCG e USG são padrão-ouro para diagnostico de gravidez ectópica. *BHCG pode ser >1500mUI/ml = saco gestacional na cavidade Tratamento: Depende do estado hemodinâmico do paciente, integridade tubaria e desejo de ter filhos. TTO pode ser cirúrgico ou clinico, contudo em casos de gestação ectópica rota→salpingectomia por laparotomia é o tratamento de escolha. Caso gestante queira ter filhos, prefere-se à via laparoscópica, pois evita manipulações excessivas e diminui aderências aos órgãos pélvicos. Já gestações Laís de Campos Bento – Medicina Unicid ampulares requerem tto cirúrgico conservado com salpingectomia, ressecção parcial e reanastomose. O metotrexato é a medicação mais utilizada no tto de gravidez ectópica integra, podendo ser adm. IM ou no saco gestacional. Critérios para uso de MTX: gestação íntegra de até 4cm de diâmetro, estabilidade hemodinâmica, desejo de procriação, BHCG < 5000 e crescente em 2 dosagens consecutivase líquido restrito à pelve. Critérios de contraindicação ao MTX: sensibilidade à medicação, necessidade de laparoscopia de diagnóstico, impossibilidade de seguimento adequado e compreensão insatisfatória do tratamento proposto. A falha terapêutica se deve à persistência de elevador valores de BHCG ou na presença de sinais clínicos ou ultrassonográficos de rotura tubária. *Se hemorragia grande com instabilidade: laparotomia e salpingectomia (retira esta tuba) *Se hemorragia com instabilidade: videolaparoscopia *Conduta expectante(SE FOR ÍNTEGRA): muitas se resolvem espontaneamente *MTX é um antagonista do ácido fólico e evita multiplicação celular, para fazer efeito tenho que ter saco gestacional <3,5cm, se tiver embrião este deve ter ausencia de batimento cardíaco e BHCG <5000. *MTX pode ser em dose única ou doses múltiplas Conduta com MTX dose única: Dia 1: dosar BHCG + adm. MTX Dia 4: dosar BHCG Dia 7: dosar BHCG, HMG, AST, ALT e creatinina. Ou Conduta com MTX múltiplas doses Dia 1: MTX Dia 2: ácido fólico Dia 3: MTX Dia 4: ácido fólico, dosar BHCG (pode aumentar, deveria diminuir) Dia 5:MTX Dia 6: ácido fólico Dia 7: MTX, dosar BHCG (deve diminuir mais que 15% do valor anterior) Questões: 1. Questão – Em relação ao tratamento da gravidez ectópica marque a alternativa CORRETA: A. O Metotrexate é um antagonista do ácido fólico que é administrado por via subcutânea para erradicar o tecido trofoblástico na gravidez ectópica cujo diâmetro da massa anexial não seja superior a 6 cm. B. A salpingotomia linear é o procedimento cirúrgico de eleição nos casos de gravidez ectópica rota com hemoperitônio. C. O tratamento com o Paclitaxel pode ser considerado o de eleição para a gravidez cervical verdadeira. D. A maioria das gestações tubárias pode se resolver sem tratamento 2. 3. Laís de Campos Bento – Medicina Unicid 4. 5. Após uma gravidez ectópica, há um aumento no risco de uma gravidez ectópica subsequente, em alguns casos deixando a mulher estéril. Muitas variáveis dificultam a avaliação prévia do risco de desenvolver essa condição. Com relação aos fatores de risco de uma gravidez ectópica, é correto afirmar: (A) as mulheres fumantes apresentam menor risco de desenvolver gestação tubária. (B) as mulheres que realizaram a reversão da esterilização são pessoas fora da faixa de risco de gravidez ectópica. (C) um processo inflamatório de uma das tubas uterinas é um fator de risco para a gestação na cavidade abdominal. (D) o uso de dispositivo intrauterino (DIU), por ser um método contraceptivo, reduz as chances de gestação fora do útero. (E) a clamídia, por ser causadora de infecções urinárias, apresenta relação desprezível com o surgimento dessa gravidez. 6. Não é causa de prenhez ectópica: A. Endometriose B. Hipermaturação ovular (ovo nida na tuba) C. tumores justatubários D. infecção urinária 7. Qual dos critérios é o mais fidedigno para predizer o sucesso do tratamento medicamentoso com metotrexate na gravidez ectópica integra? a.líquido livre na cavidade peritoneal b. diâmetro da massa anexial c. BhCG quantitativo Laís de Campos Bento – Medicina Unicid d. aspecto da imagem ao USG E. doppler colorido. 8.Tercigesta com seis semanas refere dor em baixo ventre e sangramento vaginal há 3 horas, associado a vômitos e dor no ombro direito. Exame físico: palidez cutâneo-mucosa, taquicardia e PA de 80x40mmHg, presença de pequena quantidade de sangue em fundo de saco vaginal e dor à mobilização do colo uterino. Hipotese diagnostica mais provável é: a.gravidez ectópica b.apendicitie aguda c. doença inflamatória pélvica d. descolamento coriomaniotico e. aborto infectado. 9. Atualmente, em gravidez ectópica integra com 6cm de massa anexial pode-se utilizar como terapêutica: a. metotrexate parenteral b. ocitocina c. metotrexate oral d. só o tratamento cirúrgico é possível. 1D, 2B, 3C, 4B, 5D, 6D, 7C, 8A, 9D
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