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A lei no tempo

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Conflito de Leis no Tempo e no Espaço
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 A eficácia da lei no tempo diz respeito ao tempo de sua atuação até que desapareça do cenário jurídico. Como tal fato pode ocorrer? 
Em duas hipóteses: • Se a lei já tem fixado seu tempo de duração, com o decurso de prazo determinado, ela perde sua eficácia e vigência;
• Se ela não tem prazo determinado de duração, permanece atuando no mundo jurídico até que seja modificada ou revogada por outra de hierarquia igual ou superior (LINDB, art. 2º); é o princípio da continuidade das leis. 
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Direito intertemporal
O conflito das leis no tempo nasce justamente da colisão da lei nova com a anterior. Há que se estudar até que ponto a lei antiga pode gerar efeitos e até que ponto a lei nova não pode impedir esses efeitos da lei antiga. 
As normas legislativas de direito intertemporal são chamadas disposições transitórias.
A própria lei pode estabelecer tais disposições, dispondo sobre sua vigência ou sobre a vigência de leis anteriores. Todavia, são os princípios jurídicos que estabelecem as grandes linhas do direito intertemporal.
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A questão da retroatividade e irretroatividade das leis 
Uma lei nova só tem valor para o futuro ou regula situação anteriormente constituída, isto é, tem eficácia pretérita? 
A norma que atinge os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império da lei revogada é retroativa, tem eficácia pretérita; a que não se aplica a qualquer situação jurídica constituída anteriormente é irretroativa, hipótese em que a norma revogada permanece vinculante para os casos anteriores à sua revogação. 
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Em princípio, as leis não devem retroagir; em face do seu caráter prospectivo, devem disciplinar situações futuras. 
O fundamento maior do princípio da irretroatividade, consagrado na doutrina, e pela generalidade das legislações, é a proteção do indivíduo contra possível arbitrariedade do legislador. Se fosse admitida a retroatividade como princípio absoluto, a segurança do indivíduo não ficaria preservada.
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A eficácia retroativa das leis é, portanto, excepcional; não se presume, devendo provir de texto expresso. Temos ainda que a Constituição Federal, na verdade, não proíbe a retroatividade da lei, a não ser da lei penal que não beneficia o réu (art. 5º, XL, CF), e resguardados sempre o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5º, XXXVI, CF). 
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Retroatividade da lei, entende-se que a lei nova pode atingir situações abrangidas por leis anteriores.
Irretroatividade das leis, a lei nova não pode atingir situações reguladas pela lei anterior.
Determina o art. 6º da Lei de Introdução NDB que “a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”.
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Dispõe o inciso XXXVI do art. 5º da CF/88 “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
A - Direito adquirido é aquele que, na vigência de determinada lei, incorporou-se ao patrimônio de seu titular.
A doutrina brasileira há muito se tem esforçado para conceituar o direito adquirido. No entanto, não se alcançou um conceito preciso e uniforme.
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Direito adquirido é espécie de direito subjetivo definitivamente incorporado (pois, adquirido) ao patrimônio jurídico do titular (sujeito de direito), já consumado ou não , porém exigível na via jurisdicional, se não cumprido voluntariamente pelo obrigado (sujeito de dever).
Diz-se que o titular do direito adquirido está, em princípio, protegido de futuras mudanças legislativas que regulem o ato pelo qual fez surgir seu direito, precisamente porque tal direito já se encontra incorporado ao seu patrimônio jurídico — plano/mundo do dever-ser ou das normas jurídicas — ainda que não fora exercitado, gozado — plano/mundo do ser, ontológico.
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Para Carlos Maximiliano, chama-se adquirido o direito que se constituiu regular e definitivamente e a cujo respeito se completaram os requisitos legais e de fato para se integrar no patrimônio do respectivo titular, quer tenha sido feito valer, quer não, antes de advir norma posterior em contrário.
B - Coisa Julgada - Depois de decidida uma questão pelo Judiciário, se já não há possibilidade de recurso, faz ela lei entre as partes, estabelecendo obrigações e direitos entre elas. A lei nova não atingirá tais decisões. 
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C - Ato Jurídico Perfeito - É aquele que se realizou inteiramente sob a vigência de determinada lei.
 Assim, se alguém comprou alguma coisa, pagando na hora o respectivo preço total, o direito daquela pessoa sobre tal coisa está consumado, não podendo ser atingido por lei nova. Conclusão: Se o ato não estiver terminado, a lei nova o atingirá.
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Ex. 1: Se alguém tem 24 anos de serviço e, frente à lei vigente, lhe falta um ano para aposentar-se, este indivíduo tem uma expectativa de direito à sua aposentadoria. Caso a lei mude neste momento, terá ele que se submeter ao novo regramento.
Ex. 2: O filho, estando seu pai ainda vivo, tem expectativa de direito quanto à herança. Entretanto, os bens de seu pai ainda não incorporaram ao seu patrimônio, não gerando, portanto, direito adquirido. Conclusão: A lei nova atinge as expectativas de direito.
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A expectativa de direito configura-se por uma seqüência de elementos constitutivos, cuja aquisição faz-se gradativamente, portanto, não se trata de um fato jurídico que provoca instantaneamente a aquisição de um direito. O direito está em formação e constitui-se quando o último elemento advém. Há, por conseguinte, expectativa de direito quando ainda não se perfizerem os requisitos adequados ao seu advento sendo possível 
sua futura aquisição. 
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Princípio da Territorialidade
 Em virtude da soberania estatal, a norma aplica-se no espaço delimitado pelas fronteiras do Estado. Ela tem, portanto, uma vigência espacial limitada, só obrigando no espaço nacional, isto é, no seu território, nas águas e na sua atmosfera. Em outras palavras, toda lei, em princípio, tem seu campo de aplicação limitado no espaço pelas fronteiras do Estado que a promulgou. (Territorialidade das leis).
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 Esse “princípio da territorialidade” não pode ser aplicado de modo absoluto, ante o fato de a comunidade humana estender-se no espaço, relacionando-se com pessoas de outros Estados como seria o caso do brasileiro que herda de um parente bens situados na Espanha, ou que se casa com uma italiana na França.
Os Estados modernos têm permitido, em seu território, e em determinadas hipóteses, a aplicação de normas estrangeiras, admitindo, então, o sistema “da extraterritorialidade”, para tornar mais fáceis as relações internacionais.
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Os casos e circunstâncias em que as leis de um Estado são aplicáveis no território de outro constituem o objeto do Direito Internacional.
As normas a serem aplicadas em tais casos são fixadas pela lei nacional ou por tratados internacionais.
Os critérios que determinam a vigência territorial ou extraterritorial de certa norma são os seguintes:
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aplica-se a lei do domicílio da pessoa nas questões sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família (art. 7º LINDB);
aplica-se a lei do lugar da situação dos imóveis para qualificá-los e reger as relações que lhe forem pertinentes (art. 8º LINDB)
aplica-se a lei do lugar de constituição à qualificação e disciplina das obrigações, sendo que a obrigação resultante de contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente (art. 9º LINDB);
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d) aplica-se a lei do domicílio do defunto ou desaparecido à sucessão por morte ou ausência. Quanto à capacidade para suceder, aplica-se a lei do domicílio do herdeiro ou legatário. Todavia, no caso de a sucessão incidir sobre bens de estrangeiros situado no Brasil, aplicar-se-á a lei brasileira em favor do cônjuge brasileiro e dos filhos do casal, sempre que não lhes for mais favorável a lei do domicílio do falecido (art. 10 da LINDB)”. 
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Domicílio para o ordenamento jurídico brasileiro, é o lugar onde a
pessoa estabeleceu sua residência com ânimo definitivo.

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