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INTERAÇÕES QUÍMICAS ENTRE O DENTE E OS FLUIDOS BUCAIS As transformações que os dentes sofrem quanto expostos na cavidade bucal estão relacionadas com a composição química dos seus tecidos mineralizados. O majoritário componente inorgânico desses tecidos, principalmente hidroxiapatita, garante a possibilidade de trocas iônicas com os fluidos bucais, que determinam se o dente irá ganhar, perder minerais ou permanecer em equilíbrio. MINERAIS DA ESTRUTURA DENTAL → HIDROXIAPATITA: é um mineral composto por cálcio, fosfato e hidroxila, que se estrutura na forma de cristais hexagonais. → FLUORAPATITA: similar à hidroxiapatita, no qual os íons hidroxila estão substituídos por íons de flúor. Quando há presença de fluoreto na boca. → HIDROXIAPATITA BIOLÓGICA: mineral presente na estrutura dental. O termo “biológico” indica que o mineral não é puro, por recebe substituintes químicos, como carbonato e fluoreto. SALIVA A saliva total é uma mistura da secreção das glândulas salivares maiores e menores que banham os dentes. Sempre possui uma composição compatível com a integridade do mineral dos dentes. Tem sempre função protetora dos tecidos minerais, e nunca é produzida com pH capaz de causar sua dissolução, embora haja diferença de pH na saliva secretada pelas diferentes glândulas salivares. O pH salivar apenas abaixa logo após o consumo de produtos ácidos ou raramente em situações de baixíssimo fluxo salivar, quando há estagnação de ácidos produzidos no biofilme dental. Após a escovação algumas bactérias começam a se aderir juntamente com restos celulares e de alimentos na superfície do esmalte e metabolizam os alimentos produzindo polissacarídeos extracelulares, formando uma matriz chamada de biofilme que é uma matriz complexa que envolve as bactérias e protegerem do fluxo salivar. Com o biofilme impedindo os fatores protetivos da saliva, o metabolismo intenso gera a desmineralização. Quando esse biofilme é retirado mecanicamente ocorre a remineralização, mas se for mais intenso há formação da cavidade que potencializa ainda mais a desmineralização por dificuldade de higienização. BIOFILME Composto por água, proteína, carboidratos, lipídeos e 5- 10% de componentes inorgânicos, é um ecossistema microbiano aderido às superfícies dentárias formado por bactérias que mantém uma estabilidade dinâmica com a superfície do dente. Na presença frequente de carboidratos fermentáveis e consequente produção de ácidos, observa-se uma adaptação microbiana que leva a seleção de microrganismos acidogênicos. Ocorre, então, o rompimento da homeostase microbiana do biofilme e a proliferação de microrganismos cariogênicos que resulta no desequilíbrio do balanço dos processos de desremineralização. A formação de biofilme pode ser considerado um estilo de vida de microrganismos que vivem em ambientes líquidos contendo superfícies duras não descamativas. A formação de biofilmes espessos ocorre principalmente em superfície que não estão sujeitas a renovação celular. As lesões só ocorrem em áreas nas quais o biofilme encontra-se estagnado, tendo como localização preferencial a margem gengival, superfícies proximais logo abaixo do ponto de contato e sistema de fóssulas e fissuras das superfícies oclusais. Comumente, as células microbianas ocupam 70% do volume do biofilme sendo o resto ocupado pela matriz extracelular e pela porção líquida do biofilme dental. A Bioquímica da cárie PELÍCULA ADQUIRIDA Revestimento que cobre os dentes reformado pela saliva que protege contra ressecamento. Existem glicoproteínas salivares necessárias para não haver crescimento de espécies danosas. matriz extracelular é composta por polissacarídeos produzidos pelas bactérias, bem como por outras macromoléculas, elementos derivados da saliva e do fluído gengival. O biofilme é presente em todo o indivíduo, no entanto, um biofilme potencialmente cariogênico se apresenta mais organizado e com bactérias mais seletivas. CONCENTRAÇÃO DE CÁLCIO, FOSFATO E FLUORETO NO BIOFILME O equilíbrio físico-químico determina se um dente irá ganhar ou perder minerais e é relacionado a concentração de íons minerais que compõem a estrutura dental de forma livre no biofilme dental. A concentração de íons cálcio, fosfato e hidroxila no fluído do biofilme reflete sua concentração na saliva e enriquece com os íons minerais naturalmente presentes em sua composição. Entretanto o acúmulo de minerais no biofilme dental será função de sua exposição aos açúcares fermentáveis mediante a alta frequência e disposição do biofilme a esses açúcares. No biofilme acontecerá a menor concentração desses reservatórios inorgânicos devido a sua frequente dissolução/liberação. Assim, clinicamente, o enriquecimento do biofilme com cálcio e fosfato tem limitada ação anticárie. BACTÉRIAS Bactérias que facilitam a propensão da cárie: → STREPTOCOCCUS MUTANS: uma das bactérias mais presentes que proporcionam a cárie, devido a sua capacidade acidogênica (elaboram ácido a partir da fermentação dos carboidratos) e acídurica (sobrevivem e proliferam em ambiente ácido), tem a capacidade de se aderir a película adquirida (formada pela saliva), e facilita que outras bactérias comecem a se aderir. → S. SOBRINUS: possuem um potencial patogênico particular em decorrência de sua capacidade de colonizar a superfície do dente, produzindo um biofilme aderido, acidogênico e acídurico. → LACTOBACILOS: produzem grande número de ácido, entretanto não possui a capacidade de se aderir na película. Quando aderidos ao biofilme, além de metabolizar ácidos, aumentam a acidez produzida por outras bactérias. DIETA O consumo frequente e regular de alimentos ricos em açúcar favorece à ocorrência da cárie dentária. Uma dieta cariogênica é baseada no consumo elevado de carboidratos. A frequência causa mais que a quantidade. Ex: comer uma barra uma vez na semana (quantidade) e não um pedacinho de chocolate o dia todo todos os dias (frequência), pois resultará em uma seleção ecológica de microrganismo mais adaptados a esse ambiente. • SACAROSE: é um dissacarídeo (glicose + frutose), que se liga através de oxigênio formando ligação glicosídica atípica. A quebra dessa ligação por bactérias com potencial cariogênico libera uma quantidade gigante de energia e faz com que aproveite essa glicose para formar uma matriz que dá resistência e estabilidade ao biofilme, para que as espécies cresçam. INTERAÇÃO AÇÚCAR E BIOFILME DENTAL Quando exposto a açúcares fermentáveis, a comunidade microbiana rapidamente metaboliza o açúcar, afim de obter energia para sua sobrevivência na queda do PH. A condição de saturação do fluido do biofilme muda quando ocorre a desmineralização. A rápida velocidade de produção de ácido sob o biofilme resulta na capacidade dos microrganismos rapidamente fermentar em substratos oriundos da dieta que se difundem pelo biofilme.
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