Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Quadro 1: Principais interações fármaco-receptor A maioria das interações fármaco-receptor com sua estrutura-atividade elucidada são classificadas em 6 grupos: (1) canais iônicos transmembrana, (2) receptores intracelulares, incluindo enzimas, reguladores da transcrição e proteínas estruturais, (3) receptores transmembrana acoplados a proteínas G intracelulares, (4) receptores transmembrana com domínios citosólicos enzimáticos, (5) enzimas extracelulares e (6) receptores de adesão de superfície celular (Quadro 1). Conceito: São macromoléculas (especialmente proteínas) que induzem uma resposta biológica quando ligadas a uma molécula bioativa (fármaco). Receptores farmacológicos Regulam a passagem de íons pelas membranas celulares e exercem funções fundamentais na neurotransmissão, na condução cardíaca, na contração muscular e na secreção. Existem 3 mecanismos princi- Tipos de receptores Caroline Farias Canais iônicos transmenbrana pais na regulação: (1) a condutância é controlada pela ligação do ligante ao canal (regulado por ligante), (2) a condutância é regulada por mudanças de voltagem através da membrana plasmática (regulado por voltagem), (3) a condutância é controlada pela ligação do ligante a receptores de membrana plasmática com domínio citosólico acoplado à proteína G, resultando em geração de segundo mensageiro. O segundo mensageiro irá regular a condutância iônica (regulado por segundo mensageiro), Estruturalmente, esses canais tendem a ser macro- moléculas semelhantes a tubos constituídas por certo número de subunidades protéicas que atravessam a membrana plasmática. O domínio de ligação com o ligante pode ser extra- celular, localizado dentro do canal, ou intracelular. Podem também ser do tipo refratários/inativados. Nos refratários a permeabilidade do canal não pode ser alterada durante um certo período de tempo, conhecido como período refratário do ca- como alvos para fármacos lipofílicos. Isso porque, a transcrição de muitos genes é regulada, em parte, pela interação entre moléculas de sinalização lipossolúveis e fatores reguladores da transcrição . Ao regular a transcrição do Dna em Rna e a tradução do Rna em aminoácido, a proteína também será modulada. Ex: hormônios esteróides que formam uma classe de fármacos lipofílicos que têm a capacidade de sofrer rápida difusão através da membrana plasmática e exercer suas ações através de sua ligação a fatores da transcrição no citoplasma ou no núcleo. Caroline Farias Receptor nicotínico de acetilcolina Receptor gabaérgico (neurotransmissor Gaba ) nal. Exemplos de receptores dessa natureza: Receptores intracelulares Figura 1 : Mecanismo do receptor nicotínico de acetilcolina (Ach). Enzimas intracelulares --> produzem seus efeitos ao alterar a produção enzimática de moléculas sinalizadoras ou metabólicas críticas; Fatores reguladores de transcrição --> receptores citosólicos importantes, que atuam Com esses receptores, os ligantes atravessam as membranas celulares e podem ser dirigidos para: Como a transcrição gênica é um processo relativamente lento (minutos a horas) e de longa duração, os fármacos baseados em fatores de transcrição frequentemente necessitam de um maior período de tempo para o início de sua ação e tem efeitos mais duradouros. Figura 2: Mecanismo do receptor intracelular de hormônio esteroíde Caroline Farias Proteínas estruturais --> os ligantes produzem seus efeitos ao sofrer difusão através da membrana plasmática e atuar nas proteinas estruturais. Ex: os alcalóides da vinca antimi- tóticos ligam-se a monômeros de tubulina e impedem a polimerização dessa molécula em microtúbulos. Essa inibição da formação de microtúbulos interrompe as células afetadas na metáfase, útil no tratamento antineoplásico. Rna ou ribossomo --> importantes na quimiote- rapia antimicrobiana e antineoplásica. Receptores acoplados a proteína G É a classe mais abundante de receptores no corpo humano. Estão expostos na superfície extracelular da membrana celular, atravessam a membrana e possuem regiões intracelulares que ativam uma classe singular de moléculas de sinalização, denominadas proteínas G. Uma das principais funções consiste em ativar a produção de segundos mensageiros, isto é, moléculas de sinalização que transmitem o sinal fornecido pelo primeiro mensageiro que pode ser um ligante endógeno ou um fármaco exógeno. Podem ocorrer as vias: (1) ativação de ciclases como a adenilil ciclase, que catalisa a produção do segundo mensageiro, o 3ʼ,5ʼ-monofosfato de adenosina cíclico (cAMP), e a guanilil ciclase, que catalisa a produção do3ʼ,5ʼ-monofosfato de guanosina cíclico (cGMP). (2)ativação da enzima fosfolipase C (PLC) que cliva o fosfolipídio de membrana, o fosfatidilinositol- 4,5-difosfato (PIP2), produzindo os segundos mensageiros diacilglicerol (DAG) e inositol- 1,4,5-trifosfato (IP3). O IP3 deflagra a liberação de Ca2+ das reservas intracelulares, aumentando acentuadamente a concentração citosólica de Ca2+ e ativando eventos moleculares e celulares distais. O DAG ativa a proteinocinase C, que, a seguir, medeia outros eventos moleculares e celulares, incluindo contração do músculo liso e transporte iônico transmembrana. Existem diferentes isoformas da proteína G, que desempenham diferentes funções/ações no corpo humano (Quadro 2): Quadro 2: Principais isoformas da proteína G e exemplos das suas funções Receptores B-adrenérgicos Exemplos de receptores dessa natureza: Receptores transmembrana com domínios citosólicos enzimáticos Essa classe consiste em receptores transmembrana que transduzem uma interação de ligantes extracelulares numa ação intracelular através da ativação de um domínio enzimático ligado. Todos esses receptores consistem em proteínas que atravessam uma única vez a membrana, ao contrário do modelo da Proteína G. Muitos modificam as proteínas por meio do processo de fosforilação. A grande carga negativa dos grupos de fosfato pode alterar drasticamente a estrutura tridimensional de uma proteína e, consequentemente, modificar a atividade dessa proteína. Além disso, a fosforilação é um processo facilmente reversível podendo atuar especificamente no tempo e no espaço. Receptores com Tirosinocinases --> (o maior grupo) transduzem sinais de hormônios e fatores de crescimento através da fosforilação de resíduos de tirosina na cauda citoplasmática do receptor. Isso leva ao recrutamento e à fosforilação subsequente da tirosina de diversas moléculas sinalizadoras citosólicas. Exemplo: receptor de insulina Podem ser divididos em cinco classes principais: Receptores associados a Tirosinocinase --> família distinta de proteínas que, embora precisem de atividade catalítica, recrutam proteínas de sinalização citosólicas ativas através de um processo dependente de ligante. A ativação pelo ligante induz o agrupamento dos receptores que --> recruta proteínas citoplasmáticas que --> são ativadas para fosforilar outras proteínas nos resíduos de tirosina. cificos. Muitos receptores com tirosinofosfatases são encontrados em células imunes, onde regulam a ativação celular. Caroline Farias Figura 3: Esquema do mecanismo de ação das receptores de tirosinocinases Receptores com Tirosinofosfatase --> também fosforilam os resíduos de tirosina de proteínas citoplasmáticas porém através da remoção grupos de fosfato de resíduos de tirosina espe- Figura 4: Esquema do mecanismo de ação das receptores de tirosinofosfatase Figura 5: Esquema do mecanismo de ação das receptores associados a tirosinocinase Receptores com Serina/Treoninocinases --> Caroline Farias membros da superfamília de receptores do fator de transformação do crescimento beta (TGF- B).Atuam através da fosforilação de resíduos de serina e treonina em proteínas-alvo citoplasmáticas. São mediadores importantes do crescimento e da diferenciação celulares, por isso tem um papel importante como alvo para pesquisa de fármacos antineoplásicos. Figura 6: Esquema do mecanismo de ação das receptores comserina/treoninocinases Receptores com Guanilil Ciclases --> a menor família de receptores transmembrana. São semelhantes ao mecanismo das guanilil ciclases da proteína G, porém não possuem nenhuma proteína G intermediária. Assim, um ligante estimula a atividade intrínseca de guanilil ciclase do receptor, em que o GTP é convertido em cGMP. Receptores do peptídio natriurético do tipo B Exemplos de receptores dessa natureza: Enzimas extracelulares Figura 7: Esquema do mecanismo de ação das receptores com guanilil ciiclases Esses receptores são enzimas cujos sítios ativos estão localizados fora da membrana plasmática. As enzimas modificam as moléculas que medeiam sinais importantes, como a vasoconstrição e a neurotransmissão por exemplo, podendo influenciar em diversos processos fisiológicos. Enzima conversora de angiotensina (ECA) Enzima acetilcolinesterase Exemplos de receptores dessa natureza: Receptores de adesão da superfície celular Esses receptores são localizados na superfície celular e são responsáveis por mediar a interação entre duas células, através de uma região de ontato (adesão). Os pares de receptor–contra- receptor combinam-se para assegurar uma adesão firme, e os reguladores intracelulares controlam a atividade dos receptores de adesão ao modificar a Caroline Farias sua afinidade ou ao controlar sua expressão e localização sobre a superfície celular. Vários receptores de adesão envolvidos na resposta inflamatória, por exemplo, são alvos interessantes para inibidores farmacológicos seletivos. Integrinas Exemplos de receptores dessa natureza:
Compartilhar