Buscar

FURTO - crime contra o patrimônio - Parte Especial

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
DO FURTO
a) Furto Simples:
Artigo 155 do CP: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Reclusão de 01 (um) a 04 (quatro) anos, e multa.
- O furto simples é composto por 04 elementares:
a. Subtração: é a conduta típica. Trata-se de elemento objetivo.
Pergunta: é possível o crime de furto quando a vítima entrega o objeto para o agente? DEPENDE, se a vítima entrega o bem ao agente e autoriza sua saída do local (posse desvigiada), combinando que o agente entregará o bem posteriormente, caso o bem não seja devolvido fica caracterizado o crime de apropriação indébita (artigo 168 do CP). Agora, se a vítima entrega o objeto para o agente e só autoriza que ele exerça posse sobre o bem de forma momentânea e naquele local (posse vigiada), caso o agente retire o bem daquele local (sem autorização do dono) com ânimo definitivo fica caracterizado o crime de furto.
O ato de subtrair abrange 02 hipóteses: aquela em que o próprio agente se apodera do bem e o leva embora e aquela em que a própria vítima entrega o bem ao agente para que ele exerça a posse momentaneamente naquele local (posse vigiada) e ele sem autorização leva o bem embora.
Pode-se dizer, portanto, que é possível a existência de crime de furto mesmo que a vítima tenha efetuado a entrega do bem ao agente, desde que essa posse seja vigiada. Por exclusão, pode-se afirmar que só existe apropriação indébita quando a posse é desvigiada.
b. Coisa Móvel: é o objeto material. Trata-se de elemento objetivo.
Para fins penais, tudo o que pode ser levado de um local para outro é móvel, ainda que a lei civil por alguma razão o equipare à imóvel.
Pergunta: O que é gado? É um semovente. Para que haja furto é necessária a subtração de coisa móvel, por essa razão existe a possibilidade de furto de gado (semovente)? Semovente é uma espécie do gênero coisa móvel. Portanto, semoventes constituem espécie do gênero coisa móvel e, por isso, o furto de gado ou abigeato constitui crime.
O artigo 155, § 3º, do CP equipara a coisa móvel a energia elétrica e outras formas de energia que tenham valor econômico, como a energia nuclear, energia térmica e energia genética dos reprodutores.
Quando à capitação clandestina de sinal de TV a cabo existem 02 correntes. A majoritária afirma que a conduta se enquadra no crime de furto, quer porque se trata de uma forma energia (energia radiante), quer porque o artigo 35 da Lei 8.977/95 declara que tal conduta configura infração penal (sem esclarecer qual infração seria). Em sentido contrário existe entendimento minoritário de que o fato é atípico, pois sinal de TV a cabo não seria forma de energia e o referido artigo não tipifica e não esclarece qual seria a infração penal.
c. Coisa Alheia: Trata-se de elemento normativo (necessário um caso concreto para verificar se está presente esse elemento).
Coisa alheia é aquela que possui dono. Algumas coisas móveis, no entanto, por não terem dono, não podem ser objeto material de furto:
c.1) Res Nullius: coisa de ninguém, que nunca teve dono.
c.2) Res Derelicta: coisa abandonada. Ex: um sujeito não quer mais um par de sapatos e joga na rua, se outro sujeito passar e pegar não cometerá furto, bem como o sapato não será mais coisa abandonada e passa a possuir um dono.
OBS: coisa perdida. Ex: um sujeito perde sua carteira na rua, ao se dar conta retorna ao local 10 minutos depois para procurá-la. Ocorre que, um agente a encontra primeiro e não devolve. O agente que encontrou a coisa perdida (possui dono) e não efetua a devolução NÃO pratica o crime de furto, pela falta da elementar subtração. No caso em tela, o agente que não efetua a devolução de coisa perdida incorre no artigo 169, parágrafo único, inciso II, do CP (apropriação de coisa achada).
Portanto, as coisas perdidas têm dono, mas quem as encontra e não as devolve não incorre em crime de furto por não ter realizado o ato de subtração. O crime é o de apropriação de coisa achada.
Pergunta: O desvio de água encanada configura crime de furto, observando a previsão do artigo 99, inciso I, do CC que dispõe que são bens públicos os de uso comum do povo como mares e rios? O dispositivo do Código Civil prevê que mares e rios são de uso comum do povo, no entanto, a partir do momento em que água é capitada do reservatório, passa a pertencer a concessionária que presta serviço público. Nesse caso, ocorre o crime de furto.
Dessa forma, é possível o furto de água encanada, na medida que esta tem dono que é a empresa concessionária responsável pela capitação, tratamento e distribuição.
OBS: Nos casos de ligação clandestina de energia ou água, em que não ocorre a marcação no relógio de luz ou de água, o crime é o de furto. No entanto, quando o consumo é regularmente computado, mas o responsável pelo pagamento emprega fraude no relógio marcador para pagar conta mais barata, o crime é o de estelionato.
Ex: se o sujeito consumiu a água e a energia elétrica corretamente, mas altera a medição do relógio para pagar valor menor incorre em crime de estelionato (artigo 171 do CP: obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento).
OBS: quanto à subtração de cadáver ou de parte dele, configura em regra o crime do artigo 211 do CP, chamado subtração de cadáver ou parte dele. Quando o cadáver tem dono (ex: museu ou universidade) o crime é o de furto, pois se trata de coisa alheia. Por sua vez, a subtração de órgão ou tecido para fins de transplante configura crime do artigo 14 da lei 9.434/97 (lei dos transplantes).
Ex¹: se o agente subtrair um cadáver (ou parte dele) do cemitério, comete crime contra o respeito aos mortos, previsto no artigo 211 do CP. Ex²: se o agente subtrair parte de um cadáver do acervo da Faculdade de Medicina ou até mesmo órgãos que são utilizados para estudo, incorre no crime de furto. Ex³: o médico que remove tecidos, órgãos ou partes do corpo de um cadáver, logo após sua morte, sem ter o seu consentimento em vida ou o consentimento de sua família, caracteriza-se o crime previsto no artigo 14 da lei dos transplantes.
Pergunta: os objetos que estão enterrados com o cadáver (ex: sapato, terno aliança) caracteriza o crime de furto? A corrente minoritária entende que se trata de crime de furto, pois compõe o patrimônio familiar (patrimônio dos sucessores do falecido). Já a corrente majoritária entende que os objetos enterrados com o cadáver são equiparados as coisas abandonadas, devido ao desinteresse da família em retomar a posse desses objetos. Por isso, o objeto não constitui coisa alheia, o que afasta o crime de furto. No entanto, não estamos diante de um fato atípico, para a corrente majoritária a conduta configura o crime de violação de sepultura (artigo 210 do CP).
OBS: subtração de coisa própria. Ex: por convenção das partes o sujeito A aluga seu carro ao sujeito B por 10 dias. Após 05 dias, o sujeito A pega a chave reserva do carro e subtrai o veículo de B para retomar a sua posse. O caso em questão, não configura crime de furto por se tratar de coisa própria, mas configura o crime previsto no artigo 346 do CP que tipifica o ato de tirar coisa própria que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção.
Dessa forma, quem subtrai coisa própria que se encontra em poder de terceiro em razão de contrato ou decisão judicial, comete o crime do artigo 346 do CP que é uma modalidade especial do crime de exercício arbitrário das próprias razões.
O credor quando subtrai bem do devedor pra se auto-ressarcir de dívida vencida e não paga comete exercício arbitrário das próprias razões em sua forma genérica do artigo 345 do CP. Não tipifica o furto pela ausência de intenção de locupletamento ilícito.
d. Ânimo de Assenhoramento Definitivo, para si ou para outrem: Trata-se de elemento subjetivo do tipo que também é chamado de animus rem sibe habendi.
Observa-se que, deve estar presente o ânimo definitivo, pois se o agente pega coisa alheia móvel, ainda que sempermissão, mas devolve depois, falta uma das elementares para caracterizar o crime de furto e o fato é tido como atípico (furto de uso). 
- O furto de uso exige 02 requisitos para ser caracterizado:
i. Requisito Subjetivo: intenção de uso momentâneo da coisa alheia. Só se reconhece a atipicidade da conduta quando o uso dura algumas horas ou no máximo poucos dias. 
Não é requisito do furto de uso a existência de uma situação de risco que precise ser afastada pelo uso da coisa alheia, porque em tais hipóteses não há crime em razão do estado de necessidade.
ii. Requisito Objetivo: efetiva e integral devolução do bem. Se o bem for abandonado em outro local após um breve uso haverá crime. Se o agente usa e devolve um veículo, mas antes retira uma peça ou acessório, responde pelo crime em relação a estes. Por fim, se o agente usa um veículo e o devolve algumas horas depois com muito menos combustível, responderá pelo crime em relação a estes.
Os crimes que possuem apenas elementos objetivos apresentam, de acordo com a doutrina, tipo normal. Ex: crime de homicídio. Os delitos que possuem também elemento normativo ou subjetivo apresentam tipo anormal. Ex: crime de furto. 
· Considerações sobre o Crime de Furto Simples:
- Objetividade Jurídica: o único bem jurídico tutelado no crime de furto é o patrimônio. Trata-se de crime simples.
- Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum (é aquele em que o tipo penal não exige nenhuma qualidade especial no sujeito ativo).
O furto admite COAUTORIA (duas pessoas furtam juntas) e PARTICIPAÇÃO (não está no local, mas de alguma forma participa do crime), mas nesses casos o crime é qualificado.
OBS: Se um sujeito por erro plenamente justificado pelas circunstâncias leva um bem embora pensando que esse objeto lhe pertence, não existe crime por falta de dolo, por ter havido o chamado erro de tipo. Ex: um sujeito em uma reunião de pessoas pega um celular acreditando ser o seu e leva embora.
- Sujeito Passivo: é o dono do bem, bem como o possuidor de tenha sofrido prejuízo econômico. Quem furta objeto anteriormente subtraído comete crime de furto, porque se trata de coisa alheia em relação a ele. A vítima nesse caso é o dono e não o autor da primeira subtração. Ex: um sujeito furta o celular do dono do bem; um segundo sujeito furta o mesmo celular já na posse do primeiro sujeito. Os dois atos são classificados como crime de furto, tendo apenas uma vítima que é o dono do celular.
- Consumação e Tentativa: 
O plenário do STF, bem como o STJ, entendem que o furto se consuma no momento em que o ladrão torna-se possuidor do bem, ainda que ele seja imediatamente perseguido e preso, sem tirar o bem da esfera de vigilância do dono e sem ter a posse tranquila do bem.
No STJ foi inclusive aprovada a Tese n. 934 em sede de recursos repetitivos: “consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível (dispensada) a posse mansa e pacífica ou desvigiada”. A tese é chamada de amocio que em português se denomina Teoria de Inversão da Posse (a posse passa do dono para quem a furtou).
O crime se considera Furto Tentado quando o agente inicia a execução do delito, mas é preso antes de se apoderar do bem ou imediatamente após dele se apossar ainda no local da subtração. 
Ex¹: o agente furta um produto de um supermercado, antes de sair do local, ainda no caixa, é abordado por um segurança que recupera ali o bem furtado (furto tentado). Ex²: o agente furta um produto de um supermercado, o segurança tenta impedir o crime ainda dentro do supermercado, mas o agente sai correndo, sendo pego depois de percorridas algumas quadras de distância do supermercado (furto consumado).
OBS: se o ladrão fugiu do local, foi perseguido e preso, o furto está consumado. Da mesma forma, se ele não foi perseguido, mas alguns minutos depois foi encontrado pela polícia em poder do bem subtraído, será possível a prisão em flagrante, mas o furto estará consumado. No último caso, temos o flagrante ficto previsto no artigo 301, inciso IV do CPP. Nota-se, portanto, que o fato de ter havido prisão em flagrante não significa que o furto esteja tentado.
Artigo 301, inciso IV do CPP: considera-se em flagrante delito quem é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração. 
O STF e o STJ consideram que não existe alarme ou outro sistema de segurança que torne absolutamente impossível a consumação do furto. Assim, quando no caso concreto a consumação é evitada, por algum sistema de segurança ou de vigilância eletrônica, o furto se considera tentado, não se tratando, portanto, de crime impossível. Nesse sentido, existe a Tese 924 do STJ em sede de recursos repetitivos.
Tese 924 do STJ: A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica NÃO torna impossível, por si só, o crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial.
- Furto Famélico: é a subtração de pequena quantidade de alimento para saciar a própria fome ou dos familiares por parte de quem não tem outro meio para obtê-los. Não constitui crime em razão da excludente do estado de necessidade.
b) Furto Noturno:
Artigo 155, § 1º, do CP: A pena será aumentada de 1/3, se o crime é praticado durante repouso noturno.
Natureza Jurídica: Causa de Aumento de Pena (majorante).
O período de repouso noturno pode variar de uma região para a outra, além desse período ser limitado ao horário de repouso. Por ser vedada a analogia em malam partem, não se aplica o instituto quando o crime ocorre durante o repouso diurno ou vespertino.
A causa de aumento de pena se aplica quer o furto ocorra dentro de uma residência, quer em suas dependências externas, como garagem, jardim, quintal, etc.
O STJ pacificou o entendimento no sentido de que se aplica o aumento, ainda que o furto ocorra em casa que não há nenhum morador no momento do crime ou no interior de estabelecimento fechado. Por outro lado, não se aplica a majorante quando o furto ocorre em estabelecimento comercial aberto (ex: farmácia 24 horas, bar aberto de madrugada), ou em uma residência onde esteja ocorrendo uma festa de madrugada, ou, ainda, quando o fato ocorre na rua.
· Quanto à aplicação do Furto Qualificado cumulado com a majorante do Furto Noturno:
O entendimento doutrinário, bem como majoritário na jurisprudência, é o de que o furto noturno não se aplica quando o delito for qualificado, quer em razão da posição dos parágrafos, quer pelo aumento desproporcional que geraria no crime qualificado em relação ao que ocorre no delito simples.
Existem, porém, julgados recentes do STJ admitindo a majorante do furto noturno no furto qualificado, com o simples argumento de que os Tribunais Superiores também passaram a admitir o privilégio (furto privilegiado) no furto qualificado.
c) Furto Privilegiado:
Artigo 155, § 2º, do CP: Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1 a 2/3, ou aplicar somente multa.
Nas hipóteses de Furto Privilegiado a pena do réu é abrandada/reduzida, mas ele é condenado. O texto legal exige apenas 02 requisitos: 
a. Réu Primário: sempre que o juiz entender que o réu não é reincidente, significa que ele é primário, e que fará jus ao privilégio sempre que presente também o requisito do pequeno valor da coisa furtada (reincidente é aquele que pratica novo crime nos 05 anos posteriores ao término da pena do delito anterior).
Quando o réu é primário, mas tem antecedentes criminais ele pode obter o privilégio, pois a lei não exige bons antecedentes e, portanto, o intérprete não pode exigir requisito que não conste na lei. 
b. Coisa de Pequeno Valor: considera-se de pequeno valor aquele que não supera o valor de 01 salário mínimo auferido na data do crime. Trata-se de um critério objetivo, porque aplicável a todos os casos de furto. 
O valor do bem é obtido mediante avaliação pericial cujo auto de avaliação deve seranexado ao processo. O que se leva em conta é o valor do bem e não o prejuízo da vítima. Se for um bem de grande valor que venha a ser logo recuperado pelo dono não será possível aplicar o privilégio.
Ex: o agente furta um carro avaliado em R$ 28.000,00, o crime se consuma, mas minutos depois ele é encontrado com o bem. No caso, o agente não terá direito ao privilégio (mesmo se não causou dano algum ao objeto), pois o que é levado em conta é o valor do bem, e o veículo supera o valor de 01 salário mínimo.
OBS: Presentes os requisitos legais, o réu tem direito subjetivo à redução da pena. O texto legal, entretanto, confere 03 opções ao juiz para a diminuição da pena: 1) O juiz pode substituir a pena de reclusão por detenção. 2) O juiz pode diminuir a pena de 1 (um) a 2/3 (dois terços). 3) O juiz pode aplicar apenas a pena de multa.
Durante muito tempo entendeu-se que o privilégio era inaplicável ao furto qualificado, quer pela posição dos parágrafos, quer pela possibilidade de aplicação de multa exclusiva que decorre do privilégio. A partir do ano de 2009, o STF passou a admitir pacificamente a aplicação do privilégio ao crime qualificado, com o argumento de que não há vedação expressa. Depois disso o STJ modificou o seu entendimento e também passou a permitir a incidência tendo inclusive aprovado a Súmula 511, que permite a coexistência dos institutos, salvo se a qualificadora for de caráter subjetivo (apenas a qualificadora do abuso de confiança é subjetiva).
Súmula 511 do STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem OBJETIVA.
De acordo com a Súmula acima, o privilégio é cabível em todas as qualificadoras de caráter objetivo, mas é inviável para a qualificadora do abuso de confiança (única de caráter subjetivo). 
· FURTO DE BAGATELA: é a denominação que se dá às hipóteses em que se aplica o princípio da insignificância no crime de furto.
Não se confunde o furto privilegiado em que o réu é condenado com uma pena menor, com o furto de bagatela em que o fato é considerado atípico em razão do princípio da insignificância.
O princípio da insignificância não é regulamentado em lei, e devido a sua aplicação prática o STF resolveu fazê-lo, exigindo a coexistência de 04 vetores (requisitos):
a. Mínima ofensividade da conduta.
b. Nenhuma periculosidade social da ação.
c. Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento.
d. Ínfima lesão jurídica provocada.
É possível verificar na jurisprudência dos Tribunais Superiores, que o furto de bagatela tem sido admitido quando o valor é de até 20% (vinte por cento) do salário mínimo.
Se o valor do bem estiver dentro da mencionada faixa, o princípio da insignificância só não será aplicado se o juiz entender que a gravidade diferenciada do caso concreto torna necessária a imposição da pena, porque em tais hipóteses estarão ausentes os 03 primeiros vetores. É o que ocorre de acordo com os Tribunais Superiores quando se trata de furto contra pessoa idosa, mediante clonagem de cartão, mediante violação de domicílio, ou ainda quando se trata de furto qualificado.
 (
ericulosidade Social
eprovabilidade do Ato 
fe
nsividade da Conduta 
esão ao Bem Jurídico 
) (
 Ausência
 Reduzida
 Mínima ou baixa
 Ínfima lesão
) (
P
R
O
L
)
OBS: embora se trate de assunto polêmico, o STF e o STJ têm entendido que o fato de o réu ser reincidente impede a aplicação do princípio da insignificância no furto.
d) Furto de Energia:
Artigo 155, § 3º, do CP: Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Ex: energia nuclear, energia térmica, subtração dos sêmens dos reprodutores (furto de energia genética), etc.
OBS: não constitui furto de energia a subtração de sinal de TV a cabo, consoante já decidido pelo STF.
e) Furto Qualificado:
Artigo 155, § 4º, do CP: A pena é de reclusão de 02 a 08 anos, e multa, se o crime é cometido:
OBS: TODAS as figuras qualificadas desse parágrafo são compatíveis com o instituto da tentativa (artigo 14, inciso II, do CP). Quando o furto qualificado é tentado a pena mínima é de 08 meses (02 anos - 2/3), o que tornará possível a suspensão condicional do processo, que é inviável na figura qualificada consumada.
i. Com destruição (dano total) ou rompimento (dano parcial) de obstáculo.
Se o crime for praticado mediante rompimento ou destruição de obstáculo à subtração da coisa. O artigo 171 do CPP exige perícia no obstáculo para constatar os danos nele deixados. Se a perícia ficar inviabilizada, e isso não decorrer de culpa das autoridades responsáveis pela persecução, a prova testemunhal poderá suprir a falta (artigo 167 do CPP).
Como o texto legal não faz distinção a qualificadora se aplica tanto para casos de obstáculos passivos (ex: cadeado, corrente, porta, janela, cofre), como ativos (ex: alarmes, cercas elétricas).
É sempre necessário, todavia, que o obstáculo seja danificado e é por essa razão que o crime de dano fica absorvido. Quando o agente remove o obstáculo sem danificá-lo, não incide a qualificadora.
A qualificadora em estudo só se aplica quando o obstáculo danificado não é parte integrante do bem furtado. Ex¹: se o ladrão arromba um portão para furtar um carro incorre no furto qualificado. Ex²: o agente que quebra o vidro de um carro para furtar o carro incorre no furto simples. Ex³: o agente que quebra o vidro de um carro para furtar o som ou um carrinho de bebê incorre no furto qualificado.
OBS: quando o agente quebra o vidro de um carro para furtar objetos de seu interior aplica-se a qualificadora, mas se o valor do bem não exceder 01 salário mínimo e o réu for primário o delito será privilegiado.
ii. Com abuso de confiança, fraude, escalada ou destreza.
- Abuso de Confiança: essa qualificadora possui 02 requisitos:
a. Que a vítima deposite uma especial confiança no agente. É necessário então que o juiz conclua que a vítima depositava grande confiança em quem a furtou. Ex: por serem muito amigos, namorados, noivos, irmãos, primos, etc.
FAMULATO: furto praticado pelo empregado contra o patrão. No famulato, a qualificadora só incidirá se ficar demonstrada grande confiança do patrão naquele empregado (ou seja, nem todo furto praticado pelo empregado contra o patrão será famulato).
O artigo 181, inciso II, do CP prevê que o filho que furta os pais é isento de pena. Tal isenção, todavia, deixa de existir se os pais já têm 60 anos na data da subtração (artigo 183, inciso III, do CP). Neste último caso, poderá ser aplicada a qualificadora.
b. Que o agente tenha se aproveitado de alguma facilidade decorrente da relação de confiança para praticar o furto, pois é justamente nisso que consiste o abuso de confiança.
- Furto mediante Fraude: fraude é qualquer artimanha empregada pelo agente para viabilizar uma subtração. Ex: fraude para distrair a vítima ou afastá-la de seus pertences, fraude para que o ladrão consiga ter acesso ao local do furto, construção de um site falso da internet para obter o número do cartão e da senha da vítima e com estes fazer transferências não autorizadas, etc.
	FURTO MEDIANTE FRAUDE
	ESTELIONATO
	Ocorre a subtração do bem.
	Os bens ou valores são entregues pela própria vítima ao estelionatário.
Ex: se alguém efetua uma compra em um site fraudulento e efetua o pagamento de um boleto, mas não recebe a mercadoria o crime é o de estelionato. No Exemplo acima, em que o hacker faz transferências não autorizadas, o crime é o de furto, pois o dinheiro é retirado da conta da vítima sem a autorização dela.
Se alguém com um cartão clonado saca dinheiro em um caixa eletrônico, o crime é o de furto, mas se com um cartão clonado ou um cheque falsificado o sujeito consegue fazer compras em uma loja, o crime é o de estelionato, porque ele recebe as mercadorias das mãos do vendedor.
Não se pode esquecer que também existe ato de subtração nas hipóteses em que a vítima entrega a posse vigiada a um agente e ele leva o bem embora.Em razão disso, o STJ fixou entendimento de que o crime é o de furto mediante fraude (ex: falsos manobristas que recebem a chave para estacionar o veículo, mas desaparecem com ele).
- Escalada: é ter acesso ao local do furto por uma via anormal (não precisa ser necessariamente subindo). São exemplos o ato de pular muro ou portão, ingressar pelo telhado, ou até mesmo de escavar um túnel.
O artigo 171 do CPP exige perícia no local para constatar como ocorreu a escalada (instrumentos utilizados). É pacifico o entendimento de que a presente qualificadora só se aplica quando o ladrão precisou fazer um esforço considerado ou que precisou fazer uso de escada, cordas, etc. Em suma, se o ladrão tiver pulado um muro baixo, que não exige esforço, não incide essa qualificadora.
- Destreza: é a habilidade do agente que lhe permite subtrair objetos que a vítima traz consigo, sem que ela perceba, é, portanto, o crime praticado pelo batedor de carteira, também chamado de PUNGUISTA.
Se a vítima não percebe a subtração, porque está dormindo ou embriagada NÃO existe a qualificadora.
Se a própria vítima percebe a conduta devido à falta de habilidade do agente, NÃO se aplica a qualificadora, mas se a vítima não percebe a subtração e o ladrão é preso pela intervenção de outra pessoa que viu a ação, aplica-se a qualificadora.
iii. Com emprego de chave falsa.
O conceito de chave falsa abrange:
a. A cópia feita clandestinamente.
b. Qualquer instrumento capaz de abrir uma fechadura quer tenha sido feito para outra finalidade específica (ex: chave de fenda, grampo de cabelo, clipe para papel), quer tenha sido confeccionado para servir mesmo como chave falsa (ex: MIXAS).
OBS: quem emprega fraude para obter a chave verdadeira e com ela praticar um furto, pratica furto mediante fraude.
iv. Mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
O artigo 29 do CP estabelece que quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Como o texto legal se refere genericamente a concurso de pessoas, sem fazer distinção, a qualificadora se aplica tanto em casos de coautoria como de participação. É possível a incidência da qualificadora ainda que uma só pessoa tenha estado no local do furto realizando a subtração, desde que tenha contado com a prévia colaboração de um partícipe. EX: um agente trabalha na instalação de internet, ele deixa uma janela aberta em uma residência para que posteriormente outro agente entre no imóvel e furte alguns objetos de valor.
É possível que o juiz condene uma só pessoa e aplique a qualificadora, desde que exista prova do envolvimento de outra que por alguma razão não pode ser punida. Ex: por ser menor de idade, por não ter sido identificada, etc.
Está pacificado no STF e no STJ o entendimento de que é possível a punição por delito de associação criminosa em concurso material com o furto qualificado pelo concurso de agentes. Argumenta-se que não há bis in idem, porque na associação o que se pune é a periculosidade para o corpo social, que decorre da existência de um grupo que visa a reiteração criminosa. Enquanto a qualificadora do furto está relacionada a maior lesividade da conduta para a vítima do caso concreto.
f) Furto de Veículo Automotor para Transportar para outro Estado ou País:
 (
Furto de VEÍCULO AUTOMOTOR + TRANSPORTE para outro ESTADO OU PAÍS
)Artigo 155, § 5º, do CP: A pena é de reclusão de 03 a 08 anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o Exterior.
A redação deste dispositivo só permite o surgimento da qualificadora quando o agente consegue transpor a divisa ou a fronteira na posse do veículo.
Se o ladrão já furtou o veículo há algumas horas e está conduzindo o automóvel para outro Estado quando vem a ser parado em uma blitz com a consequente apreensão do veículo, temos furto consumado sem essa qualificadora do § 5º.
g) Furto de Gado (para a doutrina abigeado). No entanto, a qualificadora trata de todo semovente domesticável de produção. EX: aves, frangos, porco, etc.
Artigo 155, § 6º, do CP: a pena é de reclusão de 02 a 05 anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
A qualificadora não alcança o furto de partes do animal já industrializadas, mas sim o furto de partes do animal abatido no contexto da subtração. EX: o agente vai até a fazenda que produz frango, mata o animal no local e leva apenas a parte nobre da carne.
OBS: caso o “furto de gado” ocorra em concurso de pessoas, aplica-se qual qualificadora? A doutrina entende que a qualificadora do furto de semovente de produção é especial, pois trata de coisa específica, como é o veículo automotor e também o explosivo. Se fosse subsidiária, a qualificadora só incidiria nos casos em que afastada a qualificadora do concurso de pessoas.
	CONCURSO DE PESSOAS
	FURTO DE SEMOVENTE DE PRODUÇÃO
	Pena de 2 a 8 anos.
	Pena de 2 a 5 anos.
Por ser qualificadora especial será aplicada, mas visualiza-se que a pena será menor.
h) Furto de Explosivos:
Artigo 155, § 7º, do CP: a pena é de reclusão de 04 a 10 anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
Assim como na interpretação do artigo 34 da Lei de Drogas, o CP trata de acessórios específicos para a fabricação de explosivos ou de contexto que permita concluir que os acessórios seriam empregados para tal finalidade.
MULTIPLICIDADE DE QUALIFICADORAS: o STJ decidiu que na multiplicidade de qualificadoras do furto, uma irá qualificar e as demais devem ser usadas como circunstâncias judiciais, desde que não previstas como agravantes.
i) Furto de Coisa Comum:
O artigo 156 do CP, por sua vez, prevê o crime de furto de coisa comum. Quando uma coisa móvel pertence a 02 (duas) ou mais pessoas, nas hipóteses de condomínio, coerança ou sociedade, aquele que subtrai o bem todo que só lhe pertence em parte comete o crime do referido dispositivo, chamado furto de coisa comum, desde que sua conduta provoque prejuízo aos demais. A coisa comum, portanto, consiste no objeto móvel que possui 02 ou mais donos.
Ex¹: 03 sujeitos adquirem um cavalo (coisa comum), dividindo por igual o seu valor. Um dos sujeitos furta o cavalo dos demais. No caso, não há como o sujeito ser processado para devolver 2/3 do cavalo, será processado então por furto de coisa comum. Ex²: um pai falece deixando 100.000 mil sacas de café (da mesma qualidade) para 02 herdeiros. Um deles vende 50.000 mil sacas de café. Nesse caso, não incorrerá o herdeiro no crime de furto de coisa comum, pois não provocou prejuízo a outrem.
OBS: o artigo 156, § 1º, do CP determina que o furto de coisa comum seja processado em Ação Penal Pública Condicionada a Representação.
 (
12
)

Continue navegando