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1 GASTRITE GASTROENTEROLOGIA P1 RUTE PAULINO XXII GASTRITE A gastrite é uma inflamação do revestimento da mucosa do estômago. Pode ser aguda ou crônica, Gastrite nervosa não existe, pois o sistema nervoso não tem relação com a inflamação da mucosa gástrica. I. MUCOSA GÁSTRICA Camadas: 1) Células mucosas (epitélio cilíndrico simples) 2) Glândulas tubulosas ramificadas e não ramificadas 3) Lâmina própria 4) Muscular da mucosa Tipos: • Antral: secreção de muco; células G produtoras de gastrina • Oxintica (corpo e fundo): secreção de ácido e pepsinogênio • Cárdica: glândulas mucosas com aspecto = antral Classificada como: Pangastrite, gastrite antral ou gastrite de corpo. • Exantematosa (vermelhidão leve) GASTRITES AGUDAS GASTRITE AGUDA HEMORRÁGICA: Sinônimos: úlcera de estresse, gastrite erosiva aguda e lesão aguda da mucosa gastroduodenal (LAMGD). • Lesão final→ erosões superficiais da mucosa, caracterizadas por múltiplas lesões hemorrágicas, puntiformes, associadas com alteração da superfície epitelial e edema. • Principal Complicação: Hemorragia digestiva alta. 2 GASTRITE GASTROENTEROLOGIA P1 RUTE PAULINO XXII Fatores Defensivos: 1) Barreira mucosa: propriedade do estomago de impedir difusão de H+ do lúmen para a mucosa e do Na+ do espaço intersticial para cavidade gástrica. 2) Secreção de muco e bicarbonato: proteção da mucosa gástrica contra traumas mecânicos por alimentos e agentes irritantes; manutenção de pH neutro na superfície epitelial (apesar da secreção acida). 3) Renovação epitelial: células se renovam a cada 3 dias (descamação fisiológica). 4) Fluxo sanguíneo da mucosa: protege a mucosa através do fornecimento de O2 e nutrientes, além de promover tampão junto com bicarbonato secretado pelas células gástricas para neutralizar ácido. Principal fator na gênese da LAMGD → isquemia mucosa 5) Síntese de prostaglandinas (PG): atuam como moduladores locais da função celular, influenciando motilidade gástrica e fluxo sanguíneo da mucosa gástrica, inibindo secreção acida e estimulando secreção de muco-bicarbonato. AINH inibem síntese de PG → lesão gástrica Fatores Etiológicos (agressivos) 1) Drogas - AINH, AAS, corticoides. 2) Álcool. 3) Estresse fisiológico: politrauma, queimadura, septicemia, pacientes em UTI. Todos esses fatores induzem a produção de ácido clorídrico + pepsina. Sintomas: dor epigástrica, náuseas, vômitos, plenitude pós-prandial. Etiopatogenia→ alterações nos processos de defesa da mucosa. Diagnóstico: Endoscopia digestiva alta. Porque os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) causam gastrite: Eles inibem tanto as prostaglandinas fisiológicas (que geram proteção às mucosas), como as patológicas. Mesmo os AINES seletivos não são 100% seguros. Fosfolipase A2 Fosfolipídios Ácido araquidônico Lipooxigenase Ciclooxigenase Leucotrienos Tromboxano Prostaglandinas Prostaglandina fisiológica (COX1 constitutiva) Prostaglandina patológica (COX2 indutiva) AIES AINES Broncoconstrição a nível pulmonar 3 GASTRITE GASTROENTEROLOGIA P1 RUTE PAULINO XXII Tratamento: ✓ Suspender o uso do medicamento causador ✓ Misoprostol (prostaglandina sintética – não há mais no mercado (cytotec) ✓ Antiácidos ✓ Bloqueadores H2: cimetidina, ranitidina, famotidina, nizatidina. ✓ Inibidores bomba prótons: omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol, esomeprazol. GASTRITE AGUDA POR HELICOBACTER PYLORI • Geralmente assintomática • EDA → enantema pequena intensidade até erosões ou úlceras, ou mesmo lesões pseudotumorais; geralmente acomete região antral. • 95% das gastrites crônicas. • Geralmente assintomática. Diagnostico: EDA + Pesquisa H. pylori. Tratamento: Erradicação do H. pylori → esquema tríplice. Etiologia: − 2a infecção mais prevalente no mundo: − Gram negativo. − Espiralado, Flagelado. − 0,5μm largura x 2-6,5μm comprimento. − Atividade produtora urease potente. − Habitat: interior e sob a camada de muco gástrico. Habitat: Interior e sob a camada de muco gástrico (não adentra a célula). Outros locais: placa dental e epitélios gástricos ectópicos (esôfago, metaplasia gástrica duodenal, divertículo de Meckel e reto). Epidemiologia: − Transmissão oral-fecal − Condição sanitária precária − Agrupamento e contato íntimo 92% 5% 1% 2% Úlcera Duodenal H. pylori AINES Gastrinoma Zollinger Ellison) Outros 70% 25% 3% 2% Úlcera Gástrica H. pylori AINES Gastrinoma Zollinger Ellison) Outros 4 GASTRITE GASTROENTEROLOGIA P1 RUTE PAULINO XXII Fisiopatologia: A bactéria fica abaixo da camada de muco e bicarbonato, protegida do ácido do estômago. Ali, ela induz a ação de leucócitos, gerando uma inflamação, que, muitas vezes, é assintomática, mas ativa. Importância da proteína CagA Cepas H. pylori CagA+ e CagA-. CagA + é associada a maior atividade inflamatória e doença gastroduodenal (ex: gastrite, úlceras gástricas e duodenal). CagA + é o principal determinante de recidiva da úlcera duodenal. A infecção pelo H. pylori resulta em Gastrite Aguda e a persistência da infecção, resulta em Gastrite Crônica Ativa GASTRITE CRÔNICA POR HELICOBACTER PYLORI A GASTRITE NÃO VIRA ÚLCERA E A ÚLCERA NÃO VIRA CANCER. Cada um desses processos é independente entre si. Entretanto, a presença do H. pylori é um fator de risco para o desenvolvimento de úlcera e adenocarcinoma gástrico. Motilidade Microaerofilismo Secreção muco Pepsinogênio Fosfolipase Citotoxina Vacuolizante (Vac) Proteína CagA Escape imune Imunossupressão Formas cocoides FATORES DE COLONIZAÇÃO FATORES PATOGÊNICOS FATORES DE PERSISTÊNCIA ADESINAS UREASE LPS 5 GASTRITE GASTROENTEROLOGIA P1 RUTE PAULINO XXII Padrões de Gastrite pelo H. pylori Diagnóstico do H. pylori Testes Não-Invasivos o Teste respiratório ureia-C 13/14 Antígeno fecal H. pylori (Hpsa) o Sorologia (lgG, lgA) o PCR saliva e fezes Testes Endoscópicos o Teste Rápido Urease o Microscopia Direta o Histologia o Cultura Erradicação do H. pylori ▪ Quando? ▪ Como? TIPO DE GASTRITE PATOLOGIA GÁSTRICA PRODUÇÃO DE ÁCIDO PATOLOGIA DUODENAL ÚLCERA PÉPTICA Inflamação crônica Atividade PMN Elevada Metaplasia gástrica Inflamação crônica ativa Úlcera duodenal Inflamação crônica Atividade PMN Atrofia Gástrica Metaplasia intestinal Reduzida Normal Úlcera Gástrica Infecção H. pylori Gastrite antral Hipergastrinemia Hipersecreção ácida Úlcera duodenal Assintomática Gastrite Corpo Hiposecreção ácida Inflamação e atrofia da mucosa úlcera gástrica e câncer (IL-1) Indicações para Erradicação do H. pylori Consenso de Maastricht/ Florença 2010 − Doença ulcerosa péptica (ativa ou inativa) − Úlcera péptica complicada (sangrante) − Linfoma gástrico tipo MALT de baixo grau − Gastrite atrófica − Após ressecção de câncer gástrico − Parentes (1o grau) de pacientes com câncer gástrico 6 GASTRITE GASTROENTEROLOGIA P1 RUTE PAULINO XXII ▪ Retratamento? ▪ Controle de Erradicação? ESQUEMA DE ERRADICAÇÃO IBP Amoxicilina Claritromicina Dose padrão 1000 mg 500 mg IBP Metronidazol Claritromicina Dose padrão 400 mg 250 mg IBP Amoxicilina Metronidazol Dose padrão 1000 mg 400 mg Estratégias adicionais − Dose dobrada do IBP. − Extensão do tratamento para 10-14 dias. − Esquemas contendo levofloxacina ou associação com bismuto (esquema quadruplo) como segunda linha. − Avaliar resistência após 2ª falha terapêutica. Confirmação da Erradicação − Teste respiratório − Antígeno fecal − Endoscopia e biópsia (corpo e antro) + cultura − Após 4 semanas do fim do tratamento GASTRITES CRÔNICAS GASTRITE CRÔNICA AUTOIMUNE(GASTRITE ATRÓFICA): Acomete corpo e fundo gástricos (raramente antro). Atrofia seletiva, parcial ou completa das glândulas gástricas do fundo e corpo, ocorrendo substituição parcial ou completa das células superficiais normais por mucosa do tipo intestinal (metaplasia intestinal). Atrofia: hipo ou acloridria (↓ massa de células parietais). ↓ secreção fator intrínseco→ ↓ absorção vitamina B12 Anemia Perniciosa Componente autoimune: anticorpos anti-célula parietais e antifator intrínseco. Absorção de Vitamina B12: feita no íleo (vitamina B12 + fator intrínseco). Supercrescimento bacteriano: ↑ bactérias no intestino delgado em consequência da hipocloridria. Hipergastrinemia: antro normal, com estímulo normal as células G. Redução da absorção de ferro: anemia ferropriva. Sintomas: − Assintomática do ponto de vista TGI. − Sintomas hematológicos ou neurológicos (déficit de Vitamina B12). Diagnostico: − Histopatológico 2x ao dia por 1 semana 2x ao dia por 1 semana 2x ao dia ou 3x ao dia por 1 semana 7 GASTRITE GASTROENTEROLOGIA P1 RUTE PAULINO XXII − Eda: mucosa lisa, brilhante, delgada, visualização dos vasos submucosa. − Anticorpos: presentes 90% anemia perniciosa. Investigação: Tratamento: − Reposição de Vitamina B12: 200μg/ mês (indefinidamente). − Reposição de ferro. − Corrige alterações hematológicas sem alterar histologia gástrica. − Complicação mais temida: câncer gástrico. GASTRITE CRÔNICA DE REFLUXO ENTEROGÁSTRICO Associadas ao refluxo biliar: refluxo entero-gástrico. Comum após ressecções gástricas BI, BII. Sintomas: epigastralgia, vômitos biliosos, emagrecimento, anemia. não aliviam com antiácidos/antissecretórias. Diagnóstico: EDA Sintomas e exclusão de outras patologias. Tratamento: redução da exposição da mucosa gástrica aos agentes agressivos presentes no material refluído, por inativação ou impedimento de sua entrada no estômago. Resinas de trocas iônicas: colestiramina (quelante sais biliares). Ácido ursodesoxicólico: torna bile menos tóxica para mucosa ao alterar proporção de ácidos cólico, desoxicólico e litocólico. Pro-cinéticos. Cirurgia: sintomatologia intensa e debilitante (emagrecimento e anemia).
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