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SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS São substâncias que provocam alterações nas sensações, na consciência e no estado emocional, que variam de acordo com as características da pessoa que usa, com a droga escolhida, com a quantidade, frequência, expectativas e contexto de uso. CLASSIFICAÇÃO Existem as substâncias legais, como bebidas alcoólicas, cigarros e remédios, e ilegais, como a cocaína, maconha, ecstasy e heroína. Além disso, podem ser chamadas de lícitas ou ilícitas, e podem ser, também, perturbadoras, alucinógenas, estimulantes e depressoras. DROGAS LÍCITAS São aquelas cuja produção e uso são permitidos por lei, sendo liberadas para consumo (às vezes, apenas por maiores de idade), como bebidas alcoólicas, benzodiazepínicos, anorexígenos, anabolizantes e cigarro. DROGAS ILÍCITAS Corresponde a toda e qualquer substância química proibida por lei. Algumas drogas, no entanto, são ilícitas em determinados países e em outros são permitidas e de uso corriqueiro – além de aceito culturalmente. ABUSO DE SUBSTÂNCIA E DEPENDÊNCIA QUÍMICA É considerado abuso de substância um padrão de uso inadequado, com prejuízo clinicamente significativo, no período de um ano, e que não atendam os critérios para dependência química. • Uso recorrente, resultando em fracasso no cumprimento de importantes obrigações no trabalho, escolha, lar, etc. • Uso recorrente em situações fisicamente perigosas, como dirigir, operar máquinas, etc. • Problemas legais recorrentes relacionados com o uso de drogas, como prisões. • Uso contínuo de substância apesar dos problemas sociais ou interpessoais causados, como brigas e discussões. A dependência química (segundo o DSM-IV-TR), por sua vez, é um padrão mal adaptativo de uso de substância, levando a prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado por três (ou mais) dos seguintes critérios, ocorrendo a qualquer momento no mesmo período de 12 meses. Os critérios para dependência química são: 1. Tolerância: necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância para adquirir a intoxicação ou efeito desejado, ou acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma quantidade de substância. 2. Abstinência com os sintomas: ansiedade, irritabilidade, insônia ou tremor, delírios, alucinações, taquicardia, taquipneia, vômitos, diarreia, etc. A mesma substância (ou relacionada) é consumida para aliviar ou evitar sintomas de abstinência. 3. A substância é frequentemente consumida em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido. 4. Desejo de reduzir ou esforços mal sucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso da substância. 5. Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da substância, como consultas em múltiplos médicos ou fazer longas viagens de automóvel, na utilização da substância, como fumar em grupo, ou na recuperação de seus efeitos. 6. Importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da substância. 7. O uso da substância continua apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pela substância, como o uso de cocaína (embora o indivíduo reconheça que sua depressão é induzida por ela) ou consumo de bebidas alcoólicas. SÍNDROME DE DEPENDÊNCIA São três ou mais critérios, ocorrendo juntos e repetidamente por um ano, com a presença de prejuízos Obs.: frequência de uso de drogas – classificação: • Uso de determinada substância alguma vez na vida, mesmo que como experiência/curiosidade; • Uso no ano ou ao menos 1 vez nos últimos 12 meses; • Uso no mês ou ao menos 1 vez nos últimos 30 dias; • Uso frequente – seis ou mais vezes no último mês; • Uso pesado – 20-30 ou mais vezes no último mês. físicos, psíquicos e sociais causados pelo uso. Ela está relacionada à substância psicoativa, à categoria da substância e ao conjunto de substâncias farmacologicamente diferentes. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA (CID-10) 1. Forte desejo de usar a droga; 2. Dificuldade no controle de seu consumo; 3. Uso persistente, apesar das consequências negativas; 4. Prioridade para o consumo ao invés de outras atividades ou obrigações; 5. Aumento da tolerância; 6. Estado de abstinência. FATORES PROTETORES A dinâmica familiar estruturada, em que há comunicação e interação entre os membros, regras claras de conduta e estabelecimento de limites; o repertório social ampliado com atividades de lazer, esporte e socialização; e cidadania e condições básicas de desenvolvimento como respeito às leis e normas, educação, trabalho, etc, são fatores protetores contra a utilização de drogas lícitas ou ilícitas. FATORES PREDISPONENTES SOCIOCULTURAIS Modelagem, imitação, identificação, encorajamento, curiosidade, ambiente favorável, pressão para socialização, hábito familiar, perda materna/paterna/familiar, supervisão parental fraca. PSICOLÓGICOS Problemas de comportamento precoces, distúrbios de conduta, baixa autoestima, baixa tolerância à frustração, comportamento antissocial, estilo depressivo, timidez, agressividade, impulsividade. BIOLÓGICOS Genética e história familiar positiva. PADRÕES DIFERENCIADOS DE USO Constitui-se como minoria as pessoas que não conseguem realizar o controle do uso de substâncias psicoativas, e existem as pessoas que usam drogas sem grandes problemas, fazendo uso apenas em situações de celebração e socialização. Existe um padrão de uso de drogas de cada pessoa (singularidade), como características biológicas, história de vida, vivência em meios sociais e culturais diferentes e, mesmo pessoas dependentes de uma mesma substância têm formas de usá-la e trajetórias diferentes. Assim, as circunstâncias da realidade sociocultural e o momento específico da vida de cada sujeito influenciam seu comportamento de uso. Esses padrões diferentes de uso devem ser considerados pelos profissionais na escolha das estratégias de assistência à saúde. Assim, o médico deve compreender a diversidade do ser humano como um ser sócio-histórico, singular em suas relações – ações iguais para pessoas diferentes podem resultar em fracassos. POLÍTICA DE GUERRA ÀS DROGAS Como críticas e reflexões, temos que o combate às drogas como uma pauta policial e a exigência de abstinência total como única forma de tratamento não é eficaz, pois devem ser adotadas modalidades diferentes de atenção a usuários de drogas, considerando a diversidade das pessoas – adotar estratégias de redução de danos. AVALIAR EM DEPENDENTES Consciência; atenção; memória; sensopercepção; pensamento; afetividade/emotividade; atividade; vontade/volição; sono. DROGAS LEGAIS ANALGÉSICOS, SEDATIVOS E HIPNÓTICOS Metadona, Oxicodona, Fentanil, Codeína. São opioides, como morfina e analgésicos narcóticos. Têm como efeitos alterações de personalidade (humor, energia), isolamento social, negligência na higiene e tarefas domésticas, “brancos”, hiperestimulação da sensibilidade com alucinações e pseudoalucinações e comportamento defensivo- agressivo. Relatados aumentos crescentes das doses. ANALGÉSICOS E SEDATIVOS Cetamina ou Ketamina/Ketalar. São geralmente utilizados em procedimentos ginecológicos. Induzem um estado de transe, sedação e amnésia, além de causar alterações de percepção, como alucinações, dissociação e distanciamento. “Droga do estupro”, o “Boa noite Cinderela”: Ripinol/Rohypnol (Flunitrazepam), mais potente que o Diazepam – comprimidos são triturados, cheirados, fumados com maconha, dissolvidos em etanol. OPIÁCEOS – podem ser lícitos e ilícitos Derivam do ópio e são extraídos da papoula, aliviam a dor e dão sonolência. Em altas doses podem causar grande depressão respiratória e cardíaca, levandoao estado de coma e morte. A suspensão repentina, no entanto, causa intensas dores físicas, diarreia e vômitos. A morfina e a heroína provocam um estado de semi sono ou sonho acordado. Causam apatia, contração das pupilas e diminuição dos movimentos do estômago e dos intestinos, além de anurese (para de urinar). TRANQUILIZANTES – BENZODIAZEPÍNICOS Rivotril (Clonazepam) e Vallium (Diazepam), Alprazolam, Lorazepam. São os famosos calmantes. Têm ação de inibição do SNC leve, causando relaxamento, sedação, de ação tranquilizante e anticonvulsivante. BARBITÚRICOS Esse tipo de medicamento está sendo substituído pelos ansiolíticos. São usados como soníferos ou medicamentos para combater a ansiedade e a tensão, e por isso dificultam a aprendizagem e a memorização. Estão, também, associados a fraturas de fêmur. São medicamentos que levam facilmente à dependência física e causam irritação e ansiedade intensas durante a abstinência e, se misturados com álcool ou sedativos podem levar ao coma. Na gravidez, podem causar sequelas ao feto. DROGAS ALUCINÓGENAS OU PSICODÉLICAS podem ser legais ou ilegais As drogas alucinógenas são aquelas relacionadas à produção de quadros de alucinação, geralmente de natureza visual. LSD – ÁCIDO LISÉRGICO (doce) Derivado do sintético do fungo Claviceps purpurea, do centeio, consiste em um dos alucinógenos mais potentes e com efeito muito rápido. É, atualmente, utilizado na psiquiatria e em pesquisas, pois “torna o inconsciente, consciente”. ZABUMBA – lírio, trombeteira, saia branca, estramônio, copo de leite A zabumba origina a atropina, a escopolamina, o Akineton. Tem ação anticolinérgica, eficaz para cólicas e espasmos e, além disso, é muito utilizada para problemas gástricos e para redução da intoxicação extrapiramidal (paciente fica parecendo um robô, às vezes até baba). Derivada da Brugmansia suaveolens, é um poderoso alucinógeno. É uma planta muito comum no Brasil, muito utilizada para fins terapêuticos (“antigos” como avós fazem chás, por exemplo). JUREMA A jurema é uma bebida feita por várias plantas com propriedades alucinógenas (espécies de leguminosas dos gêneros Mimosa, Acácia e Pithecelobium), muito utilizada por indígenas na pajelança (Toré = rituais indígenas). Tem ação psicoativa/alucinógena, anestésica, analgésica e simpaticolítica. AYAHUASCA/IOWASKA Muito utilizada por indígenas, feito a partir da Chacrona (Psychotria viridis e Diplopterus cabrerana) e do cipó Mariri (Banisteriopsis caapi). É um alucinógeno muito utilizado em rituais – cunho religioso e místico, como Santo Daime e União do Vegetal. IBOGAÍNA – princípio ativo presente na raiz da Iboga É uma planta africana (Tabernanthe iboga e Vocanga africana) usada no tratamento da dependência. É altamente alucinógena e também é utilizada de forma mística em rituais. CHÁ DE COGUMELOS Existem vários tipos de cogumelos utilizados, dentre eles o Boletus manicus e Lycoperdon, Gymnopilus, Psilocybe, etc, fungos com propriedades alucinógenas (psicodélicos). Têm ação psicotônica e induzem psicoestimulação e alterações sensoriais. Além disso, apresentam ação psicoléptica, hipnótica e psicodisléptica (essa última causada pela psilocibina ou psilocina, com mais de 190 espécies, sendo a principal o Psilocybe cubensis). MUSCARINA Não é muito conhecida no Brasil. É um cogumelo chamado Amanita muscaria, e por ação do ácido ibotênico e do muscinol é produzida a muscarina. É muito utilizada em práticas xamânicas, sendo psicodisléptica, pois é um alucinógeno que causa alteração do estado de consciência, libera sentimentos reprimidos e pode causar delírio. Obs.: mescalina – um cacto chamado Lophophora williamsii, descrito por Carlos Castañeda em A Erva do Diabo. MACONHA/MARIJUANA Feita a partir da Cannabis sativa, tem um histórico milenar e terapêutico, com uso medicinal e religioso em todo o mundo. Sofreu uma campanha deletéria na década de 30, sendo uma substância-set-self, com grau de danos e de bad trip. É potencial para a indústria, para produção de cânhamo, roupa, corda, fibras. Tem como efeitos a dilatação dos vasos sanguíneos da conjuntiva, taquicardia, aumento do apetite, boca seca, redução de pressão arterial, hipotensão ortostática, diminuição da coordenação psicomotora com prejuízo nas habilidades motoras e na força muscular, inibição dos reflexos, incoordenação e desequilíbrio físico, mudança nas noções de tempo e espaço e alucinações/ilusões. Além disso, pode causar aumento da sensibilidade aos estímulos externos (visão de cores e detalhes antes não percebidos), percepção de que o mundo, o corpo e o self estão diferentes ou distantes, pode causar prejuízo da capacidade de explicar seu raciocínio e de realizar múltiplas tarefas, e pode também ter efeitos deletérios pelo uso excessivo e prolongado (síndrome amotivacional). É muito frequente que usuários procurem usar a droga para relaxar, dormir, superar problemas e dificuldades, aumentar o desempenho no trabalho e ter inspiração artística, além da recreação. A Cannabis é a droga ilícita mais consumida no mundo – quase 200 milhões de pessoas. Pesquisas em animais de dose inalada de 2-3mg e ingerida de 5-20mg de THC pode causar confusão mental e depressão respiratória, comprometimento da atenção e memória e, doses acima de 7,5mg inaladas em adultos e orais de 5- 300mg em crianças podem causar hipotensão, pânico, ansiedade, contração mioclônica, ataxia, hipercinesia, delírio, depressão respiratória. Obs.: síndrome amotivacional – apatia, dificuldade de concentração, déficit de memória, isolamento social, perda no interesse em novas aquisições, dano cerebral provocado por muitos anos de uso. Como efeitos terapêuticos, tem mais de cem canabinoides com propriedades e efeitos diferentes e opostos. O THC é o mais importante e causador do efeito psicotrópico – seu oposto é o CBC-canabidiol, o mais terapêutico. É utilizada em doenças neurológicas, como a epilepsia e dor crônica, no câncer (são antiumorais), em artrites e artroses, e pode ser a porta de saída para drogas mais pesadas – a porta de entrada pode ser o álcool e o tabaco. HAXIXE É um produto resinoso extraído de partes da maconha, chamada cânhamo. É muito usado no oriente e no norte da África, com histórico de consumo muito antigo pelos árabes e uso religioso. Os efeitos costumam ser mais fortes, como taquicardia, hipotensão ortostática (postural), vermelhidão nos olhos, fotofobia, tosse, boca seca, sonolência, euforia, sensibilidade aumentada, ideias paranoides, pensamentos fragmentados e acelerados, isolamento e introspecção. SUPERMACONHA – SKANK, SKUNK É mais potente que a maconha, produzida em laboratório a partir de espécies com o princípio ativo da maconha (THC – tetra hidrocanabinol) muito mais concentrado. Causa muitos danos cerebrais, além de alterar a coordenação motora, resultar em dificuldade de concentração e lapsos de memória. DROGAS NOVAS SPICE OU K2 É a “maconha sintética”, são canabinoides produzidos em laboratório para imitar a maconha, com potência 100 vezes maior, alta letalidade e risco de envenenamento. É falsamente vendida como incenso, com odores de frutas em pacotes coloridos. Podem causar hemorragias, principalmente epistaxe e hemoptise, vômitos, falência renal, psicose, envenenamento, convulsões, espasmos, alucinações, paralisia, agressividade, efeito zumbi e pensamento suicida. PÓ DE MACACO MDPHP e MDPV (metilenodioxi e derivados, como a pirovalerona), também chamadas de sais de banho, são mais potentes e baratas que o próprio crack. É produzida sinteticamente da planta oriental khat (África e regiões árabes) – catinona, que libera dopamina, com elevado e longo efeito estimulante e anestésico. Causa alucinações, paranoia, agressividade, agitação psicomotoraincontrolável, risco de automutilação, suicídio por ações perigosas – se jogam, se batem, gritam. DROGAS ESTIMULANTES São drogas que aumentam a atividade cerebral. Elas causam aumento da atenção, aceleração do pensamento e euforia. Além disso, aumentam os níveis de atividades motoras e cognitivas, reforçam a vigília e o estado de alerta. Causam um estado de bem estar, elevação do humor e da autoestima. O uso dessas drogas, no entanto, pode ser sinal de depressão ou não enfrentamento dos problemas. COCAÍNA – pó É uma substância extraída da planta sulamericana Erythroxylum coca que pode ser cheirada, injetada ou fumada (crack). A inalação em pó é sólida e se dissolve na mucosa nasal, onde é absorvida. Causa dependência acentuada rapidamente, além de euforia, hiperatividade, insônia e inapetência, e cansaço físico – “o efeito imediato é estimulante, depois o usuário sente depressão”. Ela pode causar também irritação, agressividade, delírios, alucinações, aumento da temperatura e pressão arterial, midríase, destruição do septo nasal e palato, taquicardia e arritmias que podem se associar a parada cardíaca e AVC/E. Não é comum infarto do miocárdio. CRACK – pedra É a cocaína mais bicarbonato de sódio ou amônia. Tem ação mais rápida, baixo custo, e mesmos efeitos da cocaína, mas com duração mais curta e maior grau de dependência, sendo a segunda droga mais viciante – 10 segundos para início da ação e 5 minutos de duração do efeito. É uma pasta de coca solidificada em cristais (o nome vem do estralo), na forma que permite sua volatilização para ser fumada em cachimbos improvisados. Os vapores são transportados dos pulmões para a corrente sanguínea mais rapidamente. É importante saber que quase imediatamente após cessarem os efeitos estão presentes a depressão, ansiedade, fissura intensa (vontade de usar novamente) e às vezes paranoia. Além disso, os usuários entram rapidamente em estado de subnutrição severa, pois perdem o apetite, e causa danos graves ao pulmão, com tosse constante e produtiva, hemoptise e aumento do risco de tuberculose. Os dentes, a mandíbula e a mucosa bucal também são comprometidas. ANFETAMINA E ANOREXÍGENO – psicoestimulante Bolinha, rebite, arrebite. Causa euforia, aumento do estado de alerta e autoestima, da libido, das percepções e paranoia. Diminui o apetite, o sono e o cansaço e causam muita dependência. • Metanfetamina: mais potente, desenvolvida no Japão em 1919 e usada pelos Kamicases; em 1950 era legalmente prescrita para emagrecimento e depressão. • Ecstasy (MDMA): é um derivado, o metilenodioximetanfetamina. São moderadores de apetite, fazem o cérebro trabalhar mais depressa, reduzindo o sono, a fome e o cansaço e podem causar taquicardia, aumento da pressão sanguínea e midríase. Em doses altas causam psicose anfetamínica – delírios de perseguição, paranoia, alucinações, convulsões. HEROÍNA – diamorfina Também é uma droga estimulante, mas apresenta outras características além desta. É um opioide em forma de pó cristalino diluível e injetável, mas também podem ser utilizadas outras vias tais como a inalação, intramuscular, retal e intranasal. É uma droga três vezes mais potente que a morfina e está em primeiro lugar em droga mais viciante do mundo, dentre as ilícitas. É produzida a partir do cultivo de ópio, principalmente no Afeganistão, e pode ser prescrita a metadona para redução de danos. É também uma das principais causadoras de mortes por overdose no mundo, podendo levar à parada respiratória, AVC/E, infartos, além do risco de contaminação por HIV, vírus da hepatite e outras bactérias que causam endocardites. Dentre seus efeitos temos a euforia inicial, seguida de sonolência, estado hipnótico, grande sedação e alucinações. ANABOLIZANTES São drogas sintéticas lícitas relacionadas ao hormônio masculino testosterona, as quais aumentam os músculos, a força e a resistência. Têm como efeitos colaterais no homem a redução dos testículos, impotência, infertilidade, calvície, desenvolvimento de mamas, dificuldade ou dor para urinar e aumento da próstata. Nas mulheres, por sua vez, causa aumento de pelos faciais, alterações ou ausência do ciclo menstrual, aumento do clitóris, voz grossa e diminuição das mamas. Quando usados por adolescentes, podem levar à maturação esquelética prematura e puberdade acelerada. SOLVENTES E INALANTES São drogas de adolescentes de rua – é raro ver um adulto utilizando. Consistem em hidrocarbonetos, como esmaltes, tintas, colas, gasolina, removedores e vernizes, sendo bastante voláteis. O loló é o clorofórmio + éter, o conhecido lança perfume. Tem efeito bifásico, em que há primeiro a excitação e depois a depressão, dependendo da dose. Causa sensação de bem estar e prazer, com alucinações, confusão mental, reflexos deprimidos, incoordenação motora e arritmia. A longo prazo pode causar doença renal e hepática e, além disso, o benzeno produz câncer (leucemia). DROGAS LÍCITAS ÁLCOOL O consumo do álcool é prejudicial e um grande problema para a saúde pública com o consumo crescente nos últimos anos e com os altos custos que a mortalidade e as limitações funcionais causam. No Brasil, por exemplo, houve um aumento do consumo nocivo, no número de doses e frequência de consumo, tendo início cada vez mais precoce. Assim, surgem muitos problemas decorrentes do abuso, como aumento da criminalidade, acidentes gerais, violência doméstica, absenteísmo, desemprego e acidentes de trânsito. Antigamente existia uma política anti álcool bastante coercitiva, em que o alcoolismo era considerado desvio de conduta moral, alçada da justiça. Hoje, no entanto, considera-se a subjetividade da pessoa, as suas vulnerabilidades sociais relacionadas ao adoecimento e à existência-sofrimento. Realiza-se, também, a redução de danos, realisticamente possibilitando ao usuário escolhas pragmáticas para limitar o seu consumo. Dessa maneira é possível auxiliar as pessoas a se engajarem, motivando-as ao tratamento quase se sentirem prontas – sociologia das emergências: trabalhar com as possibilidades da pessoa. Em 2005 surgiu o Pacto Nacional para Redução de Acidentes e Violência Associados ao Consumo Prejudicial de Álcool. Além disso, foi realizada uma ação conjunta entre Ministério da Saúde, Justiça e Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad); incentivos financeiros para CAPSad (ad = álcool e drogas) com ações de redução de danos e para municípios que tenham apenas CAPS 1. Em 2009, então, surgiu o Plano Emergencial de Ampliação de Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool e Outras Drogas (PEAD), para crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social. → Plano Emergencial de Ampliação de Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool e Outras Drogas (PEAD) Visava a ampliação do acesso, a qualificação dos profissionais e a articulação intra e intersetorial. Seu objetivo principal era a promoção da saúde e dos direitos e, principalmente, o enfrentamento do estigma. → Transtornos mentais e comportamentais relacionados ao uso – CID 10 Por intoxicação aguda, pode causar perturbações cognitivas, de consciência e percepção, de afeto e do comportamento, consequências dos efeitos farmacológicos agudos do álcool. O uso nocivo, isso é, o abuso, traz prejuízo à saúde com complicações físicas ou psíquicas. Síndrome de dependência: conjunto de comportamentos cognitivos e fisiológicos decorrentes do consumo repetido e persistente de uma substância psicoativa, associado ao desejo de ingerir a droga e consequente dificuldade de controlar o consumo. → Características do álcool etílico A absorção é feita 10% no estômago e o restante no intestino delgado, com fatores que influenciam a absorção. Como efeitos imediatos temos a euforia e a desinibição,mas com raciocínio, julgamento e censura afrouxados e perturbados, além de alterações nos reflexos e confusão mental. Posteriormente pode causar diminuição do estado de vigília, perda de coordenação motora, ações motoras desajeitadas, sedação e sono, vômitos e humor deprimido, podendo ser responsável, em casos mais graves, por depressão respiratória e morte. O álcool também causa efeitos crônicos, como cirrose hepática, câncer de fígado, de esôfago, pâncreas, intestino e estômago, pode causar infertilidade, demência, síndrome/má formação fetal e sexo dúbio em crianças. → Intoxicação por metanol (álcool metílico) Geralmente em bebidas adulteradas, caseiras, de preço muito baixo. É semelhante ao etanol, mas com uma toxicidade mais alta (>0,25ml de metanol). O quadro de intoxicação se instala em até 1-2h após a ingestão, levando à embriaguez associada à cefaleia, vertigem, fraqueza, sonolência, midríase, perda da acuidade visual que pode evoluir para cegueira e perda da consciência. É uma emergência e a vítima precisa de medicação endovenosa. Há uma conduta alternativa que seria ingerir bastante álcool etílico, pois o etanol se liga ao ácido fórmico, principal metabólito do metanol, o que auxilia sua excreção pela urina. TABACO O tabaco é uma droga estimulante leve do SNC, apesar do efeito bifásico com relaxamento. A nicotina é uma droga psicoativa que causa dependência com grande necessidade compulsiva do uso. Seus efeitos são as mudanças no humor, na percepção, no comportamento e na aprendizagem. → Motivos para uso Muitas pessoas justificam pela estimulação que o tabaco causa, melhando algumas funções como a atenção, concentração e energia pessoal. Outras epssoas utilizam como um ritual, pois historicamente é usado em cerimônias religiosas. Além disso, o cigarro traz prazer – a nicotina induz a liberação de endorfinas, causando sensação de bem estar e estimulando o sistema de recompensas; reduz a ansiedade e o estresse (se liga ao receptor cerebral); e é um hábito (o indivíduo se condiciona a fumar depois do almoço, antes de dormir, etc). → Características Até a década de 1950 não era identificado como fator de risco para doenças e as primeiras ações Dependência: relacionada à perda do controle, compulsão do uso e tolerância à nicotina. Ela pode ser física, psicológica ou social/comportamental. governamentias surgiram apenas na década de 1980, lideradas pelo INCA. É utilizado de várias formas, como cigarro, cachimbo, charuto, narguilé, fumo e rapé e, além da nicotina, a fumaça do cigarro contém mais de 4 mil substâncias tóxicas, como alcatrão, monóxido de carbono e dezenas de erivados de agrotóxicos da produção do tabaco, incluindo metais radioativos e venenosos. O tabaco eleva o risco de câncer, de doenças cardiovasculares e infartos, reduz a fertilidade e causa danos ao desenvolvimento fetal. O Programa Nacional de Controle do Tabagismo, de 2004/2005 reduziu a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de derivados do tabaco, enquanto no mundo aumentou. Além disso, criou no SUS os Centros de Referência em Abordagem e Tratamento do Fumante e busca inserir na Atenção Básica com longitudinalidade e integralidade – público alvo são os fumantes ativos e passivos. → Programa Nacional de Controle do Tabagismo – Portarias 1.575/2002, 1.035/2004, 571/2013 Tem como objetivos reduzir a experimentação e iniciação do fumar, reduzir a aceitação social, reduzir a exposição a poluição tabagística e aumentar a cessação de fumar. Atualmente, tenta-se inserir o programa na atenção básica e difundir o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapeuticas – Dependência à Nicotina. → No mundo, segundo a OMS (2008) Deve-se garantir às pessoas que não fumam um ambiente livre de tabaco, oferecer ajuda a quem deseja parar de fumar e advertir sobre os perigos do tabado, incluindo nas carteiras. Além disso, é necessário aplicar proibições de publicidade e patrocínio do tabaco e elevar os impostos sobre o cigarro. Um grande problema de saúde são os fumantes passivos, em que dessas vítimas, 64% são mulheres e 31% são crianças. Isso é problemático porque a fumaça expelida contém cerca de 3 vezes mais nicotina, monóxido de carbono e até 50 vezes mais as outras subtâncias cancerígenas do que a que o fumante ativo inala após passar pelo filtro do cigarro. → Narguilé – cachimbo d’água, cachimbo árabe O narguilé é o tabaco aromático em cachimbo árabe, costume antigo no oriente, difundido socialmente em bares e cafés. Causa danos mais severos que os do cigarro, tal que uma sessão de 1-2h equivale ao consumo de 100 cigarros. Há, ainda, casos de mistura de maconha e álcool ao tabaco e o compartilhamento da piteira de boca em boca favorece a transmissão de doenças como hepatites, herpes e tuberculose. → Abstinência à nicotina O indivíduo apresenta intensa fissura (forte desejo de fumar), inquietação, insônia, depressão ou melancolia, dificuldade de concentração, transpiração súbita e/ou excessiva, além da ansiedade, irritabilidade, agressividade, tontura e constipação intestinal. CUIDADO INTEGRAL A Rede de Atenção Psicossocial (RAOS) oferece serviços diferentes, adequados a cada usuário e em momentos diferentes de sua vida. As diferenças de modalidade de serviço e características próprias dependem dos objetivos do tratamento, das instalações, recursos terapeuticos, do perfil da equipe e da intensidade e duração do tratamento. → Tratamentos • CAPSad; • Hospitais psiquiátricos; • Hospitais clínicos; • Unidades de acolhimento transitórias; • Comunidades terapêuticas; • Casas de passagem; • Grupos de ajuda mútua – NA, AA, ALANON, ANANON, CODA; • Serviços especializados: clínicas. → Grupos de ajuda mútua (AA – alcoólicos anônimos; NA – narcóticos anônimos) São formados por dependentes químicos que se reúnem para receber, dar apoio e compartilhar experiências. Tem como objetivos modificar o comportamento da dependência química e manter os usuários na abstinência constante e duradoura. • Filosofia dos doze passos, baseada no autocontrole, na autovigilância, reflexão e na espiritualidade. • Reuniões regulares, com grupos em todo o país, com apoio aos familiares também. → RAPS Deve dispor de instalações físicas adequadas, profissionais capacitados, capacidade de articular os elementos da rede e coordenar ações conjuntas e considerar a clínica ampliada com foco na a utonomia do sujeito, da família e da comunidade, no contexto social. O Brasil tem conseguido reduzir a mortalidade atribuível às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em 20%, principalmente as doenças cardiovasculares (31%) e respiratórias crônicas (38%), apesar de ser o maior produtor e exportador. O controle do tabagismo tem sido responsável por parte dessa diminuição.
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