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1 Ana Landim - 2021 Reumatologia DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA ➢ Lombalgia: dor localizada entre a última costela e a prega glútea; ➢ Lombociatalgia: além da dor lombar, há comprometimento radicular, com irradiação para membro inferior; ➢ Principais causas de consulta médica; ➢ 65-90% dos adultos apresentarão pelo menos um episódio ao longo da vida. ➢ Alto impacto socioeconômico (afastamento do trabalho, altos custos do tratamento). CLASSIFICAÇÃO ➢ Quanto ao tempo • Aguda (até 6 semanas): 90% dos pacientes com lombalgia aguda melhoram espontaneamente dentro de 4 semanas, embora sintomas de baixo grau possam persistir em alguns pacientes. Menos de 1% dos pacientes com lombalgia aguda apresentam ciatalgia verdadeira, que é definida como dor na distribuição da raiz de um nervo lombar, frequentemente acompanhada de déficits sensoriais e motores. • Subaguda: ente 6 e 12 semanas; • Crônica: mais de 12 semanas. ETIOPATOGENIA ➢ Inflamatórias (autoimunes, infecciosas e neoplásicas): → As infecciosas costumam ocorrer de maneira mais abrupta e cursam com mais sintomas constitucionais; → As autoimunes são mais insidiosas e arrastadas, com evolução lenta e gradual. ➢ Mecânico-Degenerativas (95%); ➢ Psicossomáticas: associadas a transtornos do humor ou somatoformes. EXAME DO PACIENTE ➢ Lembrar-se dos “Red flags” da dor lombar: → Gerais: ≥ 3 semanas de dor na linha média, acordar durante a noite, novas quedas ou ataxia, nova incontinência, síndromes bilaterais em membros inferiores; → Malignidade relacionada: história de câncer, perda de peso, menos de 18 anos ou mais de 50 anos; → Infecção relacionada: febre, uso de droga EV, imunocomprometimento e história de bacteremia; → Hematoma epidural: uso de anticoagulante, abordagem espinhal recente (punção lombar). ➢ Inspeção e palpação: equimose periumbilical ou em flancos (Sinais de Cullen e Grey-Turner, respectivamente) – doença retroperitoneal; ➢ Exame neurológico: é a chave para o diagnóstico correto. Utilizar-se do exame físico para topografar lesões de coluna, a partir das alterações motoras e sensitivas dermatoméricas. Observar também a marcha do paciente. ➢ Considerações especiais: toque retal – deve ser performado em casos de sintomas de S4-S5 (cauda equina). CRITÉRIOS DE LOMBALGIA INFLAMATÓRIA ➢ Os critérios de Calin são usados até hoje para definir se um paciente tem uma lombalgia de padrão inflamatório ou não; ➢ Considera-se inflamatória na presença de 4 ou mais critérios; ➢ Critérios: ESPONDILOARTRITES ➢ Acometimento inflamatório de sacro-ilíaca e coluna vertebral; ➢ Usualmente bilateral; ➢ Caráter ascendente; Idade de inicio > 40 anos Duração da dor > 3 meses Início insidioso Rigidez matinal Melhora com exercício Febre Perda ponderal Dor noturna Rigidez matinal Piora com a movimentação Melhora ao repouso Inflamatórias Mecânico e Degenerativas LOMBALGIA E ESPONDILOARTRITES 2 Ana Landim - 2021 Reumatologia ➢ Costuma inflamar as articulações sacro ilíacas do terço inferior para cima; ➢ Preferência pelo esqueleto axial; ➢ Pode haver envolvimento articular periférico (preferencialmente grandes articulações e articulações de membros inferiores – joelhos e tornozelos); ➢ Pode gerar um processo inflamatório em enteses e sítios cartilaginosos; ➢ Frequentemente o paciente se queixa de dor no calcâneo (entese mais acometida); ➢ Negatividade para fator reumatoide; ➢ Forte agregação familiar (forte relação com HLA B27 positivo - em torno de 70%). ESPONDILOARTRITES MAIS COMUNS 1. ESPONDILITE ANQUILOSANTE : → Postura do esquiador: hiper cifose torácica, com retificação da lordose lombar e da lordose cervical (sequela de uma doença avançada); 2. ARTRITE REATIVA : → O termo artrite reativa refere-se a uma artrite inflamatória secundária a uma infecção (clamídia ou campylobacter), na qual não se consegue cultivar o microrganismo causal a partir do líquido sinovial; → O paciente faz uma hiper resposta, uma hiper- reatividade ao patógeno gerando uma resposta cruzada contra antígenos presentes nas suas células; → Forma anticorpos contra suas articulações; → Paciente vai ter sacroileíte, uveíte artrite periférica. 3. ARTRITE PSORIÁTICA : → É uma enfermidade sistêmica de natureza inflamatória que ocorre em pessoas com psoríase; → A psoríase acontece em cerca de 1 a 3% da população geral adulta, e diversas estatísticas indicam que 6 a 42% dos indivíduos com psoríase desenvolvem AP; → Pode acometer uma única articulação, duas articulações, múltiplas articulações ou acometimento apenas da coluna; → Pacientes com comprometimento ungueal e couro cabeludo tem maior chance de desenvolver artrite ao longo da sua evolução; → A idade na qual comumente aparecem os primeiros sintomas situa-se entre 20 e 45 anos, sendo infrequente o início da doença antes dos 20 e após os 50 anos; → Em aproximadamente 75% das ocasiões, as lesões cutâneas da psoríase precedem o aparecimento das queixas articulares, em um período de meses a vários anos; → Em cerca de 15% dos casos, o início da artrite e da psoríase é concomitante e, em outros 10% dos pacientes, as manifestações articulares precedem o início das lesões cutâneas. 4. ARTRITE ENTEROPÁTICA : → Artrite relacionada às doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn ou retocolite ulcerativa); → Pode evoluir com artrite periférica, sacroileíte, uveíte, entesite... 5. ESPONDILOARTRITE INDIFERENCIADA : não se encaixa em nenhuma das outras artrites. 6. ESPONDILOARTRITE JUVENIL : quando ocorre antes dos 16 anos. CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS DAS ESPODILOARTRITES Espondiloartrite predominantemente axial •Espondilite não radiológica •Espondilite anquilosante Espondiloartrite predominantemente periférica •Artrite reativa •Artrite psoriática •Artrite enteropática •EpA indiferenciada 3 Ana Landim - 2021 Reumatologia ESPONDILITE ANQUILOSANTE ➢ Doença inflamatória crônica; ➢ Acometimento da coluna vertebral; ➢ Causa rigidez e limitação funcional progressiva da coluna vertebral. EPIDEMIOLOGIA ➢ Acomete cerca 0,1-6% da população; ➢ Acomete adultos jovens; ➢ 20-40 anos; ➢ Predominante no sexo masculino (3x); ➢ HLA B27 positivo. QUADRO CLÍNICO ➢ Dor lombar inflamatória; ➢ Rigidez matinal; ➢ Sacroileíte: simétrica e bilateral; ➢ Artrite: mono ou oligoartrite simétrica acometendo grandes articulações de membros inferiores (joelhos e tornozelos); ➢ Entesite: mais comum é a de calcâneo; ➢ Uveíte: é a manifestação extra articular mais frequente. Ocorre o acometimento da camada anterior da úvea de forma aguda, não granulomatosa, unilateral e recorrente. Raramente cursa com sequelas, estas costumam ocorrer em casos em que sempre ocorre recorrência da uveíte no mesmo olho. O paciente tem queixas de acuidade visual e vermelhidão; ➢ Outras manifestações extra articulares: → Distúrbios de condução do ritmo cardíaco (bloqueio cardíaco grau III, requerendo marca-passo, em adultos jovens B27 positivo), nefropatia por depósitos mesangiais de IgA e a amiloidose secundária (pode acometer até 5 a 10% dos pacientes espondilíticos em um seguimento prolongado, evoluindo com insuficiência renal; é rara em latino-americanos) podem preceder, ser concomitantes ou suceder as manifestações osteoarticulares da espondilite anquilosante. Sua presença, sobretudo se associada à positividade do HLA- -B27, levanta a possibilidade diagnóstica de espondiloartrite, inclusive de espondilite anquilosante; → As alterações pulmonares são caracterizadas por um distúrbio da função pulmonar (defeito ventilatório restritivo leve, em pacientes com acentuada limitação do diâmetro respiratório, em virtude da restrição da caixa torácica) e por uma fibrose pulmonarapical (presente em 1 a 2% dos pacientes). ➢ Menos comuns: Fibrose pulmonar, Glomerulopatia e insuficiência aórtica; ➢ Em quadros mais avançados, ocorre a formação de pontes ósseas na coluna (sindesmófitos). MANIFESTAÇÕES RADIOLÓGICAS 1. Sacroileíte radiológica ➢ Grau 0: normal; ➢ Grau 1: alterações suspeitas; ➢ Grau 2: anormalidades mínimas – áreas localizadas de erosão ou esclerose, sem alteração do espaço articular; ➢ Grau 3: anormalidades moderadas – sacroileíte moderada ou avançadas com um ou mais de: erosões, evidência de esclerose ou anquilose parcial; ➢ Grau 4: anormalidades graves – anquilose total. 2. Radiografia ➢ As radiografias simples da coluna geralmente não ajudam na determinação da causa da lombalgia; ➢ A radiografia simples deve ser limitada a pacientes com achados clínicos sugestivos de infecção, câncer, espondiloartrite ou traumatismo, ou naqueles que continuam a ter lombalgia após 4-6 semanas de tratamento conservador. 3. Ressonância ➢ Melhor exame para diagnosticar as alterações no início. 4. Eletroneuromiografia ➢ Útil no diagnóstico diferencial entre envolvimento radicular e outras doenças do sistema nervoso periférico. MANIFESTAÇÕES LABORATORIAIS ➢ Provas de inflamação: VHS, PCR ➢ HLA B27: sua ausência não exclui a possibilidade da doença: → Está presente em 5-15% da população; 4 Ana Landim - 2021 Reumatologia → Menos de 5% das pessoas com esse exame positivo desenvolvem espondiloartrite; → Poucos subtipos são relacionados a espondiloartrite. TRATAMENTO: NÃO MEDICAMENTOSO ➢ Apoio psicológico; ➢ Fisioterapia; ➢ Órteses; ➢ Atividade física regular. MEDICAMENTOSO ➢ AINES: droga de primeira escolha para iniciar o tratamento, na ausência de contraindicações (insuficiência renal, cardiopatias, doença ulcerosa péptica). São consideradas drogas modificadoras de doença, pois estudo recente demonstrou que o uso contínuo dos AINH apresenta melhor resposta quanto aos danos estruturais da doença, em comparação ao uso intermitente dos mesmos; ➢ Corticosteroides: a prednisona, até a dose de 10 mg/dia, costuma ser utilizada nos casos de artrite periférica persistente, em casos não responsivos aos AINH; ➢ Somente na presença de doença/artrite periférica: Metotrexato e/ou Sulfassalazina ou/e Leflunomida; ➢ Anti-TNF: quando o paciente tem uma queixa predominantemente na coluna e não respondeu ao uso de anti-inflamatórios (pelo menos 2 AINES diferentes) no período de 3 meses, deve-se partir para os Anti-TNF; ➢ Anti-IL 17A: secuquinumabe (antagonista da interleucina 17A) é usado na falha do Anti-TNF. ANTI-TNF ➢ Imunossupressor, usado quando dois ou mais AINES diferentes por pelo menos um período de 3 meses; ➢ BASDAI: avalia a atividade da doença das espondiloartrites; ➢ BASDAI > 4 = paciente está em atividade da doença; ➢ Aumenta o risco de Infecção para Tuberculose (principalmente extrapulmonar) latente: obrigatório o rastreio para tuberculose (indagar o paciente, fazer o PPD (>5: positivo) e fazer radiografia) antes do início do tratamento. Caso seja encontrado alguma alteração, fazer uso de Isoniazida (300mg/dia) por 6 meses. Após o 1º mês de tratamento, já pode fazer o Anti-TNF; ➢ Adalimumabe, inflixumabe, etanercepte são alguns exemplos. ➢ Contactante intradomiciliar; ➢ Avaliação complementar. PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA DOENÇA ➢ Osteoporose e insuficiência aórtica. Medicamentoso Não medicamentoso AINES DMARDs Anti-TNF Anti-IL 17 A
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