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Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. APG 21 – “PIRULITO MALDITO” Abertura: 16/04/2021 Devolutiva: 23/04/2021. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Objetivos: 1. REVER A MORFOFISIOLOGIA DA LARINGE E DA ÁRVORE TRAQUEOBRÔNQUICA. -> LARINGE (anatomia; epiglote, glote; cartilagens, músculos da laringe; fisiologia; deglutição) ÁRVORE TRAQUEOBRÔNQUICA (TRAQUEIA: anatomia; túnicas; fisiologia; BRÔNQUIOS (anatomia; túnicas; fisiologia). 2. ESTUDAR SOBRE A BRONCOASPIRAÇÃO. etiologia; fatores de risco; fisiopatologia; manifestações clínicas; exames complementares. 3. COMPREENDER OS CUIDADOS DA PREVENÇÃO DA BRONCOASPIRAÇÃO EM CRIANÇAS MORFOFISIOLOGIA DA LARINGE A laringe, ou caixa de voz, é uma passagem curta, que conecta a parte laríngea da faringe com a traqueia. Situa-se na linha mediana do pescoço, anteriormente ao esôfago e à 4a até a 6 a vértebra cervical (C4-C6). A parede da laringe é composta de nove peças de cartilagem. • Três ímpares (cartilagem tireóidea, epiglote e cartilagem cricóidea) • três em pares (cartilagens aritenóidea, cuneiforme e comiculada). Das cartilagens pares, as cartilagens aritenóideas são as mais importantes, uma vez que influenciam as mudanças na posição e tensão das pregas vocais (pregas vocais verdadeiras para a fala). • Os músculos extrínsecos da laringe conectam as cartilagens umas às outras. A cartilagem tireóidea (pomo-de-Adão) consiste em duas lâminas fundidas de cartilagem hialina que formam a parede anterior da laringe, conferindo-lhe sua forma triangular. Está presente tanto em homens quanto em mulheres, mas é, em geral, maior nos homens do que nas mulheres, em razão da influência dos hormônios sexuais masculinos no seu crescimento, durante a puberdade. O ligamento que conecta a cartilagem tireóidea ao hioide é chamado de membrana tíreo- hióidea. A epiglote é um pedaço foliado grande de cartilagem elástica, recoberta por epitélio. O “pecíolo” epiglótico é a parte inferior afilada, presa à margem anterior da cartilagem tireóidea e ao hioide. A ampla parte superior “foliada” da epiglote está solta e é livre para mover-se para cima e para baixo, como um alçapão. Durante a deglutição, a faringe e a laringe se elevam. • A ELEVAÇÃO ALARGA A FARINGE PARA RECEBER ALIMENTO OU LÍQUIDO; • A ELEVAÇÃO DA LARINGE FAZ COM QUE A EPIGLOTE SE MOVA PARA BAIXO, FORMANDO UMA TAMPA SOBRE A GLOTE, FECHANDO-A. • A GLOTE CONSISTE EM UM PAR DE PREGAS DE TÚNICA MUCOSA, AS PREGAS VOCAIS (PREGAS VOCAIS VERDADEIRAS), NA LARINGE E EM UM ESPAÇO ENTRE ELAS, CHAMADO DE RIMA DA GLOTE. • O FECHAMENTO DA LARINGE DESSA FORMA, DURANTE A DEGLUTIÇÃO, DIRECIONA LÍQUIDOS E ALIMENTOS PARA O ESÔFAGO, MANTENDO-OS FORA DA LARINGE E DAS VIAS RESPIRATÓRIAS. • QUANDO PEQUENAS PARTÍCULAS DE POEIRA, FUMAÇA, ALIMENTO OU LÍQUIDOS PASSAM PARA A LARINGE, OCORRE O REFLEXO DA TOSSE, NORMALMENTE, EXPELINDO O MATERIAL. A cartilagem cricóidea é um anel de cartilagem hialina que forma a parede inferior da laringe. Está presa ao primeiro anel da cartilagem da traqueia, por meio do ligamento cricotraqueal. A cartilagem tireóidea está conectada à cartilagem cricóidea pelo ligamento cricotireóideo mediano. A cartilagem cricóidea é um ponto de referência para a realização de uma abertura para passagem de ar de emergência denominada traqueostomia. As cartilagens aritenóideas, pares, são peças triangulares, basicamente de cartilagem hialina, situadas na margem posterossuperior da cartilagem cricóidea. Formam articulações sinoviais com a cartilagem cricóidea e têm grande amplitude de mobilidade. As cartilagens corniculadas, pares, pedaços comiformes de cartilagem elástica, estão localizadas no ápice de cada cartilagem aritenóidea. As cartilagens cuneiformes, pares, cartilagens elásticas em forma de bastão, anteriores às cartilagens corniculadas, sustentam as pregas vocais e as faces laterais da epiglote. O revestimento da laringe, acima das pregas vocais, é o epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. O revestimento da laringe, abaixo das pregas vocais, é o epitélio colunar ciliado pseudoestratificado consistindo em células colunares ciliadas, células caliciformes e células basais. • O muco produzido pelas células caliciformes ajuda a aprisionar a poeira não removida das passagens superiores. Os cílios, no trato respiratório superior, movimentam o muco e as partículas aprisionadas para baixo, em direção à faringe; os cílios, no trato respiratório inferior, movimentam o muco e as partículas para cima, em direção à faringe. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. TRAQUEIA: A traqueia é uma passagem tubular para o ar, medindo aproximadamente 12 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Está localizada anteriormente ao esôfago e estende-se da laringe até a margem superior da quinta vértebra torácica (T5), na qual se divide em brônquios principais direito e esquerdo. As lâminas da parede da traqueia, de baixo para cima, são: (1) a túnica mucosa, (2) a tela submucosa, (3) a cartilagem hialina e (4) a túnica adventícia (composta por tecido conjuntivo areolar). A túnica mucosa da traqueia consiste em uma lâmina epitelial de epitélio colunar ciliado pseudoestratificado e uma lâmina própria subjacente que contém fibras reticulares e elásticas. O epitélio colunar ciliado pseudoestratificado consiste em células colunares ciliadas e células caliciformes que alcançam a superfície luminal, além de células basais, que não alcançam; o epitélio fornece a mesma proteção contra poeira que a túnica de revestimento da cavidade nasal e da laringe. A tela submucosa consiste em tecido conjuntivo areolar, que contém glândulas seromucosas e seus duetos. Os 16 a 20 anéis horizontais incompletos de cartilagem hialina se assemelham à letra C e estão empilhados um em cima do outro, sendo mantidos juntos por tecido conjuntivo denso. Podem ser percebidos através da pele, abaixo da laringe. A parte aberta de cada anel da cartilagem em forma de C está orientada posteriormente para o esôfago, sendo envolvida por uma membrana fibrosa. Dentro desta membrana encontram-se fibras musculares lisas transversas chamadas de músculo traqueal e tecido conjuntivo elástico que permite a alteração discreta do diâmetro da traqueia durante a inspiração e a expiração, o que é importante na manutenção do fluxo eficiente de ar. Os sólidos anéis da cartilagem, em forma de C fornecem um suporte semirrígido, de forma que a parede da traqueia não colapsa internamente (em especial durante a inspiração) e não obstrui a via respiratória. A túnica adventícia da traqueia consiste em tecido conjuntivo areolar, que une a traqueia aos tecidos circundantes. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. CORRELAÇÃO CLÍNICA Traqueostomia e Intubação Diversas condições podem bloquear o fluxo de ar, obstruindo a traqueia. Por exemplo, os anéis da cartilagem que suporta a traqueia podem colapsar em decorrência de uma lesão por esmagamento do tórax, a inflamação da túnica mucosa pode provocar um inchaço tão grande que a via respiratória se fecha, vômito ou um objeto estranho podem ser aspirados para a traqueia ou um tumor cancerígeno pode protrair-se navia respiratória. Dois métodos são usados para restabelecer o fluxo de ar depois da obstrução traqueal. Se a obstrução é superior ao nível da laringe, uma traqueotomla, uma cirurgia para fazer uma abertura na traqueia, pode ser realizada. Nesse procedimento, também chamado de traqueostomia, uma incisão cutânea é seguida por uma curta incisão longitudinal na traqueia, abaixo da cartilagem cricóidea. O paciente consegue, assim, respirar por meio de um tubo traqueal metálico ou plástico, inserido através da incisão. O segundo método usado é a intubação, na qual um tubo é inserido na boca ou no nariz e passado inferiormente pela laringe e traqueia. A parede firme do tubo empurra para fora qualquer obstrução flexível e o lume do tubo fornece uma via para o ar; qualquer muco que esteja entupindo a traqueia pode ser sugado pelo tubo. ARVORE BRONQUIAL: Na margem superior da quinta vértebra torácica, a traqueia divide-se em brônquio principal direito, que vai para o pulmão direito, e em brônquio principal esquerdo, que vai para o pulmão esquerdo. O BRÔNQUIO PRINCIPAL DIREITO É MAIS VERTICAL, MAIS CURTO E MAIS LARGO DO QUE O ESQUERDO. Como resultado, é mais provável que um objeto aspirado entre e se aloje no brônquio principal direito do que no esquerdo. Como a traqueia, os brônquios principais contêm anéis incompletos de cartilagem e são revestidos por epitélio colunar ciliado pseudoestratificado. No ponto em que a traqueia se divide em brônquios principais direito e esquerdo, uma crista interna, chamada de carina (quilha de um barco) é formada por uma projeção posterior, relativamente inferior, da última cartilagem traqueal. A túnica mucosa da carina é uma das áreas mais sensíveis de toda a laringe e da traqueia para desencadear o reflexo da tosse. O alargamento e a distorção da carina é um sinal grave, porque, geralmente, indica invasão dos linfonodos por carcinoma em tomo da região na qual a traqueia se divide. ➔ Ao penetrar os pulmões, os brônquios principais dividem-se para formar brônquios menores — os brônquios lobares (secundários), um para cada lobo do pulmão. (O pulmão direito possui três lobos; o pulmão esquerdo, dois.) Os brônquios lobares continuam a se ramificar, formando brônquios ainda menores, chamados de brônquios segmentares (terciários), que se dividem nos bronquíolos. ➔ Os bronquíolos, por sua vez, ramificam-se repetidamente, e os menores ramificam-se em tubos ainda menores, chamados de bronquíolos terminais. Essa ramificação extensa dos brônquios se assemelha a uma árvore invertida, sendo comumente chamada de árvore bronquial. À medida que a ramificação se toma mais extensa na árvore bronquial, diversas alterações estruturais podem ser percebidas. 1. A túnica mucosa na árvore bronquial muda de epitélio colunar ciliado pseudoestratificado nos brônquios principais, brônquios lobares (secundários) e brônquios segmentares (terciários) para epitélio colunar simples ciliado, com algumas células caliciformes nos bronquíolos maiores, para basicamente epitélio cúbico simples ciliado sem células caliciformes em bronquíolos menores, para, em grande parte, epitélio cúbico simples não ciliado nos bronquíolos terminais. (Nas regiões nas quais o epitélio cúbico simples não ciliado está presente, as partículas inaladas são removidas pelos macrófagos.) 2. Lâminas de cartilagem gradualmente substituem os anéis incompletos de cartilagem nos brônquios principais e, finalmente, desaparecem nos bronquíolos distais. 3. Conforme a quantidade de cartilagem diminui, a quantidade de músculo liso aumenta. O músculo liso envolve o lume em faixas espirais. Contudo, como não há cartilagem de sustentação, os espasmos musculares fecham as vias respiratórias. Isso é o que acontece durante um ataque de asma, que é uma situação potencialmente letal. Durante o exercício, a atividade na parte simpática da divisão autônoma do sistema nervoso (DASN) aumenta e a medula da Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. glândula suprarrenal libera os hormônios epinefrina e norepinefrina; ambos os eventos provocam o relaxamento do músculo liso nos bronquíolos, que dilata as vias respiratórias. Como o ar chega aos alvéolos mais rapidamente, há melhora na ventilação pulmonar. A parte parassimpática da DASN e os mediadores das reações alérgicas, como a histamina, tem o efeito oposto, provocando a contração do músculo liso dos brônquios, o que resulta na constrição dos bronquíolos distais. ESTUDAR SOBRE A BRONCOASPIRAÇÃO. etiologia; fatores de risco; fisiopatologia; manifestações clínicas; exames complementares. A broncoaspiração consiste na entrada de substâncias estranhas nas vias aéreas inferiores. No perioperatório, pode haver a aspiração imprópria de conteúdo gástrico ou da orofaringe. Já em emergências, atendem-se casos de aspirações que, além das já citadas, podem incluir partículas sólidas, ou também chamada de aspiração de corpo estranho. As possíveis consequências incluem pneumonite, pneumonia e atelectasia. Para o correto manejo é de suma importância para o médico assistente fazer sua correta distinção. etiologia: A broncoaspiração consiste no quinto evento adverso mais comum durante a anestesia geral. Cerca de 20% dos pacientes apresentam microaspirações enquanto estão intubados. Após ensaio utilizando corante na cavidade oral associado à intubação, conforme técnica padronizada, 1/5 dos pacientes apresentou coloração na traquéia em porção inferior ao balonete, demonstrando aspiração. Os motivos principais são o vazamento aéreo do balonete ou mesmo o seu enchimento incompleto, ambos ocasionando espaço entre a via aérea e o tubo, gerando passagem de secreções ou gotículas. FATORES DE RISCO: Algumas situações ou condições clínicas comprometem a proteção fisiológica das vias aéreas inferiores, alterando principalmente o correto fechamento glótico e o reflexo da tosse, dentre elas: ➢ Consciência reduzida; ➢ Distúrbios de deglutição / déficit neurológico; ➢ Doença do refluxo gastroesofágico; ➢ Lesão mecânica na glote ou no esfíncter esofágico inferior devido à traqueostomia, intubação endotraqueal, broncoscopia, endoscopia digestiva alta ou alimentação por sonda nasogástrica; ➢ Cirurgia que envolva a via aérea ou esôfago superior; ➢ Ausência de jejum adequado no processo de anestesia geral; ➢ Anestesia utilizando máscara laríngea; ➢ Outros: Gestantes; obesos; íleo adinâmico. Um importante fator protetor que possuímos contra a regurgitação é a competência do esfíncter esofágico inferior, o qual pode suportar uma pressão intragástrica de até 20 cm de H₂O no seu estado normal. Na falha deste mecanismo, o vômito pode ocorrer favorecendo a broncoaspiração. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. COMPREENDER OS CUIDADOS DA PREVENÇÃO DA BRONCOASPIRAÇÃO EM CRIANÇAS ➔ NÃO DORMIR PÓS REFEIÇÕES; ➔ NÃO MISTURAR CONSISTÊNCIAS; ➔ TOMAR CUIDADO NOS GOLES EXCESSIVOS (micro- broncoaspirações); ➔ POSIÇÃO DE ALIMENTAR-SE REFERÊNCIAS: 1. BRONCOASPIRAÇÃO NO PERIOPERATÓRIO E NA EMERGÊNCIA: DIAGNÓSTICO E MANEJO. ROSANA RUBENICH ET AL.2018; 2. PREDITORES CLÍNICOS DO RISCO DE BRONCOASPIRAÇÃO EM CRIANÇAS COM CARDIOPATIAS CONGÊNITAS. HELOISA REGINA FERNANDES. 2018 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO USP. 3. Silverthorn; 4. Tortora.
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